MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
24)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que Poliana assumiu a tarefa de ajudar na recuperação de
Sabino?
O fato tinha sua origem
nos desmandos cometidos
no passado, em que
Poliana lhe fora
parceira em diversas
jornadas nas quais
Sabino cristalizou-se
como infeliz empresário
do crime. Ela, que o
ajudou nas sucessivas
quedas, fora erigida
então à posição de
enfermeira material do
seu longo infortúnio.
"Poliana – explicou
Silas –, a companheira
fútil e transviada do
bem, que habitualmente
escolheu para si a
condição de boneca do
prazer delituoso,
acordou, além-túmulo,
para as realidades da
vida, antes dele...
Despertou e sofreu
muito, aceitando a
tarefa de auxiliá-lo na
recuperação em que, por
certo, despenderão muito
tempo ainda..."
(Ação e Reação, cap. 13, pp. 183 e 184.)
B. A mente de Sabino trabalhava em circuito fechado, isto é, ele
pensava constantemente
em função de si mesmo.
Por que isso?
É verdade. No campo
perispiritual do anão
ensimesmado, André
observou, através da
sua aura verde-trevosa,
que todas as energias
dos seus fulcros
vibratórios refluíam
sobre os pontos de
origem, dando a
impressão de que Sabino
estava enovelado
inteiramente em si
mesmo, à maneira da
lagarta ilhada no
casulo. Silas disse que
Sabino – até que se
amadurecesse em espírito
para a renovação
necessária – guardaria a
mente trabalhando em
circuito fechado,
pensando constantemente
para si mesmo, incapaz
da permuta de vibrações
com os semelhantes, com
exceção de Poliana. Ele
jazia em processo de
hibernação espiritual, a
benefício da comunidade
de Espíritos
desencarnados e
encarnados. Desfrutava,
assim, uma pausa na
luta, como ensaio de
esquecimento, a fim de
que no futuro pudesse
encarar os compromissos
assumidos,
promovendo-lhes solução
digna nos séculos
próximos, a golpes de
férrea vontade na
renunciação de si mesmo.
(Obra citada, cap. 13,
pp. 183 e 184.)
C. Antes de sua hibernação, que ocorreu a Sabino no plano
espiritual?
Lembremos que Sabino era
um caso excepcional de
rebeldia e delinquência
sistemáticas, em cujas
sombras, um dia, sentiu
baquearem-se suas
forças. O remorso,
então, feriu-lhe o
coração como uma bala
mortífera atinge um
tigre solto... A prece
fulgurou-lhe na
consciência e, antes que
sua nova atitude
provocasse reações e
vinditas soezes, entre
os que lhe seguiam os
passos na rota perversa,
recolheram-no à Mansão.
Aí ele foi magnetizado,
caindo em hipnose de
longo curso, sendo
recebido mais tarde pelo
carinho de Poliana,
então segregada em campo
de regeneração pelo
sacrifício. Eram tantas
as ligações de Sabino no
plano infernal que, por
mercê de Jesus, foi ele
ocultado
provisoriamente naquele
corpo monstruoso, no
qual, além de
incomunicável, fazia-se
irreconhecível, em favor
dele próprio.
(Obra citada, cap. 13, pp. 184 e 185.)
Texto para leitura
87. Hibernação
espiritual -
Quase sempre inspirado
nos pontos de vista de
Poliana, que lhe vinha
sendo a companheira de
múltiplas jornadas,
Sabino cristalizara-se
como infeliz empresário
do crime. Não houve,
pois, outro remédio para
ele senão o insulamento
absoluto na carne, sob a
custódia da mulher que o
ajudou nas sucessivas
quedas, erigida então à
posição de enfermeira
material do seu longo
infortúnio. "Poliana –
acrescentou o Assistente
–, a companheira fútil
e transviada do bem, que
habitualmente escolheu
para si a condição de
boneca do prazer
delituoso, acordou,
além-túmulo, para as
realidades da vida,
antes dele... Despertou
e sofreu muito,
aceitando a tarefa de
auxiliá-lo na
recuperação em que, por
certo, despenderão muito
tempo ainda..." No campo
perispiritual do anão
ensimesmado, André
observou, através da
sua aura verde-trevosa,
que todas as energias
dos seus fulcros
vibratórios refluíam
sobre os pontos de
origem, dando a
impressão de que Sabino
estava enovelado
inteiramente em si
mesmo, à maneira da
lagarta ilhada no
casulo. Silas informou
que aquele irmão, até
que se amadureça em
espírito para a
renovação necessária,
guardará a mente
trabalhando em circuito
fechado, ou seja,
pensando constantemente
para si mesmo, incapaz
da permuta de vibrações
com os semelhantes, à
exceção de Poliana, de
quem se fizera satélite
mudo e expectante, como
parasita em fronde
seivosa. "Sabino é um
problema de débito
estacionário, porque
jaz em processo de
hibernação espiritual,
compulsoriamente
enquistado no próprio
íntimo, a benefício da
comunidade de Espíritos
desencarnados e
encarnados...", acentuou
Silas. "Desfruta, desse
modo, uma pausa na luta,
como ensaio de
esquecimento, a fim de
que possa, de futuro,
encarar o montante dos
compromissos em que se
enleia, promovendo-lhes
solução digna nos
séculos próximos, a
golpes de férrea
vontade na renunciação
de si mesmo." (Capítulo
13, pp. 183 e 184)
88. Protegido no
próprio corpo -
Hilário indagou se a
Espiritualidade
Superior disporia de
elementos para
encarcerar aquele
irmão, longe da carne.
"Sim – respondeu Silas
–, isso não é
impossível." "Entretanto
– informou o Assistente
–, se temos enxovias
pungentes para a
expiação dos crimes que
entenebrecem a mente
humana, muitas delas a
se expressarem por
vales de miséria e de
horror, é preciso
considerar que os
delinquentes aí
segregados atraem-se uns
aos outros,
contagiando-se
mutuamente das chagas
morais de que são
portadores, gerando o
inferno em que passam
transitoriamente a
viver. Por outro lado,
contamos com muitas
instituições,
funcionando à semelhança
de estufas, nas quais
criaturas desencarnadas
dormem pacificamente
largos sonos,
mergulhadas nos
pesadelos que merecem
até certo ponto, depois
de efetuada a travessia
do sepulcro... Em
Sabino, contudo,
encontramos um caso
excepcional de rebeldia
e delinquência
sistemáticas, em cujas
sombras, um dia, sentiu
baquearem-se-lhe as
forças. O remorso
feriu-lhe o coração como
a bala mortífera
assalta um tigre
solto... A prece
fulgurou-lhe na
consciência e, antes que
a sua nova atitude
provocasse reações e
vinditas soezes, entre
os que lhe seguiam os
passos na rota perversa,
recolheram-no à Mansão,
onde foi naturalmente
magnetizado, caindo em
hipnose de longo curso,
sendo recebido mais
tarde pelo carinho de
Poliana, então segregada
em campo de regeneração
pelo sacrifício."
Ficava evidente que,
eram tantas as ligações
de Sabino no plano
infernal que, por mercê
de Jesus, foi ele
ocultado
provisoriamente naquele
corpo monstruoso, em
que, além de
incomunicável, fazia-se
irreconhecível, em favor
dele próprio. A
experiência era dura,
mas lógica, terrível,
mas justa. (Capítulo 13,
pp. 184 e 185)
89. Um caso de
sedução - Em
subúrbio de populosa
capital, André veio a
conhecer o drama de
Marcela, cujo marido,
Ildeu, com pouco mais de
35 anos de idade, fora
seduzido pelos encantos
da jovem Mara, moça
leviana e inconsequente,
que tudo fazia para que
a esposa o abandonasse.
Educada na escola do
dever, Marcela
dedicava-se, porém, ao
lar e a seus três
filhinhos, Roberto,
Sônia e Márcia, tudo
fazendo para não deixar
perceber a própria dor.
Claro que percebera a
modificação do esposo e,
embora recebesse cartas
insultuosas da rival,
sabia chorar em
silêncio, confiando-as
ao fogo, para que não
caíssem sob o olhar do
marido. Doía vê-la, cada
noite, em prece, ao lado
das crianças. Em
vigília até noite alta,
agoniava-se observando
Ildeu voltando ao lar
tresandando a licores
alcoólicos e exibindo os
sinais de aventuras
inconfessáveis. Se
erguia a voz, lembrando
alguma necessidade dos
filhos, ele retorquia,
irritado: "Vida infame!
Sempre você a
recriminar-me, a
aborrecer-me, a
perseguir-me com
censuras e
petitórios!... Se
quiser dinheiro,
trabalhe. Se eu soubesse
que o casamento seria
isso, teria preferido
estourar os miolos a
assinar um contrato que
me escraviza a
existência inteira!..."
E gritando,
intemperante, mostrava a
tela das suas
recordações, em que
Mara, a jovem sedutora,
lhe surgia à mente, como
sendo a mulher ideal.
Cotejava-a, então, com a
esmaecida figura da
esposa e, governado pela
imagem da outra,
entregava-se a
chocantes excitações,
ansiando fugir do lar.
Marcela, em pranto,
suplicava-lhe tolerância
e serenidade, acentuando
que não desdenhava o
serviço. Ela servia em
lavanderia modesta,
contudo os afazeres
domésticos não lhe
permitiam fazer mais.
"Hipócrita!" – berrava o
marido que a cólera
transtornava – e eu? que
pretende você de mim?
posso, acaso, fazer
mais? sou um homem
dependurado em lojas e
armazéns... Devo a
todos!... por sua causa,
simplesmente em razão do
seu desperdício... Não
sei até quando poderei
aturá-la. Não será mais
aconselhável regresse
você à terra que teve a
infelicidade de vê-la
nascer? Seus pais estão
vivos..." (Capítulo 14,
pp. 187 a 189)
90. Ildeu passa a
odiar a esposa -
Diante da agressão,
Marcela em lágrimas
emudecia, mas, como a
voz de Ildeu era
estentórica, quase
sempre o pequeno Roberto
acordava e acorria em
socorro da mãe,
enlaçando-a. Ildeu
avançava então sobre o
pequeno a sopapos,
clamando com insofreável
revolta: "Saia daqui!
saia daqui!..." E como
se o menino não fosse
seu filho, mas
adversário confesso,
acrescentava, cerrando
os punhos: "Tenho gana
de matá-lo!...
matá-lo!... Todas as
noites, esta mesma
pantomina. Bandido!
Palhaço!..." O menino,
agarrado ao colo
materno, sofria, assim,
pancadas até
recolher-se, de novo, ao
leito, em pranto
convulsivo. Se eram,
porém, as filhinhas a
choramingar, eis que ele
se desfazia em ternura,
ainda mesmo quando
plenamente embriagado,
proferindo, bondoso:
"Minhas filhas!...
minhas pobres filhas!...
que será de vocês no
futuro? é por vocês que
ainda me encontro aqui,
tolerando a cruz desta
casa!..." Silas e André,
quase que diariamente, à
noite, ali compareciam,
a benefício de todos,
mas, apesar desse
esforço, Ildeu
mostrava-se, cada dia,
mais indiferente e
distante e não concedia
à esposa nem mesmo a
gentileza de leve
saudação, porquanto,
fascinado pela outra,
passara a odiá-la. Ele
pretendia desobrigar-se
do compromisso assumido,
mas... como deixar as
filhinhas? Decerto,
Marcela teria
assegurados, no
desquite, seus direitos
de mãe. Ildeu refletia,
refletia... Foi assim
que, dominado pela
paixão, nasceu-lhe no
cérebro doentio a ideia
de assassinar a esposa,
escondendo o crime, para
que a morte dela
passasse aos olhos do
mundo como sendo um
suicídio. O plano
estava pronto: ele
fingiria ter voltado à
antiga ternura pela
esposa, para ganhar
confiança, até que
chegasse o momento certo
em que a mataria.
(Capítulo 14, pp. 189 e
190) (Continua no próximo
número.)