MARCELO
DAMASCENO DO
VALE
marcellus.vale@gmail.com
São Bento do
Sul, SC
(Brasil)
Deus. Até onde
saber?
Deus é um ser
distinto, ou
será, como
opinam alguns, a
resultante de
todas as forças
e de todas as
inteligências do
Universo
reunidas? “Se
fosse assim,
Deus não
existiria,
porquanto seria
efeito e não
causa. Ele não
pode ser ao
mesmo tempo uma
e outra coisa.
Deus existe;
disso não podeis
duvidar e é o
essencial.
Crede-me, não
vades além. Não
vos percais num
labirinto donde
não lograríeis
sair. Isso não
vos tornaria
melhores, antes
um pouco mais
orgulhosos, pois
que
acreditaríeis
saber, quando na
realidade nada
saberíeis.
Deixai,
consequentemente,
de lado todos
esses sistemas;
tendes bastantes
coisas que vos
tocam mais de
perto, a começar
por vós mesmos.
Estudai as
vossas próprias
imperfeições, a
fim de vos
libertardes
delas, o que
será mais útil
do que
pretenderdes
penetrar no que
é impenetrável.”
(Questão
14 de O Livro
dos Espíritos.)
Qual o limite do
conhecimento?
Até onde devemos
saber? Qual o
ponto de
equilíbrio entre
o que podemos
compreender e o
que está além de
nosso
entendimento?
Uma leitura
apressada da
resposta dos
Espíritos nesta
questão pode
levar a duas
conclusões,
ambas
equivocadas.
Primeira,
acreditar que
tudo está
explicado e
então deixarmos
de lado a
pesquisa, o
entendimento
racional. Outra,
concluir que
alguns pontos da
Codificação
estão superados,
ou necessitam
evoluir.
Algumas vezes
não conseguimos
entender
respostas
objetivas e como
não nos demos ao
trabalho de
raciocinar, o
nosso
entendimento
superficial nos
leva, algumas
vezes, a aceitar
grandes absurdos
(por exemplo,
que questões da
Codificação se
aplicavam apenas
àquele momento
do
Espiritismo).
Quando os
Espíritos
recomendam “Não
vades além”,
“não vos percais
num labirinto”,
“deixai de lado
todos esses
sistemas”, fazem
um convite à
reflexão. Como
ir além para
compreender o
Deus das
galáxias se por
vezes ainda nós
cremos que o
trovão é “Deus
arrastando os
móveis no céu”,
ou aceitar o Pai
misericordioso,
se por vezes
cremos num
Criador parcial
ou elitista?
Vários sistemas
existem no mundo
hoje para
aqueles que não
aceitam o Deus
criador. Alguns
desses sistemas
imaginam um Ser
Supremo que é a
junção de todas
as forças e
inteligências do
Universo. A
crença em
sistemas como,
por exemplo, o
monismo, onde o
conceito de que
Deus é a própria
criação, leva a
labirintos ainda
mais complexos.
Não explica
melhor a ideia
de Deus, muito
menos nos
aproxima dele.
Allan Kardec foi
de uma clareza
fantástica ao
comentar a ideia
de todas as
inteligências
reunidas serem
Deus, um sistema
materialista, é
claro:
Segundo esses,
não haveria em
todo o Universo
senão uma só
alma a
distribuir
centelhas pelos
diversos seres
inteligentes
durante a vida
destes, voltando
cada centelha,
mortos ou seres,
à fonte comum, a
se confundir com
o todo, como os
regatos e os
rios voltam ao
mar, donde
saíram. Essa
opinião difere
da precedente em
que, nesta
hipótese, não há
em nós somente
matéria,
subsistindo
alguma coisa
após a morte.
Mas é quase como
se nada
subsistisse,
porquanto,
destituídos de
individualidade,
não mais
teríamos
consciência de
nós mesmos.
Dentro desta
opinião, a alma
universal seria
Deus, e cada ser
um fragmento da
divindade. 1
De acordo com os
Espíritos, ou
fazemos uma
busca racional
por Deus, ou
deixamos essa
pesquisa de
lado, pois, sem
a razão o
objetivo será
somente
alimentar o ego
com sistemas
esquisitos.
Deus existe.
Nota:
1 – Allan
Kardec, Cap. II
da Introdução de
O Livro dos
Espíritos.