Internet,
infância e
juventude
Muitas invenções
e descobertas do
ser humano
modificaram a
sua vida
cotidiana de
forma
irreversível. A
lâmpada elétrica,
o avião, a
propulsão a
vapor, a pílula
anticoncepcional...,
somente para
apresentar as
mais relevantes
no campo da
tecnologia.
A última década
inseriu com
grande
capilaridade em
nossas vidas uma
outra descoberta
– a Internet –
que, pela sua
capacidade de
vencer
distâncias e a
interação entre
os componentes
dessa rede,
trouxe mudanças
significativas
em nossos
hábitos, em
especial das
crianças e
jovens atuais,
que cresceram à
luz deste mundo
multiconectado.
Para além da
questão da
habilidade em
operá-la, onde
jovens e
crianças
manuseiam os
computadores com
destreza e
naturalidade, a
Internet mexeu
diretamente com
o contato destes
com o mundo,
sendo esta uma
relação mediada.
Conversam os
nossos jovens
com seus amigos
por meio de
teclados,
monitores e
programas. Os
encontros, as
brigas, o lazer,
tudo se faz por
intermédio da
máquina, em
jornadas de
horas a fio, em
dias e
madrugadas,
conversando,
navegando e
interagindo.
Além da mediação,
a Internet cria
no jovem e na
criança o hábito
de realizar
várias coisas ao
mesmo tempo, a
similitude do
ambiente
multitarefa dos
computadores,
com múltiplas
janelas abertas,
disputando a
atenção dos
sentidos
sobre-excitados,
entre sons e
imagens.
Por fim, a
Internet traz ao
jovem e à
criança uma
lógica
programática, de
seguir um rumo
pré-determinado
pelos sistemas,
à maneira dos
“IF-THEN-ELSE”
da programação,
atingindo os
níveis pelo seu
esforço e
dedicação e
pouco pela sua
criatividade, no
perigoso “efeito
RESET”, onde,
não gostou,
reinicia tudo. O
amigo máquina
pode servir de
substituto do
convívio, do
abraço e do “bom-dia”.
O jovem vê tudo
pela lente,
escravo daquela
forma de se
relacionar com o
mundo, como uma
muleta para ser
ele mesmo.
Essa vivência
mediatizada pela
máquina esconde
o jovem dos
outros, dos seus
próximos, em
máscaras de
“nick-names”. As
ações múltiplas
que trazem
movimento, ao
mesmo tempo
impingem pouca
profundidade nas
relações. A
visão
programática
favorece o
individualismo,
a
competitividade
e o desapego.
Pequenos
exemplos de
pontos negativos
na personalidade
e que necessitam
ser trabalhados,
entendendo a
Internet como
algo
irreversível,
que trouxe
avanços, mas
como tudo,
demanda cuidados.
Entretanto, como
tudo na vida, a
Internet guarda
em si grandes
possibilidades,
latentes, que
precisam ser
exploradas. As
construções
colaborativas
(WIKI), as
possibilidades
de pesquisa e,
ainda, a imensa
capacidade de
mobilização da
rede, agindo no
mundo virtual
para operar
mudanças no
mundo real são
exemplos dessa
atuação que
enriquece. A
Internet, bem
dosada, é
ferramenta de
desenvolvimento
e de
amadurecimento
da infância e da
juventude, para
as construções
do reino de Deus
sobre a Terra.
Como realidade
inconteste e sem
volta, cabe a
nós, no
movimento
espírita, que
labutamos na
seara
infanto-juvenil,
propiciar a
orientação
adequada ao uso
dessa
potencialidade,
incentivando
nessa rede as
opções de
crescimento, de
troca de
material, de
divulgação de
artigos, de
reencontro dos
amigos, de
debates
virtuais, blogs,
coberturas
on-line,
campanhas
fraternas e uma
gama de boas
práticas que
mostram que usar
essa rede é
muito mais que
isolar-se no seu
mundinho em
jogos e
movimentos
superficiais.
Não adianta
torcer o nariz
para essa
inovação
tecnológica que
diariamente bate
à porta de
nossas
residências.
Importa enxergar
nesse
instrumento um
caminho de
fraternidade e
de união entre
os Espíritos
encarnados, na
realização do
grande sonho da
comunicação
global, do
respeito às
diferenças e na
construção da
almejada
fraternidade
universal entre
os povos, que
depende muito
mais de nossa
transformação
moral do que de
equipamentos
eletrônicos.
Faz-se
necessário
incluir a
Internet em
nossas aulas,
atividades e
discussões com
os jovens,
aproveitando
essa dádiva.
Negá-la é
isolar-se do
mundo dos jovens
e das crianças,
afastando-os da
mesma forma.