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Estudando a série André Luiz
Ano 5 - N° 225 - 04 de Setembro de 2011

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Ação e Reação

André Luiz

(Parte 25)

Damos continuidade nesta edição ao estudo da obra Ação e Reação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Como Silas impediu que Ildeu, com a arma na mão, matasse a própria esposa?

Silas, ao ver a cena, chamou a pequena Márcia, filha de Ildeu, então desprendida do corpo físico em razão do sono corpóreo. A criança, ao ver a cena, experimentou tremendo choque e retornou, de pronto, ao corpo físico, bradando, desvairada, como quem se furtasse ao domínio de asfixiante pesadelo: "Papai!... Paizinho! Não mate! Não mate!..." Os gritos da menina ecoaram em toda a casa, provocando alarido. A esposa, num átimo, pôs-se de pé, surpreendendo o marido ao pé da filha, e, junto deles, o revólver. Incapaz de suspeitar das intenções dele, ela re­colheu a arma e, pensando que ele pretendera suicidar-se, implorou em pranto: "Oh! Ildeu, não te mates! Jesus é testemunha de que tenho cum­prido retamente todos os meus deveres... (...)  Procede como quiseres, mas não te despenhes no suicídio”. (Ação e Reação, cap. 14, pp. 190 a 193.) 

B. Que razões levaram Silas a apoiar o divórcio entre Marcela e Ildeu?

Explicando suas razões a André Luiz, Silas lembrou ini­cialmente a passagem evangélica em que Jesus afirma que o divórcio na Terra é permitido a nós outros pela dureza dos nossos corações. No caso em tela, o divórcio era compreensível como providência contra o crime, seja ele o assassínio ou o suicí­dio. Evidentemente, a separação não soluciona o problema da re­denção, porque ninguém se reúne no casa­mento humano sem o vínculo do passado, e esse vínculo quase sempre significa débito ou compromisso vivo no tempo. Desse modo, o divórcio não os liberaria da dívida em que se achavam incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo fosse oportuno. (Obra citada, cap. 14, pp. 194 a 196.)

C. Por que Ildeu tinha aversão por seu próprio filho? 

Ildeu e Marcela já haviam sido casados numa anterior existência em que também fracassaram. Com o amparo de Abnegados Benfeitores, o casal regressou à Terra para o doloroso resgate, com Ildeu à frente das responsabilidades, por ter maiores culpas, tendo Marcela, que concordou em auxiliá-lo, na condição de esposa. O filho Roberto era o ex-companheiro de Marcela que, por ciúme, Ildeu havia assassinado. As meninas Sônia e Márcia eram as duas irmãs que Ildeu havia arrojado ao vício e à delinquência. Ildeu, como se via, continuava displi­cente e surdo aos avisos da vida, a buscar a suposta felicidade fora do lar, desprezando novamente a esposa, querendo estremecidamente às filhas e mantendo instintiva aversão pelo filho, seu rival e vítima na anterior existência. (Obra citada, cap. 14, pp. 196 e 197.) 

Texto para leitura 

91. O crime frustrado - Silas e André acompanharam-lhe a evolução do tresloucado plano, porquanto é sempre fácil penetrar o domínio das formas-pensamentos, vagarosamente construídas pelas criaturas que as edificam, apaixonadas e persistentes, em torno dos próprios passos. Assim, embora sorrisse, Ildeu exteriorizava ao olhar dos benfeitores o inconfessável projeto, armando detalhadamente o quadro criminoso, de­talhe por detalhe. Silas reforçou, então, na casa o serviço de vigi­lância, porquanto Marcela tinha a existência amparada pela Mansão. Dois Espíritos, zelosos e abnegados, alternativamente passaram a velar ali, dia e noite, de modo a entravar o pavoroso delito. Um dia, o ir­mão em serviço foi, inquieto, até Silas, para comunicar-lhe a precipi­tação dos acontecimentos. De alma aturdida pela influência de homici­das desencarnados que lhe haviam percebido os pensamentos, Ildeu re­solveu aniquilar a esposa naquela mesma noite. Silas não vacilou. Em­pregando o concurso de entidades amigas, em trabalho nas vizinhanças, inicialmente baniu os alcoólatras e delinquentes desencarnados que se acolhiam na casa. De madrugada, com o coração precipite, Ildeu exami­nava o pente de uma pistola, disposto à consumação do ato execrável. Revestindo-lhe todo o cérebro, surgia a cena do crime, movimentando-se em surpreendente sucessão de imagens... Ele pensava demandar o aposento das crianças, para trancá-las à chave, de maneira a evitar-lhes o testemunho, quando Silas, adiantando-se, avançou para o leito das meninas e chamou a pequena Márcia, em corpo espiritual, a rápida con­templação dos pensamentos paternos. A criança, ao ver aquelas cenas, experimentou tremendo choque e retornou, de pronto, ao corpo físico, bradando, desvairada, como quem se furtasse ao domínio de asfixiante pesadelo: "Papai!... Paizinho! Não mate! Não mate!..." Ildeu, nesse momento, já estava à porta, com a arma na mão. Os gritos da menina ecoaram em toda a casa, provocando alarido. Marcela, num átimo, pôs-se de pé, surpreendendo o marido ao pé da filha, e, junto deles, o revólver... A mulher bondosa, incapaz de suspeitar das intenções dele, re­colheu a arma e, pensando que ele pretendera suicidar-se, implorou em pranto: "Oh! Ildeu, não te mates! Jesus é testemunha de que tenho cum­prido retamente todos os meus deveres... (...)  Procede como quiseres, mas não te despenhes no suicídio. Se é de tua vontade, monta nova casa em que vivas com a mu­lher que te faça feliz... Consagrarei minha exis­tência aos nossos fi­lhos. Trabalharei, conquistando o pão de nossa casa com o suor de meu rosto... entretanto, suplico, não te mates!..." (Capítulo 14, pp.190 a 193) 

92. Pagamos caro nossa deserção ao dever - A generosa atitude de Marcela sensibilizou os Espíritos presentes e o próprio Ildeu sen­tiu-se tocado de piedade, agradecendo, no íntimo, a versão que a es­posa oferecera aos acontecimentos, cuja direção não conseguira prever. En­contrando a escapatória que, de há muito, buscava, ele exclamou en­tão: "Realmente, não posso mais... Agora, para mim, só restam dois ca­minhos, suicídio ou desquite..." Marcela, com o auxílio de Silas, des­carregou o revólver, reconduziu as crianças ao sono e deitou-se, atri­bulada. Nos seus olhos tristes, lágrimas borbulhavam na sombra, en­quanto orava, súplice, na torturada quietude do seu martírio silen­cioso: "O' meu Deus, compadece-te de mim, pobre mulher desventu­rada!... que fazer, sozinha na luta, com três crianças necessita­das?..." Silas aplicou-lhe passes balsamizantes, hipnotizando-a, com o que a flagelada mulher, em desdobramento, se colocou, inquieta, diante dele e de André. O Assistente falou-lhe, então: "Marcela, somos apenas teus irmãos... Reanima-te! Não te encontras sozinha. Deus, Nosso Pai, jamais nos abandona... Concede, sim, liberdade ao teu esposo, embora saibamos que o dever é uma bênção divina da qual pagaremos caro a de­serção... Que Ildeu rompa os laços respeitáveis dos seus compromissos, se é que julga seja essa a única maneira de adquirir a experiência que deve conquistar... Haja porém o que houver, ajuda-o com tolerância e compreensão. Não lhe queiras mal algum. Antes, roga a Jesus o abençoe e ampare, onde esteja, porque o remorso e o arrependimento, a saudade e a dor para os que fogem das obrigações que o Senhor lhes confia con­vertem-se em fardos difíceis de carregar". (Cap. 14, pp. 193 e 194) 

93. O divórcio é mero paliativo - Silas explicou à desventurada mulher que se o esposo esmorecia, à frente da luta, em pleno exercício da faculdade de escolher, não seria justo violentar-lhe o livre arbí­trio. Ildeu ausentava-se dos contratos que abraçou e interrompia o resgate das contas que lhe eram próprias... Mais tarde, porém, volta­ria aos débitos olvidados, mais onerado talvez perante a Lei. "Sejam quais forem as lutas que te descerem ao coração – recomendou-lhe Si­las –, resigna-te e não temas. Faze dos filhinhos o apoio firme na caminhada. Todo sacrifício edificante no mundo expressa enriquecimento de nossas almas na Vida Eterna... Renun­cia, pois, ao homem querido, respeitando-lhe os caprichos do coração, e aguarda o futuro com espe­rança." Como Marcela chorasse, receando o porvir, em face das contin­gências materiais, Silas asseverou, presti­moso: "Para mãos dignas ja­mais faltará trabalho digno. Contemos com a proteção do Senhor e mar­chemos com desassombro. Enxuga o pranto e er­gue-te em espírito à Fonte do Sumo Bem!..." Nesse momento, parentes desencarnados da jovem se­nhora assomaram ao recinto, estendendo-lhe as mãos. Silas confiou-lhes Marcela e retirou-se. A mente de André fer­vilhava de indagações: por que Ildeu desdenhava o menino? por que Mar­cela era odiada tanto assim pelo marido? seria justo fortalecê-la para o desquite, ao invés de in­centivá-la à recuperação do amor do compa­nheiro? Silas lembrou ini­cialmente a passagem evangélica em que Jesus afirma que o divórcio na Terra é permitido a nós outros pela dureza dos nossos corações. No caso em tela, o divórcio era compreensível como providência contra o crime, seja ele o assassínio ou o suicí­dio... Claro que a separação não soluciona o problema da re­denção, porque ninguém se reúne no casa­mento humano sem o vínculo do passado, e esse vínculo quase sempre significa débito ou compromisso vivo no tempo. Desse modo, o divórcio não os liberaria da dívida em que se achavam incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo fosse oportuno. O ódio de Il­deu tinha raízes no pretérito. Ele e Marcela eram duas almas em pro­cesso de reajuste, havia vários séculos. Na última existência, foram também marido e mulher, em outro casamento fracassado, porque, dado a aventuras, Ildeu seduziu duas moças, filhas do mesmo lar, abandonando a esposa. (Capítulo 14, pp. 194 a 196) 

94. A recapitulação necessária - Ildeu, primeiramente, enganou uma das moças e passou a conviver com ela, a cujo cuidado ficara a irmã menor, entregue pelos pais, à beira da morte. Ildeu esperou a floração juvenil da menina para submetê-la igualmente aos seus capri­chos inconfessáveis. Entrando depois em franca decadência moral, pre­cipitou-as no meretrício, em cujas correntes de sombra as pobres moças se viram quais andorinhas presas à lama... Marcela, após cinco anos de solidão, aceitou a companhia de um homem digno e trabalhador, com quem passou a viver maritalmente... Os dias correram e um dia, Ildeu, rela­tivamente moço, mas doente, retornou à cidade onde se casara com Mar­cela, buscando o aconchego do primitivo lar, que ele mesmo destruíra. Pôde rever então a ex-companheira feliz, junto de outro, e movido de incompreensível ciúme, porque fora ele que renegara o lar sem motivo justo, matou-lhe o eleito do coração. Anos depois, todo o grupo infe­licitado reuniu-se na Esfera Espiritual e, com o amparo de Abnegados Benfeitores, regressou à Terra para o doloroso resgate, com Ildeu à frente das responsabilidades, por ter maiores culpas, tendo Marcela, que concordou em auxiliá-lo, na condição de esposa. Roberto é o com­panheiro assassinado; Sônia e Márcia são as duas irmãs que ele arrojou ao vício e à delinquência. A reencarnação no resgate é recapitulação perfeita. "Se não trabalhamos por nossa intensa e radical renovação para o bem – disse Silas –, através do estudo edificante que nos educa o cérebro e do amor ao próximo que nos aperfeiçoa o sentimento, somos tentados hoje pelas nossas fraquezas, como éramos tentados ainda ontem, porquanto nada fizemos pelas suprimir, passando habitualmente a reincidir nas mesmas faltas." Ildeu, como se via, continuava displi­cente e surdo aos avisos da vida, a buscar a suposta felicidade fora do lar, desprezando a esposa, querendo estremecidamente às filhas e mantendo instintiva aversão pelo filho, seu rival e vítima na anterior existência. (Capítulo 14, pp. 196 e 197) (Continua no próximo número.)

 


 

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita