A. Qual é, dos
princípios do
Espiritismo, o
primeiro mencionado
por Delanne?
A existência de
Deus, motor inicial
e único do Universo,
em que se resumem
todas as perfeições,
levadas ao infinito.
Deus é eterno e todo
poderoso. Ninguém o
pode conhecer na
Terra, mas todos
experimentam suas
leis. Nosso
entendimento é bem
fraco, ainda, para
elevar-nos até essas
sublimes alturas,
mas nos diz a razão
que Ele existe, e os
Espíritos, melhor
colocados que nós
para lhe apreciarem
a grandeza,
inclinam-se com
respeito diante de
sua majestade
infinita.
(O Espiritismo
perante a Ciência,
Terceira Parte, Cap.
III - As objeções.)
B. Qual o segundo
princípio da
doutrina espírita
citado pelo autor
desta obra?
A existência da
alma, isto é, do
eu consciente,
imortal e criado por
Deus. Deus fez todos
os Espíritos iguais
e os dotou de iguais
faculdades para
chegarem ao mesmo
fim – a felicidade.
É o eu
consciente que
adquire, por sua
vontade, todas as
ciências e todas as
virtudes, que lhe
são indispensáveis
para elevar-se na
escala dos seres.
(Obra citada,
Terceira Parte, Cap.
III - As objeções.)
C. Que disse Delanne
sobre a alma e sua
essência? |
Primeiro, ele
demonstrou que a
alma é imortal, isto
é, quando o corpo
que ela habita se
destrói, ela não é
atingida por essa
transformação,
conserva sua
individualidade e
pode ainda
manifestar sua
presença por
intervenções
físicas. Segundo,
que a alma é
imaterial, ou seja,
não tem ponto algum
de contato com a
matéria que
conhecemos.
(Obra citada, Quarta
Parte, Cap. I – Que
é o perispírito?)
Texto para leitura
488. O clero de
todas as religiões
entrou em guerra com
o Espiritismo,
porque ele destrói a
crença no inferno e,
por consequência, as
penas eternas. Mina
a teoria do pecado
original e faz um
Deus bom e
misericordioso da
divindade zangada e
cruel dos padres. A
filosofia espírita
não se apoia na fé,
mas nas luzes da
razão, e para
combater o dogma
esteia-se na
observação
científica.
489. Pode-se daí
julgar o acolhimento
que tem. Lembramos a
história do
arcebispo de
Barcelona, fazendo
queimar os livros de
Allan Kardec, sob
pretexto de
feitiçaria. Esse
processo renovado da
Inquisição mostra
bem o que seria dos
espiritistas, se
houvesse o poder de
destruí-los.
490. Em França, as
imunidades do clero
não vão até lá.
Evitamos a fogueira,
mas os sacerdotes
não deixam de pregar
contra nossa
doutrina, que dizem
inspirada por
Satanás. Essas
invectivas não
exercem influência
alguma sobre nós,
porque há muito
tempo não
acreditamos mais em
deus do mal. Esse
sombrio gênio,
inventado pela casta
sacerdotal com o fim
de amedrontar os
povos infantis da
Idade Média, está
hoje fora da moda e
suas caldeiras
vingadoras fogem
diante das luzes do
progresso. Fazemos
muito alta ideia da
divindade, para não
supor que ela
criasse seres
eternamente votados
ao mal. Aliás, a
antiga concepção do
inferno está
desmentida pelo
testemunho cotidiano
dos Espíritos; ela
não poderia, pois,
influenciar-nos de
maneira alguma.
491. Os Espíritos
ensinam a
fraternidade, o
perdão das injúrias,
à mansuetude para
amigos e inimigos.
Dizem-nos que o
caminho único da
felicidade é o do
bem e que os
sacrifícios
agradáveis ao Senhor
são os que fazemos a
nós mesmos.
Exortam-nos a vigiar
cuidadosamente
nossos atos, a fim
de evitar a
injustiça;
recomendam-nos o
estudo da Natureza e
o amor de nossos
semelhantes, como
meios únicos de
elevar-nos
rapidamente para um
futuro mais
brilhante.
492. Longe de nos
dizerem que a
salvação é pessoal,
fazem-nos encarar a
felicidade de nossos
irmãos como o
objetivo superior
para o qual se devem
dirigir nossos
esforços; colocam,
enfim, a felicidade
suprema na mais
sublime
fraternidade, a do
coração.
493. Se forem estes
os processos
empregados por Satã
para perverter-nos,
é preciso declarar
que eles se
assemelham
estranhamente aos
que Jesus empregava
para reformar os
homens, e o anjo das
trevas conduz mal
seus negócios,
trazendo-nos à
virtude pela
austeridade da moral
que recomenda em
suas comunicações.
494. Se nos é
impossível acreditar
na legião dos
condenados, não se
segue que os maus
gozem de impunidade.
Em O Céu e o
Inferno, Allan
Kardec descreveu o
sofrimento dos
Espíritos infelizes,
e, se o inferno não
existe, nem por isso
deixam as almas
perversas de sofrer
terríveis castigos.
Mas essas penas não
serão eternas. Deus
permite ao pecador
abreviá-las,
dando-lhe a
faculdade de
resgatá-las por
expiações
proporcionais às
faltas.
495. Não há mais
dolorosas incertezas
sobre o nosso
futuro; o além
misterioso, velado
sob as ficções das
religiões,
aparece-nos em toda
sua realidade. Não
mais inferno, não
mais céu, mas a
continuação da vida,
que prossegue no
tempo e no espaço,
eterna como tudo que
existe. A perene
ascensão para
destinos sempre mais
elevados, eis a
verdadeira
felicidade. Longe de
acreditar em uma
beatitude ociosa,
colocamos a ventura
em uma atividade
incessante e no
conhecimento cada
vez mais perfeito
das leis universais.
496. Não há mais
dogmas, não há mais
coisas
incompreensíveis,
senão uma harmonia
sublime que se
revela nos melhores
detalhes dessa
imensa máquina que
se chama o Universo!
E a satisfação
profunda por
perceber qual é, em
suma, a nossa
finalidade na Terra
é o resultado do
estudo atento das
manifestações
espíritas.
497. Para melhor
tornar compreensível
o caráter e o
alcance científico
do Espiritismo,
vamos resumir em
algumas palavras os
pontos principais
sobre que ele se
apoia, enviando aos
livros de Alan
Kardec os leitores
desejosos de estudar
mais profundamente
esta crença.
498. O Espiritismo
ensina, em primeiro
lugar, a existência
de Deus, motor
inicial e único do
Universo; nele se
resumem todas as
perfeições, levadas
ao infinito. Ele é
eterno e todo
poderoso. Ninguém o
pode conhecer na
Terra, mas todos
experimentam suas
leis; nosso
entendimento é bem
fraco, ainda, para
elevar-nos até essas
sublimes alturas,
mas nos diz a razão
que ele existe, e os
Espíritos, melhor
colocados que nós
para lhe apreciarem
a grandeza,
inclinam-se com
respeito diante de
sua majestade
infinita.
499. O desejo de
conhecer desenvolve
nos corações as
aspirações mais
nobres e, mais
tarde, desembaraçado
da matéria,
gravitando para a
perfeição, o
Espírito fará ideia
cada vez mais
elevada desse
Onipotente, que ele
pressente hoje e que
conhecerá um dia.
500. Foi-se o tempo
em que se concebia
Deus como potência
implacável e
vingadora,
condenando
eternamente o homem
pela falta de um
momento. A sombria
divindade bíblica
não plaina mais
sobre nós como
ameaça perpétua; não
é mais o Jeová
terrível que
ordenava o
degolamento dos que
não criam nele e que
fazia curvar
milhares de homens
ao sopro de sua
cólera, como uma
floresta de caniços,
batida pelo aguilhão
furioso.
501. O Deus moderno
nos aparece como a
expressão perfeita
de toda ciência e de
toda virtude. Sua
inteligência se
manifesta no
admirável conjunto
das forças que
dirigem o Universo,
sua bondade pela lei
da reencarnação, que
nos permite remir as
faltas com expiações
sucessivas e
elevar-nos
gradativamente até
sua infinita
majestade.
502. O Deus que
compreendemos é a
infinita grandeza, o
infinito poder, a
infinita bondade, a
infinita justiça! É
a iniciativa
criadora por
excelência, a força
incalculável, a
harmonia universal!
Paira acima da
criação, envolve-a
com sua vontade,
penetra-a com sua
razão; é por ele que
os universos se
formam, que as
massas celestes
rolam seus
esplendores nas
profundezas do
vácuo, que os
planetas gravitam
nos espaços formando
radiantes auréolas
em torno dos sóis.
Deus é a vida
imensa, eterna,
indefinível, é o
começo e o fim, o
alfa e o ômega.
503. O Espiritismo
ensina, em segundo
lugar, a existência
da alma, isto é, do
eu
consciente, imortal
e criado por Deus.
Ignoramos a origem
desse eu,
mas, qualquer que
seja, cremos que
Deus fez todos os
Espíritos iguais e
os dotou de iguais
faculdades para
chegarem ao mesmo
fim – a felicidade.
Deu-nos, do mesmo
passo que a
consciência, o
livre-arbítrio, que
nos permite apressar
mais ou menos nossa
evolução para
destinos superiores.
Sabemos que a alma
do homem existia
antes de seu corpo,
que este poderia não
ter existido, que a
natureza inteira
poderia não existir
sem que a alma fosse
atingida por isso;
em suma, ela é
imaterial e
indestrutível.
504. É o eu
consciente que
adquire, por sua
vontade, todas as
ciências e todas as
virtudes, que lhe
são indispensáveis
para elevar-se na
escala dos seres. A
criação não está
limitada à fraca
parte que nossos
instrumentos
permitem descobrir;
ela é infinita em
sua imensidade.
Longe de
considerar-nos como
habitantes
exclusivamente do
pequeno Globo, o
Espiritismo
demonstra que
devemos ser os
cidadãos do
Universo.
505. Vamos do
simples ao composto.
Partidos do estado
rudimentar,
elevamo-nos, pouco a
pouco, à dignidade
de seres
responsáveis. A cada
conhecimento novo
entrevemos mais
vastos horizontes e
experimentamos maior
felicidade. Longe de
pôr nosso ideal numa
ociosidade eterna,
cremos, ao
contrário, que a
suprema felicidade
consiste na
atividade incessante
do espírito, no seu
conhecimento cada
vez maior e no amor
que se desenvolve à
proporção que
avançamos na estrada
árdua do progresso.
É o amor o motor
divino que nos
arrasta para esse
foco radiante que se
chama Deus!
506. Compreende-se
que essas ideias nos
obriguem a admitir a
pluralidade das
existências, ou
seja, a lei da
reencarnação. Quando
se pensa, pela
primeira vez, na
possibilidade de
viver grande número
de vezes na Terra,
em corpos humanos
diferentes, a ideia
parece bizarra;
quando, porém, se
reflete na soma
enorme de aquisições
que devemos possuir
para habitar a
Europa, na distância
que separa o
selvagem do homem
civilizado e na
lentidão com a qual
se adquire um
hábito, logo se vê
desenhar a evolução
dos seres e se
concebem as vidas
múltiplas e
sucessivas, como uma
necessidade absoluta
imposta ao Espírito,
tanto para adquirir
o saber como para
resgatar as faltas
que se tenham podido
cometer
anteriormente.
507. A
vida da alma, sob
este ponto de vista,
demonstra que o mal
não existe, ou
melhor, que ele é
criado por nós, em
virtude de nosso
livre-arbítrio. Deus
estabelece leis
eternas que não
devemos transgredir,
mas se não nos
conformamos com
elas, ele nos deixa
a faculdade de
remir, por novos
esforços, as faltas
ou crimes cometidos.
É assim que os
Espíritos,
ajudando-se uns aos
outros, chegam à
felicidade, que é o
apanágio de todos os
filhos de Deus.
508. Nossa filosofia
enriquece o coração;
ela considera os
infelizes, os
deserdados do mundo
como irmãos a quem
devemos socorrer.
Pensamos, pois, que
uma simples questão
de tempo separa os
mais embrutecidos
selvagens dos homens
geniais das nações
civilizadas. O mesmo
acontece no ponto de
vista moral, e os
monstros como os
Neros e os Calígulas
podem chegar ao
mesmo grau de São
Vicente de Paulo.
509. O Espiritismo
destrói
completamente o
egoísmo. Ele
proclama que ninguém
pode ser feliz se
não ama seus irmãos
e não os ajuda a
progredir moral e
materialmente. Na
lenta evolução das
existências, podemos
ser por diversas
vezes e
reciprocamente: pai,
mãe, esposa, filho,
irmão...
Cimentam-se, assim,
os poderosos laços
do amor. É pelo
auxilio mútuo que
adquirimos as
virtudes
indispensáveis ao
nosso adiantamento
espiritual.
510. Nenhuma
filosofia se elevou
a mais alta
concepção da vida
universal, nenhuma
pregou moral mais
pura. É por isso
que, detentores de
uma parte da
verdade,
apresentamo-la ao
mundo apoiada sobre
as bases inabaláveis
da observação
física.
511. Ciência
progressiva, o
Espiritismo se
baseia na revelação
dos Espíritos. Ora,
estes, à medida que
progridem, descobrem
verdades novas, de
modo que seu ensino
é gradativo e se
amplia à medida que
eles próprios se
tornam mais
instruídos.
512. Não temos
dogmas nem pontos de
doutrina
inabaláveis; fora
das comunicações dos
mortos e da
reencarnação, que
estão absolutamente
demonstradas,
admitimos todas as
teorias que se ligam
à origem da alma e
ao seu futuro. Em
uma palavra, somos
positivistas
espirituais, o que
nos dá incontestável
superioridade sobre
as outras
filosofias, cujos
adeptos estão
encerrados em
estreitos limites.
513. Demonstramos
anteriormente que a
alma é imortal, isto
é, que quando o
corpo que ela habita
se destrói, ela não
é atingida por essa
transformação,
conserva sua
individualidade e
pode ainda
manifestar sua
presença por
intervenções
físicas. Levanta-se
aqui uma
dificuldade. Como
fazer compreender a
ação da alma sobre o
corpo?
514. Segundo a
filosofia e segundo
os Espíritos, a alma
é imaterial, ou
seja, não tem ponto
algum de contato com
a matéria que
conhecemos. Não se
pode conceber que a
alma tenha
propriedades
análogas às dos
corpos da natureza,
pois que o
pensamento, que dela
é a imagem, a
emanação, escapa a
qualquer medida, a
toda análise física
ou química.
515. A
fim de precisar bem
o nosso pensamento,
desejamos instruir
nossos leitores
sobre o sentido
desta palavra
imaterial, para
que ela não se
preste à confusão.
516. Pretendemos que
nenhum estado da
matéria pode
fazer-nos
compreender o da
alma e, entretanto,
a Ciência chegou a
resultados
surpreendentes
quanto à divisão da
matéria. Eis o que
resulta das
experiências de
Crookes, na Academia
de Ciências.
517. Sabe-se que
esse físico tem uma
teoria especial,
segundo a qual as
moléculas dos corpos
gasosos podem
mover-se por suas
próprias forças,
quando se lhes
diminui o número,
fazendo o vácuo.
Para chegar a esse
resultado é preciso
operar com precisão
extrema e empregar
manipulações
numerosas e
complicadas. Crookes
chegou a fazer o
vazio de tal forma,
que a pressão do ar
no aparelho foi
reduzida a um
milionésimo de
atmosfera. Nessas
condições,
manifestam-se os
caracteres do estado
radiante.
518. Habitualmente,
os fenômenos novos,
em física ou
química, são
produzidos por
adição de matéria; é
curioso verificar
que aqui, ao
contrário, efeitos
de extrema energia
resultam de uma
subtração de
matéria; foi
reduzindo-a quase a
nada, rarificando-a
além do verossímil,
que Crookes obteve
os singulares
fenômenos. Quanto
mais ele retira a
matéria, tanto mais
surpreendente se
toma a ação. É a
física do nada, e
fica-se tentado a
perguntar se ele tem
o direito de
atribuir à matéria
efeitos tão
poderosos, quando
fez tantos esforços
por desembaraçar-se
dela. Não deve
subsistir equívoco a
este respeito e não
devemos julgar
segundo a impressão
de nossos sentidos
aquilo que pode
perfeitamente lhes
escapar.
519. A
Natureza vai muito
além de nossas
sensações; é
preciso, pois,
pormo-nos ao abrigo
de nossos erros.
Quando as mais
aperfeiçoadas
máquinas subtraíram
de um espaço fechado
tanto ar, tanto gás
quanto foi possível,
não se segue que
muito ainda não
possa lá ficar.
520. Crookes reduziu
o conteúdo de seus
tubos a um
milionésimo do ar
que conhecemos, e
que é tão impalpável
que o deslocamos a
cada instante, sem
ter consciência de
que ele está em
torno de nós.
Pareceria que o
milionésimo de coisa
tão insignificante
fosse para nós menos
que nada. Esse
julgamento é falso,
como vamos ver.
(Continua no próximo
número.)