WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 227 - 18 de Setembro de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 20)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Qual é, dos princípios do Espiritismo, o primeiro mencionado por Delanne?

A existência de Deus, motor inicial e único do Universo, em que se resumem todas as perfeições, levadas ao infinito. Deus é eterno e todo poderoso. Ninguém o pode conhecer na Terra, mas todos experimentam suas leis. Nosso entendimento é bem fraco, ainda, para elevar-nos até essas sublimes alturas, mas nos diz a razão que Ele existe, e os Espíritos, melhor colocados que nós para lhe apreciarem a grandeza, inclinam-se com respeito diante de sua majestade infinita. (O Espiritismo  perante a Ciência, Terceira Parte, Cap. III - As objeções.)

B. Qual o segundo princípio da doutrina espírita citado pelo autor desta obra?

A existência da alma, isto é, do eu consciente, imortal e criado por Deus. Deus fez todos os Espíritos iguais e os dotou de iguais faculdades para chegarem ao mesmo fim – a felicidade. É o eu consciente que adquire, por sua vontade, todas as ciências e todas as virtudes, que lhe são indispensáveis para elevar-se na escala dos seres.  (Obra citada, Terceira Parte, Cap. III - As objeções.)

C. Que disse Delanne sobre a alma e sua essência?

Primeiro, ele demonstrou que a alma é imortal, isto é, quando o corpo que ela habita se destrói, ela não é atingida por essa transformação, conserva sua individualidade e pode ainda manifestar sua presença por intervenções físicas. Segundo, que a alma é imaterial, ou seja, não tem ponto algum de contato com a matéria que conhecemos. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. I – Que é o perispírito?)

Texto para leitura

488. O clero de todas as religiões entrou em guerra com o Espiritismo, porque ele destrói a crença no inferno e, por consequência, as penas eternas. Mina a teoria do pecado original e faz um Deus bom e misericordioso da divindade zangada e cruel dos padres. A filosofia espírita não se apoia na fé, mas nas luzes da razão, e para combater o dogma esteia-se na observação científica.

489. Pode-se daí julgar o acolhimento que tem. Lembramos a história do arcebispo de Barcelona, fazendo queimar os livros de Allan Kardec, sob pretexto de feitiçaria. Esse processo renovado da Inquisição mostra bem o que seria dos espiritistas, se houvesse o poder de destruí-los.

490. Em França, as imunidades do clero não vão até lá. Evitamos a fogueira, mas os sacerdotes não deixam de pregar contra nossa doutrina, que dizem inspirada por Satanás. Essas invectivas não exercem influência alguma sobre nós, porque há muito tempo não acreditamos mais em deus do mal. Esse sombrio gênio, inventado pela casta sacerdotal com o fim de amedrontar os povos infantis da Idade Média, está hoje fora da moda e suas caldeiras vingadoras fogem diante das luzes do progresso. Fazemos muito alta ideia da divindade, para não supor que ela criasse seres eternamente votados ao mal. Aliás, a antiga concepção do inferno está desmentida pelo testemunho cotidiano dos Espíritos; ela não poderia, pois, influenciar-nos de maneira alguma.

491. Os Espíritos ensinam a fraternidade, o perdão das injúrias, à mansuetude para amigos e inimigos. Dizem-nos que o caminho único da felicidade é o do bem e que os sacrifícios agradáveis ao Senhor são os que fazemos a nós mesmos. Exortam-nos a vigiar cuidadosamente nossos atos, a fim de evitar a injustiça; recomendam-nos o estudo da Natureza e o amor de nossos semelhantes, como meios únicos de elevar-nos rapidamente para um futuro mais brilhante.

492. Longe de nos dizerem que a salvação é pessoal, fazem-nos encarar a felicidade de nossos irmãos como o objetivo superior para o qual se devem dirigir nossos esforços; colocam, enfim, a felicidade suprema na mais sublime fraternidade, a do coração.

493. Se forem estes os processos empregados por Satã para perverter-nos, é preciso declarar que eles se assemelham estranhamente aos que Jesus empregava para reformar os homens, e o anjo das trevas conduz mal seus negócios, trazendo-nos à virtude pela austeridade da moral que recomenda em suas comunicações.

494. Se nos é impossível acreditar na legião dos condenados, não se segue que os maus gozem de impunidade. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec descreveu o sofrimento dos Espíritos infelizes, e, se o inferno não existe, nem por isso deixam as almas perversas de sofrer terríveis castigos. Mas essas penas não serão eternas. Deus permite ao pecador abreviá-las, dando-lhe a faculdade de resgatá-las por expiações proporcionais às faltas.

495. Não há mais dolorosas incertezas sobre o nosso futuro; o além misterioso, velado sob as ficções das religiões, aparece-nos em toda sua realidade. Não mais inferno, não mais céu, mas a continuação da vida, que prossegue no tempo e no espaço, eterna como tudo que existe. A perene ascensão para destinos sempre mais elevados, eis a verdadeira felicidade. Longe de acreditar em uma beatitude ociosa, colocamos a ventura em uma atividade incessante e no conhecimento cada vez mais perfeito das leis universais.

496. Não há mais dogmas, não há mais coisas incompreensíveis, senão uma harmonia sublime que se revela nos melhores detalhes dessa imensa máquina que se chama o Universo! E a satisfação profunda por perceber qual é, em suma, a nossa finalidade na Terra é o resultado do estudo atento das manifestações espíritas.

497. Para melhor tornar compreensível o caráter e o alcance científico do Espiritismo, vamos resumir em algumas palavras os pontos principais sobre que ele se apoia, enviando aos livros de Alan Kardec os leitores desejosos de estudar mais profundamente esta crença.

498. O Espiritismo ensina, em primeiro lugar, a existência de Deus, motor inicial e único do Universo; nele se resumem todas as perfeições, levadas ao infinito. Ele é eterno e todo poderoso. Ninguém o pode conhecer na Terra, mas todos experimentam suas leis; nosso entendimento é bem fraco, ainda, para elevar-nos até essas sublimes alturas, mas nos diz a razão que ele existe, e os Espíritos, melhor colocados que nós para lhe apreciarem a grandeza, inclinam-se com respeito diante de sua majestade infinita.

499. O desejo de conhecer desenvolve nos corações as aspirações mais nobres e, mais tarde, desembaraçado da matéria, gravitando para a perfeição, o Espírito fará ideia cada vez mais elevada desse Onipotente, que ele pressente hoje e que conhecerá um dia.

500. Foi-se o tempo em que se concebia Deus como potência implacável e vingadora, condenando eternamente o homem pela falta de um momento. A sombria divindade bíblica não plaina mais sobre nós como ameaça perpétua; não é mais o Jeová terrível que ordenava o degolamento dos que não criam nele e que fazia curvar milhares de homens ao sopro de sua cólera, como uma floresta de caniços, batida pelo aguilhão furioso.

501. O Deus moderno nos aparece como a expressão perfeita de toda ciência e de toda virtude. Sua inteligência se manifesta no admirável conjunto das forças que dirigem o Universo, sua bondade pela lei da reencarnação, que nos permite remir as faltas com expiações sucessivas e elevar-nos gradativamente até sua infinita majestade.

502. O Deus que compreendemos é a infinita grandeza, o infinito poder, a infinita bondade, a infinita justiça! É a iniciativa criadora por excelência, a força incalculável, a harmonia universal! Paira acima da criação, envolve-a com sua vontade, penetra-a com sua razão; é por ele que os universos se formam, que as massas celestes rolam seus esplendores nas profundezas do vácuo, que os planetas gravitam nos espaços formando radiantes auréolas em torno dos sóis. Deus é a vida imensa, eterna, indefinível, é o começo e o fim, o alfa e o ômega.

503. O Espiritismo ensina, em segundo lugar, a existência da alma, isto é, do eu consciente, imortal e criado por Deus. Ignoramos a origem desse eu, mas, qualquer que seja, cremos que Deus fez todos os Espíritos iguais e os dotou de iguais faculdades para chegarem ao mesmo fim – a felicidade. Deu-nos, do mesmo passo que a consciência, o livre-arbítrio, que nos permite apressar mais ou menos nossa evolução para destinos superiores. Sabemos que a alma do homem existia antes de seu corpo, que este poderia não ter existido, que a natureza inteira poderia não existir sem que a alma fosse atingida por isso; em suma, ela é imaterial e indestrutível.

504. É o eu consciente que adquire, por sua vontade, todas as ciências e todas as virtudes, que lhe são indispensáveis para elevar-se na escala dos seres. A criação não está limitada à fraca parte que nossos instrumentos permitem descobrir; ela é infinita em sua imensidade. Longe de considerar-nos como habitantes exclusivamente do pequeno Globo, o Espiritismo demonstra que devemos ser os cidadãos do Universo.

505. Vamos do simples ao composto. Partidos do estado rudimentar, elevamo-nos, pouco a pouco, à dignidade de seres responsáveis. A cada conhecimento novo entrevemos mais vastos horizontes e experimentamos maior felicidade. Longe de pôr nosso ideal numa ociosidade eterna, cremos, ao contrário, que a suprema felicidade consiste na atividade incessante do espírito, no seu conhecimento cada vez maior e no amor que se desenvolve à proporção que avançamos na estrada árdua do progresso. É o amor o motor divino que nos arrasta para esse foco radiante que se chama Deus!

506. Compreende-se que essas ideias nos obriguem a admitir a pluralidade das existências, ou seja, a lei da reencarnação. Quando se pensa, pela primeira vez, na possibilidade de viver grande número de vezes na Terra, em corpos humanos diferentes, a ideia parece bizarra; quando, porém, se reflete na soma enorme de aquisições que devemos possuir para habitar a Europa, na distância que separa o selvagem do homem civilizado e na lentidão com a qual se adquire um hábito, logo se vê desenhar a evolução dos seres e se concebem as vidas múltiplas e sucessivas, como uma necessidade absoluta imposta ao Espírito, tanto para adquirir o saber como para resgatar as faltas que se tenham podido cometer anteriormente.

507. A vida da alma, sob este ponto de vista, demonstra que o mal não existe, ou melhor, que ele é criado por nós, em virtude de nosso livre-arbítrio. Deus estabelece leis eternas que não devemos transgredir, mas se não nos conformamos com elas, ele nos deixa a faculdade de remir, por novos esforços, as faltas ou crimes cometidos. É assim que os Espíritos, ajudando-se uns aos outros, chegam à felicidade, que é o apanágio de todos os filhos de Deus.

508. Nossa filosofia enriquece o coração; ela considera os infelizes, os deserdados do mundo como irmãos a quem devemos socorrer. Pensamos, pois, que uma simples questão de tempo separa os mais embrutecidos selvagens dos homens geniais das nações civilizadas. O mesmo acontece no ponto de vista moral, e os monstros como os Neros e os Calígulas podem chegar ao mesmo grau de São Vicente de Paulo.

509. O Espiritismo destrói completamente o egoísmo. Ele proclama que ninguém pode ser feliz se não ama seus irmãos e não os ajuda a progredir moral e materialmente. Na lenta evolução das existências, podemos ser por diversas vezes e reciprocamente: pai, mãe, esposa, filho, irmão... Cimentam-se, assim, os poderosos laços do amor. É pelo auxilio mútuo que adquirimos as virtudes indispensáveis ao nosso adiantamento espiritual.

510. Nenhuma filosofia se elevou a mais alta concepção da vida universal, nenhuma pregou moral mais pura. É por isso que, detentores de uma parte da verdade, apresentamo-la ao mundo apoiada sobre as bases inabaláveis da observação física.

511. Ciência progressiva, o Espiritismo se baseia na revelação dos Espíritos. Ora, estes, à medida que progridem, descobrem verdades novas, de modo que seu ensino é gradativo e se amplia à medida que eles próprios se tornam mais instruídos.

512. Não temos dogmas nem pontos de doutrina inabaláveis; fora das comunicações dos mortos e da reencarnação, que estão absolutamente demonstradas, admitimos todas as teorias que se ligam à origem da alma e ao seu futuro. Em uma palavra, somos positivistas espirituais, o que nos dá incontestável superioridade sobre as outras filosofias, cujos adeptos estão encerrados em estreitos limites.

513. Demonstramos anteriormente que a alma é imortal, isto é, que quando o corpo que ela habita se destrói, ela não é atingida por essa transformação, conserva sua individualidade e pode ainda manifestar sua presença por intervenções físicas. Levanta-se aqui uma dificuldade. Como fazer compreender a ação da alma sobre o corpo?

514. Segundo a filosofia e segundo os Espíritos, a alma é imaterial, ou seja, não tem ponto algum de contato com a matéria que conhecemos. Não se pode conceber que a alma tenha propriedades análogas às dos corpos da natureza, pois que o pensamento, que dela é a imagem, a emanação, escapa a qualquer medida, a toda análise física ou química.

515. A fim de precisar bem o nosso pensamento, desejamos instruir nossos leitores sobre o sentido desta palavra imaterial, para que ela não se preste à confusão.

516. Pretendemos que nenhum estado da matéria pode fazer-nos compreender o da alma e, entretanto, a Ciência chegou a resultados surpreendentes quanto à divisão da matéria. Eis o que resulta das experiências de Crookes, na Academia de Ciências.

517. Sabe-se que esse físico tem uma teoria especial, segundo a qual as moléculas dos corpos gasosos podem mover-se por suas próprias forças, quando se lhes diminui o número, fazendo o vácuo. Para chegar a esse resultado é preciso operar com precisão extrema e empregar manipulações numerosas e complicadas. Crookes chegou a fazer o vazio de tal forma, que a pressão do ar no aparelho foi reduzida a um milionésimo de atmosfera. Nessas condições, manifestam-se os caracteres do estado radiante.

518. Habitualmente, os fenômenos novos, em física ou química, são produzidos por adição de matéria; é curioso verificar que aqui, ao contrário, efeitos de extrema energia resultam de uma subtração de matéria; foi reduzindo-a quase a nada, rarificando-a além do verossímil, que Crookes obteve os singulares fenômenos. Quanto mais ele retira a matéria, tanto mais surpreendente se toma a ação. É a física do nada, e fica-se tentado a perguntar se ele tem o direito de atribuir à matéria efeitos tão poderosos, quando fez tantos esforços por desembaraçar-se dela. Não deve subsistir equívoco a este respeito e não devemos julgar segundo a impressão de nossos sentidos aquilo que pode perfeitamente lhes escapar.

519. A Natureza vai muito além de nossas sensações; é preciso, pois, pormo-nos ao abrigo de nossos erros. Quando as mais aperfeiçoadas máquinas subtraíram de um espaço fechado tanto ar, tanto gás quanto foi possível, não se segue que muito ainda não possa lá ficar.

520. Crookes reduziu o conteúdo de seus tubos a um milionésimo do ar que conhecemos, e que é tão impalpável que o deslocamos a cada instante, sem ter consciência de que ele está em torno de nós. Pareceria que o milionésimo de coisa tão insignificante fosse para nós menos que nada. Esse julgamento é falso, como vamos ver. (Continua no próximo número.)
 

 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita