MARCELO
DAMASCENO DO
VALE
marcellus.vale@gmail.com
São Bento do
Sul, SC
(Brasil)
Afinal, o que é
panteísmo?
Que se deve
pensar da
opinião segundo
a qual todos os
corpos da
Natureza, todos
os seres, todos
os globos do
Universo seriam
partes da
Divindade e
constituiriam,
em conjunto, a
própria
Divindade, ou,
por outra, que
se deve pensar
da doutrina
panteísta?
“Não podendo
fazer-se Deus, o
homem quer ao
menos ser uma
parte de Deus.”
(Questão 15 de O
Livro dos
Espíritos.)
O panteísmo (do
grego pan = tudo
+ théos = Deus)
é uma doutrina
filosófica que
defende que tudo
é Deus,
considerando a
Natureza e o
Universo
divinos.
Existem várias
formas ou
sistemas de
panteísmo. O
panteísmo
clássico
considerava Deus
a única
realidade e o
universo uma
mera
manifestação,
emanação ou
realização de
Deus; o
estoicismo
identificou Deus
com o Universo,
considerando-O
como a força
vital e
inteligência
cósmica que o
governa; no
neoplatonismo e,
mais tarde, com
Giordano Bruno,
Deus é causa e
princípio do
universo. O
panteísmo
materialista ou
naturalista vê
no universo a
própria
realidade de
Deus. (1)
O filósofo
holandês Baruch
Spinoza
(1632-1677)
considerava que
"Só o mundo é
real, sendo Deus
a soma de tudo
quanto existe".
Temos, ainda, o
Pananteísmo de
Teillard de
Chardin, o qual
é um panteísmo
mais elaborado e
complexo, e
também o
panteísmo
científico, que
assume a
convicção de que
o cosmos é
divino e a Terra
é sagrada. (2
e 3)
O neo-Panteísmo
é outro sistema
que se assenta
sobre a ideia de
um deus
impessoal
representado
pela Natureza,
porém de
polaridade
sexual feminina.
Surgiu a partir
de uma falsa
compreensão do
Deus vivo, pois
seus adeptos
justificam a
necessidade de
uma crença não
Sobrenatural.
(4)
Os filósofos
clássicos do
Espiritismo
complementaram o
pensamento dos
Espíritos da
codificação de
forma brilhante,
primeiro Léon
Denis:
Deus, tal qual o
concebemos, não
é, pois, o Deus
do panteísmo
oriental, que se
confunde com o
Universo, nem o
Deus
antropomorfo,
monarca do céu,
exterior ao
mundo, de que
nos falam as
religiões do
Ocidente. Deus é
manifestado pelo
Universo – do
qual é a
representação
sensível –, mas
não se confunde
com este. De
igual maneira
que em nós a
unidade
consciente, a
Alma, o eu,
persiste no meio
das modificações
incessantes da
matéria
corporal, assim,
no meio das
transformações
do Universo e da
incessante
renovação de
suas partes,
subsiste o Ser
que é a Alma, a
consciência, o
eu que o anima e
lhe comunica o
movimento e a
vida. (5)
E também temos
as observações
lúcidas de
Camille
Flammarion:
O panteísmo,
fazendo da alma
uma partícula da
substância
divina, a
escraviza e
arrasta,
inevitavelmente,
ao fatalismo
absoluto.
(6)
A opinião que
proclama a
identidade
substancial de
Deus com o
mundo, e que
recentemente tem
tido uma
revivescência
favorável, não
passa de
panteísmo
absoluto, na sua
forma simples e
íntegra.
Quaisquer que
sejam as
palavras com que
o expressem, um
espírito
judicioso jamais
se iludiria. Se
Deus e o mundo
não são mais que
um mesmo e único
ser, Deus não
existe. (7)
Mas, ainda bem
que o ateísmo
absoluto só pode
ser uma loucura
nominal e o
espírito mais
negativista não
pode, realmente,
atribuir à
matéria senão o
que pertence ao
espírito,
criando assim um
deus-matéria, à
sua imagem e
semelhança.
Assim, temos
visto que, desde
o panteísmo
místico ao mais
rigoroso
ateísmo, os
erros humanos a
respeito da
personalidade
divina não
puderam, senão,
velar, ou
desnaturar a
revelação do
Universo, sem
aniquilá-la.
Nosso Deus da
Natureza
permanece
inatacável, no
seio mesmo da
Natureza, força
intrínseca e
universal
governando cada
átomo, formando
organismos e
mundos,
princípio e fim
das criações que
passam, luz
incriada a
brilhar no mundo
invisível e para
a qual,
oscilantes, se
dirigem as
almas, como a
agulha imantada,
que não mais
repousa enquanto
não se encontra
identificada com
o plano do polo
magnético.
(8)
Ambos
esclareceram a
ideia de Deus em
oposição ao
panteísmo – o
qual parece uma
doutrina
interessante que
unifica a
Criação com o
Criador, mas
resulta em um
Universo sem
direção única,
ordenado por uma
entidade
indefinida,
sujeita às
modificações da
matéria. O
panteísmo teria
como
consequência a
desorganização e
não a perfeição
matemática de
toda a criação.
Notas:
1 – http://pt.wikipedia.org/wiki/Teilhard_de_Chardin.
2 – http://www.sociedadeteosofica.org.br/bhagavad/site/livro/cap45.htm.
3 – http://www.infopedia.pt/$panteismo.
4 – http://pantheism-site.us/mainpage1.html.
5 – Léon Denis,
O Grande Enigma,
Cap. I.
6 – Camille
Flammarion, Deus
na natureza,
Cap. 3 -
Terceira Parte.
7 – Camille
Flammarion, Deus
na natureza,
Cap. 1 - Quinta
Parte.
8 – Camille
Flammarion, Deus
na natureza,
Cap. 1 - Quinta
Parte.