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Raul Teixeira responde
Ano 5 - N° 227 - 18 de Setembro de 2011

  
 

– Como devemos, à luz da doutrina espírita, tratar o tema descriminalização das drogas, que alguns indivíduos, de diversas capas sociopolíticas, vêm propugnando, sob o argumento de que seus governos não conseguiram vencer o tráfico?

Raul Teixeira: A questão das drogas é uma questão de moralidade. Enquanto vivermos numa condição de agigantada hipocrisia social, encontraremos esses embates para que se deixe de considerar como um crime aquilo que já se haja tornado comum, usual e, para muitos até, natural, no caso em tela, o uso e a distribuição de substâncias psicoativas, capazes de gerar dependência e destruição.

O grande problema é que vivemos num mundo em que as drogas são intensamente lucrativas, rendendo cifras altíssimas, ganhos financeiros inabordáveis, e quem as chancela como seus donos, e que estão por detrás da sua proliferação na malha social, são indivíduos sem qualquer escrúpulo, sem nenhuma sensibilidade, que afivelam ao rosto máscaras de cinismo e desfilam em todas as ramas do poder político e econômico, sem que sejam admoestados, enquanto compram o silêncio conivente de autoridades que deveriam ser leais defensoras da saúde pública.

Desgraçadamente, em razão da grande ansiedade por obter dinheiro, por consumir o que consomem a classe média e os ricos e por gozar de uma vida financeira confortável, magotes de criaturas, jovens e velhos, homens e mulheres, se lançam à inglória lida de representar esses poderes sombrios do tráfico de drogas onde quer que vivam ou até onde possam se distender seus tentáculos.

Todos os argumentos apresentados pelos defensores da descriminalização de qualquer droga são falsos, sofismáticos e oportunistas. A grande cartada sociomoral seria o engajamento das pessoas de boa vontade no sentido de incentivar os processos sérios e bem acompanhados da educação, que precisaria ter começo nos lares, onde, infelizmente, costuma ter início o uso das mais diversificadas drogas, considerando-se os vícios inocentes de pais, mães e outros familiares de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas abundantemente junto das crianças e, às vezes, oferecendo-lhes ou permitindo-lhes os “tragos” que, de ingênuos a princípio, acabam por desgovernar a criatura em função da instalação do vício.

A situação espiritual preocupante é que ninguém sabe quem são os filhos ou de que realidades reencarnatórias procedem eles. Muitos reencarnam-se exatamente para superar a influência nefasta do tabagismo, do alcoolismo ou de qualquer outra forma de dependência psicoquímica que desenvolveram no pretérito e, uma vez renascidos, são confrontados pelo acesso fácil a esses usos sob aplauso da sociedade eminentemente dinheirista em que vivemos, marcados os tempos do mundo por um cruel materialismo que tem invadido todas as instâncias sociais e até mesmo os arraiais de muitas crenças religiosas.

Não há como descriminalizar algo que é um crime em si mesmo. Serão feitos tão-somente jogos de palavras e criaremos novos conceitos para justificar o injustificável. Aí nos daremos conta de que, ainda que os legisladores aprovassem tal descriminalização – como é forte tendência –, entraríamos nas considerações de que nem tudo o que é legal é obrigatoriamente moral. Na visão do mundo, então, tudo estaria bem, com os discursos de enfraquecimento do tráfico, com a suposta diminuição de mortes e de tudo que a clandestinidade propicia aos comerciantes e usuários. Entretanto, ninguém escaparia dos conflitos e comprometimentos de ordem moral, uma vez que as leis de Deus se acham situadas em nossa intimidade, em nossa consciência, de cujas imposições e cobranças ninguém consegue se evadir.
 

Entrevista concedida em 17 de setembro de 2011 à revista “O Consolador”.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita