GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Allan Kardec -
breve notícia
Diz
Irmão X 1 que, em
31.12.1799,
houve
reunião
de Espíritos sábios
em esferas
superiores da Terra.
Em
meio
a reduzido cortejo de sombras,
chega Napoleão, para
reafirmar compromissos.
Kardec
chega
por
uma
estrada
de
luz.
Napoleão
chora,
indo ao seu encontro.
Uma
voz do céu
lhe diz: “(...) Eis-te à frente do apóstolo
da
fé,
que,
sob a égide
do
Cristo,
descerrará
para
a
Terra
atormentada
um
novo ciclo de
conhecimento... Renova, perante o Evangelho,
o
compromisso
de auxiliar-lhe
a obra renascente!... Indicado para consolidar a paz e a
segurança,
necessárias ao
êxito do
abnegado
apóstolo que
descortinará a
era nova, serás
visitado pelas
monstruosas
tentações do
poder”.
Bem sabemos,
pela História,
que Napoleão
rendeu-se aos
apelos da
vaidade, do
poder, da
ambição e,
“(...) por
determinação do
Alto (...)”, em
1815 foi exilado
para a ilha de
Elba e, depois,
preso na ilha de
Santa Helena,
onde esperou a
morte, ocorrida
em 1821.
Allan Kardec,
“(...) apagando
a própria
grandeza, na
humildade de um
mestre-escola,
muita vez
atormentado e
desiludido, como
simples homem do
povo, deu
integral
cumprimento à
divina missão
que trazia à
Terra,
inaugurando a
era
espírita-cristã
(...)”.
*
Renasceu em 3 de
outubro de 1804
– em Lião,
França –
Hippolyte Léon
Denizard Rivail,
adotando, mais
tarde, o
pseudônimo Allan
Kardec. Com esse
nome, fora
sacerdote druida
nas Gálias,
revelou-lhe seu
guia espiritual.
2
Recebeu a tarefa
de codificar a
Doutrina
Espírita, para
trazer-nos
informações do
mundo
espiritual, a
Terceira
Revelação;
acabar com os
‘mistérios’,
desmistificando
a fé; missão que
cumpriu
integralmente.
Aos dez anos
segue para
Yverdum (Suíça),
a estudar no
Instituto de
Educação de
Yverdum, fundado
em 1805, por
Johann Heinrich
Pestalozzi.
Na escola de
Pestalozzi os
alunos
aprendiam, além
das matérias
curriculares,
“(...) a lição
da fraternidade,
da igualdade e
da liberdade”.
Ali “Não havia
castigos nem
recompensas. Não
queria a
emulação nem o
medo. Só admitia
a disciplina do
dever, ou
melhor, da
afeição, do
amor”. 2
Aos catorze
anos, ensinava
aos
condiscípulos,
como
“colaborador” no
Instituto.
*
Dedicou-se a
estudos do
magnetismo,
provavelmente a
partir de 1823.
Escreveu obras
sobre a
educação.
Conhecia o
alemão, o
inglês, o
italiano e o
espanhol, além
do holandês e o
francês, sua
língua materna.
Em 1825 fundou a
“Escola de
Primeiro Grau”,
a qual “(...)
não sabemos por
quanto tempo...
sobreviveu...”.
Fundou também,
em 1826, a
“Instituição
Rivail; um
instituto
técnico que
funcionou até
1834”.
A Instituição
Rivail era
sociedade dele
com um tio, o
qual, mais tarde
(1834), a levou
ao fechamento,
com o perder
grandes quantias
no jogo. Com a
liquidação, cada
um recebeu
45.000 francos.
Essa quantia foi
emprestada por
ele a um amigo,
que, falindo,
deixou-o sem um
tostão.
Fazendo
contabilidade de
três casas
comerciais,
recebia cerca de
7.000 francos
por ano. À noite
escrevia novos
livros; traduzia
obras inglesas e
alemãs, além de
preparar cursos,
entre os quais:
de química,
física,
astronomia,
fisiologia,
anatomia
comparada.
Ministrou-os,
gratuitamente,
de 1835 a 1840.
Não obstante
sábio, cultuando
vários ramos do
conhecimento,
Kardec não era
médico, como
muitos apregoam.
Ele próprio o
afirma,
textualmente:
“Mas a Medicina
não é do nosso
domínio (...)”.
3
Em 06.02.1832,
casou-se com
Amélie-Gabrielle
Boudet, nove
anos mais velha
do que ele, mas
que não
aparentava
sê-lo. Dedicada
colaboradora do
marido. Não
tiveram filhos.
Em 1850,
abandona o
ensino, por
discordar de uma
lei que
subordinava as
escolas à
fiscalização dos
padres.
Dedicou-se,
pois, ao ensino,
de 1819 a 1850.
*
Houve, em todo o
mundo, no século
XIX,
generalizada
manifestação de
fenômenos
mediúnicos.
Dentre
as mais
importantes, as
das irmãs Fox,
em Hydesville,
Estado de New
York.
Tiveram início
em 28.03.1848,
com pancadas nas
paredes de
madeira da casa
de Kate (Katherine)
e Margaret – 9 e
12 anos –, de
família
metodista.
Kate imita as
pancadas –
acostumada já às
manifestações e,
assim, cria uma
forma de se
comunicar com o
“desconhecido”.
É, aí,
confirmada a
sobrevivência do
espírito.
Era o Espírito
de um caixeiro
viajante que
fora assassinado
e enterrado
naquela casa, no
porão.
Procuraram seus
ossos, mas só
acharam parte.
Anos depois,
encontraram
todos os ossos.
Quem o matou,
mudou-o de
lugar, talvez
temeroso de ser
descoberto.
Ao viajarem, as
irmãs Fox
verificaram que
as manifestações
as seguiam.
Descobriram,
assim, que
possuíam
faculdade que as
distinguiam de
outras pessoas.
Trata-se da
mediunidade de
efeitos físicos.
As manifestações
físicas na
América
espalharam-se
pela Europa.
Proliferaram as
mesas girantes,
dançantes,
transmitindo
mensagens dos
“mortos”,
algumas falando
de revolução no
campo moral.
Chegou-se à
escrita
mediúnica,
inicialmente
utilizando-se de
cestinha de vime
e lápis preso a
ela. Depois o
próprio médium,
segurando o
lápis, recebia a
mensagem –
método até hoje
utilizado.
Em 1854, o
magnetizador
Fortier falou, pela primeira vez, a Kardec, das mesas
girantes.
Kardec, a
princípio,
explicou o
movimento
das mesas como efeito do magnetismo
animal, que
estudava
desde
os 19 anos.
Em
maio de 1855, presenciou fenômenos da mesa
girando,
saltando,
correndo, e a
escrita
mediúnica.
“Naquilo havia
um fato que devia ter uma causa. Entrevi, sob essas aparentes
futilidades e a
espécie
de
divertimento
que
com esses
fenômenos se fazia, alguma coisa de sério e como que a revelação de uma nova
lei, que
a
mim
mesmo
prometi
aprofundar.”
4
“Foi a 30 de
abril
de 1856, em casa do Sr.
Roustan,
pela
médium
M.lle Japhet,
que
Allan Kardec
recebeu a
primeira
revelação
da
missão
que
tinha a desempenhar.
Esse aviso, a
princípio muito
vago, foi
precisado no dia
12 de junho de
1856, por
intermédio de M.lle
Aline C.,
médium.” 4
E passou a
investigar,
fazendo
perguntas
aos
Espíritos.
Até
então,
cada um
analisava de
forma
incompleta
os
fenômenos.
Coube a Kardec
enfeixá-los,
codificá-los.
De cinquenta
cadernos
reunidos por amigos e mais perguntas que formulou aos Espíritos, resultou a primeira edição
de “O
Livro
dos Espíritos”, com 501 perguntas,
em 18.04.1857. Em
março
de 1860,
passa
a
ser
vendida a
segunda
edição,
definitiva, com a forma
atual: 1.019
questões.
Na
Codificação do
Espiritismo,
Kardec
estabeleceu o
controle universal do ensino
dos
Espíritos.
“Na
posição em
que nos
encontramos, a
receber
comunicações
de
perto
de
mil
centros espíritas
sérios, disseminados pelos mais diversos pontos
da
Terra,
achamo-nos
em
condições de observar
sobre que
princípio se estabelece a concordância.”
5
As
principais obras
do
Codificador
foram:
“O
Livro dos Espíritos”, com 501 perguntas,
em 18.04.1857. Em
março
de 1860,
passa
a
ser
vendida a
segunda
edição,
definitiva, com a forma
atual: 1.019
questões.
Esta
última
esgotou-se em 4 meses;
“O
Livro dos Médiuns”,
na
primeira
quinzena
de jan./1861;
“O
Evangelho segundo o
Espiritismo”,
em abr./1864, inicialmente com o título
de “Imitação
do
Evangelho
segundo o
Espiritismo”;
“O
Céu e o Inferno”
(ou
A
Justiça
Divina segundo
o
Espiritismo),
em
01/08/1865;
“A
Gênese” (ou:
Os
Milagres
e as
Predições
segundo o
Espiritismo),
em jan./1868; “Revista
Espírita”,
de 01 de
janeiro/58
a mar/1869, ininterruptamente;
“O
que é o
Espiritismo”,
em 1859; e “Obras
Póstumas”,
publicada
em
1890.
Em
0l/abr./1858,
funda
a Sociedade Parisiense
de
Estudos
Espíritas
– o
primeiro
Centro
Espírita da Terra.
Allan Kardec,
“(...) apagando
a
própria
grandeza (...)”,
como mestre-escola, simples
homem do povo,
cumpriu
sua
missão
na
Terra,
inaugurando
Nova
Era para a Humanidade.
Em 3l de
março
de 1869,
desencarnou em Paris, após vida intensamente
laboriosa, sobretudo
nos últimos
quinze
anos,
dedicados ao estudo, à codificação
e à
divulgação
do
Espiritismo.
Em
seu dólmen,
no
Cemitério
Père-Lachaise,
da
Cidade
Luz, está inscrito: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar. Tal é a Lei”. 6
Louvor e
Honra
a Kardec!
Gratidão
a
esse
Espírito,
a
quem
tanto
devemos!
Bibliografia:
(1) - XAVIER,
Francisco C.
Cartas
e
Crônicas.
Pelo Espírito
Irmão X, Cap. 28, 7 ed., FEB. 181p., pp.
121-127;
(2) - WANTUIL,
Zêus e Francisco
Thiesen.
Allan Kardec.
Vols. I, II e
III - FEB:
Rio de
Janeiro
—
toda
a
obra;
(3) - KARDEC,
Allan.
Revista
Espírita. Terceiro Ano —
1860. EDICEL:
São
Paulo. 415p., p.
10;
(4) - KARDEC,
Allan. O
que é o
Espiritismo.
22 ed., FEB.
217p., pp. 16 e
14, respectivamente;
(5) - KARDEC,
Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo.
104 ed. FEB:
Rio de
Janeiro.
456 p., p. 32;
(6) - KARDEC,
Allan.
Obras
Póstumas. 26
ed. FEB:
Rio
de
Janeiro.
395p., p. 5.