JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília,
Distrito Federal
(Brasil)
Revista
Reformador,
admirável fonte
de paz e amor
Fundada em
21/1/1883 por
Augusto Elias da
Silva, o
Reformador foi
um dos mais
audaciosos
empreendimentos
de publicação
espírita no
Brasil. Isto
porque fundar e
conservar um
órgão de
propaganda
espírita, na
Corte do Brasil,
era, naquele
período, para
entibiar o ânimo
dos espíritas
mais resolutos.
Uma vez que dos
púlpitos
brasileiros,
principalmente
dos da Capital,
choviam anátemas
sobre os
espíritas, os
novos hereges
que cumpria
abater. Escreveu
Augusto Elias:
"Abre caminho,
saudando os
homens do
presente que
também o foram
do passado e
ainda hão de ser
os do futuro,
mais um
batalhador da
paz: o
‘Reformador’
(grifamos). Com
essas palavras
inaugurais
apresentava-se,
ao mundo, o novo
órgão da
divulgação
espírita”. (1)
O artigo de
fundo do
primeiro número
traçava as
diretrizes de
paz e progresso
pelos quais se
nortearia o
órgão
evolucionista da
imprensa
espírita,
definindo ainda
os relevantes
objetivos que
tinha em vista
alcançar.
Apresentou-se,
portanto, o
"Reformador"
como mais um
semeador da paz,
apetrechado da
tolerância e da
fraternidade,
desfraldando a
bandeira do
paradigma Ismaelino: Deus,
Cristo e
Caridade. Até
1888 a redação
do periódico
funcionou (num
ateliê) na
residência de
Augusto Elias da
Silva. Era um
jornal quinzenal
de quatro
páginas e
estima-se que
sua tiragem
inicial era de
aproximadamente
300 exemplares,
contando com
cerca de uma
centena de
assinantes. A
partir de 1902
passou ao
formato de
revista,
inicialmente com
20 páginas e
periodicidade
bimensal. Na
década de 30
passou a ser
mensal, e o
número de
páginas aumentou
gradativamente,
até as atuais 40
páginas. Em
1939, a FEB
adquiriu e
instalou as
máquinas
impressoras
próprias, nas
dependências dos
fundos do prédio
da Avenida
Passos. Foi uma
decisiva
empreitada, um
novo alento na
trajetória do
difusor
doutrinário na
"Pátria do
Evangelho".
Graças a essa
providência, as
edições e
reedições de
livros espíritas
começaram sua
grande expansão.
Com a instalação
do Departamento
Editorial, em
1948, em amplo
edifício
especialmente
construído em
São
Cristóvão/Rio de
Janeiro, a "Casa
de Ismael" deu
sólida estrutura
a todo seu
complexo
editorial. (2)
Nos anos 70 a
FEB iniciou as
impressões do
Reformador com
as capas
coloridas,
substituindo
inclusive o
logotipo e
desenho e a
Revista tomou
novo aspecto
gráfico, com
excelente
recepção. Na sua
extraordinária
trajetória,
"Reformador"
esteve
intimorato ao
lado de causas
justas, como a
abolição da
escravatura e a
tolerância
religiosa,
preservando até
hoje o caráter
genuinamente
espírita e
cristão da
revista, que se
tornou um dos
veículos
principais do
desenvolvimento
da doutrina
espírita no
mundo.
A propósito, "a
obra da
Federação
Espírita
Brasileira, que
se molda no
espírito da
Codificação
Kardequiana e no
Evangelho de
Jesus, tem-se
refletido no
movimento
espiritista de
vários países da
Europa, das
Américas, da
Ásia e da
África,
ensejando
contatos
fraternos de
expressiva
importância no
que diz respeito
às finalidades
primaciais do
Espiritismo”.
(3) No
transcorrer das
décadas que se
seguiram à sua
fundação, duas
guerras mundiais
estremeceram as
estruturas da
Terra e diversas
convulsões
sociais
desestabilizaram
nosso País.
Nesse contexto
histórico,
irrompiam em
diversos países
os
totalitarismos
bolchevistas,
fascistas,
nazi-fascistas.
Irrompem-se a
filosofia e
movimento
existencialista
e a
licenciosidade,
porém, sem
amargar os
ressaibos
amargosos dos
estrugidos da
violência;
"Reformador"
disseminava
através de suas
páginas, como
manancial de
esperança,
preciosos
estudos e
oportunos
comentários
sobre a Boa Nova
do Cristo e a
Codificação
Espírita de
Allan Kardec,
estimulando os
esforços mais
nobres dos
Espíritos
bem-intencionados,
no rumo da
confraternização
e da paz
mundial.
"Reformador"
continuou sempre
a singrar, com
equilíbrio
sereno e
inabalável, o
agitado oceano
das ideias em
conflito,
repetindo, mês a
mês, com
imperturbável
segurança, a
mensagem da
verdade e do
perdão, do
trabalho, da
solidariedade e
da tolerância,
em nome da
Terceira
Revelação. Hoje
é o decano da
imprensa
espiritista em
nosso território
e um dos mais
antigos do
Mundo, entre os
similares.
Conforme
consignam os
"Anais da
Biblioteca
Nacional" (Vol.
85), a revista
Reformador é um
dos quatro
periódicos
surgidos no Rio
de Janeiro, de
1808 a 1889, que
sobreviveram até
os dias atuais.
São eles, a
saber, pela
ordem: "Jornal
do Commercio"
(1827); "Revista
do Instituto
Histórico e
Geográfico
Brasileiro"
(1839); "Diário
Oficial" (1862);
"Reformador"
(1883). (4)
Excetuando-se o
"Diário
Oficial",
Reformador é o
único que nunca
teve
interrompida sua
publicação.
Conservando as
diretrizes que
lhe foram
assentadas desde
sua fundação,
jamais divergiu
do programa de
estudar,
difundir e
propagar o
Espiritismo sob
o seu tríplice
aspecto (científico-filosófico-religioso),
e, se deu maior
importância à
face moral e
religiosa da
Doutrina, não
desconheceu,
entretanto, e
não desconhece o
justo e real
valor da
experimentação
científica e das
reflexões. "A
trajetória
secular do
Reformador
virtualmente se
confunde com a
própria história
da Casa de
Ismael” (5) da
qual é o
porta-voz e a
representação do
seu pensamento.
Todos os
espiritistas
conhecem
sobejamente a
orientação
editorial do
órgão febiano.
Servindo de
mensageiro da
Federação
Espírita
Brasileira,
expressa seu
pensamento e
suas diretrizes.
Está
permanentemente
a serviço do
Evangelho de
Jesus, à luz da
Doutrina
Espírita, e isto
diz tudo.
Sempre esteve na
estacada, em
defesa do
Movimento
Espírita, das
Instituições
Espíritas, dos
espíritas,
contra os
ataques, as
perseguições e
os preconceitos
de qualquer
ordem ou
procedência.
Nessa linha de
coerência, tem
expressado
sempre a coragem
serena dos que
pugnam pela
prevalência da
verdade, da
justiça e da
fraternidade
entre os homens.
"Como se
expressava o
Codificador, a
unidade da
Doutrina é a
fortaleza ante a
qual as
dissidências se
fundirão e os
sofismas
quebrar-se-ão
ante princípios
sustentados pela
razão”. (6)
Para a
consubstanciação
desse projeto,
"há mais de um
século,
‘Reformador’ vem
doutrinando e
consolando as
massas
brasileiras,
principalmente,
na proposta
eficaz de
transformação
dos preconceitos
arraigados e de
ideias que
estorvam a
evolução
espiritual”. (7)
Nesse sentido,
Emmanuel se
expressa: "Para
que todos sejam
um”. (8) A
rigor, a
Unificação é um
processo lento,
de
amadurecimento,
que caminha no
sentido de
estimular a
vivência de
participação, de
intercâmbio e de
respeito entre
as instituições
espíritas,
considerando
suas
diversidades de
condições,
respeitando-se a
autonomia
administrativa
que dispõem.
(9)
Para alguns
confrades a FEB
difunde
demasiadamente
(via Reformador)
o aspecto
religioso da
doutrina, motivo
pelo qual,
nutrem certa
ojeriza bastante
estranha frente
a tudo que tenha
laços com a
religião. Várias
instituições
laicas vêm
tentando
ingerir-se no
Movimento
Espírita
brasileiro.
Companheiros que
afirmam não ser
o Espiritismo o
Consolador
Prometido, pois
Espiritismo e
Cristianismo
seriam duas
doutrinas
distintas. (sic)
Negam a
adjetivação
cristã ao
Espiritismo.
Nesse vórtice
confuso não
admitem
submissão a
qualquer poder
constituído; as
regras, para o
espírito
anarquista, são
atropelos para o
livre-pensar,
por isso, usando
a liberdade como
bandeira de suas
teses estranhas,
são convictos de
suas
"sapiências" e
julgam que suas
ideias são a
expressão da
verdade. No que
reporta à
intransferível
tarefa
institucional da
FEB, ressaltamos
as instruções de
Allan Kardec,
quando trata da
organização do
Movimento
Espírita.
O mestre lionês
demonstra não só
a necessidade do
órgão diretivo,
mas como deveria
funcionar. Por
forte razão,
deixar a
Doutrina
Espírita solta à
volúpia
insuperável das
interpretações
pessoais pode
transformar o
Movimento
Espírita numa
confusão sem
precedentes.
Quem não entende
a necessidade de
uma instituição
unificadora,
torna-se
partidário do
que se chama
movimento
"anárquico-libertário"(?!).
E não são poucos
os remanescentes
de tais arroubos
progressistas
formando escolas
de um
Espiritismo à
moda sob os
frágeis pilares
das meias
verdades.
Com o objetivo
de alcançar
harmonioso
relacionamento
com os centros
espíritas adesos,
a FEB e o
Reformador
materializam o
compromisso
junto às
federativas
estaduais
[sintonizadas
com a FEB] de
evitar a
dispersão
sistemática e
generalizada, em
caminho de
desintegração,
por força de
interferências
estranhas. Até
porque a unidade
doutrinária foi
a única e
derradeira
divisa de Allan
Kardec, por ser
a fortaleza
inexpugnável da
Doutrina
Espírita. Ao
lembrar, pois, a
importância da
revista
Reformador,
dentro da
conjuntura atual
do Movimento
Espírita
Mundial,
recomendamos a
todos sua
leitura, como
fonte de paz e
amor e poderoso
antídoto contra
os venenos das
discórdias e
desuniões.
Referências:
1 - Disponível
em http://febnet.org.br/site/conheca.php?SecPad=3&Sec=188.
2 - Departamento
Editorial e
Gráfico funciona
em prédio
próprio, à Rua
Souza Valente nº
17, no Rio de
Janeiro (RJ), e
já publicou
cerca de
6.000.000 de
exemplares das
obras de Allan
Kardec e mais de
12.600.000 de
outras obras
espíritas, entre
as quais se
incluem, com
mais de
8.300.000 de
exemplares, os
livros
mediúnicos
recebidos por
Francisco
Cândido Xavier.
Algumas dezenas
de obras
didáticas e
doutrinárias
foram editadas
em Esperanto
pela Federação
Espírita
Brasileira, que
desde 1909
propaga a Língua
Neutra
Internacional
nos meios
espíritas e até
mesmo no seio de
coletividades
leigas. (Fonte:
Estudo
Sistematizado da
Doutrina
Espírita baseado
em Publicação da
FEB).
3 - Estudo
Sistematizado da
Doutrina
Espírita baseado
em Publicação da
FEB.
4 - Juvanir
Borges de Souza
In Reformador
Janeiro de 2003.
5 - Reformador:
porta-voz da
espiritualidade
superior -
artigo de
Francisco
Thiesen In
Reformador de
outubro de 1972.
6 - Juvanir
Borges de Souza,
artigo Allan
Kardec e a
Unificação ,
disponível em
acessado em
21/11/2005
7 - Frase
extraída do
capítulo sobre
Augusto Elias da
Silva de Grandes
Espíritas do
Brasil, 2ª. ed.,
revista e
corrigida, Rio,
FEB, 1969.
8 - (João,
17:22).
9 - O
Espiritismo é
uma questão de
fundo;
prender-se à
forma seria
puerilidade
indigna da
grandeza do
assunto.