No dia 19 de agosto deste
ano a leitora Camila
Oliveira, de Imbituva-PR,
enviou a esta revista a
seguinte pergunta: “Visto
que o desencarne natural
acontece célula a célula, o
que ocorre com o perispírito
quando acontece uma explosão
em que o corpo físico
despedaça?”
Inicialmente, dada a
complexidade do assunto,
informamos, ao publicar sua
carta, que o tema seria
objeto de uma das próximas
edições da revista. É o que
procuraremos fazer neste
momento, depois de havermos
consultado diversos
confrades e colaboradores
desta revista.
A literatura espírita que
conhecemos praticamente não
trata do assunto. A exceção
fica por conta do confrade
Luiz Gonzaga Pinheiro, que
se referiu ao tema no livro
O perispírito e suas
modelações, publicado em
fevereiro de 2000 pela
Editora EME.
A ideia que temos a respeito
do corpo espiritual – a que
Kardec deu o nome de
perispírito – é que se trata
de um organismo
indestrutível que pode, no
entanto, desestruturar-se,
como ocorre no caso dos
ovoides e por ação de
artefatos, geralmente em
atos suicidas.
É conhecida no meio espírita
a informação dada por
Emmanuel de que aquele que
dispara um tiro contra seu
próprio crânio necessitará
de duas ou mais encarnações
para reparar o organismo
perispiritual lesado.
O pensamento corrente entre
diversos estudiosos
espíritas é de que o
perispírito é afetado
geralmente pelo que fazemos,
e não pelo que fazem ao
nosso corpo, ou seja, a
lesão no corpo espiritual
dependeria de quem for o
agente que a tenha
produzido.
Destacamos do livro acima
mencionado o textos
seguintes que podem
ajudar-nos no entendimento
do que ocorre com o corpo
espiritual em face de uma
explosão que tenha
despedaçado o corpo físico
da pessoa:
“O caso que vou narrar...
Meu Deus! É horrível! Esse
irmão suicidou-se com uma
explosão de granada. Quase
todo o seu perispírito foi
avariado. Ele se encontra
sob uma redoma, para que
suas vibrações não nos
atinjam. Vejo a sua cabeça e
nela tudo está fora de
lugar. Os olhos, o nariz, a
boca... nada repousa em seu
lugar. É como se você
tomasse uma foto e a
cortasse em pedaços para
depois emendar, sem colar as
partes nos devidos lugares.
Em certas regiões do corpo
não existe o tecido
muscular. Apenas a fôrma
transparente. Parece ter uma
fôrma vazia por dentro dele.
Os técnicos estão colocando
um aparelho em seu cérebro.
Desse aparelho sai um fio
capilar de cor verde
luminoso. Eles trabalham
intensamente com essa
substância nas modelagens,
pois já os tenho visto em
várias oportunidades
manipulando-a e promovendo
reparos em diferentes áreas
do perispírito. Esse fio
luminoso e plástico promove,
com a ajuda do meu
ectoplasma, a materialização
da ponta do dedo desse
Espírito. Gostaria de poder
entender esse processo para
melhor lhe explicar o que
está ocorrendo. Sinto pela
minha deficiência. O
tratamento aplicado a este
paciente será semelhante ao
praticado junto aos
retalhados, adianta o
instrutor. Modelação de um
cérebro, introdução de
imagens por indução,
retirada da cristalização,
reeducação mental...” (...)
“A enfermeira que estava
comigo na entrada comenta
que estou assistindo à
reconstituição biológica do
perispírito. Que essa
demonstração é para que
soubéssemos que o
perispírito tem todos os
órgãos funcionando como o
corpo humano. Sangue,
hormônios, enzimas... tudo.
Vejo artérias, veias,
capilares, como se a minha
visão tivesse o poder de
penetrar na matéria. Sobre a
incubadora tem um
instrumental bastante
sofisticado, que nem vou
tentar descrever para você,
pois sei que não
conseguiria. A sua função,
dizem, é recobrir essa fôrma
transparente, com uma
substância esverdeada, meio
azulada, mais sutil ainda
que aquele gás dos letreiros
luminosos, no que vai
aparecendo, materializando,
se é que posso dizer assim,
a pele. O que era
transparente vai se tornando
carne viva. Vejo aparecerem
as unhas da mão...
— A fôrma vazia tem todos os
desenhos dos órgãos?
— Sim.
— E essa substância vai
preenchendo?
— Exato! Vai preenchendo.
Por isso tudo aqui é
esterilizado. Deve existir
uma harmonia de pensamentos
por parte dos técnicos,
voltados para essa
finalidade. Eles são
especialistas. Assim como
existem especialistas em
coração, fígado, nervos...
esses técnicos se reúnem
para esse fim, ou seja,
recompor um organismo
perispiritual que foi
parcialmente destruído em
uma explosão.” (...)
“Os técnicos fizeram uma
demonstração para o nosso
entendimento. O trabalho foi
árduo pois a explosão
reduziu seu corpo a centenas
de pedaços, o mesmo
acontecendo com a fôrma, a
matéria perispiritual.
— Você tem certeza que tudo
foi reconstituído?
— Reafirmam os técnicos que
sim. Todos os sistemas. O
que restou da explosão foi
pouca coisa. A partir da
fôrma vazia a que chamam de
corpo mental, indestrutível
diante de qualquer agressão,
foi possível a reconstrução
do perispírito. O corpo
mental funciona como um
molde, tem as mesmas formas
das partes do corpo; a mão é
como uma luva; cada órgão
parece ser a matriz que
subordina a modelagem no
perispírito. A aparelhagem e
os técnicos reunidos
modelaram pelo poder da
mente, de seus conhecimentos
e de suas vontades, quase
todo o organismo
perispiritual.” (O
perispírito e suas
modelações, pp. 179 a
181.)
Para compreender o relato
que acabamos de ler, é bom
que o leitor recorde a lição
que André Luiz nos trouxe no
seu livro Evolução em
dois mundos, no qual
explica que o corpo
espiritual – ou perispírito
– não é reflexo do corpo
físico, porque, na
realidade, é o corpo físico
que o reflete, tanto quanto
ele próprio, o corpo
espiritual, retrata em si o
corpo mental, que lhe
preside a formação. O corpo
mental, assinalado
experimentalmente por
diversos estudiosos, é
definido na obra citada como
sendo o envoltório sutil da
mente.
Segundo André Luiz, todas as
alterações que o corpo
espiritual apresenta, depois
do estágio berço-túmulo,
verificam-se na base da
conduta espiritual da
criatura que se despede do
arcabouço terrestre para
continuar a jornada
evolutiva nos domínios da
experiência, informação essa
que explica por que uma
agressão suicida apresenta
efeitos mais graves do que
uma agressão recebida.
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