MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
30)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que fato levou Gaspar
a redimir-se e perdoar a
quem o levou à morte?
Martim (o Adelino de
hoje) reencarnara com a
epiderme atormentada
por vibrações
calcinantes que, desde
cedo, se lhe expressaram
por eczema de mau
caráter, moléstia essa
que deveria cobrir-lhe
todo o corpo, durante
muitos e angustiosos
lustros de sofrimento.
Graças aos méritos que
ele foi adquirindo no
esforço a favor do
próximo, a enfermidade
não tomou proporções que
o impedissem de aprender
e trabalhar, porque
granjeara a ventura de
continuar a servir, pelo
seu impulso espontâneo
na plantação constante
do bem. Tocado pelos
exemplos de seu
ex-filho, Gaspar
abandonou as companhias
indesejáveis a que se
adaptara e rogou asilo
na Mansão, onde aceitara
severas disciplinas e
iniciara, desse modo, o
processo de sua própria
redenção.
(Ação e Reação, cap. 16,
pp. 223 e 224.)
B. De que modo Gaspar
voltou à carne e aos
braços de Adelino?
Abandonado por sua mãe
ao reencarnar, Gaspar
foi conduzido – graças à
intercessão dos bons
Espíritos – à residência
de Adelino. Era
madrugada quando este
ouviu o choro convulso
de uma criança tenra.
Enlaçado por Druso,
Adelino viu, ao abrir a
porta, pobre
recém-nascido que vagia
aflitivamente. Ele
ajoelhou-se, enquanto
Druso lhe dizia com
segurança: "Adelino, eis
o pai ofendido que,
enjeitado pelo coração
materno que ainda não
mereceu, vem ao
encontro do filho
regenerado!" Tomado de
alegria, para ele
inexplicável, Adelino
abraçou o pequerrucho
com espontâneo gesto de
amor e, após conchegá-lo
ao peito, voltou para
dentro, gritando
jubiloso: "Meu filho...
meu filho!..." Gaspar
retornara à experiência
física, asilando-se nos
braços do filho que, um
dia, o desprezara.
(Obra citada, cap. 16,
pp. 225 a 227.)
C. Por que Leo jazia em
triste pavilhão de
indigentes, às vésperas
da morte?
Leo, vitimado por uma
tuberculose pulmonar,
jazia em triste pavilhão
de indigentes em vasto
hospital da Terra,
porque seu irmão,
Henrique, o havia
declarado incapaz e,
além de apossar-se dos
recursos que lhe cabiam
por herança, internou-o
num hospício, em que Leo
teve de amargar longos
anos de isolamento.
Quando saiu do manicômio
e recorreu ao irmão,
este o expulsou sem
compaixão, condenando-o
a uma vida de miséria e
indigência.
(Obra citada, cap. 17,
pp. 229 a 232.)
Texto para leitura
108. Gaspar também se
redime - Adelino,
tendo sofrido por longo
tempo o trauma
perispirítico do
remorso, por haver
incendiado o corpo do
próprio pai, nutrira em
si mesmo estranhas
labaredas mentais que o
castigaram intensamente
além-túmulo...
Renascera, por isso, com
a epiderme atormentada
por vibrações
calcinantes que, desde
cedo, se lhe expressaram
na nova forma física por
eczema de mau caráter,
moléstia essa que
deveria cobrir-lhe todo
o corpo, durante muitos
e angustiosos lustros de
sofrimento. Graças aos
méritos que ele foi
adquirindo no esforço a
favor do próximo, a
enfermidade não tomou,
porém, proporções que o
impedissem de aprender e
trabalhar, porque
granjeara a ventura de
continuar a servir, pelo
seu impulso espontâneo
na plantação constante
do bem. De volta à
Mansão, Silas prosseguiu
tecendo brilhantes
comentários em torno do
"amor que cobre a
multidão dos pecados",
como ensinou o Apóstolo.
Foi quando relatou que
Martim Gaspar havia sido
igualmente tocado pelos
exemplos de seu
ex-filho. Observando-lhe
a transformação, Gaspar
abandonou as companhias
indesejáveis a que se
adaptara e rogou asilo
na Mansão, havia alguns
anos, onde aceitara
severas disciplinas. Na
noite seguinte, a
surpresa de André foi
muito grande, porquanto
o próprio Druso convidou
os dois amigos a
acompanhá-lo numa
excursão à Crosta,
juntamente com Silas e
duas valorosas irmãs do
Instituto. (Cap. 16, pp.
223 e 224)
109. A
volta de Gaspar
- A viagem foi ligeira
e, espantado, André viu
que a equipe estacionara
à porta da casa de
Adelino, visitada na
véspera. Dois auxiliares
já conhecidos dos amigos
esperavam-nos no limiar
e, após a saudação
habitual, um deles disse
a Druso: "Diretor, o
pequenino recém-nato
estará conosco, dentro
de meia hora". No lar, o
relógio marcava duas
horas e vinte minutos da
madrugada. Druso
penetrou o aposento em
que Adelino dormia e
acariciou-lhe a fronte
por momentos. Adelino
ergueu-se do corpo de
carne, qual se fora
movido por alavancas
magnéticas poderosas, e
acolheu-se nos braços do
diretor da Mansão. "Meu
amigo – disse-lhe Druso
–, chegou a hora do
reencontro..." Adelino
começou a chorar,
aterrorizado, sem
conseguir
desenfaixar-se-lhe dos
braços acolhedores.
Druso orou, suplicando a
Deus concedesse a bênção
das dores e das horas
para redenção de nossos
crimes e deserções.
Quando sua voz emudeceu,
profunda emotividade
dominou a todos.
Reconduzido ao veículo
carnal, Adelino acordou
em copiosas lágrimas...
Findos alguns minutos de
expectação, escutou-se
lá fora o choro convulso
de uma criança tenra...
Adelino, enlaçado por
Druso, abriu a porta e
viu pobre recém-nascido
que vagia aflitivamente.
Ele ajoelhou-se,
enquanto Druso lhe dizia
com segurança: "Adelino,
eis o pai ofendido que,
enjeitado pelo coração
materno que ainda não
mereceu, vem ao
encontro do filho
regenerado!" Adelino não
lhe ouviu a palavra com
os ouvidos carnais, mas
registrou-a na mente,
como apelo do amor
celeste que lhe trazia
ao coração mais uma
criança abandonada e
infeliz... Tomado de
alegria, para ele
inexplicável, abraçou o
pequerrucho com
espontâneo gesto de amor
e, após conchegá-lo ao
peito, voltou para
dentro, gritando
jubiloso: "Meu filho...
meu filho!..." Martim
Gaspar retornara à
experiência física,
asilando-se nos braços
do filho que, um dia, o
desprezara. (Cap. 16,
pp. 225 a 227)
110. O caso Leo -
Silas levou seus amigos
ao atendimento de Leo,
que uma tuberculose
pulmonar arrastava à
morte. O enfermo jazia
em triste pavilhão de
indigentes em vasto
hospital da Terra.
Apesar da dispneia, seu
olhar era calmo e
lúcido, revelando
perfeita conformação aos
padecimentos que o
conduziam ao termo da
experiência. (N.R.:
Dispneia: dificuldade
na respiração.) O
estado orgânico do
enfermo era terminal;
todos os sintomas da
morte patenteavam-se,
iniludíveis. Leo,
moribundo, era um
viajante habilitado à
grande romagem,
tão-somente à espera do
sinal de partida, e tão
acentuada se lhe
evidenciava a acuidade
mental, que quase podia
ver Silas e seus amigos
a seu lado. O
Assistente disse então
aos companheiros: "Já
que vieram para anotar
um processo de dívida
expirante, podem algo
perguntar ao
companheiro, cuja
memória se revela, tanto
quanto possível,
consciente e
vigilante". (Cap. 17,
pp. 229 e 230)
111. A
cruz do tuberculoso
- Leo não poderia
ouvi-los com os
tímpanos da carne, mas
em espírito – esclareceu
Silas. André, então,
perguntou-lhe se ele
tinha consciência de que
deixaria o corpo em
breves horas. Leo,
crendo raciocinar por si
mesmo, registrou a
pergunta, palavra por
palavra, qual se fossem
transmitidas ao cérebro
por fios invisíveis, e,
como se conversasse a
sós consigo mesmo,
falou pensando:
"Oh! sim, a morte!...
Sei que, provavelmente
esta noite, chegarei ao
justo fim..." E ajuntou,
em seguida: "Nada posso
temer... Nada posso
recear, em companhia do
Cristo, meu Salvador...
Ele também foi
vilipendiado e
esquecido... <...> Por
que não me resignar à
cruz do meu leito,
suportando, sem
reclamar, as golfadas de
sangue que de quando em
quando me anunciam a
morte, eu que sou
pecador necessitado da
complacência
divina?!..." Após
dizer-se católico, Leo
respondeu, falando
mentalmente, a uma
pergunta de André acerca
da ausência de seus
familiares naquele
momento: "Ah! meus
familiares... meus
afetos... meus pais
teriam sido no mundo os
meus únicos amigos... No
entanto, demandaram o
túmulo, quando eu era
simplesmente um jovem
enfermo... Separado de
minha mãe, vi-me
entregue aos desajustes
orgânicos... Logo após,
meu irmão Henrique não
hesitou em declarar-me
incapaz... Por direito
à herança, cabiam-lhe
grandes bens, contudo
prevalecendo-se do meu
infortúnio o mano obteve
da Justiça, com meu
próprio assentimento, a
documentação com que se
fazia meu tutor...
Bastou, porém, a
consecução dessa medida,
para que se
transformasse para mim
num verdugo cruel...
Apossou-se-me de todos
os recursos...
Internou-me num
hospício, em que
amarguei longos anos de
isolamento... Sofri
muito... Alimentei-me
com o pão recheado de
fel, destinado pelo
mundo aos que lhe
penetram as portas como
réprobos do berço,
porque o desequilíbrio
mental me perseguia
desde a idade mais
tenra..." Leo contou,
então, que ao sair do
manicômio, e recorrer ao
irmão, este o expulsou
sem compaixão. Vencido,
apavorado, recorreu à
Justiça, mas em vão,
porque, legalmente,
Henrique era o único
senhor dos haveres da
família... (Cap. 17, pp.
231 e 232)
(Continua no próximo
número.)