JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
MG
(Brasil)
A mistura de
crenças de hoje
deve-se à
evolução
cultural
A lei da
evolução é como
a da gravidade e
outras da
natureza,
ninguém a
segura.
No passado,
apenas os
líderes
religiosos
sabiam ler. E
pegou a moda de
que apenas eles
podiam ensinar a
religião. Com o
crescimento da
população
alfabetizada,
eles, para
manterem seu
status quo de
únicos donos das
verdades
religiosas,
acabaram
proibindo os
leigos de lerem
a Bíblia. E a
Igreja tinha
razão para isso,
pois, por
ignorância, as
pessoas
interpretavam a
Bíblia apenas
literalmente,
quando seus
textos são mais
simbólicos. E,
hoje, é o grande
abuso dessas
interpretações
literais, mas
também
metafóricas da
Bíblia, que mais
divide os
cristãos.
Porém, graças à
evolução
cultural das
pessoas, o
Cristianismo
caminha para uma
nova realidade.
Não são apenas
os padres,
bispos e os
pastores que
entendem de
questões
bíblicas e
teológicas. E há
até leigos que
sabem mais
desses assuntos
do que eles,
tanto pela sua
inteligência
como pela sua
dedicação, por
hobby ao estudo
dessa área. E
quem estuda um
assunto por
hobby, sabe
mais. Com a
aceleração da
evolução
cultural, as
polêmicas
religiosas vão
se multiplicar.
Daí que vamos
ter muitos
católicos e
evangélicos que
vão dizer, como
já acontece
muito, que creem
na reencarnação
e outras
doutrinas que,
oficialmente, o
Cristianismo
condena. É até
comum o
indivíduo ter
hoje mais de uma
religião, o que
irrita os
líderes
religiosos. E
nada lhe vai
acontecer, se
ele não for
membro duma
hierarquia
religiosa. E os
padres e
pastores vão
parar de pregar
certas
doutrinas, que
eles sabem que
seus fiéis não
as aceitam mais,
como já
acontece, nas
comunidades
religiosas de
melhor nível
cultural. Mas
isso é feito
discretamente,
pois eles não
querem
complicações com
seus superiores.
Um padre ou
pastor, que já
crê na
reencarnação,
não pode
defendê-la de
público.
Em 1904, num
exemplo da
mistura de
crenças oriundas
da evolução
cultural do
mundo moderno, o
italiano Dr.
José Lapponi,
antropólogo e
médico dos papas
Leão XIII e Pio
X, lançou a
famosa obra
científica e
espírita
“Hipnotismo e
Espiritismo”, a
qual foi apoiada
pelo Papa Leão
XIII. Estudioso
profundo dos
fenômenos
espíritas, e com
o aval de
famosos corifeus
da ciência de
sua época,
Lapponi defende
o Espiritismo,
demonstrando de
modo convincente
e contundente
que ele é uma
realidade
objetiva
histórica,
bíblica e
científica. E eu
afirmo aqui que
o católico que
ler essa obra,
no mínimo, se
tornará
simpatizante do
Espiritismo. Não
foi, pois, à-toa
que a Federação
Espírita
Brasileira (FEB)
a traduziu para
o português.
Mas, chegando às
partes finais do
livro, o autor
assusta o
leitor, dizendo
que o
Espiritismo é
imoral e deve
ser evitado,
embora não negue
a realidade dos
fenômenos
espíritas de
cuja
autenticidade,
como vimos, faz
uma brilhante
apologia no
desenrolar de
toda a sua obra.
Ficou em mim uma
dúvida se
Lapponi foi
totalmente
sincero ou se
ele teve que, na
última hora,
sacrificar parte
da sua verdade,
para poder
contar com a
valiosa
aprovação citada
do seu trabalho
literário pelo
Papa Leão XIII,
precavendo-se,
assim, contra
prováveis
condenações
desta sua
monumental obra
em defesa da
realidade dos
fenômenos
espíritas!