SIMONE M. DE
ALMEIDA PRADO
simone.aprado@yahoo.com
Orlândia, SP
(Brasil)
Retorno à
simplicidade
“Homens fracos,
que compreendeis
as trevas de
vossas
inteligências,
não afasteis o
facho que a
clemência divina
coloca entre
vossas mãos para
iluminar vosso
caminho e vos
conduzir, filhos
perdidos, ao
regaço do Pai.”
(O Espírito de
Verdade)
Quando Jesus
veio ter
conosco, trouxe
consigo poderosa
ferramenta de
instrução: a
simplicidade.
Não poderia ser
de outra forma.
Na condição de
Espírito puro,
optou pela
simplicidade
desde o berço.
Não nasceu entre
os poderosos,
não buscou
títulos
terrenos. Não
exigiu aplausos
ou cobrou
impostos de
gratidão e
reconhecimento.
Falava em tom
pacífico,
sereno, por
vezes enérgico,
franco, mas não
menos caridoso
ou desabrido.
Mesmo usando de
linguagem muitas
vezes simbólica,
Jesus não
prescindiu da
simplicidade nos
atos e nas
palavras.
Consciente das
inúmeras
controvérsias
que adviriam da
letra humana, e
compreendendo
que a humanidade
levaria séculos
para assimilar a
verdade de seus
ensinamentos, o
Mestre
transmitiu a
sabedoria divina
de forma
simples, na mais
clara intenção
de preservá-la
pelos séculos porvindouros. A
essência moral
da mensagem
evangélica
prevaleceu e, no
tempo certo, o
Consolador
prometido veio
lembrar a beleza
e a
profundidade
das palavras de
vida eterna,
demonstrando a
realidade do
Espírito
imortal, sempre
amparado pela
Misericórdia
Divina.
"Que ouçam os
que têm ouvidos
para ouvir”,
disse o Mestre.
O Espiritismo é
a chave que abre
novos e vastos
horizontes,
fazendo luz nas
sombras, falando
ao coração e à
razão. Seu
advento marcou o
retorno à
simplicidade e à
pureza do
Cristianismo
primitivo,
desfigurado por
interpretações
mitológicas e
ilusórias
práticas de
dominação e
poder.
“O Espiritismo
não criou
igrejas, não
precisa de
templos
suntuosos e
tribunas
luxuosas com
pregadores
enfatuados. Não
tem rituais, não
dispensa
bênçãos, não
promete lugar
celeste a
ninguém, não
confere
honrarias em
títulos ou
diplomas
especiais, não
disputa regalias
oficiais. Sua
única missão é
esclarecer,
orientar,
indicar o
caminho da
autenticidade
humana e da
verdade
espiritual do
homem. Se não
compreendermos
isso e nisso não
nos integrarmos,
estaremos sendo
pedras de
tropeço para os
que desejam
realmente
evoluir, não por
fora, mas por
dentro.” (PIRES,
J. H.)
"Estamos
convencidos,
segundo as
afirmativas dos
nossos
Benfeitores
Espirituais, que
a mais elevada
função da
Doutrina
Espírita é a de
restaurar os
ensinamentos de
Jesus com as
elucidações de
Allan Kardec,
para a
felicidade real
das criaturas."
(XAVIER, F.
C./EMMANUEL)
O Espiritismo
esclarece e
confirma que na
pureza dos
ensinamentos de
Jesus
encontramos o
caminho, a
Verdade e a
vida. Segundo
Kardec, o
verdadeiro
espírita e o
verdadeiro
cristão são a
mesma coisa.
Como explicar
então as
estranhas
práticas que
temos aceitado,
em nome do
Espiritismo, e
que vão de
encontro à
simplicidade
adotada pelo
Mestre? Por que
permitir a
introdução, nas
casas espíritas,
das chamadas
terapias
alternativas,
sabendo que a
casa espírita
deve zelar pela
pureza
doutrinária, com
vistas à
transformação do
ser humano de
dentro para
fora, e não o
contrário?
Por qual motivo
temos adotado
métodos
estranhos,
advindos de
outras crenças,
nos trabalhos de
desobsessão, ou
aderindo a
rituais e
cerimônias com o
fim de realizar
casamentos entre
adeptos da
Doutrina,
sabendo que tais
posturas são
totalmente
incoerentes com
a proposta
espírita?
Por que temos
esquecido de
estudar as obras
fundamentais de
Allan Kardec
para deitarmos
os olhos em
livros pobres no
conteúdo e na
forma,
publicados sem
qualquer cuidado
e prudência, e
muitas vezes em
total desacordo
com os conceitos
espíritas?
Como justificar
a exploração, o
abuso e a
vulgarização da
mediunidade a
pretexto de
favorecer
instituições de
beneficência?
Praticamos o
Espiritismo
verdadeiro
quando cobramos
para divulgar a
palavra
evangélica,
promovendo
encontros e
eventos
dispendiosos,
condicionando a
participação dos
ouvintes ao
pagamento pelos
benefícios
espirituais que
deverão receber?
Onde a
responsabilidade
em manter acesa
a chama do amor,
da fé e da
esperança, à
maneira como nos
foi passada pelo
Mestre, a todos
e ao alcance de
todos?
Se o Consolador
prometido nos
relembra os
ensinamentos de
Jesus, pautados
na simplicidade
que ilumina e
eleva o Espírito
acima de todos
os interesses
puramente
terrenos, como
reconhecê-lo na
ausência de
clareza e
naturalidade nas
tribunas, ou
ofertando a
palavra apenas a
um grupo seleto
de intelectuais,
em desarmonia
com a maioria do
auditório? A
simplicidade que
marcou o
verdadeiro
Cristianismo e
que o
Espiritismo
incorpora e
apresenta na sua
feição de
Evangelho
redivivo precisa
ser estendida a
todos os atos
relacionados à
sua prática e
divulgação, nos
mais diversos
setores da
seara.
Se o que nos
move, dentro dos
princípios que
abraçamos, é a
caridade
desinteressada,
lembremos “que a
boa intenção
passará sem
maior benefício,
caso não se
ligue à esfera
da realidade
imediata na ação
reta”. (XAVIER,
F. C.)
Jesus está no
leme, mas o
espírita assume
grave
compromisso
perante sua
consciência. "O
patrimônio
inestimável dos
postulados
espíritas está
em nossas mãos."
(VIEIRA, W.)
“(...) temos
deveres
intransferíveis
para com a
Doutrina
Espírita (...)
precisamos
guardar-lhe a
limpidez e a
simplicidade com
dedicação sem
intransigência e
zelo sem
fanatismo.”
(XAVIER, F. C.
/EMMANUEL e
BARBOSA, E.)
Ontem,
desvirtuamos o
Cristianismo e
arcamos com as
consequências do
nosso despreparo
e imaturidade;
hoje, nossa
responsabilidade
é bem maior:
manter acesa a
luz da Verdade,
evitando que os
velhos erros se
repitam. Erros
que atrasaram o
progresso em
muitos anos, por
rejeitarem a
simplicidade
grandiosa
exemplificada
pelo Cristo.
Referências
bibliográficas:
PIRES, J. H.
Curso Dinâmico
de Espiritismo.
O Grande
Desconhecido.
Ed.: Paideia,
São Paulo, SP,
2000, cap. IV;
Kardec, Allan. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo:
Ed.: IDE,
Araras, SP,
2010, cap. VI;
VIEIRA, W.
Conduta
Espírita. Ed.:
FEB, Rio de
Janeiro, RJ,
2009, p. 63;
XAVIER, F.
C./EMMANUEL. A
Terra e o
Semeador.
Entrevistas.
Ed.: IDE,
Araras, SP,
2005, p.76;
XAVIER, F.
C./EMMANUEL;
BARBOSA, E. No
mundo de Chico
Xavier.
Entrevistas.
Ed.: IDE,
Araras, SP,
2005, p. 95;
XAVIER, F. C.
Pão Nosso, por
Emmanuel. Ed.:
FEB, Rio de
Janeiro, RJ,
2009, lição 86.