WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, SP (Brasil)
O suicídio que
não se consumou
Maria Júlia,
jovem bonita de
19 anos, certo
dia bateu
exasperadamente
na porta da sala
da diretora da
escola, a Dona Clotilde. Sabia
que a diretora
era mulher
generosa, amiga
e sempre ouvia
os alunos em
seus problemas.
Por isso mesmo
sentira um
ímpeto
incontrolável e
a procurara.
Precisava
desabafar, pois
enfrentava
problemas de
diversas ordens
e o desespero
começava a
assolar sua alma
inquieta e
indecisa,
porquanto Maria
Júlia era
criatura muito
ansiosa e, não
raro, fazia dos
mínimos
percalços
grandes e
intransponíveis
problemas.
Na família nada
caminhava bem.
Seus pais
brigavam
constantemente e
estavam em vias
de se separar.
Seu namoro
também ia de mal
a pior. Não
sentia mais a
empolgação de
Leonardo – seu
namorado - por
ela, e
certamente o fim
estava próximo.
Além de tudo,
Maria Júlia
deparava-se com
a cobrança de
seus pais que,
mesmo brigando
entre si, a
sufocavam com a
escolha da
profissão a
seguir. Sua mãe
constantemente
questionava:
- Já escolheu
qual o curso que
irá prestar no
vestibular,
Maria Júlia?
- Tenho algumas
dúvidas, mãe,
ainda não sei ao
certo.
- Então, decida
logo, menina!
O pai não
deixava por
menos e era
justamente
apenas nas
cobranças a
Maria Julia que
ambos
concordavam:
- Isso mesmo,
menina.
Decida-se logo, pois
não irei pagar
mais um ano de
cursinho para
você.
E foi nesse
clima íntimo que
a jovem buscou
apoio junto à
diretora da
escola.
Dona Clotilde,
mulher
experiente em
lidar com
problemas, ao
escutar o
insistente TOC,
TOC, TOC,
informou: -
Pode entrar.
Maria Júlia
abriu
vagarosamente a
porta e seus
olhos
encontraram o
bondoso olhar de
Dona Clotilde.
- Ora, ora, mas
veja que é nossa
querida Maria
Júlia. A que
devo visita tão
honrosa?
Ao ouvir aquilo
a garota
sentiu-se
acolhida e foi
em prantos que
narrou seus
dilemas
existenciais
para a diretora.
Dona Clotilde
nada dizia,
emprestando um
pouco de sua
atenção àquela
criatura
carente. Após
ouvir os apelos
e desabafos da
jovem, Dona
Clotilde pôs-se
a fazer algumas
considerações
adequadas.
Disse a ela
sobre sua
importância na
sociedade, falou
de suas
potencialidades
a desenvolver e
da relevância de
encarar os
obstáculos da
vida como fases
significativas
para o
amadurecimento
como ser humano.
Enfim, a nobre
diretora
encorajou Maria
Júlia a superar
toda aquela
situação.
Após 1 hora de
conversa
embalada por
grande respeito
e afeição, Maria
Júlia
despediu-se mais
animada. Sim,
tudo na vida
teria solução
desde que ela
encarasse os
desafios de
frente e não
fugisse deles.
Ao chegar a
casa, mais
aliviada e
sentindo-se
outra pessoa, a
jovem tratou de
jogar no lixo
todos os
remédios que
estavam em sua
escrivaninha e
serviriam para o
seu suicídio -
que ela já havia
planejado e
consumaria tão
logo retornasse
da escola.
Seus olhos
físicos não
podiam ver, mas
naquele ambiente
dois Espíritos
amigos
abraçavam-se com
alegria, pois
Maria Júlia
captara a
sugestão mental
de procurar a
diretora como
última
alternativa
antes de
exterminar a sua
própria
existência.
Felizes com a
decisão da jovem
em prosseguir na
jornada humana,
os amigos
espirituais
comentavam entre
si: - Veja o
quão importante
é um minuto de
atenção, Fábio.
- Sem dúvida,
André. Houvesse
a diretora
desprezado o
apelo de Maria
Júlia e hoje
teríamos aqui
mais uma alma
entrando no
mundo espiritual
pelas enganosas
portas do
suicídio.
- Abençoada
atenção, Fábio.
Abençoada
atenção!
Reflexão:
A atenção poupou
uma pessoa de
séculos de dores
e dissabores no
mundo
espiritual. No
entanto, parece
que atualmente
vivemos em um
mundo desatento.
As pessoas
sempre ocupadas
com seus
afazeres, com
suas conquistas,
com sua vida,
esquecem-se de
oferecer ao
outro um pouco
de atenção.
Há pais que não
dedicam atenção
aos filhos. Há
filhos que não
têm tempo para
ganhar com seus
pais. Há
professores que
se julgam
ocupados demais
para ouvir os
problemas dos
alunos e há
amigos
inacessíveis ao
extremo que não
têm tempo para
dar um simples
telefonema ao
outro.
É preciso
combater essa
crônica falta de
tempo com um
pouco mais de
organização.
Inconcebível não
termos tempo
para apreciar as
maravilhas da
existência; os
filhos, amigos,
as flores, a
natureza, a
leitura...
Parece que
queremos chegar
a algum lugar
que não sabemos
exatamente qual
é, por isso
corremos,
corremos,
corremos, numa
autêntica fuga
da vida e das
coisas que
realmente
importam. E a
vida passa de
forma rápida.
Crescem os
filhos,
envelhecem os
pais,
desencarnam os
amigos... E
continuamos nós,
envolvidos numa
das mais
lamentáveis
epidemias: a
crônica falta de
tempo para o que
realmente
interessa.
Sabemos de casos
em que o
suicídio foi um
PEDIDO DE
ATENÇÃO, por
parte de pais,
filhos, amigos,
avós... Um grito
desesperado para
que fossem
ouvidos,
sentidos,
notados.
Infelizmente,
esses gritos
terminam sempre
no caixão.
Jesus nos
recomendou “Orai
e Vigiai”, e
consideramos
necessário
ampliar um pouco
mais a visão
sobre esse
VIGIAI.
Certamente o
mestre queria
dizer para
vigiarmos também
a vida dos
outros.
Mas não se
assuste! Não se
trata de vigiar
a vida alheia no
intuito de podar
o
livre-arbítrio,
perseguir,
julgar e
condenar. Este é
um vigiar mais
brando,
pacífico,
benéfico. É
vigiar para
saber as
companhias de
nossos filhos.
Vigiar para
saber se nossos
pais e amigos
necessitam de
mais atenção,
amor, carinho...
Vigiar para
saber se
precisam de
apoio e ombro
amigo...
Reflitamos neste
ponto,
porquanto, com
toda certeza: UM
MINUTO DE
ATENÇÃO PODE,
SIM, SALVAR UMA
EXISTÊNCIA,
POUPANDO-A DAS
DORES IMPOSTAS
PELO SUICÍDIO.