MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
33)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Ascânio e Lucas
também se submeteram,
por expiação, a um
desastre aviatório. Que
fatos motivaram esse
desastre?
Druso explicou que,
submetendo-se eles à
regressão da memória,
viram algo ocorrido no
século XV que lhes impôs
dolorosa meditação – as
cenas de ominoso delito
por ambos cometido em
1429, logo após a
libertação de Orleães,
quando formavam no
exército de Joana d'Arc.
Famintos de influência
junto aos irmãos de
armas, não hesitaram em
assassinar dois
companheiros,
precipitando-os do alto
de uma fortaleza no
território de Gâtinais,
sobre fossos imundos,
embriagando-se nas
honrarias que lhes
valeram, mais tarde,
torturantes remorsos
além do sepulcro.
Chegados a esse ponto,
inquiridos se desejavam
prosseguir na sondagem
singular, responderam
negativamente,
preferindo liquidar a
dívida, antes de novas
imersões no passado.
(Ação e Reação, cap. 18,
pp. 247 e 248.)
B. Como se deu, da parte
deles, a opção pelo
desastre aviatório?
Ascânio e Lucas
suplicaram o retorno ao
campo dos homens, com o
objetivo de quitar o
débito aludido. Como
podiam escolher o gênero
de provação, em vista
dos recursos morais já
amealhados no mundo
íntimo, optaram por
tarefas no campo da
aeronáutica, a cuja
evolução ofereceram suas
vidas, sofrendo, então,
a mesma queda mortal que
infligiram aos
companheiros de luta no
século XV.
(Obra citada, cap. 18,
pp. 249 a 251.)
C. Nossas condições
espirituais têm
influência sobre a saúde
do corpo físico?
Sim. Existe íntima
correspondência entre
nossos estados
espirituais e as formas
de que nos servimos.
Segundo Druso, todo mal
por nós praticado
conscientemente
expressa, de algum modo,
lesão em nossa
consciência e toda lesão
dessa espécie determina
distúrbio ou mutilação
no organismo que nos
exterioriza o modo de
ser. Em todos os planos
do Universo, somos
espírito e manifestação,
pensamento e forma. Eis
o motivo por que, no
mundo, a Medicina há de
considerar o doente
como um todo
psicossomático, se
quiser realmente
investir-se da arte de
curar.
(Obra citada, cap. 19,
pp. 253 e 254.)
Texto para leitura
119. O caso Ascânio e
Lucas - Para
ilustrar melhor o tema
"resgate coletivo",
Druso relatou a seguinte
experiência: "Há trinta
anos, desfrutei o
convívio de dois
benfeitores, a cuja
abnegação muito devo
neste pouso de luz.
Ascânio e Lucas,
Assistentes respeitados
na Esfera Superior,
integravam-nos a equipe
de mentores valorosos e
amigos... Quando os
conheci em pessoa, já
haviam despendido vários
lustros no amparo aos
irmãos transviados e
sofredores. Cultos e
enobrecidos, eram
companheiros
infatigáveis em nossas
melhores realizações.
Acontece, porém, que
depois de largos
decênios de luta, nos
prélios da fraternidade
santificante, suspirando
pelo ingresso nas
esferas mais elevadas,
para que se lhes
expandissem os ideais de
santidade e beleza, não
demonstravam a
necessária condição
específica para o voo
anelado. Totalmente
absortos no entusiasmo
de ensinar o caminho do
bem aos semelhantes,
não cogitavam de
qualquer mergulho no
pretérito, por isso que,
muitas vezes, quando nos
fascinamos pelo
esplendor dos cimos, nem
sempre nos sobra
disposição para qualquer
vistoria aos nevoeiros
do vale... Dessa forma,
passaram a desejar
ardentemente a ascensão,
sentindo-se algo
desencantados pela
ausência de apoio das
autoridades que lhes não
reconheciam o mérito
imprescindível". Druso
disse então que,
chamados a exame devido,
técnicos do Plano
Superior lhes
reconduziram a memória a
períodos mais recuados
no tempo. Diversas
fichas de observação
foram extraídas, então,
do campo mnemônico, à
maneira das
radioscopias dos atuais
serviços médicos no
mundo e, através delas,
importantes conclusões
surgiram à tona...
Ascânio e Lucas
possuíam, efetivamente,
créditos extensos,
adquiridos em quase
cinco séculos
sucessivos; no entanto,
quando a gradativa
auscultação alcançou o
século XV, algo surgiu
que lhes impôs dolorosa
meditação...
"Arrebatadas ao arquivo
da memória e a doer-lhes
profundamente no
espírito, depois da
operação magnética a que
nos referimos – informou
Druso –, reapareceram
nas fichas mencionadas
as cenas de ominoso
delito por ambos
cometido, em 1429, logo
após a libertação de
Orleães, quando formavam
no exército de Joana d'Arc...
Famintos de influência
junto aos irmãos de
armas, não hesitaram em
assassinar dois
companheiros,
precipitando-os do alto
de uma fortaleza no
território de Gâtinais,
sobre fossos imundos,
embriagando-se nas
honrarias que lhes
valeram, mais tarde,
torturantes remorsos
além do sepulcro." Nesse
ponto, inquiridos se
desejavam prosseguir
na sondagem singular,
responderam
negativamente,
preferindo liquidar a
dívida, antes de novas
imersões no passado.
(Cap. 18, pp. 247 e
248)
120. Objetivo dos
resgates coletivos -
Ascânio e Lucas
suplicaram, assim, o
retorno ao campo dos
homens, no qual pagariam
o débito aludido.
Hilário, intrigado com o
caso, quis saber a
natureza do resgate e
Druso informou: "Já que
podiam escolher o gênero
de provação, em vista
dos recursos morais
amealhados no mundo
íntimo, optaram por
tarefas no campo da
aeronáutica, a cuja
evolução ofereceram as
suas vidas. Há dois
meses regressaram às
nossas linhas de ação,
depois de haverem
sofrido a mesma queda
mortal que infligiram
aos companheiros de luta
no século XV". O diretor
relatou, ainda, que os
visitara várias vezes
durante os preparativos
da referida
reencarnação.
"Associavam-se – disse
Druso – a grande
comunidade de Espíritos
amigos, em departamento
específico de
reencarnação, no qual
centenas de entidades,
com dívidas mais ou
menos semelhantes às
deles, também se
preparavam para o
retorno à carne,
abraçando, assim,
trabalho redentor em
resgates coletivos."
Nem todos,
evidentemente, puderam
selecionar o gênero do
resgate: apenas os que
possuíam grandes
créditos morais, como
Ascânio e Lucas. "Assim
é que a muitos vi –
informou o diretor –,
habilitando-se para
sofrer a morte violenta,
em favor do progresso da
aeronáutica e da
engenharia, da navegação
marítima e dos
transportes terrestres,
da ciência médica e da
indústria em geral,
verificando, no entanto,
que a maioria, por força
dos débitos contraídos e
consoante os ditames da
própria consciência, não
alcançava semelhante
prerrogativa,
cabendo-lhe aceitar sem
discutir amargas provas,
na infância, na mocidade
ou na velhice, através
de acidentes diversos,
desde a mutilação
primária até a morte, de
modo a redimir-se de
faltas graves." Hilário
perguntou-lhe sobre os
pais das pessoas que são
imoladas ao progresso
ou à justiça: a dor
deles é considerada
pelos poderes que nos
controlam a vida? "Como
não? – respondeu Druso –
as entidades que
necessitam de tais lutas
expiatórias são
encaminhadas aos
corações que se
acumpliciaram com elas
em delitos lamentáveis,
no pretérito distante
ou recente ou, ainda,
aos pais que faliram
junto dos filhos, em
outras épocas, a fim de
que aprendam na saudade
cruel e na angústia
inominável o respeito e
o devotamento, a
honorabilidade e o
carinho que todos
devemos na Terra ao
instituto da família. A
dor coletiva é o remédio
que nos corrige as
falhas mútuas." Hilário
indagou se Ascânio e
Lucas, após essa
vitória, precisariam –
para a subida aos planos
mais altos – de nova
consulta ao passado.
Druso foi muito claro:
"Caso não demonstrem a
condição específica
indispensável, serão
novamente submetidos à
justa auscultação para o
exame e seleção de novos
resgates que se façam
precisos". Ficava, desse
modo, evidente que
ninguém se eleva a
pleno Céu, sem plena
quitação com a Terra.
"Quanto mais céu
interior na alma,
através da sublimação da
vida, mais ampla
incursão da alma nos
céus exteriores, até que
se realize a suprema
comunhão dela com Deus,
Nosso Pai", concluiu o
diretor. (Cap. 18, pp.
249 a 251)
121. O doente deve
ser visto como um todo
psicossomático -
Depois de atender a
obrigações diversas,
Druso concedeu a André e
Hilário alguns minutos
de conversação
educativa, quando
realçou para os amigos a
importância da renovação
mental nos padrões do
bem e a necessidade do
estudo, para a
assimilação do
conhecimento superior, e
do serviço ao próximo,
para a colheita de
simpatia, sem os quais
todos os caminhos da
evolução surgem
complicados e difíceis
de serem transitados.
Enquanto prelecionava,
fora colocada junto dele
singular escultura – uma
estátua que reproduzia
com perfeição o corpo
humano, à qual faltava
apenas o sopro
espiritual para
revelar-se viva. Notando
a surpresa dos amigos,
o diretor da Mansão
disse: "Habitualmente
convidamos a atenção de
nossos internados para
os veículos de nossas
manifestações,
mostrando-lhes, quanto
possível, a
correspondência entre
nossos estados
espirituais e as formas
de que nos servimos. É
indispensável
compreendamos que todo
mal por nós praticado
conscientemente
expressa, de algum
modo, lesão em nossa
consciência e toda lesão
dessa espécie determina
distúrbio ou mutilação
no organismo que nos
exterioriza o modo de
ser. Em todos os planos
do Universo, somos
espírito e manifestação,
pensamento e forma. Eis
o motivo por que, no
mundo, a Medicina há de
considerar o doente
como um todo
psicossomático, se
quiser realmente
investir-se da arte de
curar". Em seguida,
tocando a bela
escultura, Druso passou
a dissertar sobre a
grandiosidade da vida e
sua manifestação no
veículo carnal. (Cap.
19, pp. 253 e 254)
(Continua no próximo
número.)