Grilhões Partidos
Manoel Philomeno de
Miranda
(Parte
8)
Continuamos a apresentar
o
estudo do livro
Grilhões Partidos,
de Manoel Philomeno de
Miranda, obra
psicografada por Divaldo
P. Franco e publicada
inicialmente no
ano de 1974.
Questões preliminares
A. Os benefícios de uma
sessão de desobsessão
alcançam apenas os
Espíritos que ali são
esclarecidos?
Não. Os benefícios de
uma sessão não alcançam
apenas os que se
comunicam pela
psicofonia, mas a todos
os que não reúnem ainda
possibilidades para um
contato mais direto com
o plano físico. "Em todo
serviço de desobsessão
– esclarece Philomeno
– enquanto uma Entidade
se faz esclarecer,
outras se lhe vinculam
coparticipando das
informações e instruções
que são ministradas,
colhendo-se
significativos, valiosos
resultados."
(Grilhões Partidos, cap.
9, pp. 87 a 91.)
B. Que é que dirige o
Espírito na escolha das
provas?
Este assunto é tratado
na questão 264 d' O
Livro dos Espíritos, de
Kardec, em que
aprendemos que o
Espírito “escolhe, de
acordo com a natureza de
suas faltas, as que o
levem à expiação destas
e a progredir mais
depressa”. “Uns,
portanto, impõem a si
mesmos uma vida de
misérias e privações,
objetivando suportá-las
com coragem; outros
preferem experimentar
as tentações da riqueza
e do poder, muito mais
perigosas, pelos abusos
e má aplicação a que
podem dar lugar, pelas
paixões inferiores que
uma e outro desenvolvem;
muitos, finalmente, se
decidem a experimentar
suas forças nas lutas
que terão de sustentar
em contato com o vício."
(Obra citada, cap. 10,
pág. 93.)
C. Havia Espíritos
perturbadores na Casa de
Saúde em que Ester
estava internada?
Sim. Havia ali centenas
de desencarnados, com os
semblantes mais
variados, totalmente
desequilibrados, em
manifesta ignorância do
estado espiritual em que
se demoravam. Obsessores
de carantonha cruel
demonstravam no rosto os
ódios que os
desequilibravam.
Perturbadores
zombeteiros assinalavam
os vícios em que se
locupletavam, com
máscara de cinismo
indescritível. Grupos de
vampirizadores
misturavam-se a dementes
encarnados, liberados
parcialmente pelo sono,
em lastimável estado.
Verdugos impiedosos,
conhecedores das
técnicas obsessivas,
arrastavam suas vítimas
em incríveis
padecimentos, as quais
desfaleciam de pavor,
logo despertando para
defrontar os adversários
frios. Entidades
hebetadas, simiescas
umas, deformadas outras,
em promiscuidade
deplorável,
desencarnados ociosos,
indiferentes, enchiam os
pátios, os corredores,
como frequentadores de
espetáculos circenses,
totalmente
desconhecedores do
estado em que se
movimentavam.
(Obra citada, cap. 10,
pp. 93 a 96.)
D. Onde se radicavam as
causas da alienação
mental de D. Eudóxia?
Catalogada pelos médicos
como esquizofrênica
irreversível, a senhora
Eudóxia foi examinada
pelo Dr. Bezerra de
Menezes, que explicou
que as causas
preponderantes de sua
alienação nela mesma se
encontravam. Numa forma
de autocídio indireto,
através do qual
pretendia eximir-se à
responsabilidade, ela se
autossupliciava,
mergulhando no
desconcerto da loucura.
No século anterior,
Eudóxia era senhora de
terras, em próspera
cidade do Rio de
Janeiro. Casada com
homem de sentimentos
elevados, ela
caracterizava-se pelo
temperamento irascível,
insuportável, rebelde. O
marido propôs-lhe então
a separação. Imaginando
que o esposo a trocava
por outra – e
transferindo para
humilde serva da fazenda
a suposta preferência do
marido – Eudóxia não
teve dúvidas: envenenou
a ambos, em dois crimes
que passaram
desconhecidos da justiça
dos homens. Ela, porém,
os conhecia. "A punição
maior para o culpado –
disse Bezerra – é a
presença da culpa,
insculpida na
consciência. A
princípio, quando as
forças orgânicas estão
em plenitude, ela dorme.
À medida que se afrouxam
os liames das potências
da vida vegetativa,
ressumam as evocações e
se transformam em
complexo culposo,
monoideísmo infeliz que
mais grava o delito e
agrava a
responsabilidade..."
Surpreendida pela
desencarnação,
transferiu para o Além
os dramas ocultos.
Apesar de perdoada pelo
esposo, que se
encontrava em melhor
condição espiritual do
que ela, tornou-se
perseguida pela serva,
que a seviciou
demoradamente em região
de compacta sombra
espiritual. Reencarnada,
os fortes açoites do
remorso, as impressões
vigorosas da expiação
junto à vítima e a
intranquilidade lesaram
os centros da
consciência, do que
resultou a enfermidade.
(Obra citada, cap. 10,
pp. 96 a 99.)
Texto para leitura
49. A
Sociedade Espírita
- Kardec transcreve em
"O Evangelho segundo o
Espiritismo" (cap. XIII,
item 14) parte de
oportuna mensagem
assinada por Cárita, a
respeito da caridade:
"Vós, espíritas, podeis
sê-lo <caridosos>
na vossa maneira de
proceder para com os que
não pensam como vós,
induzindo os menos
esclarecidos a crer, mas
sem os chocar, sem
investir contra as suas
convicções e, sim,
atraindo-os amavelmente
às nossas reuniões, onde
poderão ouvir-nos e onde
saberemos descobrir nos
seus corações a brecha
para neles penetrarmos".
Era esse o processo que
fora iniciado com
relação aos pais de
Ester, de quem a jovem
Rosângela se afastara
por algum tempo, por
recomendação do Dr.
Gilvan, seu benfeitor.
Rosângela passou, então,
a envolver a obsessa em
vibrações salutares de
repouso, otimismo e
renovação que a atingiam
como ondas entorpecentes
e balsâmicas. As orações
do grupo espírita que
lhe eram dirigidas
envolviam-na também,
conseguindo de certo
modo neutralizar parte
da interferência mais
perniciosa da mente
perturbadora. Manoel
Philomeno e outros
Espíritos, vinculados ao
grupo interessado no
ministério da
desobsessão, passaram a
visitar a enferma, sob
a carinhosa tutoria do
abnegado médico
espiritual Bezerra de
Menezes, mentor da
Sociedade a que se
vinculara a jovem
Rosângela. Aliás,
tratava-se do mesmo
Centro em que
trabalhavam Joel e o
Coronel Epaminondas,
evidenciando que o
encontro na casa deste
último fora
carinhosamente preparado
pelos Espíritos
Benfeitores, a fim de se
estabelecerem as
primeiras medidas de
socorro mais eficiente e
direto relativamente a
Ester. A Sociedade
Espírita "Francisco de
Assis", localizada em
aprazível bairro
carioca, tinha suas
bases fundamentadas na
Codificação Kardequiana
e, fiel aos postulados
cristãos e espíritas,
transformara-se em
eficiente
Hospital-Escola-Santuário
Espiritual, onde
abnegados Mensageiros se
congregavam para o
sagrado labor da
caridade. As diversas
equipes que ali obravam
e mantinham a flama do
ideal espírita-cristão
esforçavam-se por
colimar a mais elevada
qualidade de ação
beneficente,
entregando-se aos
misteres variados que
se desdobravam por toda
a semana, sem qualquer
ociosidade ou fastio.
(Cap. 9, pp. 87 e 88)
50. A
subjugação de Ester
poderia ser removida
- O grupo mediúnico
caracterizava-se pela
consciência do dever, em
que se não permitia a
insensatez da
impontualidade, das
justificações
inoportunas, das
apelações vulgares à
falsa tolerância, ao
desculpismo.
Considerando o
ministério desobsessivo,
os cuidados da equipe
eram redobrados, desde a
seleção dos membros que
a formavam, até aos
cuidados e deveres para
com o corpo, a mente, a
alma, em especial nos
dias aprazados para as
elevadas incursões ao
Mundo Espiritual,
através da contribuição
mediúnica. A reunião
iniciava-se às 19h30,
dedicando-se a primeira
meia hora a leituras
edificantes, comentários
evangélicos, conotações
e apontamentos
doutrinários, enquanto
os participantes
encarnados da equipe
refaziam-se, na
psicosfera da Casa, do
aturdimento e do cansaço
das horas passadas nas
atividades para a
sobrevivência física. A
direção dos trabalhos,
desde a desencarnação do
anterior dirigente, fora
entregue ao Coronel
Sobreira. Os benefícios
da sessão não alcançavam
apenas os que se
comunicavam pela
psicofonia, mas a todos
os que não reuniam ainda
possibilidades para um
contato mais direto com
o plano físico. "Em todo
serviço de desobsessão
– esclarece Philomeno
– enquanto uma
Entidade se faz
esclarecer, outras se
lhe vinculam
coparticipando das
informações e instruções
que são ministradas,
colhendo-se
significativos, valiosos
resultados". Ao término
da sessão, o caso Ester
foi apresentado ao
Diretor Espiritual, que
informou conhecer, já, a
trama perturbadora,
elucidando tratar-se de
subjugação infeliz, que
poderia, mercê da
colaboração de todos e
particularmente dos
genitores, ser
removida. "O resultado
final pertencia sempre
ao Senhor", acrescentou
o dirigente, que se
reportou depois às
implicações pretéritas
da família e da enferma,
ressaltando, porém, as
dores maternas,
pungentes, e suas
inúmeras e contínuas
súplicas ao Pai, que ora
respondia, através da
solidariedade de todos,
conforme a recomendação
evangélica. Propôs que
os genitores de Ester
passassem a frequentar
as Reuniões, enfermos
que também estavam,
necessitando de imediato
socorro, e solicitou ao
Coronel Sobreira
concedesse mais amplos
esclarecimentos ao
casal, preparando-o de
algum modo para as
operações
intercessórias do
futuro. Informou, por
fim, que ele próprio
iria dispensar
assistência a Ester, ao
lado de outros
trabalhadores. (Cap. 9,
pp. 89 a 91)
51. Escolha das
provas - Manoel
Philomeno transcreve, na
abertura deste capítulo,
a seguinte lição contida
na questão 264 d' O
Livro dos Espíritos, de
Kardec: "Que é o que
dirige o Espírito na
escolha das provas que
queira sofrer?" – "Ele
escolhe, de acordo com a
natureza de suas faltas,
as que o levem à
expiação destas e a
progredir mais depressa.
Uns, portanto, impõem a
si mesmos uma vida de
misérias e privações,
objetivando suportá-las
com coragem; outros
preferem experimentar
as tentações da riqueza
e do poder, muito mais
perigosas, pelos abusos
e má aplicação a que
podem dar lugar, pelas
paixões inferiores que
uma e outro desenvolvem;
muitos, finalmente, se
decidem a experimentar
suas forças nas lutas
que terão de sustentar
em contato com o vício."
A compreensão disso é
muito importante para
quem lida com os
sofrimentos humanos e
mais ainda para aqueles
que passam pelas
vicissitudes mais
amargas da existência
corporal. (Cap. 10, pág.
93)
52. O ambiente no
hospital -
Bezerra de Menezes
convocou Manoel
Philomeno, Ângelo e
Melquíades, todos
participantes de sua
equipe espiritual, para
visitarem, juntos, a
jovem Ester. Chegando ao
pavilhão em que a
enferma se encontrava,
Philomeno não conseguiu
sopitar o choque e a
curiosidade, ante a
multidão que se agitava
naquele Frenocômio.
Centenas de
desencarnados, com os
semblantes mais
variados,
aglutinavam-se em
magotes de doentes,
totalmente
desequilibrados, em
manifesta ignorância do
estado espiritual em que
se demoravam. Obsessores
de carantonha cruel
demonstravam no rosto os
ódios que os
desequilibravam.
Perturbadores
zombeteiros assinalavam
os vícios em que se
locupletavam, com
máscara de cinismo
indescritível. Grupos de
vampirizadores
misturavam-se a dementes
encarnados, liberados
parcialmente pelo sono,
em lastimável estado.
Verdugos impiedosos,
conhecedores das
técnicas obsessivas,
arrastavam suas vítimas
em incríveis
padecimentos, que
desfaleciam de pavor,
logo despertando para
defrontar os adversários
frios. Entidades
hebetadas, simiescas
umas, deformadas outras,
em promiscuidade
deplorável...
Desencarnados ociosos,
indiferentes, enchiam os
pátios, os corredores,
como frequentadores de
espetáculos circenses,
totalmente
desconhecedores do
estado em que se
movimentavam,
produzindo ambiente
miasmático, que
aspiravam,
intoxicando-se cada vez
mais e envenenando a
psicosfera terrível já
reinante. Um pandemônio
ensurdecedor e
aparvalhante sucedia-se
em cenas que variavam da
bestialidade mais vil à
impiedade mais
selvagemente elaborada,
em cujos cenários muitos
encarnados sofriam
indefiníveis vilipêndios
e atentados. Tinha-se a
impressão de que nenhuma
compaixão ou sentimento
de humanidade ali
encontrava guarida, pois
os espetáculos da
hediondez espiritual
superavam tudo que a
imaginação humana pode
conceber. (Cap. 10, pp.
93 e 94)
53. A
oração de Bezerra de
Menezes
- Viam-se, porém, ali
outros Espíritos que se
movimentavam, distintos,
com semblantes
circunspectos e
atenciosos: eram grupos
de socorro que, em nome
da Providência Divina,
respondiam aos apelos de
muitas orações,
socorrendo necessidades
justas, amparando os
que ansiavam pela
terapêutica do amor... O
quarto em que Ester se
alojava, verdadeira cela
presidiária, produziu em
Philomeno imediato
mal-estar. Vibrações
perniciosas, densas,
escuras, que empestavam
o quarto, pareciam
fluido condensado,
oleoso, que causava
insuportável
indisposição psíquica,
generalizando-se em
sensação de náuseas
contínuas. Bezerra de
Menezes sugeriu ao grupo
mantivesse controle da
emotividade e imperiosa
disposição para a
caridade, sintonizando
em faixa mais sutil, com
o que aquelas impressões
seriam facilmente
superadas. Havia quatro
catres na cela. Ester
jazia ao lado do corpo,
em quase total
inconsciência, sob os
efeitos de sedativo
pernicioso e forte.
Junto a ela, em processo
de imantação
perispiritual, vigiava o
algoz desencarnado. Nos
demais leitos infectos,
a tresandar odores
insuportáveis,
encontravam-se duas
jovens e uma senhora de
meia-idade. Quase todas
se encontravam
parcialmente fora do
corpo, inconscientes,
exceção feita à senhora
perturbada, que
altercava com um
perseguidor imaginário,
fruto de longo processo
ideoplástico. Outras
entidades
desequilibradas se
imiscuíam nas sombras e
na imundície do quarto,
algumas das quais
pareciam hibernadas em
longo processo
sonoterápico,
alimentadas pelas
emanações mefíticas
abundantes das
pacientes. Bezerra
exorou a proteção divina
em comovedora oração, e
de seu tórax, que pouco
a pouco se transformou
num sol engastado no
peito, surgiram
fulgurações carregadas
de energia superior que,
incidindo sobre os
Espíritos levianos,
produziram-lhes choques
que os despertaram,
expulsando-os quase
todos e fazendo, por
fim, que se modificasse
a paisagem reinante...
(Cap. 10, pp. 95 e 96)
54. Um caso de
esquizofrenia -
Após a prece, começou o
atendimento às enfermas
ali reunidas. Ângelo e
Melquíades cuidaram das
duas jovens; Philomeno
atendeu a senhora
atribulada <dona
Eudóxia>, que,
passando a ver o
benfeitor que a ajudava,
começou a clamar por
socorro. Suas lágrimas
abundantes, a face
dorida e a voz
amargurada infundiam
compaixão. Teleguiado
pela mente poderosa de
Bezerra, Philomeno
aproximou-se da senhora
e rogou-lhe descansasse
em sono reparador de que
tinha imediata
necessidade.
Aplicando-lhe o recurso
fluídico,
descontraíram-se as
forças psíquicas
concentradas pelo pavor,
e ela adormeceu. Bezerra
então, auscultando-lhe
as exteriorizações
mentais, esclareceu o
caso da irmã, catalogada
pelos médicos como
esquizofrênica
irreversível. "Fixadas
as matrizes da distonia
mental, nas sedes
perispirituais, o
mecanismo cerebral
correspondente à área da
razão e da personalidade
apresenta sombras
características que
preexistem desde a vida
anterior, quando
supunha poder burlar as
Leis, entregando-se aos
desvarios e alucinações
complexos", informou o
Apóstolo da caridade.
Embora inatacável no
conceito do mundo –
elucidou Bezerra – ,
"ela não conseguiu
fugir a si mesma, às
lembranças da
consciência em
despertamento, lesando
os centros
correspondentes da
lucidez e do equilíbrio,
que produziram nas
sedes sutis plasmadoras
do `campo da forma'
os desajustes que ora a
lancinam". O Benfeitor
aplicou em seguida
passes cuidadosos
longitudinais, a partir
do centro coronário,
qual se o desatrelasse
de forças densas, em
baixo teor magnético,
notando-se então que,
pouco a pouco, o
complexo núcleo se
clarificava, irrigando
com opalina tonalidade
o centro cerebral,
igualmente envolto em
sombrias cargas
fluídicas, onde imagens
vigorosas e fixas nas
telas da memória se
diluíam, sem que,
porém, se desfizessem. A
energia vitalizadora
percorreu-lhe os vários
centros de fixação
físico-espiritual e o
organismo físico
passou, assim, a
funcionar melhor,
beneficiando-se com isso
o cérebro, transformado
agora em um corpo
multicolorido, no qual
"miríades de grânulos
infinitesimais ou
fascículos luminosos se
movimentavam,
penetrando neurônios e
os ligando, quais
impulsos de
eletricidade especial,
enviando ordens
restauradoras e
mantenedoras da
harmonia vibratória
indispensável ao tônus
do reequilíbrio". A
respiração da doente
fez-se também mais
tranquila e os músculos
tensos por todo o corpo
relaxaram, com
admiráveis resultados no
aparelho digestivo,
particularmente
desgovernado. (Cap. 10,
pp. 96 e 97)
55. O caso Eudóxia
- Concluída a operação,
Bezerra esclareceu que
toda enfermidade,
resguardada em qualquer
nomenclatura, sempre
resulta das conquistas
negativas do passado
espiritual de cada um.
Estando o "campo
estruturador" sob o
bombardeio de energias
deletérias, é óbvio que
as ideias, plasmando as
futuras formas para o
Espírito, criam as
condições para que se
manifestem as doenças...
Ele mencionou então o
caso da irmã Eudóxia:
"Amanhã apresentará
sinais de significativa
melhora na saúde,
embora as causas
preponderantes da sua
alienação nela mesma se
encontrem. Numa forma de
autocídio indireto,
através do qual pretende
eximir-se à
responsabilidade,
autossuplicia-se,
mergulhando no
desconcerto da loucura".
Na metade do século
passado, Eudóxia era
senhora de terras, em
próspera cidade do Rio
de Janeiro. Casada com
homem de sentimentos
elevados, ela
caracterizava-se pelo
temperamento irascível,
insuportável, rebelde. O
marido propôs-lhe então
a separação. Imaginando
que o esposo a trocava
por outra – e
transferindo para
humilde serva da fazenda
a suposta preferência do
marido – Eudóxia não
teve dúvidas: envenenou
a ambos, em dois crimes
que passaram
desconhecidos da justiça
dos homens. Ela, porém,
os conhecia. "A punição
maior para o culpado –
disse Bezerra – é a
presença da culpa,
insculpida na
consciência. A
princípio, quando as
forças orgânicas estão
em plenitude, ela dorme.
À medida que se afrouxam
os liames das potências
da vida vegetativa,
ressumam as evocações e
se transformam em
complexo culposo,
monoideísmo infeliz que
mais grava o delito e
agrava a
responsabilidade..."
Surpreendida pela
desencarnação,
transferiu para o Além
os dramas ocultos.
Apesar de perdoada pelo
esposo, que se
encontrava em melhor
condição espiritual do
que ela, tornou-se
perseguida pela serva,
que a seviciou
demoradamente em região
de compacta sombra
espiritual...
Reencarnada, os fortes
açoites do remorso, as
impressões vigorosas da
expiação junto à vítima
e a intranquilidade
lesaram os centros da
consciência, do que
resultou a enfermidade.
(Cap. 10, pp. 97 a 99)
(Continua no próximo
número.)