GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)
Evangelho: alegria e esperança
“(...)
eis aqui
vos trago
boa
nova
de
grande
alegria, que
o
será
para
todo o
povo.”
(Lucas, 2-10.)
Inconformados
com
os sofrimentos,
muitos
chegam às
Casas
Espíritas.
Indagam-nos
por
que
o
Evangelho
não
nos fala
das
alegrias
da
Terra.
Ali, recebem a
Boa
Nova,
na visão que
exige renovação,
esforço,
mudança
de
hábitos
físicos
e mentais.
Mas
resistem,
inconscientes
de
que
não
há
como
recusar
o
amoroso
apelo
de Jesus.
Por compaixão
Ele nos trouxe o
Evangelho: a
mais
bela lição
de
alegria
e esperança,
roteiro
de
luz
a
nos
libertar do egoísmo
e das
paixões
que
nos escravizam às
tristezas
e às dores
físicas ou
morais, que
refletem nossas
ações
e condição
evolutiva. Ao
Lhe vivermos os
ensinos,
males
passageiros,
desenganos,
dores e
tudo
o
mais
que
nos aflige far-se-ão
pequeninos
e
nada,
afinal,
nos afastará da
alegria
íntima de Sua Paz:
“Deixo-vos a
paz,
a
minha
paz vos
dou;
não
vo-la dou
como
a dá o
mundo.
Não
se turbe o
vosso
coração,
nem se
atemorize.”
(Jo, 14:27.)
“(...) No
mundo
passais
por aflições;
mas tende bom
ânimo, eu
venci o
mundo.”
(Jo, 16:33.)
Evangelho
quer
dizer Boa Nova e fala-nos do
reino
de
Deus,
que
abrange
mundos
físicos
e
espirituais.
Não
se circunscreve
a uma
região.
Está
em
toda parte.
Nossa conduta
não nos permite
que
o percebamos e
se manifeste
em
nossas
vidas.
Ao reviver as
lições
do
Cristianismo
Primitivo, esclarece-nos a
Doutrina
Espírita o porquê
de
nossos
sofrimentos e
nos
fala da Lei
de
Causa e
Efeito,
das
vidas
sucessivas, da
Lei
do
Mérito
(a
cada
um segundo
suas obras),
da
comunicabilidade
dos Espíritos
etc. E
porque
se dirige a
enfermos
que
estão nessa
condição
exatamente
pelo apego às
efêmeras
alegrias
da
Terra,
fala da dor,
do sofrimento.
Mas
o faz
consolando,
curando
feridas,
indicando
caminho
suave para
libertação.
Remédio amargo,
às
vezes,
é
recurso
extremo, mas
indispensável. Suportamos
desconforto
passageiro, para
erradicação de
males
que
nos
afligem, quando
não há
outra
perspectiva
de
cura.
Diz ‘O
Evangelho
segundo o
Espiritismo”:1
“A
Terra pertence
à
categoria
dos
mundos
de
expiação
e
provas,
razão por
que aí
vive o homem a
braços
com
tantas
misérias.”
(Cap. III,
item
4.)
“Num
hospital, ninguém
vê senão
doentes e
estropiados;
numa
penitenciária,
veem-se reunidas
todas as
torpezas,
todos
os
vícios;
nas
regiões
insalubres, os
habitantes,
em sua
maioria, são
pálidos,
franzinos
e
enfermiços.
Pois
bem: figure-se a Terra
como
um
subúrbio,
um
hospital, uma penitenciária,
um sítio
malsão (...) e
compreender-se-á
por
que
as
aflições
sobrelevam aos
gozos,
porquanto
não se mandam
para o
hospital
os
que
se acham
com
saúde, nem
para as casas de correção os
que
nenhum mal
praticaram;
nem
os
hospitais
e as
casas
de
correção
se pode
ter
por
lugares de deleite.”
(Idem,
item 7.)
“(...) estais
nessa
Terra
de
expiação
para concluirdes as vossas
provas
e (...) tudo o
que
vos
sucede é
consequência das
vossas
existências
anteriores (...)”
(Idem,
item
27.)
“Homens,
por que
vos queixais
das
calamidades
que
vós mesmos
amontoastes
sobre
as vossas
cabeças?
(...)
“A
quem inculpar,
senão a vós
que
incessantemente
procurais
esmagar-vos uns
aos
outros?
Não
podeis
ser
felizes,
sem mútua
benevolência; mas
como
pode a
benevolência
coexistir
com o orgulho?
O
orgulho,
eis
a
fonte
de
todos
os
vossos
males.”
(Cap. VII,
item
12.)
“(...) ai
daquele
que
cerra
o
seu
entendimento!
Ai dele!
Porquanto
(...)
lhe
aplicaremos o
látego
e
lhe
submeteremos a
vontade
rebelde,
por meio
da
dupla
ação
do
freio
e da
espora.
Toda resistência
orgulhosa terá de,
cedo
ou tarde,
ser vencida.” (Cap. IX,
item
8.)
Fala com
surpreendente
energia, mas
eis que,
em outra
parte, suave,
aponta
caminhos
de
alegria
e
libertação:
“É na
caridade
que
deveis
procurar
a
paz
do
coração,
o
contentamento
da alma, o
remédio
para as
aflições
da
vida.”
(Cap. XIII,
item
11.)
“Não
julgueis (...)
que,
exortando-vos
incessantemente
à
prece
e à
evocação
mental, pretendamos vivais uma
vida
mística. (...)
Sede
joviais,
sede ditosos,
(...)
segundo
as
necessidades
da
Humanidade;
(...)”
(Cap. XVII,
item
10.)
Ora, o
fato
de a
Terra
ser
ainda
mundo de
expiação
e
provas
deve-se a
ela
ou às ações
dos
homens?
Ela
é
plena
de belezas:
quer
nas
paisagens,
quer
nos continentes,
oceanos e mares,
quer nos
reinos mineral,
animal e
vegetal
(vejam-se os
frutos,
seus
sabores,
formas, cores
e
qualidades
nutrientes).
Em tudo, Harmonia e Beleza. Nela, somos
a
nota
dissonante, com
mentes
enfermas e
ações
egoísticas. É
mais
do
que
tempo
de
mudar,
de renovar.
O
filme
chinês “A
Vida
sobre
um Fio”,
de Chen Kaige,
registra em duas
canções:
1ª: “Quando
aprenderemos a
nos
amar uns aos outros,
A
ajudar-nos uns
aos
outros,
A
respeitar-nos
uns aos
outros,
A
nos
dar
uns aos
outros,
A
salvar-nos uns
aos
outros,
A
estendermos a
mão
uns aos
outros?!
Quando
aprenderemos a
parar
de odiar-nos uns
aos
outros,
A
ser
sinceros
com nós
mesmos,
E a
ser
humanos,
novamente,
Com
os
nossos
pés no chão,
Aceitando
todos
os
desígnios
do
céu,
Sendo
humanos,
finalmente?!”
2ª: “Um
dia,
todos nós
cantaremos,
Não
haverá
mais
tristeza, nem
lágrimas,
Levantaremos
nossas
vozes
e cantaremos
com
alegria!”
O
Evangelho,
por outras
palavras,
diz o
mesmo,
e é
remédio
indolor, suave.
Nele, nenhuma
contraindicação.
Só
nos
preceitua a
vivência
do
Amor,
em sua
plenitude: a
Deus,
ao
próximo
e a
nós.
Sim, amor
a
nós
mesmos.
Como agimos, revelamos
não
nos amar. Nossos pensamentos, ações e
vícios geram os
males
que
nos
inquietam,
roubando-nos a
paz que
acalentamos
nos
corações.
Nesta e
em
vidas
anteriores,
tivemos meios de
nos
corrigirmos,
sem
o
concurso
da
dor.
Esta é
recurso
extremo e varia ao
infinito
em suas
gradações. A
gravidade
do
corretivo
depende de
nossa
maior ou
menor rebeldia. Variadas doenças
comprovam isso.
Abençoemos o
tratamento.
Sejamos
gratos
e dóceis ao
Médico
Sublime.
Emmanuel2
nos diz:
“Grande
injustiça comete
quem
afirma
encontrar
no
Evangelho
a
religião
da
tristeza
e da amargura.
(...) o
Cristianismo,
em
sua essência,
é a
revelação
da
profunda
alegria do Céu
entre as
sombras
da Terra”.
No texto, tece
nobres
comentários
sobre as
alegrias
que ele
contém. E no
Cap. 38 do mesmo
livro, diz:
“A
nova fé
(...) explica o
Evangelho
não
como um
tratado de
regras
disciplinares,
nascidas
do
capricho
humano,
mas como
a salvadora
mensagem
de
fraternidade
e
alegria,
comunhão
e
entendimento,
abrangendo as
leis
mais simples
da vida”.
O
Evangelho
é pleno de
lições
de
rara
beleza: o mais
belo poema
de
todos
os
tempos.
Nele, Jesus
nos
conclama ao
aprendizado:
“(...)
Quem tem
ouvidos
para ouvir,
ouça.”
(Lc 4:9.)
“São os
olhos
a
lâmpada
do
corpo.
Se os
teus
olhos
forem
bons,
todo
o teu corpo será
luminoso”.
(Mt, 6-22.)
Qualquer
remédio
se revela
eficaz,
ou
não, se aplicado
segundo
a
prescrição.
Àqueles
que
ainda não
compreendemos as
alegrias
do
Evangelho,
convém aviarmos
suas
receitas
de
luz.
Assimilando-lhes
os
tesouros
que encerra,
nossos corações
transbordarão de
plena
paz. Da “paz
de
Deus,
que
excede
todo
o
entendimento
(...)”.
(Paulo,
Filipenses,
4-7.)
Nesse
sentido,
quantos
testemunhos nos
dá o
Apóstolo
Paulo,
em
suas epístolas!
O
Evangelho
é,
pois,
hino
à
liberdade
e à alegria; e
roteiro
para conquistá-las.
A
tristeza
está
em
nós,
nos nossos
corações, no
nosso
olhar. Para convertê-la
em alegria,
cumpre-nos
aprender
a
amar,
pois que o
amor
é “o
alimento
das
almas”.3
Enfatiza o
Espírito
Humberto de
Campos4:
“(...) Ficaria o
Evangelho
como
o
Livro
mais
vivaz e mais
formoso do
mundo,
constituindo a
mensagem
permanente
do
céu,
entre
as
criaturas
em
trânsito pela
Terra, o mapa
das abençoadas
altitudes
espirituais,
o
guia
do
caminho,
o
manual
do
amor,
da
coragem
e da
perene
alegria.”
Referências
bibliográficas:
1. O
Evangelho
Segundo
o
Espiritismo,
Allan Kardec,
82ª ed. FEB,
Rio,
1981;
2.
Roteiro, Emmanuel/Francisco C. Xavier,
Capítulos
14 e 38, 4ª ed.
FEB,
Rio,
1978;
3.
Nosso Lar,
André Luiz/Francisco
C. Xavier, Cap.
18, 37ª ed. FEB,
Rio,
1989;
4. Boa
Nova,
Humberto de
Campos/Francisco
C. Xavier, 13ª
ed. FEB,
Rio,
1979.