LUIS ROBERTO
SCHOLL
robertoscholl@terra.com.br
Santo Ângelo,
RS (Brasil)
Basta somente a fé?
A crença de que basta
somente a fé para termos
o merecimento das
bem-aventuranças é algo
que se perde na história
do Cristianismo. Em uma
leitura equivocada,
religiosos afirmam
buscar nas escrituras
base para essas
afirmativas.
Paulo, o apóstolo dos
gentios, após sua
peregrinação por
diversos povos
divulgando a Boa Nova,
constata, através de
notícias que, após sua
passagem pelas terras de Galácias, este povo, já
iniciado na mensagem de
Jesus, se volta às
práticas do judaísmo,
misturando ao
Cristianismo nascente,
deturpando-o.
Paulo então, com a
autoridade reconhecida
pelos seguidores do
Mestre, escreve, de
forma veemente, a carta
aos Gálatas,
conclamando-os ao
raciocínio da crença
libertadora da doutrina
cristã em contraponto às
formalidades
preconizadas pelos
códigos religiosos
vigentes até então (“as
obras da lei”, Gl. 2,
16), entre elas a
circuncisão, os rituais,
cerimônias, dogmas,
sacrifícios ou quaisquer
exigências de
demonstração exterior de
crença.
O apóstolo confirma a
lei ensinada por Jesus:
“Amar a Deus sobre todas
as coisas” (Mt. 22, 37),
“amando o próximo como a
si mesmo” (Mt. 22, 39),
esclarecendo que a fé
não necessita de nenhum
culto exterior, mas sim
de obras que a
testifiquem; que ter fé
só por ter de nada
adianta; dizer que
simplesmente crê em
Cristo não 'salva'
ninguém:
“...a quem pensar que
ter fé por si só é
suficiente, sou levado a
dizer: acreditais na
existência de Deus? No
inferno, os demônios
também acreditam e, no
entanto, estremecem.
Porventura, ainda não
vês, ó homem sem
percepção, que a fé sem
obras é inútil e morta?”
(Tg. 2, 19 e 20).
A clareza da carta de
Thiago expõe ao cristão
o compromisso de não se
apegar ao culto externo,
mas sim à fé objetiva e
operante no bem, como
meio de justificar o seu
crescimento espiritual.
As recomendações de
Paulo aos Gálatas são
válidas ainda hoje aos
espíritas: Não permitam
que, em nome da
modernidade, se agreguem
à Doutrina outras
práticas estranhas que
desvirtuem o compromisso
da 3ª Revelação, não
coadunados com sua
pureza e simplicidade ou
que criem ritos e
dogmas.
A fé raciocinada (“Fé
inabalável é somente
aquela que pode encarar
a razão face a face, em
todas as épocas da
humanidade” - O
Evangelho segundo o
Espiritismo), junto às
obras do indivíduo
(“Fora da caridade não
há salvação” - O
Evangelho segundo o
Espiritismo, cap.15) são
os compromissos que todo
espírita deve assumir
quando entende o
Espiritismo como uma
forma de religar-se ao
Criador e como uma
filosofia de vida.
Fontes:
KARDEC, A. O Evangelho
segundo o Espiritismo.
ed. 120. Rio [de
Janeiro]: FEB, 2002;
PALHANO Jr., L. Aos
gálatas: a carta da
redenção. Niterói, RJ:
Lachâtre, 1999.