ALESSANDRO VIANA
VIEIRA DE PAULA
vianapaula@uol.com.br
Itapetininga,
SP(Brasil)
As mortes
antecipadas
Diante da
importância do
assunto, muito
se tem escrito,
na mídia
espírita, a
respeito da
morte. Por mais
que acreditemos
na imortalidade
da alma, a morte
ainda
representa, para
muitos, um
trauma, um
choque, algo
inesperado, bem
como há
apontamentos
equivocados
sobre sua
causalidade.
Este subscritor
já teve a
oportunidade de
escrever sobre o
planejamento
reencarnatório
nas mortes
violentas,
porque esse tipo
de morte,
habitualmente,
gera muita
comoção e
incompreensão.
Sabemos que a
regra geral
consiste no fato
de que o
Espírito
reencarnado
somente retorna
ao mundo
espiritual,
através do
fenômeno fatal e
biológico da
morte, no
momento
programado antes
do renascimento,
tudo de
conformidade com
suas
necessidades
evolutivas
(expiação ou
prova), as quais
foram levadas em
conta no
planejamento
reencarnatório
(realizado pelo
próprio Espírito
quando este tem
condições, com
assistência de
Espíritos amigos
mais evoluídos,
ou apenas por
estes, quando o
reencarnante não
tem conhecimento
e condições
emocionais para
fazer as
escolhas).
Contudo, sabemos
que as regras
gerais quase
sempre comportam
exceções. No
assunto em
questão, temos a
incidência do
bom ou mau uso
do
livre-arbítrio,
que se resume à
nossa capacidade
de escolhas, que
serão norteadas
pelos valores
morais,
educacionais,
culturais que
possuímos,
herdados desta e
das vidas
passadas.
Dessa forma,
temos a opção de
abreviar o nosso
tempo de
permanência no
corpo, em
virtude de
escolhas
infelizes, menos
dignas, que nos
levarão ao
suicídio direto
ou indireto
(vícios físicos
e morais). Assim
procedendo,
obviamente
estaremos
contraindo
pendências com
as leis divinas
que regem a vida
universal, que
serão solvidas
nas futuras
reencarnações.
Teremos, também,
a opção de
prolongar nossa
vida na Terra
(moratórias), na
medida em que
nos vinculamos
ao bem comum,
tornando-nos
úteis à
sociedade em que
nos encontramos
e às pessoas que
passam pelas
nossas vidas.
Seremos
indivíduos
vinculados ao
amor e a
fraternidade, de
forma que a
Divindade
perceberá que a
nossa presença
na Terra se
mostra útil ao
progresso geral.
Todavia, a
exceção à regra
geral que
gostaria de
explorar nesse
artigo refere-se
às mortes
antecipadas
promovidas pelos
benfeitores
espirituais,
visando atenuar
os nossos
débitos
espirituais.
Tal ocorrência é
pouco estudada
no meio espírita
e consta da obra
“Entre os Dois
Mundos”, ditada
pelo Espírito
Manoel Philomeno
de Miranda ao
médium Divaldo
Pereira Franco.
Na aludida obra,
mais
especificamente
nos capítulos 07
a 10, veremos os
amigos
espirituais
promovendo a
desencarnação
antecipada do
personagem Marco
Aurélio, que
estava
planejando matar
a própria esposa
através de
envenenamento
com arsênico.
No momento exato
em que o esposo
iria envenenar a
companheira, o
benfeitor
Arquimedes
envia-lhe uma
alta carga de
energia, que
desencadeia um
íctus cerebral a
promover-lhe um
desmaio
imediato.
(1)
Para que ocorra
tal intervenção
da
espiritualidade
é necessário que
o beneficiado
tenha um mérito
espiritual
anterior.
Normalmente são
indivíduos que
começaram bem a
existência,
vinculando-se ao
ideal do amor,
mas, no
transcorrer da
vida,
desviaram-se do
caminho
edificante,
dando vazão aos
impulsos
inferiores não
vencidos, tais
como, o orgulho,
o ódio, as
paixões
agressivas e os
vícios.
O personagem
Marco Aurélio
vinculou-se
desde cedo às
tarefas
edificantes e ao
Espiritismo,
notadamente na
tarefa da
oratória, e
profissionalmente
era exímio
criminalista,
porém não
resistiu à
tentação da
vaidade e,
assediado por
falanges de
inimigos
espirituais,
sucumbiu
moralmente,
vindo a
abandonar a
tribuna
espírita,
iniciando uma
carreira
política.
Deixou-se
enredar em
aventuras
sexuais e, não
suportando o
fardo da esposa
doente,
idealizou
matá-la.
Frise-se que
nesse período de
queda moral, não
faltou ajuda
espiritual ao
personagem.
Outro ponto que
merece nosso
registro diz
respeito à
abrangência
dessa forma de
desencarnação.
Consta da citada
obra que as
desencarnações
antecipadas
ocorrem com mais
frequência do
que imaginamos,
sendo
desencadeadas,
muitas vezes,
pelos próprios
anjos da guarda
dos
beneficiados.
Por ser
relevante, cito
o seguinte
trecho da obra:
“Conheço
inúmeros casos
de trabalhadores
da Seara
Espírita que,
por mérito uns e
por necessidade,
outros, de não
mais se
complicarem,
foram retirados
do casulo
carnal, a fim de
prosseguirem
mais tarde,
quando as
circunstâncias
assim o
permitissem.”.
Notamos, ainda,
como a morte é
enfocada com
naturalidade
pelos Espíritos
superiores,
representando
apenas uma
ocorrência
dentro da vida
milenar e
imortal do
Espírito.
É por essa razão
que eles
interferem e
promovem as
desencarnações
antecipadas, não
limitando suas
observações
apenas à atual
existência
física, pois
almejam a
evolução do
Espírito com o
mínimo de
comprometimentos
espirituais.
Assim sendo,
compreendemos
que o objetivo
dos benfeitores
é auxiliar com
base na
misericórdia
divina,
evitando, dessa
forma, que o
beneficiado se
endivide ainda
mais com a
própria
consciência e as
leis divinas,
atrasando seu
processo de
redenção
espiritual.
Em dado momento
da obra, o
benfeitor
Philomeno de
Miranda
questiona a
razão dos
sicários da
humanidade não
sofrerem esse
tipo de
intervenção
espiritual. Por
exemplo, por que
Adolf Hitler não
teve sua morte
antecipada, a
fim de evitar
tantas mortes e
tragédias?
O guia
espiritual
Petitinga
elucida que essa
ocorrência
justifica-se e
prolonga-se
porque dela se
derivam
benefícios não
identificados de
imediato. Esses
algozes da
humanidade
acabam se
transformando em
instrumentos da
vida, para que o
progresso ocorra
pelo sofrimento
das massas, que
assim resgatam
os seus gravames
(expiação),
enquanto eles
mais complicam a
própria
situação.
Convido os
leitores a lerem
a obra “Entre os
Dois Mundos”,
que traz outros
assuntos
relevantes para
o nosso
enriquecimento
doutrinário.
Por derradeiro,
fica para nós o
alerta acerca da
necessidade de
nos mantermos
fiéis ao
evangelho e à
ética do bem,
jamais nos
permitindo as
quedas e
concessões
morais, porque,
em um único
momento de
invigilância,
que gera as
escolhas
equivocadas,
pode começar a
nossa
infelicidade e
as dívidas
morais. Conforme
recomenda Jesus,
vigiemos e
oremos para não
cairmos nas
tentações
exteriores e
íntimas.
(1)
Íctus [do latim
ictus (nom.),
'marcação de
compasso']
significa em
Medicina:
choque, golpe,
acesso ou ataque
súbito.