A. O Espírito de
Katie King, quando
materializado,
apresentava
batimentos
cardíacos?
Sim. Diz Crookes que
apoiando o ouvido ao
peito de Katie pôde
escutar um coração
bater no interior e
suas pulsações eram
mais regulares que
as do coração de
Miss Cook, quando,
depois da sessão,
ela lhe permitiu a
mesma experiência.
Examinados, do mesmo
modo, os pulmões de
Katie se mostraram
mais sãos que os da
médium, porque, no
momento, Miss Cook
seguia um tratamento
médico, em virtude
de forte resfriado.
(O Espiritismo
perante a Ciência,
Quarta Parte, Cap.
III – O perispírito
durante a
desencarnação – Sua
composição.)
B. Que idade tinha a
médium Florence Cook
à época das
experiências com
Katie King?
Miss Cook era,
segundo Crookes, uma
inocente colegial de
quinze anos, fato
que não impediu que
ela se submetesse
durante 3 anos às
experiências
conduzidas pelo
notável sábio.
(Obra citada, Quarta
Parte, Cap. III – O
perispírito durante
a desencarnação –
Sua composição.)
C. Que diferença
existe entre o
conceito de fluido
dado pela Física e o
conceito que o
Espiritismo dá a
essa palavra?
Em Física, fluidos
são os corpos
líquidos e gasosos,
mas o Espiritismo dá
a essa palavra uma
significação
especial, ou seja,
chamamos fluidos aos
estados da matéria
em que ela é mais
rarefeita do que no
estado conhecido sob
o nome de gás.
(Obra citada, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante
a desencarnação –
Sua composição.)
Texto para leitura
643. Eis outro ponto
a destacar nas
experiências de
Crookes com respeito
às materializações
de Katie King: “Uma
noite contei as
pulsações de Katie:
seu pulso batia
regularmente 75,
enquanto o de Miss
Cook, poucos
instantes depois,
atingia 90, sua
cifra habitual.
Apoiando o ouvido ao
peito de Katie, pude
escutar um coração
bater no interior e
suas pulsações eram
ainda mais regulares
que as do coração de
Miss Cook, quando,
depois da sessão,
ela me permitiu a
mesma experiência.
Examinados, do mesmo
modo, os pulmões de
Katie se mostraram
mais sãos que os da
médium, porque, no
momento, Miss Cook
seguia um tratamento
médico, em virtude
de forte resfriado”.
644. O dia em que
Katie despediu-se do
grande sábio foi por
ele devidamente
registrado: “Quando
chegou o momento de
Katie dizer-nos
adeus, pedi-lhe o
favor de ser o
último a vê-la. Por
isso, depois de
chamar cada pessoa
da sociedade e
dizer-lhe palavras
em particular, deu
ela instruções
gerais sobre nossa
direção futura e a
proteção que deveria
ser dispensada a
Miss Cook. Destas
instruções, que
foram
estenografadas, cito
a seguinte: Crookes
sempre agiu muito
bem, e é com a maior
confiança que deixo
Florence em suas
mãos, perfeitamente
certa de que ele não
abusará da confiança
que nele deposito.
Em todas as
circunstâncias
imprevistas, ele
poderá fazer melhor
do que eu mesma,
porque ele tem mais
força. Terminadas
suas instruções,
convidou-me a entrar
consigo no gabinete
e permitiu-me que aí
ficasse até o fim.
Depois de fechar a
cortina, conversou
comigo algum tempo,
e atravessou o
quarto para ir onde
estava Miss Cook,
que jazia inanimada
no chão.
Inclinando-se sobre
ela, Katie tocou-a e
disse-lhe: – Acorde,
Florence, acorde. É
preciso, agora, que
eu a deixe. Miss
Cook despertou e,
debulhada em
lágrimas, suplicou a
Katie que ficasse
ainda algum tempo. –
Querida, não o posso
mais: está cumprida
minha missão. Que
Deus lhe abençoe.
Conversaram durante
algum tempo, até que
as lágrimas da Srta.
Cook a impediram de
falar. tendendo às
instruções de Katie,
atirei-me para
segurar Miss Cook
que estava prestes a
cair e soluçava
convulsivamente.
Olhei em tomo, mas
Katie e sua veste
branca haviam
desaparecido”.
645. Com respeito à
médium, Crookes
escreveu o seguinte:
“As sessões quase
diárias, com que
Miss Cook me
favoreceu
ultimamente,
esgotaram-lhe as
forças. Quero que se
saiba o muito que
lhe devo pela sua
boa vontade, durante
as experiências.
Submetia-se de boa
mente a qualquer
prova que lhe
propunha. Sua
palavra é franca e
nunca lhe notei a
menor aparência do
desejo de enganar.
Não creio que ela
pudesse levar uma
fraude ao fim e, se
o tentasse, seria
logo descoberta,
porque tal maneira
de proceder é
inteiramente
estranha à sua
natureza. E quanto a
pensar que uma
inocente colegial de
quinze anos fosse
capaz de conceber e
sustentar, durante 3
anos, com pleno
êxito, tão
gigantesca
impostura, e que
durante esse tempo
se tivesse submetido
a todas as
imposições que dela
se exigiram,
suportado as mais
minuciosas
pesquisas, deixando
ser inspecionada,
não importava o
momento, antes ou
depois das sessões;
que tivesse obtido
mais êxito, ainda,
em minha casa que na
de seus pais,
sabendo que ela ia
ali, expressamente,
para se submeter a
rigorosos ensaios
científicos;
imaginar que a Katie
King dos três
últimos anos é o
resultado de uma
impostura, faz isto
mais violência à
razão e ao bom senso
do que acreditar que
ela é o que afirma
ser”.
646. Comentando tais
fatos, Delanne
lembra que o
Espírito de Katie
King
materializou-se, não
mais em luz
duvidosa, mas em
pleno brilho da luz
elétrica. Seu corpo
era tão real e
tangível como o de
Crookes, visto que
se lhe ouvia o bater
do coração. Temos,
pois, que admitir a
possibilidade da
materialização
temporária dos
Espíritos; mas uma
condição já se
deduz: é preciso um
médium. Sempre que
observamos casos de
aparições, podemos,
sem receio, afirmar
que há um médium
próximo.
647. Quando
interrogamos os
Espíritos sobre a
natureza do
perispírito, eles
nos respondem que
este é tirado do
fluido universal do
planeta que
habitamos. À
primeira vista
parece que isto
pouca coisa nos
adianta, mas,
estudando a fundo o
assunto, vamos ver
que eles estão
certos.
648.Os Espíritos
entendem por fluido
universal uma
matéria primitiva,
da qual provêm todos
os corpos por
transformações
sucessivas. Para que
se justifique esta
concepção, é preciso
demonstrar: 1º - que
a matéria pode
existir em estados
diferentes,
simplificando-se sem
cessar até o estado
inicial; 2º - que a
infinita variedade
dos corpos pode ser
reconduzida a uma
única matéria.
649. Estabelecidas
cientificamente
estas proposições, a
existência do fluido
universal não será
mais contestável. A
primeira pergunta a
fazer-se é a
seguinte: Há
fluidos? É quase
impossível duvidar,
depois das
experiências de
Crookes e dos fatos
já narrados, mas que
se deverá entender
por esta expressão?
Em física, fluidos
são os corpos
líquidos e gasosos,
mas aqui devemos dar
a esta palavra uma
significação
especial, que é útil
bem definir.
Chamamos fluidos aos
estados da matéria
em que ela é mais
rarefeita do que no
estado conhecido sob
o nome de gás. É
justificada essa
concepção?
650. Para responder,
escutemos Faraday.
Eis como ele se
expressava em 1816:
“Se imaginarmos um
estado da matéria
tão afastado do
estado gasoso quanto
é este do estado
líquido, tendo em
conta, bem
entendido, o
acréscimo de
diferença que se
produz à medida que
o grau da mudança se
eleva, poderemos,
talvez, desde que
nossa imaginação
chegue até aí,
conceber mais ou
menos a matéria
radiante; e, assim,
como ao passar do
estado líquido ao
gasoso, a matéria
perde grande número
de suas qualidades,
mais ainda deve
perder nesta última
transformação”.
651. Essa arrojada
concepção foi
desenvolvida pelo
grande físico nos
anos seguintes e
pode-se ler, nas
suas cartas,
compiladas por Bence
Jones, este trecho:
“Posso assinalar
aqui uma progressão
notável nas
propriedades físicas
que acompanham as
mudanças de estado;
talvez ela baste
para levar os
espíritos inventivos
e ousados a
acrescentar o estado
radiante aos outros
estados da matéria
já conhecidos. À
medida que nos
elevamos do estado
sólido ao líquido e
deste ao gasoso,
vemos diminuir o
número e a variedade
das propriedades
físicas dos corpos;
cada estado
apresenta menos
algumas que o
precedente. Quando
os sólidos se
transformam em
líquidos, todas as
graduações de rijeza
e moleza cessam
necessariamente de
existir; todas as
formas cristalinas
ou outras
desaparecem. A
opacidade ou a cor
são substituídas,
muitas vezes, por
uma transparência
incolor e as
moléculas adquirem,
por assim dizer, uma
mobilidade completa.
Se considerarmos o
estado gasoso, vemos
aniquilados grande
número de caracteres
evidentes dos
corpos. As imensas
diferenças que
existem entre seus
pesos desaparecem
quase inteiramente.
Apagam-se os traços
das diferentes cores
que tinham. Desde
então todos os
corpos ficam
transparentes e
elásticos. Eles não
formam mais que um
mesmo gênero de
substâncias, e as
diferenças de
rijeza, opacidade,
cor, elasticidade e
forma, que tornam
quase infinito o
número dos sólidos e
dos líquidos, são
desde então
substituídas por
fracas variações de
peso e alguns
matizes sem
importância. Assim,
para os que admitem
o estado radiante da
matéria, a
simplicidade dos
problemas que
caracterizam esse
estado, longe de ser
uma dificuldade, é
antes um argumento
em favor de sua
existência.
Verificaram até
agora um
desaparecimento
gradual das
propriedades da
matéria, à medida
que esta se eleva na
escala das formas, e
ficariam surpresos
se esse efeito
cessasse no estado
gasoso. Viram a
Natureza fazer os
maiores esforços
para simplificar-se
em cada mudança de
estado e pensam que,
na passagem do
estado gasoso ao
radiante, esse
esforço deve ser
mais considerável”.
652. O que era
hipótese para
Faraday é certeza
para nós. Crookes,
demonstrando a
existência da
matéria radiante,
pôs fora de dúvida a
existência dos
fluidos. Os corpos,
com efeito, não
mudam bruscamente de
estado, não passam
instantaneamente do
sólido para o
líquido; a maior
parte ocupa uma
posição
intermediária,
chamada estado
pastoso. Da mesma
maneira, os líquidos
não se transformam
em gás, sem que seja
possível apreciar as
gradações que
separam esses dois
estados. Os vapores
são disso um
exemplo. Mas a
diferença entre
líquidos e gases é
ainda diminuída
pelas experiências
feitas por Charles
Andrew, que mostrou
que, em certos
corpos, há mistura
de estado líquido e
gasoso, de maneira a
não se poder
distinguir se o
corpo pertence a um
ou ao outro estado.
A lei de analogia
nos leva, pois, a
admitir que entre os
gases e o estado
radiante existe
matéria em
diferentes estados
de rarefação, desde
os mais grosseiros,
que se aproximam dos
gases, aos mais
puros que estão no
estado radiante.
653. Se mostrarmos
que as propriedades
químicas seguem a
mesma ordem de
progressão
decrescente, à
medida que se sobe
na escala das
famílias químicas,
dizendo de outro
modo, se fizermos
ver que pode-se
supor que não existe
senão uma só
matéria, da qual
derivam todos os
corpos que
conhecemos, por
transformações
sucessivas,
estaremos bem perto
de tocar o fluido
universal de que nos
falam os Espíritos.
654. Vejamos se a
unidade de matéria é
uma ideia aceitável.
O sábio químico
Wurtz escreveu na
Teoria Atômica: “A
ideia da unidade de
matéria é renovada,
proveniente de
Descartes, porquanto
é uma verdade que,
quando se trata do
eterno e insolúvel
problema da matéria,
o espírito humano
parece girar dentro
de um círculo,
perpetuando-se as
mesmas ideias
através dos tempos e
apresentando-se sob
formas
rejuvenescidas às
inteligências de
elite que têm
procurado sondar
este problema”.
655. Muitos sábios
modernos foram
levados, por suas
pesquisas, à
conclusão de que se
deve admitir a
unidade da matéria.
Examinando, com
efeito, as relações
que existem entre as
diferentes famílias
químicas dos corpos,
seremos obrigados a
aplicar-lhes, por
analogia, as mesmas
leis transformistas
das famílias
naturais dos
animais. É que
temos, em nossa
época, uma
invencível tendência
para a síntese e
para a
simplificação. Tanto
quanto os antigos
multiplicavam as
causas, nós temos
hoje o cuidado de
eliminá-las. Mas não
basta supor, é
preciso ter provas.
656. Uma das mais
fortes que se podem
fornecer é a que se
chama, em química,
estados alotrópicos.
Certas substâncias
podem ter
propriedades
inteiramente
diferentes, sem
mudar de natureza,
quimicamente
falando. Assim, o
fósforo pode
apresentar aspecto
vermelho, branco ou
preto, conforme a
maneira de
prepará-lo. O que há
de mais notável é
que o fósforo
vermelho e o fósforo
ordinário apresentam
tais diferenças que
seríamos tentados a
considerá-los
distintos;
analisados,
entretanto, pelos
mais precisos
métodos, não
apresentam diferença
alguma: são sempre
fósforo. A
transformação se
opera expondo-se no
vazio barométrico o
fósforo branco à
ação dos raios do
Sol; cremos que
nenhum caso melhor
demonstraria que as
propriedades dos
corpos são devidas
apenas ao arranjo
dos átomos que os
estruturam. O ozônio
é também uma
modificação
alotrópica do
oxigênio. O carbono
mostra tão múltiplos
aspectos,
propriedades tão
diferentes nos
alotrópicos que
forma, que só é
reconhecido pela sua
infusibilidade e
pela propriedade de
produzir ácido
carbônico, queimando
no oxigênio. Ele se
apresenta, a
princípio,
cristalizado, é o
diamante; depois sob
a forma de grafite,
antracite, coque, pó
de sapato, carvão...
Todos esses corpos
têm composição
idêntica, mas
apresentam
propriedades
diferentes, segundo
o modo de reunião de
seus átomos. Somos,
pois, induzidos a
crer que só existe
uma única matéria,
revestindo,
entretanto, aspectos
diferentes. Eis uma
observação que
demonstra estarmos
com a verdade.
657. Tratando da
análise espectral,
Zoborowski refere as
seguintes
experiências: Com o
fim de determinar as
temperaturas das
diversas partes do
Sol, tomaram-se
fotografias dos
espectros dessas
diferentes partes.
Cada corpo em
combustão assinala,
como se sabe, sua
presença, na luz
decomposta em seus
elementos ou
espectral, por raias
particulares.
Demonstrou-se que “o
alargamento das
raias da platina é
correlativo à
elevação da
temperatura”. Foi,
assim, possível
tirarem-se, com
proveito,
fotografias dos
espectros de grande
número de estrelas.
E, de conformidade
com a hipótese de
Laplace,
verificou-se que
esses astros estão
em diferentes
estados de
condensação. As
estrelas brancas,
mais ardentes,
contêm hidrogênio em
abundância e em alta
pressão; as estrelas
brilhantes se
aproximam da
constituição do
nosso Sol; as
estrelas
avermelhadas são
muito menos quentes.
Apagando-se, passam
ao estado dos
planetas obscuros.
Nasceram das
nebulosas. É pelo
menos a grande
hipótese clássica
desde Laplace. Essa
hipótese, porém, só
será verificável
porque a fotografia,
permitindo que se
apanhem e conservem
as imagens das
nebulosas em
diversas épocas,
através dos séculos,
dar-nos-á os meios
de seguir as
transformações
destas matérias
cósmicas, espécie de
protoplasma que gera
os mundos.
658. Com um fim um
pouco diferente,
Lockyer (1879) e
Huggins (1882)
fotografaram os
espectros de uma
série de nebulosas,
das mais densas às
mais rarefeitas;
chegaram a
reconhecer que o
número dos corpos
simples diminui à
medida que se passa
das primeiras às
segundas. Os
espectros
fotográficos dos
mais rarefeitos só
revelam hidrogênio e
fósforo. É
verdadeiramente a
confirmação das
vistas expostas mais
acima sobre a
unidade da matéria.
A correlação
assinalada por
Faraday, entre o
estado cada vez mais
rarefeito da matéria
e a perda conexa das
principais
propriedades que a
caracterizavam,
dá-nos o direito de
dizer que existe um
estado radiante da
matéria que forma o
fluido universal. É
desse meio que é
tirado o
perispírito.
(Continua no próximo
número.)