MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
35)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Quantos e quais são
os tipos de dores que
acometem a Humanidade?
Há, segundo Druso, três
tipos: a dor-evolução, a
dor-expiação e a
dor-auxílio.
(Ação e Reação, cap. 19,
pp. 260 a 262.)
B. Que diferenças
existem entre os tipos
de dores citados?
A dor-evolução atua de
fora para dentro,
aprimorando o ser, e sem
ela não haveria
progresso. O ferro sob o
malho, a semente na
cova, o animal em
sacrifício, tanto
quanto a criança
chorando, irresponsável
ou semiconsciente, para
desenvolver os próprios
órgãos, sofrem a
dor-evolução. A
dor-expiação vem de
dentro para fora,
marcando a criatura no
caminho dos séculos,
detendo-a em complicados
labirintos de aflição,
para regenerá-la,
perante a Justiça.
Quanto à dor-auxílio,
disse Druso: "Em muitas
ocasiões, no decurso da
luta humana, nossa alma
adquire compromissos
vultosos nesse ou
naquele sentido.
Habitualmente, logramos
vantagens em
determinados setores da
experiência, perdendo em
outros. Às vezes,
interessamo-nos
vivamente pela
sublimação do próximo,
olvidando a melhoria de
nós mesmos. É assim que,
pela intercessão de
amigos devotados à nossa
felicidade e à nossa
vitória, recebemos a
bênção de prolongadas e
dolorosas enfermidades
no envoltório físico,
seja para evitar-nos a
queda no abismo da
criminalidade, seja,
mais frequentemente,
para o serviço
preparatório da
desencarnação, a fim de
que não sejamos colhidos
por surpresas
arrasadoras, na
transição da morte. O
enfarte, a trombose, a
hemiplegia, o câncer
penosamente suportado, a
senilidade prematura e
outras calamidades da
vida orgânica
constituem, por vezes,
dores-auxílio, para que
a alma se recupere de
certos enganos em que
haja incorrido na
existência do corpo
denso, habilitando-se,
através de longas
reflexões e benéficas
disciplinas, para o
ingresso respeitável na
Vida Espiritual".
(Obra citada, cap. 19,
pp. 260 a 262.)
C. Como foi o reencontro
de Druso com sua
ex-esposa Aída?
O encontro foi
extremamente comovente.
Aída – então
desencarnada – trazia o
corpo seviciado, que
imundos trapos mal
cobriam, as mãos com os
dedos em forma de garras
e o semblante alterado
por terrível
hipertrofia. A mulher
exalava nauseante bafio.
Ao ver Druso, que a
afagava, ela gritou: "Druso!...
Druso!... compadece-te
de mim!..." Surpresos
com o fato, André e seus
amigos viram o amigo
cambalear, quase
desfalecente, como se
fora atingido por
invisíveis raios de
angústia e morte. Silas,
que se fizera lívido,
avançou para ele,
enlaçando-lhe o busto,
como se lhe temesse a
queda. Algo ocorria ali,
cujo sentido, de pronto,
André não pôde entender.
(Obra citada, cap. 20,
pp. 265 e 266.)
Texto para leitura
125. Há três tipos de
dores - Hilário
aludiu às moléstias que
acometem os animais,
como a aftosa, a raiva,
a pneumonia. Druso
lembrou-lhe também as
enfermidades próprias ao
reino vegetal e
elucidou: "A dor é
ingrediente dos mais
importantes na economia
da vida em expansão. O
ferro sob o malho, a
semente na cova, o
animal em sacrifício,
tanto quanto a criança
chorando, irresponsável
ou semiconsciente, para
desenvolver os próprios
órgãos, sofrem a
dor-evolução, que atua
de fora para dentro,
aprimorando o ser, sem a
qual não existiria
progresso. Em nosso
estudo, porém,
analisamos a
dor-expiação, que vem de
dentro para fora,
marcando a criatura no
caminho dos séculos,
detendo-a em complicados
labirintos de aflição,
para regenerá-la,
perante a Justiça... É
muito diferente..."
Druso mencionou, por
fim, a dor-auxílio,
dizendo, ante a surpresa
de André e Hilário: "Em
muitas ocasiões, no
decurso da luta humana,
nossa alma adquire
compromissos vultosos
nesse ou naquele
sentido. Habitualmente,
logramos vantagens em
determinados setores da
experiência, perdendo em
outros. Às vezes,
interessamo-nos
vivamente pela
sublimação do próximo,
olvidando a melhoria de
nós mesmos. É assim que,
pela intercessão de
amigos devotados à nossa
felicidade e à nossa
vitória, recebemos a
bênção de prolongadas e
dolorosas enfermidades
no envoltório físico,
seja para evitar-nos a
queda no abismo da
criminalidade, seja,
mais frequentemente,
para o serviço
preparatório da
desencarnação, a fim de
que não sejamos colhidos
por surpresas
arrasadoras, na
transição da morte. O
enfarte, a trombose, a
hemiplegia, o câncer
penosamente suportado, a
senilidade prematura e
outras calamidades da
vida orgânica
constituem, por vezes,
dores-auxílio, para que
a alma se recupere de
certos enganos em que
haja incorrido na
existência do corpo
denso, habilitando-se,
através de longas
reflexões e benéficas
disciplinas, para o
ingresso respeitável na
Vida Espiritual". (Cap.
19, pp. 260 a 262)
126. Três anos na
Mansão - Durante
três anos André e
Hilário estiveram quase
que diariamente na
Mansão Paz, onde puderam
recolher, com a ajuda de
Druso e Silas,
experiências e
apontamentos sublimes.
Vezes houve em que a
casa tremia nos
alicerces sob convulsões
magnéticas
indescritíveis e,
noutras ocasiões, sob o
ataque de legiões
ferozes, parecia uma
fortaleza, em regime de
sítio inquietante, que
só a Misericórdia
Divina poderia salvar.
Em quaisquer
emergências, no entanto,
Druso convocava todos à
oração e essas preces
nunca ficaram sem
resposta. Suprimentos e
recursos, diretrizes e
bálsamos fluíam
invariavelmente dos
Planos Superiores,
amparando-lhes a
necessidade ou
subtraindo-os à
indecisão. O diretor da
casa sabia ser firme sem
ser ríspido, justo sem
ser parcial, bondoso sem
ser fraco. Valorizava
não apenas o conselho
dos grandes Espíritos
que visitavam o
instituto, mas também os
votos humildes dos
míseros sofredores que
lhe batiam à porta.
Druso desdobrava-se no
serviço e era, ao mesmo
tempo, o conselheiro
devotado de todos os
assessores, o médico dos
internados, o mentor das
expedições e o
enfermeiro tolerante e
simples, sempre que as
circunstâncias o
exigissem. Era, porém,
junto à cabeceira dos
desditosos irmãos,
recolhidos nos
tenebrosos
desfiladeiros, que Druso
se fazia mais assíduo.
(Cap. 20, pp. 263 e
264)
127. O caso Aída
- Druso inclinava-se
sobre os infelizes,
sempre com a mesma
ternura. Depois da
oração costumeira,
articulava operações
magnéticas assistenciais
e, em seguida, com a
devida segurança,
interrogava os
recém-recolhidos. Duas,
três, quatro horas
despendia ele,
pessoalmente, cada
noite, no trabalho
socorrista que
considerava sagrado, sem
que nenhum dos
companheiros encontrasse
a menor oportunidade de
substituí-lo. Exceto
ele, os demais se
revezavam no serviço de
amparo e consulta aos
irmãos enlouquecidos...
Certa noite, pobre
mulher cadaverizada foi
trazida pelos
enfermeiros espirituais
à sala onde se
processava o socorro
habitual aos infelizes.
O corpo seviciado, que
imundos trapos mal
cobriam, as mãos com os
dedos em forma de garras
e o semblante alterado
por terrível hipertrofia
falavam dos tormentos de
que ela fora vítima. A
infortunada criatura,
que depois disse
chamar-se Aída, exalava
nauseante bafio.
(1)
Druso, no entanto, como
acontecia noutros
casos, afagou-lhe a
fronte com paternal
carinho, antes da
aplicação de passes, em
que a estimulou ao
necessário
despertamento. A boca
hirta, arrastada
hipnoticamente à
movimentação,
descerrou-se, de leve,
e gritou: "Druso!...
Druso!... compadece-te
de mim!..." Surpresos
com o fato, André e seus
amigos viram o diretor
cambalear, quase
desfalecente, como se
fora atingido por
invisíveis raios de
angústia e morte. Silas,
que se fizera lívido,
avançou para ele,
enlaçando-lhe o busto,
como se lhe temesse a
queda. Algo ocorria ali,
cujo sentido, de pronto,
André não pôde entender.
Druso ergueu os olhos
para o Alto, em prece
silenciosa, e logo
perguntou à infeliz:
"Irmã, que tens a
dizer-nos?" A
interpelada, parecendo
temer a presença de
inimigos ocultos, clamou
triste: "Tragam meu
esposo!... Druso me
perdoará... Estou
cansada, vencida... Por
amor de Deus,
libertem-me!...
Libertem-me!... Quero
ar!... ar puro!... Não
terei pago
suficientemente o meu
crime? Não creio que
Deus nos criasse para o
inferno sem-fim. Se
errei, conscientemente,
adquirindo grande culpa,
não desconheço... que
as minhas penas
reparadoras... têm sido
igualmente enormes!...
Conduzam-me à presença
de meu esposo... para
que me ajoelhe... Druso
retirar-me-á do local
dos réprobos...
Compreenderá que não sou
assim tão cruel, como
querem que eu seja...
Meu marido era
sumamente bondoso,
tratava-me como um
pai!... Há quantos anos
padeço, ó Senhor!? Tu
que curaste os leprosos
e os endemoninhados,
estende-me os braços de
amor! Retira-me do
inferno a que fui
arrastada!... Ajuda-me,
ó Cristo!... Deixa que
eu recolha do esposo que
humilhei o perdão de que
necessito, para que a
minha consciência possa
orar com fervor!... O
remorso é fogo que me
consome!... Piedade!...
Piedade!...
Piedade!..." (Cap. 20,
pp. 265 e 266)
(Continua no próximo
número.)
(1)
Bafio significa: mofo,
bolor, cheiro
característico da
umidade.