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Estudando a série André Luiz
Ano 5 - N° 235 - 13 de Novembro de 2011

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Ação e Reação

André Luiz

(Parte 35)

Damos continuidade nesta edição ao estudo da obra Ação e Reação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Quantos e quais são os tipos de dores que acometem a Humanidade?

Há, segundo Druso, três tipos: a dor-evolução, a dor-expiação e a dor-auxílio. (Ação e Reação, cap. 19, pp. 260 a 262.)

B. Que diferenças existem entre os tipos de dores citados?

A dor-evolução atua de fora para dentro, aprimorando o ser, e sem ela não haveria progresso. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifí­cio, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução. A dor-expiação vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça. Quanto à dor-auxílio, disse Druso: "Em muitas oca­siões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vul­tosos nesse ou naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da experiência, perdendo em outros. Às vezes, in­teressamo-nos vivamente pela sublimação do próximo, olvidando a melho­ria de nós mesmos. É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolonga­das e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitá­vel na Vida Espiritual". (Obra citada, cap. 19, pp. 260 a 262.) 

C. Como foi o reencontro de Druso com sua ex-esposa Aída?

O encontro foi extremamente comovente. Aída – então desencarnada – trazia o corpo seviciado, que imundos trapos mal cobriam, as mãos com os dedos em forma de garras e o semblante alterado por terrível hipertrofia. A mulher exalava nauseante bafio. Ao ver Druso, que a afagava, ela gritou: "Druso!... Druso!... compadece-te de mim!..." Surpresos com o fato, André e seus amigos viram o amigo cambalear, quase desfalecente, como se fora atingido por invisíveis raios de angústia e morte. Silas, que se fizera lívido, avançou para ele, enlaçando-lhe o busto, como se lhe temesse a queda. Algo ocorria ali, cujo sentido, de pronto, André não pôde entender. (Obra citada, cap. 20, pp. 265 e 266.) 

Texto para leitura 

125. Há três tipos de dores - Hilário aludiu às moléstias que aco­metem os animais, como a aftosa, a raiva, a pneumonia. Druso lem­brou-lhe também as enfermidades próprias ao reino vegetal e elucidou: "A dor é ingrediente dos mais importantes na economia da vida em ex­pansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifí­cio, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria pro­gresso. Em nosso estudo, porém, analisamos a dor-expiação, que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça... É muito diferente..." Druso mencionou, por fim, a dor-auxílio, dizendo, ante a surpresa de André e Hilário: "Em muitas oca­siões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vul­tosos nesse ou naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da experiência, perdendo em outros. Às vezes, in­teressamo-nos vivamente pela sublimação do próximo, olvidando a melho­ria de nós mesmos. É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolonga­das e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitá­vel na Vida Espiritual". (Cap. 19, pp. 260 a 262) 

126. Três anos na Mansão - Durante três anos André e Hilário esti­veram quase que diariamente na Mansão Paz, onde puderam recolher, com a ajuda de Druso e Silas, experiências e apontamentos sublimes. Vezes houve em que a casa tremia nos alicerces sob convulsões magnéticas in­descritíveis e, noutras ocasiões, sob o ataque de legiões ferozes, pa­recia uma fortaleza, em regime de sítio inquietante, que só a Miseri­córdia Divina poderia salvar. Em quaisquer emergências, no entanto, Druso convocava todos à oração e essas preces nunca ficaram sem res­posta. Suprimentos e recursos, diretrizes e bálsamos fluíam invaria­velmente dos Planos Superiores, amparando-lhes a necessidade ou subtraindo-os à indecisão. O diretor da casa sabia ser firme sem ser rís­pido, justo sem ser parcial, bondoso sem ser fraco. Valorizava não apenas o conselho dos grandes Espíritos que visitavam o instituto, mas também os votos humildes dos míseros sofredores que lhe batiam à porta. Druso desdobrava-se no serviço e era, ao mesmo tempo, o conse­lheiro devotado de todos os assessores, o médico dos internados, o mentor das expedições e o enfermeiro tolerante e simples, sempre que as circunstâncias o exigissem. Era, porém, junto à cabeceira dos des­ditosos irmãos, recolhidos nos tenebrosos desfiladeiros, que Druso se fazia mais assíduo. (Cap. 20, pp. 263 e 264) 

127. O caso Aída - Druso inclinava-se sobre os infelizes, sempre com a mesma ternura. Depois da oração costumeira, articulava operações magnéticas assistenciais e, em seguida, com a devida segurança, inter­rogava os recém-recolhidos. Duas, três, quatro horas despendia ele, pessoalmente, cada noite, no trabalho socorrista que considerava sagrado, sem que nenhum dos companheiros encontrasse a menor oportuni­dade de substituí-lo. Exceto ele, os demais se revezavam no serviço de amparo e consulta aos irmãos enlouquecidos... Certa noite, pobre mu­lher cadaverizada foi trazida pelos enfermeiros espirituais à sala onde se processava o socorro habitual aos infelizes. O corpo sevi­ciado, que imundos trapos mal cobriam, as mãos com os dedos em forma de garras e o semblante alterado por terrível hipertrofia falavam dos tormentos de que ela fora vítima. A infortunada criatura, que depois disse chamar-se Aída, exalava nauseante bafio. (1) Druso, no entanto, como acon­tecia noutros casos, afagou-lhe a fronte com paternal carinho, antes da aplicação de passes, em que a estimulou ao necessário desperta­mento. A boca hirta, arrastada hipnoticamente à movimentação, descer­rou-se, de leve, e gritou: "Druso!... Druso!... compadece-te de mim!..." Surpresos com o fato, André e seus amigos viram o diretor cambalear, quase desfalecente, como se fora atingido por invisíveis raios de angústia e morte. Silas, que se fizera lívido, avançou para ele, enlaçando-lhe o busto, como se lhe temesse a queda. Algo ocorria ali, cujo sentido, de pronto, André não pôde entender. Druso ergueu os olhos para o Alto, em prece silenciosa, e logo perguntou à infeliz: "Irmã, que tens a dizer-nos?" A interpelada, parecendo temer a pre­sença de inimigos ocultos, clamou triste: "Tragam meu esposo!... Druso me perdoará... Estou cansada, vencida... Por amor de Deus, libertem-me!... Libertem-me!... Quero ar!... ar puro!... Não terei pago sufi­cientemente o meu crime? Não creio que Deus nos criasse para o inferno sem-fim. Se errei, conscientemente, adquirindo grande culpa, não des­conheço... que as minhas penas reparadoras... têm sido igualmente enormes!... Conduzam-me à presença de meu esposo... para que me ajo­elhe... Druso retirar-me-á do local dos réprobos... Compreenderá que não sou assim tão cruel, como querem que eu seja... Meu marido era su­mamente bondoso, tratava-me como um pai!... Há quantos anos padeço, ó Senhor!? Tu que curaste os leprosos e os endemoninhados, estende-me os braços de amor! Retira-me do inferno a que fui arrastada!... Ajuda-me, ó Cristo!... Deixa que eu recolha do esposo que humilhei o perdão de que necessito, para que a minha consciência possa orar com fervor!... O remorso é fogo que me consome!... Piedade!... Piedade!... Pie­dade!..." (Cap. 20, pp. 265 e 266)  (Continua no próximo número.)

(1) Bafio significa: mofo, bolor, cheiro característico da umidade.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita