Ricos,
ouvi
Emílio de Menezes
Aflito peregrim, que na
carne conservas
Cofre, arca, tesouro e
riquezas humanas,
Converte em pão e luz
pecúlios e reservas
Em prol de quem padece à
míngua nas choupanas.
Criaturas, na Terra,
existem como servas
Atadas ao grilhão da
posse, em feras ganas,
No sinistro prazer das
mentiras protervas
(1),
Aos priscos sonhos vis
das ilusões vesanas.
(2)
Ao homem que se esquece
e jamais se vigia,
A fortuna mais alta é
cárcere e desdouro...
Enriquece de amor a
existência vazia.
Destruirás, desde agora,
o ergástulo vindouro
Que encerra a alma
infeliz nas raias da
agonia,
Qual soterrado vivo em
mausoléu de ouro.
(1)
Proterva - impudente,
petulante, insolente,
descarada.
(2)
Vesana - demente,
insensata, delirante;
que revela vesânia.
Emílio de Menezes nasceu
em Curitiba-PR em 4 de
julho de 1866 e faleceu
no Rio de Janeiro-RJ em
6 de junho de 1918. O
soneto acima integra o
livro Antologia dos
Imortais, obra
psicografada por Waldo
Vieira e Francisco
Cândido Xavier.
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