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O Espiritismo responde
Ano 5 - N° 236 - 20 de Novembro de 2011
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)



Uma leitora de Sydney, Austrália, deseja saber por que a água magnetizada e o passe magnético, embora sem o aval de Kardec, são admitidos nos Centros Espíritas, enquanto que a cromoterapia, a cristalterapia e outras terapias alternativas não o são. “Não serão elas a mesma coisa?”, indaga a leitora.

O passe magnético e outros recursos que vieram do Magnetismo para o Espiritismo não foram estranhos a Kardec, que tratou do tema, em todas as suas minúcias, em seus textos, especialmente nos que foram publicados na Revue Spirite.

Lendo-os, percebemos que a imposição de mãos era utilizada largamente, em sua época, no tratamento dos processos obsessivos. Dentre estes, vale a pena mencionar o caso Valentine Laurent, uma jovem que fora tratada inicialmente pelo Sr. Dombre por meio da imposição de mãos, procedimento que se verificou, porém, insuficiente, uma vez que no tratamento da obsessão é preciso algo mais para se obter a cura.

À margem do caso, quando publicou o relatório que lhe fora enviado pelo Sr. Dombre,  Kardec escreveu: “Para que teria servido o magnetismo se a causa tivesse subsistido?” “Era preciso primeiro – aduziu o Codificador – destruir a causa, antes de atacar os efeitos, ou, pelo menos, agir sobre ambos simultaneamente”, mostrando que o magnetismo, por si só, seria incapaz de curar as obsessões graves, embora fosse um ingrediente importante no processo.

Tal pensamento foi, meses depois, consagrado por Kardec quando ele tratou do assunto no cap. XXVIII, item 81 e seguintes, de seu livro O Evangelho segundo o Espiritismo, no qual escreveu: “Nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro fluido mau. Mediante ação idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, cumpre se elimine o fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo”.

Depois de Kardec, autores diversos – encarnados e desencarnados –, especialmente os que se manifestaram por intermédio de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, mostraram em suas obras a importância do passe e da água fluidificada, confirmando assim o entendimento exposto nos textos de autoria do Codificador do Espiritismo.

Para não alongar em demasia estas explicações, basta mencionemos aqui as questões 98 e 103 do livro O Consolador, de Emmanuel, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, na qual seu mentor espiritual tratou dos dois assuntos.

Eis o conteúdo das mencionadas questões:

98 – Nos processos de cura, como deveremos compreender o passe?

- Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.

103 – No tratamento ministrado pelos Espíritos amigos, a água fluidificada, para um doente, terá o mesmo efeito em outro enfermo?

- A água pode ser fluidificada, de modo geral, em benefício de todos; todavia, pode sê-lo em caráter particular para determinado enfermo, e, neste caso, é conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo.

Lembremos que, na terminologia espírita, água magnetizada e água fluidificada são termos equivalentes.

No tocante às terapias citadas pela leitora, além de estranhas à obra kardequiana, são, pelo que sabemos, estranhas também a Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis e demais autores que se têm manifestado sobre os processos terapêuticos próprios do Espiritismo.

Isso não quer dizer que essas terapias não tenham validade. Significa apenas que elas constituem práticas estranhas às obras fundamentais e subsidiárias do Espiritismo e, por isso, não há por que adotá-las nos Centros Espíritas que buscam orientar-se pela doutrina exposta na obra de Kardec, Denis, Delanne, Emmanuel, André Luiz e demais autores de idêntica credibilidade.


 


 
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