WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 238 - 4 de Dezembro de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 31)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Quais são, em filosofia, os principais sistemas que buscam explicar a vida no homem? 

São eles: 1º - o vitalista; 2º - o organicista; 3º - o animista. Observamos, porém, que todos eles são insuficientes, porque se limitam a encarar uma só face da questão, em lugar de vê-la no conjunto.  (O Espiritismo perante a Ciência, Quarta Parte, Cap. IV – Hipótese.) 

B. Em que consiste o sistema animista? 

O sistema animista explica tudo pela ação única, consciente ou inconsciente da alma. De fato, os fenômenos intelectuais são o produto direto da alma, mas as ações da vida orgânica devem ser atribuídas a outra causa, porque não se pode compreender que uma força imaterial exerça ação sobre a matéria do corpo. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. IV – Hipótese.) 

C. Qual é, segundo os ensinos espíritas, a causa da vida vegetativa? 

O princípio vital, eis a causa da vida vegetativa. É preciso compreender, porém, de que modo se exercem as ações automáticas que se passam no corpo humano. A noção do perispírito nos faz perceber como o duplo fluídico pode ser considerado o regulador da vida orgânica, o que, até certo ponto, dá razão ao sistema organicista. Enfim, o partidários do sistema animista podem aliar-se conosco, dada a maneira pela qual explicamos a ação da alma sobre o corpo. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. IV – Hipótese.) 

Texto para leitura 

715. Em filosofia existe, para explicar a vida no homem, à parte o materialismo, três sistemas diferentes: 1º - os vitalistas; 2º - os organicistas; 3º - os animistas. Passemos rapidamente em revista estas diferentes escolas.

716. Sabe-se, de modo geral, que o corpo cresce como os vegetais, sente e se move como o animal e, enfim, que tem uma existência superior, que reside na vida intelectual. É preciso, pois, que o sistema que explica o homem físico e moral abrace essas três ordens de fatos. Vamos verificar que são todos insuficientes, porque se limitam a encarar uma só face da questão, em lugar de vê-la no conjunto.

717. Os vitalistas só querem reconhecer no homem uma força, o princípio vital, e acham que ele basta para explicar tudo. Eis no que se apoia a sua convicção. Notam que existe entre os fenômenos da natureza inorgânica e os da matéria organizada uma diferença radical: os corpos brutos obedecem a leis que nos foi dado conhecer e formular, de maneira que podemos, à vontade, fazer a análise e a síntese de todas as substâncias. Mas, quando passamos dos corpos brutos à planta mais ínfima, mais rudimentar, impossível se nos torna reproduzi-la, quaisquer que sejam as condições em que operemos. Uma simples folha de árvore, que o vento destaca, é um mistério impenetrável quanto à sua produção. A química pode decompor essa folha, saber o peso e a natureza dos corpos que entram em sua composição, mas não pode reproduzi-la, porque não dispõe da vida, que é a única potência capaz de organizar essa matéria.

718. No corpo humano esse princípio age da mesma maneira que na planta; nutre as células dos tecidos, substitui-as, sem que a alma tenha conhecimento, e chega a agir depois da morte, pois que se encontraram cadáveres em que os cabelos e as unhas haviam crescido. Mas, se quisermos explicar todos os fenômenos que se passam no homem pelo simples jogo do princípio vital, defrontamos com insuperáveis dificuldades.

719. É preciso distinguir cuidadosamente os efeitos vitais dos produzidos pela alma, porque entre os dois gêneros de ação existem diferenças enormes. Assim, por exemplo, os fenômenos da digestão, da assimilação, da circulação do sangue se operam independentes da vontade, sem a participação da alma. Existe, pois, um princípio vital, mas que não pode explicar todas as modalidades humanas; os vitalistas têm, portanto, uma teoria incompleta.

720. Os organicistas pretendem explicar a vida vegetal e a vida animal pelo simples jogo dos órgãos, isto é, pela atividade natural da matéria. Baseiam-se no fato de poderem-se, em determinadas condições, submeter insetos, como os rotíferos e os tardígrados, à morte e à ressurreição; é, pelo menos, como qualificam o estado desses animais antes e depois da operação. Basta, com efeito, depois de secar esses animálculos, sob a ação do frio, e quando eles parecem mortos, pô-los numa estufa, que se eleva gradualmente a cem graus, para vê-los voltar à vida, quando os umedecem depois do resfriamento. Daí concluem que o meio físico faz tudo, o organismo nada. Mas o que prova que esses filósofos estão em erro é que há uma temperatura que se não pode ultrapassar, sem que o animal perca a vida. Há nele, portanto, um princípio que resiste à morte até certo grau; transposto este, a força é destruída, o que nos prova, uma vez mais, a existência do princípio vital.

721. Os organicistas se baseiam, também, na transformação do calor em força. Gavarret estabeleceu, experimentalmente, por fatos rigorosos, verificados e controlados por fisiologistas eminentes, que a produção do calor, a contração muscular e a ação nervosa derivam diretamente da ação do oxigênio do ar sobre os materiais do sangue. Essa reação química é a única fonte da força indispensável ao organismo, para executar os movimentos que compõem a vida. Assim, nem alma, nem princípio vital, conclui o físico.

722. Para responder a Gavarret, basta notar que esses fenômenos se produzem nos corpos animados, isto é, já organizados pela força vital. A explicação do sábio fisiologista é, pois, simplesmente uma informação sobre a maneira como funciona a vida nos seres organizados, mas não toca em nada no próprio princípio vital.

723. Os partidários da precatada opinião apoiaram-se também nos fenômenos que se passam no estômago e nos pulmões; estudaram as ações produzidas por essas duas vísceras e chegaram a conhecer as leis que as dirigem. Concluíram que não há necessidade de outras forças, além das que entram em jogo, neste caso, para explicar a vida.

724. Observaremos que a quimificação só se pode produzir, estando vivo o estômago, assim como o pulmão não respirará se o animal não estiver vivo, como o fizeram ver Cuvier e Flourens. Muller, o fisiologista, constata que “o gérmen é uma matéria sem forma, isto é, uma massa não organizada, que não apresenta qualquer espécie de órgão ou de rudimento de organização e, entretanto, vive. A força orgânica existe, pois, no gérmen, antes de todos os órgãos”.

725. Os animistas, enfim, esperam explicar tudo pela ação única, consciente ou inconsciente da alma. Podemos admitir que os fenômenos intelectuais são o produto direto da alma, mas as ações da vida orgânica devem ser atribuídas a outra causa, porque não se pode compreender que uma força imaterial exerça ação sobre a matéria do corpo.

726. Cada escola se coloca, pois, em um ponto de vista exclusivo e não resolve, completamente, o problema. O Espiritismo, com as luzes que traz a tais questões controvertidas, pode servir de síntese a essas concepções diversas, como veremos a seguir.

727. Demonstrada, suficientemente, a existência do princípio vital, nós o aceitamos como causa da vida vegetativa. Resta compreender de que modo se exercem as ações automáticas que se passam no corpo humano. A noção do perispírito nos vai fazer perceber como o duplo fluídico pode ser considerado o regulador da vida orgânica, o que, até certo ponto, dá razão aos organicistas. Enfim, os animistas podem aliar-se conosco, dada a maneira pela qual explicamos a ação da alma sobre o corpo.

728. O que nos falta dizer é como o perispírito pode ter adquirido todas as qualidades necessárias ao funcionamento de uma maravilha como é o corpo humano. É preciso que estabeleçamos por qual processo esta organização fluídica pode dirigir as diferentes categorias de ações orgânicas que compõem a vida.

729. Segundo acreditamos, quanto mais o Espírito se eleva, mais se lhe depura o invólucro. Podemos, pois, dizer, olhando para o passado, que quanto mais grosseiro é o invólucro menos adiantado é o Espírito; donde a conclusão de que a alma humana, antes de animar um organismo tão perfeito como o corpo humano, teve que passar pela fieira animal.

730. Não pretendemos que o princípio inteligente tenha sido obrigado a atravessar a fase vegetal, porque nas plantas não encontramos sinal algum de sensibilidade bem nitidamente acusada. Os movimentos de certas dioneias, como a mimosa pudica, vulgarmente chamada sensitiva, não bastam para estabelecer esta propriedade nas raças vegetais. Tomaremos, pois, como ponto de partida das evoluções do princípio inteligente os mais rudimentares animais.

731. Sabemos, pelo estudo da Geologia, que o princípio vital nem sempre existiu sobre a Terra. Esta ciência nos ensina que, em indeterminada época de sua duração, a Terra não passava da massa de matéria inorgânica, submetida, simplesmente, às leis físico-químicas que regem o mundo mineral. Quando nosso globo sofreu todas as modificações materiais de que era suscetível, apareceu a vida, isto é, a força organizadora, e, desde então, assistimos a uma série de transformações maravilhosas. Os organismos procedem uns dos outros, indo do simples ao composto. Desde a matéria do protoplasma até as formas mais elevadas, há uma escala de seres não interrompida, uma série de anéis que ligam a mais ínfima criatura ao homem, suprema expressão dos tipos que se têm sucedido na Terra.

732. Essa longa elaboração reclamou milhares de séculos e, à medida que o mundo envelhecia, tornava-se cada vez mais apto a receber seres mais perfeitos. Darwin procurou explicar esta progressão contínua, por leis naturais, e, apesar de não estar o transformismo ainda universalmente admitido, aceitamos suas teorias.

733. Vimos, então, efetuar-se uma primeira transformação: à natureza bruta sucede a natureza organizada, graças à aparição do princípio vital; a este sucede o princípio anímico, e a consequência desse segundo agente é a formação dos animais. A planta vive, mas não possui nem a sensibilidade nem o poder de locomover-se. O animal, ao contrário, não somente vive, mas sente e move-se. Podemos, a partir desse momento, empreender o estudo da evolução intelectual.

734. Admitindo-se que a alma e seu invólucro tenham passado pela fieira animal, concebemos logo como as coisas deveriam ter sucedido. Notamos que o animal possui o instinto, isto é, uma força que o dirige seguramente para fazer evitar o que lhe é prejudicial. Como nasceu essa força?

735. No animal toda ação é o resultado de um prévio julgamento que implica vontade, consciência, raciocínio, inteligência. Não podemos encontrar na matéria o gérmen dessas faculdades e por isso as atribuímos ao Espírito; o instinto é uma propriedade perispiritual, que tem por causa a alma, mas que dela difere essencialmente.

736. Para fazer compreender essa diferença, tomemos um exemplo. Como a criança aprende a ler? Ela deve, a princípio, compenetrar-se da forma das letras. Nos primeiros tempos ela confunde o A com o O, o N com o U, o B com o D, o P com o Q; ela deve entregar-se a mais comparações para reconhecer seus caracteres distintivos. Cada vez que ela firma um juízo, que ela diz que um A é um A, que um O é um O, ela deve arrazoar consigo mesma o porquê desse juízo. Mas, pelo exercício, esse juízo se torna cada vez mais rápido, de modo que, dado esse primeiro passo, pode proceder-se com ela ao estudo das sílabas. É preciso que ela aprenda agora a distinguir NA de AN, OV de VO, IE de EI, novas comparações, novos juízos, novos exercícios; depois, essas dificuldades são vencidas, por sua vez. Aborda-se, então, o conhecimento das palavras, depois o das frases. Quanto tempo, quantos esforços, quantos estudos são necessários para que chegue a ler corretamente! Ela consegue isso, entretanto, e, por fim, percebe imediatamente uma frase pela simples inspeção do texto, como certos jogadores fazem instantaneamente a adição de cinco ou seis dominós estendidos diante deles. Chegada a esse ponto, já não tem lembrança dos atos preliminares por que passou para ter o conhecimento da frase. Não vê mais que soletra, que julga da forma das letras e de sua respectiva posição nas sílabas.

737. Esses movimentos são, a princípio, feitos por querer, com plena consciência, depois chega a escrever sob ditado, sem mesmo prestar atenção às palavras pronunciadas; sua mão obedece, de alguma sorte, por si mesma, aos sons que lhe ferem o ouvido. É de modo análogo que o perispírito adquire, insensivelmente, todas as suas qualidades funcionais. Como não se destrói com a morte do corpo e tem uma existência tão real como a do Espírito, acumula em seu seio todos os esforços e todas as aquisições deste. Graças à sua perpetuidade, pode voltar à Terra mais bem provido que da vez precedente.

738. Os organismos dos animais primitivos são, com efeito, muito simples e se aproximam da natureza das plantas. O princípio anímico tem poucas funções a preencher; habitua-se à vida ativa, mas não fica inerte, porque, desde os primeiros passos na vida animal, o gérmen inteligente tem sensações. Ele quer, por exemplo, evitar ou apanhar um objeto, mas o movimento não lhe acompanha imediatamente a vontade. Ele deve, para isso, empregar esforço e vencer certas resistências que provêm de um arranjo perispiritual das moléculas, pouco favorável ao movimento. Este movimento, acaba, entretanto, por se propagar, seguindo a linha de moléculas cuja vibração apresenta com ele menos divergência.

739. É assim que é vencida nos primeiros tempos a inércia das moléculas perispirituais, sob a influência da vontade nascente. Daí resulta que o mesmo movimento, quando desejado segunda vez, experimenta menos resistência e, à força de repetições, acaba por ser feito, com o menor esforço possível e de tal maneira fraco, que nem é sentido. Por consequência, o movimento, a princípio penoso, torna-se em seguida fácil, depois natural e, enfim, maquinal.

740. Eis como se pode conceber que, pouco a pouco, depois de milhares de passagens do princípio inteligente, na série animal, o perispírito chegue a fixar as leis que nos aparecem sob a forma de instinto, mas que foram lentamente conquistadas por ele, por meio de existências sucessivas. Pode-se, pois, dizer, de maneira geral, que o movimento é voluntário, quando se sabe como e por que é feito; que é habitual quando é feito sem se saber como; instintivo, quando feito sem se saber por quê; reflexo ou automático quando feito sem o saber.

741. O hábito se adquire pelo exercício, isto é, pela repetição voluntária de uma série de atos, os quais acabam por se suceder cada vez mais rapidamente e com um dispêndio de força menor. Modifica o organismo até nos óvulos e espermatozoides. A modificação dos pais se encontra nos filhos sob forma, a princípio, de necessidade, em seguida, de instinto. Ao mesmo tempo em que o animal se aperfeiçoa, os instintos progridem e servem para dirigi-los; formam-se, assim, as leis da matéria animada. À medida que o Espírito envelhece, isto é, que se encarna, adquire qualidades novas e se torna apto a habitar corpos cada vez mais aperfeiçoados.

742. Chegada à humanidade, a alma já fixou, em seu invólucro todas as leis automáticas destinadas a regular a maravilhosa máquina do corpo humano. Executam-se com regularidade as funções animais, e a alma, desprendida das peias mais grosseiras da matéria, emerge da ganga que a envolvia e deve ser senhora absoluta da matéria que, até então, a dominava.

743. Um fato pareceria contradizer a teoria que sustentamos. Notam-se entre o macaco mais aperfeiçoado e o selvagem, mesmo o mais embrutecido, diferenças imensas, que parecem indicar uma demarcação nitidamente estabelecida entre o homem e o animal. Para explicar essa anomalia no ponto de vista físico, a antropologia nos ensina que há uma série de animais, chamados antropoides, que são o intermediário entre a humanidade e a animalidade. (Continua no próximo número.)


 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita