JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal |
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Padre François
Brune:
“Estamos na
Terra para
aprender a amar”
Autor do livro
“Os Mortos nos
Falam”, o
conhecido
estudioso e
teólogo francês
fala sobre suas
experiências no
campo das
comunicações com
os chamados
mortos
|
O padre François
Charles Antoine
Brune (foto),
teólogo e
especialista em
misticismo
oriental e
ocidental,
sacerdote
ordenado em
1960, é desde
1987 considerado
um observador
atento da
investigação
psíquica e da
chamada
Transcomunicação
Instrumental (TCI).
|
Conferencista
muito apreciado
por estes e
outros temas
afins, é também
autor de muitos
livros, entre os
quais "Os Mortos
nos Falam” e
“Linha Direta
com o Além”.
Graduado pela
Sorbonne em
Latim e Grego,
com cinco anos
de estudos de
pós-graduação em
Filosofia e
Teologia no
Instituto
Católico de
Paris e um ano
adicional na
Universidade de
Tuebingen, na
Alemanha, ele
possui os mais
altos graus de
Teologia, Grego
e Hebraico
Bíblico,
Hieróglifos
Egípcios e
Babilônicos da
Assíria. E é,
ainda,
pós-graduado em
Escrituras
Sagradas pelo
Instituto
Bíblico de Roma. |
A seguir, a
entrevista que
nos concedeu, em
que fala sobre
suas
experiências no
campo das
comunicações com
os chamados
mortos:
Tem você
alguma
experiência
pessoal com a
Transcomunicação
Instrumental (TCI)?
Nunca fiz
nenhuma
tentativa para
receber, eu
próprio, as
vozes através da
TCI. Mas
assisti,
frequentemente,
a pesquisas
feitas e estive
muitas vezes
presente quando
as vozes se
manifestaram por
magnetofone
(gravador) e
tive também a
ocasião, em
Grosseto,
Itália, com
Marcelo Bacci,
de falar
diretamente com
uma entidade,
através do
alto-falante de
um aparelho de
rádio.
Conheço seu
livro “Os Mortos
nos Falam” e um
outro escrito em
parceria com um
professor da
Sorbonne, Rémy
Chauvin.
Sim, “Linha
Direta com o
Além” (“À l’
Écoute de l’Au-delá”).
Há também uma
tradução em
castelhano.
E tem também
uma em
português… Quem
é que se
comunica através
dos médiuns ou
pela TCI? São
pessoas
falecidas?
Penso que a
maior parte das
vezes
comunicamo-nos
com os mortos,
que vivem agora
numa outra
dimensão. Mas
por vezes temos
tido contactos
também com
extraterrestres,
creio eu, até
porque muitos
pesquisadores o
afirmam.
Parece-me também
possível o
contacto com
energias,
simplesmente,
como por exemplo
no caso de
Manfred Boden.
Vou fazer-lhe
uma pergunta que
poderá parecer
provocatória:
não será um
paradoxo para um
padre católico a
Igreja Católica
acreditar que
Jesus se fez
homem para
salvar a
Humanidade? Ora,
se há Humanidade
ou seres
inteligentes
noutros
planetas, é
porque a
Humanidade não
está só na
Terra. Como fica
então a teologia
católica?
Para mim, isso
não é nenhum
problema, pois
não posso falar
em nome da
teologia
católica, até
porque não há
sobre isso
qualquer posição
oficial. Apenas
posso dar a
minha opinião
pessoal. O que
penso é que
todos esses
planetas, todos
esses mundos,
todos esses
seres
inteligentes
foram criados
pelo mesmo Deus
– não há outro –
e foram também
criados pelo
amor e,
provavelmente,
eles conheceram
o mesmo drama da
liberdade. Tenho
mesmo tendência
a crer que o
Filho de Deus
reencarnou em
cada um destes
mundos e que foi
certamente
recebido da
mesma forma
triunfante como
o foi na Terra.
Além disso, há
mesmo alguns
textos que
parecem vir
desses mundos e
que afirmam
isso. Tal
corresponde um
pouco também ao
que já diziam os
padres gregos
nos primeiros
séculos do
Cristianismo:
segundo a
categoria da
época, o Filho
de Deus fez-se
Homem com os
Homens, Anjo com
os Anjos,
Arcanjo com os
Arcanjos,
Querubim com os
Querubins e
Serafim com os
Serafins… É um
pouco a mesma
ideia, afinal!
Serão
necessários
novos paradigmas
para que a
Ciência descubra
o Espírito?
Sim, creio que a
Ciência deve
adaptar-se a uma
realidade que
lhe escapa neste
momento. Podemos
fazer uma
comparação: se
eu for à pesca,
para apanhar
peixes tenho de
lançar a linha e
tenho de
adaptá-la à
posição do
peixe. Não posso
pedir ao peixe
que siga o
atalho que
corresponde à
posição da
linha! As linhas
são as teorias
científicas para
“apanhar” a
realidade. Se
conservo essa
mesma linha,
nunca
conseguirei
“apanhar” a tal
realidade que me
escapa. É, pois,
necessário que a
Ciência aceite
mudar esses
paradigmas, para
se adaptar a
novos níveis de
realidade que de
momento, repito,
lhe escapam.
É verdade que
no Vaticano há
padres
cientistas que
pesquisam esta
área?
Sim, tenho a
certeza que
existe uma
pequena equipe,
composta de dois
ou três padres,
que estão ao
corrente e que
conhecem estes
fenômenos. Se
fazem eles
próprios as
pesquisas, isso
já não sei.
Havia o padre
Andreash Resh,
que criou um
Instituto de
Parapsicologia,
o Instituts für
Grenzgebiete der
Wissenschaft –
IGW, em
Innsbruck. Ele
ensinou durante
muitos anos os
fenômenos
paranormais num
Instituto que
dependia da
Universidade
Pontifical de
Latrão. Ele
abandonou esses
cursos para se
dedicar, agora,
a outros
trabalhos. Mas
contou-me que,
por vezes,
alguns cardeais
lhe chegaram a
pedir se não
poderiam obter
quaisquer
comunicações,
por exemplo, das
suas mães.
(risos)
A prova
científica da
imortalidade
será considerada
uma revolução
para a
humanidade, como
o foi a
Revolução
Industrial?
Sim, normalmente
deveria ser até
uma revolução
ainda maior, mas
nunca será
assim, sabe? Na
Idade Média, no
Ocidente, todos
ou quase todos
acreditavam na
vida eterna. E
não se tornaram
santos por causa
disso! Continuou
a haver
criminosos,
havia homens
cheios de
orgulho, homens
ávidos de poder,
de dinheiro…
Essa verdade não
fez o mundo
mudar muito!
Atualmente,
cremos menos na
vida eterna e
estamos talvez
mais em risco de
nos tornarmos
“monstros”, mas
não bastará
“encontrar” a
vida eterna para
que todos se
tornem “santos”.
Dos casos que
conhece, que
objetivos têm os
Espíritos, as
pessoas
falecidas, que
se comunicam
através da TCI
ou dos médiuns?
O que dizem
eles?
Dois motivos
fundamentais: o
primeiro é o de
consolar os
seres queridos
que deixaram na
Terra e que se
encontram,
muitas vezes,
desesperados; o
segundo é o de
confirmar que a
vida continua
imediatamente
após a morte,
que Deus existe
– dizem-no
frequentemente –
que nos espera,
que nos criou
por amor e que
todo o sentido
da nossa vida na
Terra é o de
crescer nesse
Amor!
Que outros
cientistas
conhece que
estejam a
pesquisar esta
área da
comunicabilidade
com o mundo
espiritual?
Há muitos já,
atualmente! Há o
Sinesio Darnell,
em Espanha, o
Prof. Senkowski,
o Hans Otto
König, temos
também, na
Itália, o
Daniele Gullà, o
Paolo Presi e
ainda mais, no
Brasil, em
França…
Infelizmente,
não há um nível
científico muito
elevado, em
França, nesse
campo. Seria
preciso muito
mais. Creio que
o melhor
trabalho está a
ser feito,
atualmente, em
Itália. Houve
resultados
extraordinários
com Adolf
Holmes, na
Alemanha, mas
esse não era um
pesquisador, era
alguém que
recebia uma
grande
quantidade de
mensagens, de
comunicações,
mas que não
tinha formação
científica para
fazer pesquisas.
No Luxemburgo,
igualmente, o
casal Julles e
Maggy obteve
numerosas e
magníficas
comunicações,
mas não possuía
os meios
intelectuais e
laboratoriais
para realizar
essas pesquisas.
Da mesma forma,
o alemão Klaus
Schreiber,
falecido
recentemente,
não tinha os
meios
necessários para
a pesquisa
científica. Há
muito poucos
cientistas
interessados
nestes
fenômenos,
infelizmente
muito poucos,
mesmo…
Mas as
experiências são
válidas, não
são?
Sem dúvida, tudo
isso não impede
que os
resultados
obtidos sejam
extraordinários,
nem entendidos.
Conheci muito
bem o casal
Julles e Maggy,
conheci também
Adolf Holmes,
pessoalmente, e
sei que não
existe qualquer
espécie de
fraude! Assisti
a algumas
experiências com
ele, com o casal
que já referi,
no Luxemburgo, e
com Marcelo
Bacci também!
Bacci não tem
formação
científica e, no
entanto,
consegue
resultados
extraordinários…
Só que não
consegue
prosseguir os
estudos!
Tem alguma
mensagem que
queira
transmitir aos
Espíritas
Portugueses, ou
aos Portugueses,
em geral?
Gostaria que
continuassem a
trabalhar neste
sentido. Que
continuem a
progredir no
Amor, cada um na
sua vida, porque
estamos na Terra
para aprender a
amar. Que
utilizem estes
meios de
comunicação com
o Além para
confortarem a
sua fé e mesmo a
fé cristã,
apesar do estado
catastrófico em
que se encontra
a Igreja. Esta
Igreja que não é
fiel à mensagem
do Cristo, mas
esperemos que um
dia se renove, é
preciso que se
trabalhe para
isso… Mas,
principalmente,
é necessário
conservar a fé,
a fé cristã…!
Esta entrevista
foi publicada
originalmente no
Jornal de
Espiritismo da
ADEP, de
Portugal.
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