Questões para debate
A. Que acontece ao indolente que busca na vida terrena apenas o descanso e o lazer, nada fazendo de útil ao semelhante?
B. Sabemos que o arrependimento pode se dar tanto no estado corporal, quanto no estado espiritual. Quais as consequências do arrependimento no estado espiritual e quais as consequências quando ele se dá no estado corporal?
C. A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado espiritual?
D. Basta o arrependimento para que as faltas do Espírito se apaguem?
E. Qual é, segundo Paulo de Tarso (Espírito), o objetivo final da Humanidade e que coisas são necessárias para alcançá-lo?
Texto para leitura
620. As pessoas que, embora não sendo más, tornam infelizes, por seu caráter, todos os que as cercam, deverão expiar suas faltas tendo diante da vista aqueles a quem infelicitaram, o que lhes valerá por uma exprobração. Depois, noutra existência, sofrerão o que fizeram sofrer. (L.E., 989)
621. Todo Espírito tem de progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas vezes, pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo do que outros, porque assim o querem. Aquele que só tem o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha tido o do mal em anterior existência. (L.E., 993)
622. O homem perverso que não reconheceu suas faltas durante a vida, sempre as reconhece depois da morte e, então, mais sofre, porque sente em si todo o mal que praticou ou de que foi, voluntariamente, a causa. O arrependimento, porém, nem sempre é imediato. Há Espíritos que se obstinam em permanecer no mau caminho, apesar dos sofrimentos por que passam. Cedo ou tarde, contudo, reconhecerão errada a senda que tomaram e o arrependimento virá. Para esclarecê-los trabalham os bons Espíritos e também vós podeis trabalhar. (L.E., 994)
623. Há Espíritos que de coisa alguma útil se ocupam. Ficam na expectativa, mas, nesse caso, sofrem proporcionalmente. Devendo em tudo haver progresso, neles o progresso se manifesta pela dor. (L.E., 995)
624. Tais Espíritos desejam também abreviar seus sofrimentos, mas falta-lhes energia bastante para quererem o que os pode aliviar. Quantos indivíduos se contam, entre vós, que preferem morrer de miséria a trabalhar? (L.E., 995, "a")
625. Os Espíritos que, embora desencarnados, praticam o mal e afastam do bom caminho os homens, procedem assim porque neles o arrependimento é tardio. Pode acontecer também que um Espírito, após se haver arrependido, se deixe arrastar novamente para o caminho do mal por outros Espíritos mais atrasados do que ele. (L.E., 996)
626. A prece só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que, impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem nos seus desvarios, a prece nada pode e nada poderá, senão no dia em que um clarão de arrependimento se produza neles. (L.E., 997)
627. É preciso entender que o Espírito não se transforma subitamente após a morte do corpo. A morte não o torna imediatamente perfeito. Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento. (L.E., 997, comentário de Kardec)
628. Podemos ir resgatando, já nesta existência, nossas faltas, reparando-as. Mas ninguém creia que as resgatemos mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuímos, depois da morte, quando de nada mais precisamos. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, fácil e que custa apenas o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal. Só por meio do bem se repara o mal, e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem nos seus interesses materiais. De que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, se permanece integral o dado causado? De que lhe serve humilhar-se diante de Deus, se perante os homens conserva o seu orgulho? (L.E., 1.000)
629. Dar emprego útil aos bens que possuímos, depois de nossa morte, é melhor do que nada. O problema, porém, é que aquele que só dá depois de morto, é quase sempre mais egoísta do que generoso. Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo. Duplo proveito tira aquele que, em vida, se priva de alguma coisa: o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que lhe devem a felicidade. Ah! lastimai aquele que desconhece o prazer de dar; acha-se ele verdadeiramente privado de um dos mais puros e suaves gozos. Submetendo-o à prova da riqueza, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, Deus houve por bem conceder-lhe, como compensação, a ventura da generosidade, de que já neste mundo pode gozar. (L.E., 1.001)
630. Deus nunca obra caprichosamente e tudo, no Universo, se rege por leis, em que a sua sabedoria e a sua bondade se revelam. (L.E., 1.003)
631. A duração dos sofrimentos do culpado é relativa ao tempo necessário a que se melhore. À medida que progride e que os sentimentos se lhe depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza. (L.E., 1.004)
632. Ao Espírito sofredor o tempo parece mais longo: para ele não existe o sono. Só para os Espíritos que já chegaram a certo grau de purificação, o tempo, por assim dizer, se apaga diante do infinito. (L.E., 1.005)
633. Os sofrimentos do Espírito poderiam durar eternamente, se ele pudesse ser eternamente mau, isto é, se jamais se arrependesse e melhorasse, sofreria eternamente. Mas, Deus não criou seres tendo por destino permanecerem votados perpetuamente ao mal. Apenas os criou a todos simples e ignorantes, tendo todos, no entanto, que progredir em tempo mais ou menos longo, conforme decorrer da vontade de cada um. (L.E., 1.006)
634. Eminentemente sábia e magnânima é, pois, a lei que rege a duração das penas, porquanto subordina essa duração aos esforços do Espírito. Ela jamais o priva do seu livre-arbítrio: se deste faz mau uso, sofre as consequências. (L.E., 1.006)
635. Há Espíritos em que o arrependimento é muito tardio; porém, pretender que nunca se melhorarão fora negar a lei do progresso. (L.E., 1.007)
636. Há penas que podem ser impostas ao Espírito por tempo determinado, mas Deus, que só quer o bem de suas criaturas, acolhe sempre o arrependimento, e infrutífero jamais fica o desejo que o Espírito manifeste de se melhorar. (L.E., 1.008)
637. Interrogai o vosso bom senso, a vossa razão e perguntai-lhes se uma condenação perpétua, motivada por alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de Deus. Que é, com efeito, a duração da vida, ainda quando de cem anos, em face da eternidade? (...) A justiça não exclui a bondade e Deus não seria bom, se condenasse a eternas e horríveis penas a maioria das suas criaturas. (L.E., 1.009, Santo Agostinho)
638. Aplicai-vos, por todos os meios ao vosso alcance, em combater, em aniquilar a ideia da eternidade das penas, ideia blasfematória da justiça e da bondade de Deus, gérmen fecundo da incredulidade, do materialismo e da indiferença que invadiram as massas humanas, desde que as inteligências começaram a desenvolver-se. (L.E., 1.009, Lamennais)
639. O que hoje entendeis por eternidade não é o que os antigos entendiam e designavam por esse termo. Consulte o teólogo as fontes e lá descobrirá, como todos vós, que o texto hebreu não atribuía essa significação ao vocábulo que os gregos, latinos e os modernos traduziram por penas sem-fim, irremissíveis. Eternidade dos castigos corresponde à eternidade do mal. Sim, enquanto existir o mal entre os homens, os castigos subsistirão. Importa que os textos sagrados se interpretem no sentido relativo. A eternidade das penas é, pois, relativa e não absoluta. (L.E., 1.009, Platão)
640. Gravitar para a unidade divina, eis o fim da Humanidade. Para atingi-lo, três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a Ciência. Três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. Pois bem! digo-vos, em verdade, que mentis a estes princípios fundamentais, comprometendo a ideia de Deus, com o lhe exagerardes a severidade. (...) A ideia do inferno, com as suas fornalhas ardentes, com as suas caldeiras a ferver, pôde ser tolerada, isto é, perdoável num século de ferro; porém, no século dezenove, não passa de vão fantasma, próprio, quando muito, para amedrontar criancinhas e em que estas, crescendo um pouco, deixam de crer. Se persistirdes nessa mitologia aterradora, engendrareis a incredulidade, mãe de toda a desorganização social. (L.E., 1.009, Paulo, apóstolo)
Respostas às questões propostas
A. Que acontece ao indolente que busca na vida terrena apenas o descanso e o lazer, nada fazendo de útil ao semelhante?
Talvez essa pessoa tenha escolhido tal existência, mas, quando a deixa, percebe que não lhe serviu para progredir. Então, lamenta o tempo perdido. Sabe-se que o Espírito não pode adquirir conhecimentos e elevar-se senão exercendo as atividades que lhe competem. Se adormece na indolência, não se adianta. Sabe-se também que cada um terá que dar contas da inutilidade voluntária da sua existência, inutilidade sempre fatal à felicidade futura. Para cada um, o total dessa felicidade futura corresponde à soma do bem que tenha feito, estando o da infelicidade na proporção do mal que haja praticado e daqueles a quem haja desgraçado. (O Livro dos Espíritos, questão 988.)
B. Sabemos que o arrependimento pode se dar tanto no estado corporal, quanto no estado espiritual. Quais as consequências do arrependimento no estado espiritual e quais as consequências quando ele se dá no estado corporal?
A consequência do arrependimento no estado espiritual é desejar o arrependido uma nova encarnação para se purificar. Se o arrependimento se dá no estado corporal, o indivíduo procura progredir já na vida atual, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se. (Obra citada, questões 990 a 992. Ver também itens 999 e 1.002.)
C. A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado espiritual?
Em ambos os estados. A expiação se cumpre durante a existência corporal mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao seu estado de inferioridade. (Obra citada, questões 998, 1.004, 1.006, 1.008 e 1.009.)
D. Basta o arrependimento para que as faltas do Espírito se apaguem?
Não. O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado. Mas não pensemos que o resgataremos mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuímos, depois que morremos, quando de nada mais precisamos. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil, e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal. Somente por meio do bem se repara o mal, e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem nos seus interesses materiais. (Obra citada, questões 999, 1.000, 1.002 e 1.007.)
E. Qual é, segundo Paulo de Tarso (Espírito), o objetivo final da Humanidade e que coisas são necessárias para alcançá-lo?
Gravitar para a unidade divina, eis o fim da Humanidade. Para atingi-lo, três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a Ciência, e três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. (Obra citada, questão 1.009, mensagem assinada por Paulo, apóstolo.)