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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 5 - N° 249 - 26 de Fevereiro de 2012

 

O defeito

 

Francisco, esperado com muito amor pelos pais, nasceu com um pequeno problema: tinha uma das pernas um pouco menor que a outra.

Morando numa cidade pequena e sem recursos, os pais ficaram felizes com o nascimento do bebê, sem se preocuparem com o defeito, acreditando que se resolveria com o tempo. 

Os anos foram passando e Francisco tornava-se cada vez mais esperto e ativo, cercado pelo amor da família. Agora moravam numa cidade maior e mais bonita, e ele tinha amigos, brincava e se divertia.

Certo dia, porém, Francisco brincava na calçada com alguns amigos, quando se desentendeu com Marquinho, um dos garotos. Agarraram-se aos socos e pontapés, rolando pelo chão.

Um homem que passava, vendo a briga, conseguiu separar os dois. Todavia, Marquinho, cheio de raiva ergueu-se do chão e, limpando as lágrimas do rosto, gritou:

— Aleijado! Você me paga!...

Ouvindo aquelas palavras, Francisco ficou vermelho de raiva e humilhação. Embora os outros meninos quisessem continuar a brincadeira, ele se recusou, dizendo que precisava voltar para casa.

A partir desse dia, Francisco tornou-se triste e calado. Não queria mais brincar com os amigos, não queria sair para passear, não queria fazer nada.

A mãe, preocupada ao ver o estado do filho, perguntou-lhe:

— O que aconteceu, meu filho? Você anda triste, calado, não quer nem brincar mais!...
 

Baixando a cabeça, Francisco desatou a chorar:

— Mamãe, por que eu nasci assim?

— Assim como, meu filho? — tornou a mãe, admirada.

— Aleijado, ora essa! Um garoto me xingou de aleijado!... 

A mãezinha colocou-o no colo e, abraçando-o com amor, falou-lhe com ternura:

— Meu filho, você não é aleijado. Tem um defeitinho na perna que mal se nota! Tanto é que você nunca se preocupou com ele!... Algum dia esse defeito o impediu de fazer alguma coisa?

— Não! — ele respondeu, balançando a cabeça.

— Então, filho, Deus sabe o que faz. Além disso, talvez nosso Pai Celestial tenha querido que você tomasse cuidado. É como se Ele dissesse: — Francisco, olha o que você vai fazer com sua perna! Tudo o que eu dou é para ter bom uso! Entendeu, meu filho?

— Mais ou menos. É porque eu posso usá-la para o mal? 

— Exatamente, filho. Você pode machucar alguém, pode trilhar um caminho ruim, complicando sua vida. Esse problema na perna é uma marca que você trouxe do passado, isto é, de outra existência em que, provavelmente, prejudicou alguém. Quando fazemos algo negativo, criamos uma marca no corpo espiritual e renascemos com ela para tentar reparar nosso erro. 

— Ah!... Entendi. Quer dizer que eu preciso tratar bem todo mundo e não brigar com ninguém. Mas vou continuar com esse defeito a vida inteira?

— Quem sabe? É possível até procurarmos um bom médico que resolva o seu problema. Mas, a verdade, meu filho, é que isso não representa nada! Venha comigo. Vou levá-lo para fazer uma visita.

A mãe levou Francisco até uma entidade que cuidava de crianças com dificuldades diversas. Havia crianças cegas, surdas, mudas, paralíticas, sem braços ou sem pernas, com deficiências mentais e todo tipo de problemas.

Ao vê-las, o menino sentiu a compaixão crescer em seu íntimo. Conversou com as pessoas que tomavam conta delas, com as crianças que podiam falar e percebeu que, apesar de tudo, elas eram alegres! Dependendo das possibilidades, elas brincavam, riam, cantavam.

Francisco retornou para casa sentindo-se diferente.

— Obrigado, mamãe. Agora sei que não tenho problema algum. Eu tenho pernas para andar, posso ir à escola, tenho mãos para pegar o que quiser; posso pensar e aprender, andar de bicicleta e um monte de outras coisas.

Ele parou de falar, sorriu e pulou no colo da mãe, dando-lhe um grande abraço, enquanto dizia:

— Agradeço a Deus por tudo o que me deu. Inclusive pela mãe que eu tenho!                  

                                                                  MEIMEI


(Recebida por Célia Xavier de Camargo, em Rolândia-PR, no dia 6/02/2012.)  



 


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