Concluímos nesta edição
o
estudo do livro O
Espiritismo perante a
Ciência,
de Gabriel Delanne,
conforme
tradução da obra
francesa Le
Spiritisme devant la
science,
publicada originalmente
em Paris em 1885.
Questões preliminares
A. Embora tenha sido
esta obra publicada
originalmente em 1883,
as teorias nela expostas
foram comprovadas
posteriormente?
Sim. Delanne menciona
esse fato no Apêndice
por ele escrito quase
cinquenta anos depois do
surgimento deste livro.
Os novos conceitos sobre
matéria e energia
derrubaram as teorias
materialistas de Büchner,
Moleschott, Carl Vogt e
Hoeckel. Não é a matéria
que produz a energia;
esta é que dá origem à
matéria. Além disso,
tudo o que ele escreveu
sobre os fluidos, isto
é, sobre os estados cada
vez mais rarefeitos da
matéria, foi confirmado
pelas descobertas
científicas feitas
posteriormente.
(O Espiritismo perante a
ciência, Apêndice.)
B. É verdade que os
fenômenos ditos
espíritas foram
examinados também pela
Sociedade Inglesa de
Pesquisas Psíquicas?
Sim. Eles foram
estudados na Inglaterra
e depois, na América,
pelo ramo americano
dessa Sociedade. Os
sábios que a compõem
chegaram a estabelecer,
experimentalmente, a
exteriorização de todas
as formas do pensamento,
à qual deram o nome
geral de telepatia.
Verificaram, ainda,
casos de visão a
distância, sem o socorro
dos olhos, e fatos de
premonição, em condições
que estabelecem,
absolutamente, a
autenticidade desses
fenômenos, cuja
realidade havia sido
assinalada no curso
desta obra.
(Obra citada,
Apêndice.)
C. Que tipo de prova foi
acrescentado,
posteriormente, à
coleção de fenômenos
relativos à realidade
das manifestações
espíritas?
Conforme os trabalhos de
William Crookes, a
realidade das
manifestações era
provada por quatro
ordens de fenômenos: 1º.
vista coletiva do
fantasma, por todos os
assistentes; 2º.
fotografias que puderam
ser tiradas; 3º. ações
materiais exercidas pelo
fantasma; 4º. visão
simultânea da aparição e
do médium. A essas
provas veio juntar-se
outra: a da moldagem de
parte da aparição, que é
como um testemunho
permanente da realidade
objetiva do fantasma e
do caráter realmente
humano de sua
materialização. Esses
resultados foram
obtidos, a princípio, na
América, pelo professor
Denton, depois na
Inglaterra por Mrs.
Reimers e Oxley, Ashton
e outros.
(Obra citada, Apêndice.)
Texto para leitura
964. Desde a época, já
longínqua, em que
apareceu a 1ª edição
desta obra (1883), o
autor teve a satisfação
de verificar que algumas
das mais importantes
teorias aqui expostas
tiveram a consagração da
ciência.
965. Todos os nossos
conhecimentos sobre a
matéria foram renovados
pelo descobrimento dos
fenômenos da
radioatividade. O átomo
não é mais a base
indestrutível do
Universo. As teorias
materialistas de Büchner,
Moleschott, Carl Vogt,
Hoeckel etc. foram
declaradas radicalmente
falsas. Não é a matéria
que produz a energia,
como a conhecemos. Os
fenômenos da
radioatividade
demonstram que partes
constitutivas do átomo
podem escapar-se dele,
de sorte que, no fim de
algum tempo mais ou
menos longo, esse átomo
volta ao éter donde
saíra.
966. Na obra de Kardec
intitulada A Gênese,
publicada em 1868,
encontra-se, no capítulo
dos fluidos, essa teoria
nitidamente exposta
pelos Espíritos, na
metade do último século.
Lê-se textualmente, à
página 298: “A matéria
tangível, tendo por
elemento primitivo o
fluido cósmico etéreo,
deve poder,
desagregando-se, voltar
ao estado de eterização,
como o diamante, o mais
duro dos corpos, pode
volatizar-se em gás
impalpável. A
solidificação da matéria
não é, em realidade,
mais que um estado
transitório do fluido
universal, que pode
tornar ao estado
primitivo, quando as
condições de coesão
cessarem de existir.” É
este um fato que deve
fazer inspirar a maior
confiança no valor
intelectual e científico
dos guias do grande
iniciador.
967. Além disso, tudo o
que temos escrito sobre
os fluidos, isto é,
sobre os estados cada
vez mais rarefeitos da
matéria, é confirmado
pela descoberta dos
raios X e das ondas
hertzianas, que são,
incontestavelmente,
manifestações dessas
formas superiores da
matéria cósmica,
desconhecidas no século
19.
968. É bom assinalar
também que o estudo das
manifestações
extracorpóreas do
Espírito, cuja
importância já tinha
sido assinalada por
Allan Kardec e por nós,
foi empreendido, desde
1883, pela Sociedade
Inglesa de Pesquisas
Psíquicas (Society for
Psychical Research) e,
depois, no novo mundo,
pelo ramo americano
dessa Sociedade. Os
sábios que a compõem
chegaram a estabelecer,
experimentalmente, a
exteriorização de todas
as formas do pensamento,
à qual deram o nome
geral de telepatia.
Verificaram, ainda,
casos de visão a
distância, sem o socorro
dos olhos, e fatos de
premonição, em condições
que estabelecem,
absolutamente, a
autenticidade desses
fenômenos, cuja
realidade foi assinalada
no curso desta obra.
969. Demonstramos, no 1º
volume da nossa obra
intitulada Aparições
materializadas dos vivos
e dos mortos, que os
fantasmas dos vivos são
de indiscutível
realidade, porque foram
fotografados, o que não
deixa dúvida alguma a
respeito de seu caráter
objetivo. Pode-se
produzir
experimentalmente essa
duplicação do ser
humano; resulta, pois,
daí que a alma, mesmo
durante a sua passagem
sobre a Terra, está
sempre associada a uma
forma de matéria
quintessenciada, o que
justifica nossas
afirmações relativamente
à existência do
perispírito.
970. No 2º volume da
mesma obra
encontrar-se-ão
documentos extremamente
numerosos, que
confirmam, por pesquisas
ulteriores em todos os
países, as notáveis
experiências de
materialização de
Crookes. Assinalaremos,
particularmente, as de
Aksakof com Eglinton e a
senhora d'Espérance;
depois, as pesquisas do
doutor Gibier em Nova
York, e as empreendidas
durante 20 anos por uma
legião de sábios, em
companhia de Eusápia
Paladino, principalmente
no Círculo Minerva, em
Gênova, e, enfim, as do
professor Richet e nós,
em Argélia, na Vila
Cármen.
971. Vimos, pelos
trabalhos de Crookes,
que a realidade das
manifestações resulta:
1º. da vista coletiva do
fantasma, por todos os
assistentes;
2º. das fotografias que
puderam ser tiradas;
3º. das ações materiais
exercidas pelo fantasma;
4º. da visão simultânea
da aparição e do médium;
5º. enfim, a essas
provas veio juntar-se
outra, absoluta, a da
moldagem de parte da
aparição, moldagem
insimulável, que é como
um testemunho permanente
da realidade objetiva do
fantasma e do caráter
realmente humano de sua
materialização.
972. Esses últimos
resultados foram
obtidos, a princípio, na
América, pelo professor
Denton, depois na
Inglaterra por Mrs.
Reimers e Oxley, Ashton
e outros. Ultimamente,
resultados semelhantes
foram obtidos com o
médium Kluski, no
Instituto Metapsíquico
Internacional.
973. Chegou-se a pesar,
simultaneamente, ou
sucessivamente, o médium
e o Espírito
materializado, e
percebeu-se que a
matéria que compunha o
corpo do fantasma era
tomada quase totalmente
ao corpo do médium.
Nestes últimos anos, a
Sra. Bisson estudou
particularmente o início
desse fenômeno,
provocando a saída da
matéria exteriorizada do
médium, à qual se deu o
nome de ectoplasma.
974. O conjunto dos
fenômenos da mediunidade
obteve, de alguma sorte,
uma consagração oficial
com o haver o professor
Richet apresentado à
Academia de Medicina, em
1922, sua obra
Tratado de Metapsíquica.
Se o autor não adotou,
ainda, as conclusões
espíritas que deduzimos
desse conjunto de
fenômenos, não rejeita
formalmente nossa
interpretação. Tanto ele
tem razão que desde o
último século um grande
número de homens de
ciência adotaram
formalmente a teoria
espírita como a única
explicação geral de
todos os fenômenos.
975. Na Inglaterra,
tivemos a alegria de
contar entre os novos
adeptos homens tais como
o ilustre psicólogo
Myers, o professor
Barrett, Sir Oliver
Lodge, eminente físico,
e, nos últimos tempos, o
engenheiro Crawford; na
América, o professor
Hyslop, o doutor
Hodgson; na Itália, o
célebre criminalista
Lombroso, os drs. Pio
Foa, Vesani, Scozzi,
Venzano, os professores,
Botazi, Brofferio,
Bozzano, Tumolo, o
astrônomo Porro e
outros.
976. Há um quarto de
século vêm sendo
empreendidas, sobre os
fenômenos psíquicos,
pesquisas em quase todos
os países. Na França,
Camille Flammarion
publicou o resultado de
seus trabalhos em três
volumes intitulados:
Antes da Morte, Em torno
da Morte, Depois da
Morte, sob o título
geral A Morte e seu
Mistério, que
termina por uma
afirmação nitidamente
espírita.
977. Na mesma ordem de
ideias, Warcollier nos
dá, numa obra sobre a
telepatia, o resultado
de suas pesquisas e o
doutor Osty afirma, no
seu livro O
Conhecimento Supranormal,
que certas pessoas têm a
faculdade de apreender,
anormalmente, o
conhecimento de coisas
que lhes são
desconhecidas e de
prever o futuro.
978. É uma profunda
satisfação para os
espiritistas verificar
que nenhuma de suas
afirmações foi
contraditada, vai para
mais de meio século, e
que, pelo contrário, as
experiências
empreendidas no mundo
inteiro têm confirmado o
valor de suas
assertivas, tanto no
ponto de vista
experimental como
filosófico.
979. Graças à
inteligência e à
generosa iniciativa de
Jean Meyer, esclarecido
filantropo, foi criado
em 1919, em Paris:
1. Um Instituto
Metapsíquico
Internacional,
reconhecido de utilidade
pública, do qual fazem
parte eminentes
cientistas, tais como o
professor Richet, o
conde Grammont e o
professor Leclainche,
membros da Academia de
Ciências; Camille
Flammarion, o Doutor
Santolíquido, o
Professor Tessier, o
Doutor Calmette,
inspetor geral do
Serviço de Saúde; entre
os membros estrangeiros,
Oliver Lodge, Bozzano;
como diretor o Doutor
Geley.
2. Na mesma data, a
União Espírita Francesa,
com sede em Paris, que,
apesar de sua recente
criação, reúne já 26
sociedades, de todas as
regiões da França e das
colônias.
980. A essas duas
instituições incumbe dar
as bases científicas
para o estudo do
Espiritismo e à difusão
de sua filosofia o mais
vigoroso impulso. É,
pois, com confiança que
podemos considerar o
futuro e o triunfo certo
dessa grande e nobre
doutrina.
FIM