ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)
Renúncia com Jesus
O segredo
da felicidade humana
reside na habilidade de
saber renunciar na
ocasião precisa
“Renunciar por amor ao
Cristo é perder as
esperanças da Terra,
conquistando as do Céu.”
- Emmanuel
Ao mesmo tempo em que
Jesus recomenda aos
homens a renúncia aos
bens deste mundo,
prometendo-lhes os do
Céu, ele afirma:
“Bem-aventurados os
que são brandos, porque
possuirão a Terra”.
Para tirar-nos desse
aparente paradoxo, só
mesmo Allan Kardec!
Vejamos o que nos ensina
o nobre Mestre Lionês:
“(...) Enquanto aguarda
os bens do Céu, tem o
homem necessidade dos da
Terra para viver...
Apenas, o que Jesus
recomenda ao homem, é
que não ligue a estes
últimos mais importância
do que aos primeiros.
Por aquelas palavras
quis o Mestre dizer que
até agora os bens da
Terra são açambarcados
pelos violentos, em
prejuízo dos que são
brandos e pacíficos; que
a estes falta muitas
vezes o necessário, ao
passo que outros têm o
supérfluo... Promete que
justiça lhes será feita,
assim na Terra como no
Céu, porque serão
chamados filhos de
Deus.
Quando a Humanidade se
submeter à Lei de Amor e
Caridade, deixará de
haver egoísmo; o fraco e
o pacífico já não serão
explorados, nem
esmagados pelo forte ou
pelo violento. Tal será
a condição da Terra,
quando, de acordo com a
Lei do Progresso e a
promessa de Jesus, se
houver tornado um mundo
ditoso, por efeito do
afastamento dos maus”.
Mais adiante, as
seguintes palavras de
Jesus são registradas
pelo Evangelista:
“E todo aquele que tiver
deixado casas, irmãos,
irmãs, pai, mãe, mulher,
filhos ou terras, por
amor do meu nome,
receberá cem vezes tanto
e herdará a Vida
Eterna”.
Para elucidar esse outro
aparente paradoxo de
Jesus, socorramo-nos,
desta vez, na
indiscutível sabedoria
de Emmanuel1:
“Neste versículo do
Evangelho de Mateus, o
Mestre Divino nos induz
ao dever de renunciar
aos bens do mundo para
alcançar a Vida Eterna.
Há necessidade, proclama
o Messias, de abandonar
pai, mãe, mulher e
irmãos do mundo; no
entanto, é necessário
esclarecer como
renunciar: Jesus explica
que o êxito pertencerá
aos que assim procederem
por amor de Seu nome. À
primeira vista, o
alvitre divino parece
contraditório
contrassenso, pois, como
podemos olvidar os
sagrados deveres da
existência, se o Cristo
veio até nós para
santificá-los?! Nos
tempos antigos, os
discípulos precipitados
não souberam atingir o
sentido do texto.
Numerosos irmãos de
ideal recolheram-se à
sombra do claustro,
esquecendo obrigações
superiores e inadiáveis.
Fácil, porém, reconhecer
como o Cristo renunciou:
Aos companheiros que O
abandonaram, aparece,
glorioso, na
ressurreição; e não
obstante as hesitações
dos amigos, divide com
eles, no cenáculo, os
júbilos eternos. Aos
homens ingratos que O
crucificaram, oferece
sublime roteiro de
salvação com o Evangelho
e nunca se descuidou um
minuto das criaturas...
E um dia, Ele renunciou
ao Seu Jardim de
Estrelas para encarnar
nas sombrias estâncias
de um planeta de provas
e expiações...
Observemos, portanto, o
que representa renunciar
por amor ao Cristo: É
perder as esperanças da
Terra, conquistando as
do Céu. Isso se encontra
insofismavelmente
exarado no Evangelho de
Mateus, capítulo seis,
versículos dezenove e
vinte, onde lemos:
“Não ajunteis para vós
tesouros na Terra, onde
a traça e a ferrugem os
consomem, e onde os
ladrões minam e roubam;
mas ajuntai para vós
tesouros no Céu, onde
nem a traça nem a
ferrugem os consumem, e
onde os ladrões não
minam nem roubam”.
Portanto, se os pais são
incompreensíveis, se a
companheira é ingrata,
se os irmãos parecem
cruéis, é preciso
renunciar à alegria de
tê-los melhores ou
perfeitos, unindo-nos,
ainda mais, a eles
todos, a fim de
trabalhar no
aperfeiçoamento com
Jesus.
Acaso não encontras
compreensão no lar? Os
amigos e irmãos são
indiferentes e rudes?
Permanece ao lado deles,
mesmo assim, esperando
para mais tarde o júbilo
de encontrar os que se
afinam perfeitamente
contigo. Somente desse
modo renunciarás aos
teus, fazendo-lhes todo
o bem por dedicação ao
Mestre, e, somente com
semelhante renúncia,
alcançarás a Vida
Eterna”.
Afiança Léon Tolstoi:
“O segredo da felicidade
humana reside na
habilidade de saber
renunciar na ocasião
precisa. E aquele
que sabe renunciar
viverá em paz, enamorado
sempre dos ideais
superiores, inspirados
no Amor Divino”.
- KARDEC, Allan.
O Evangelho
seg. o
Espiritismo.
129. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2009, cap. IX,
item 5.