Quando iniciamos esta
coluna, ainda no jornal “O
Imortal”, há muitos anos,
escolhemos este nome
exatamente porque líamos
trechos da vida de pessoas
que descreviam pouquíssimos
momentos ao lado de Chico e
com aprendizados muito
profundos, que calavam
indelevelmente na alma de
cada um.
Vou dar exemplo disso neste
ensinamento que tirei
durante alguns poucos
minutos ao lado de Chico.
O calor quase insuportável
não impediu que uma multidão
se aglomerasse naquele
terreno abandonado, em um
bairro distante da cidade de
Uberaba. Caravanas e carros
de origens diferentes do
Brasil ali se encontravam
para ver e, se possível,
ouvir o fiel discípulo de
Jesus vivendo a pureza de
seu evangelho à luz do
Espiritismo.
Em um pequeno canto daquele
espaço simples, ao relento,
ao lado de um muro do
terreno vizinho, uma singela
cobertura dava proteção a um
pequeno pedaço de chão,
talvez uns seis metros
quadrados. Ali, na única
sombra que existia, um banco
tosco de madeira, para umas
cinco pessoas no máximo.
Entregaram a Chico um livro.
Era “O Evangelho segundo o
Espiritismo”.
Nesse instante lembrei-me de
que nós, espíritas, havíamos
adotado um velho hábito
judeu de abrir ao acaso uma
página de um livro de
mensagem, crendo que a
mensagem seria a mais
adequada para o momento.
Mas, claro, para nós não é
uma crença sem fundamento. A
Doutrina Espírita nos mostra
como os Espíritos interferem
em nossas vidas e quanto
eles podem fazer para nos
ajudar. Portanto, não está
errado crer que eles nos
ajudariam a abrir a página
ideal. Só que nós, aqueles
que não vemos e nem ouvimos
as entidades amigas, fazemos
de modo intuitivo e, não
raras vezes, tomamos a obra
escolhida em nossas mãos e a
abrimos de forma abrupta,
súbita, como quem arrisca
acertar a página sugerida.
Estávamos ali, diante de
Chico, que vê e que ouve os
Espíritos benfeitores. Como
ele faria?
Aguardamos atentos aqueles
segundos diante das atitudes
do médium mineiro. Ele
pacientemente manuseou o
livro. Parecia balbuciar
algo, como quem conversa com
alguém muito discretamente.
Começa a folhear página por
página, lentamente... Vai
adiante, nos capítulos,
volta calmamente... E, só
então, depois de estar certo
da mensagem sugerida pelos
benfeitores, oferta-a a
alguém que passa a lê-la
para comentários
posteriores.
Sei que esta história parece
pequena perto de tantas
grandiosas sobre a vida do
medianeiro do Cristo. Mas,
para mim, que estive aquele
minuto ao lado de Chico,
nunca mais abri uma página
para leitura com a
velocidade que antes eu
usava. Hoje, primeiro seguro
o livro, depois pergunto-me
onde os benfeitores
gostariam que eu o abrisse:
no começo, no meio ou no
fim? Depois, calmamente,
naquele setor escolhido, vou
folheando, às vezes olhando
capítulo por capítulo, até
ter a certeza da mensagem
sugerida.
Ao lado de Chico, cada
minuto é um minuto de
ensinamento a ser
aproveitado.