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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 5 - N° 253 - 25 de Março de 2012

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

Tramas do Destino

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 7)

Damos continuidade ao estudo do livro Tramas do Destino, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. Na tarefa desobsessiva é relevante a contribuição da pessoa enferma?

Sim, em tais casos, a contribuição do enfermo é imprescindível e relevante. Sem que este produza, a esforço hercúleo que seja, uma mudança de atitude mental com a execução de um programa edificante, no qual granjeie simpatia e solidariedade, creden­ciando-se a ser auxiliado, qualquer ajuda de outrem redunda quase sempre nula. Não havendo forte predisposição interior do enfermo, os estímulos de fora produzem efeito positivo, porém transitório, porque não logram romper as vibrações den­sas do desculpismo e da autopiedade, da revolta muda e da ira, em cujas armadilhas se refugia. Providencial como terapêutica inicial, é através da leitura evangélica que o Espírito se irriga de esperança e se renova, abrindo clareiras e brechas na psi­cosfera densa que elabora e de que se nutre, a fim de que penetrem outras energias benéficas que o predisporão para o bem, de intervalo a inter­valo, até que logrem modificar a paisa­gem interior, animando-se a inves­timentos maiores.  (Tramas do Destino, cap. 11, págs. 93 e 94.) 

B. Por que a leitura edificante é importante no tratamento dos processos obsessivos? 

Nos processos obsessivos, a leitura edificante, evangélica e espírita, é o medicamento eficaz, imprescindível a uma pronta conquista de resul­tados salutares, visto que, da mesma forma que o pensamento obsidente atua sobre o médium, as construções mentais, as ideias deste são as­similadas pelo hóspede indesejável, resultando, mui­tas vezes, na evange­lização do perseguidor, que também se modifica à força dos preciosos en­sinos que lhe chegam. Fato análogo ocorre na evan­gelização por meio da psicofonia atormentada. O mal-estar que alguns sentem por ocasião da leitura evangélica, em certos casos, é produzido, ora pela exsudação das altas cargas pestilenciais, aspiradas pelo longo processo obsessivo, enquanto se modificam e depuram os centros da razão viciada, mudando-se os clichês mentais perniciosos, ora em face da hábil técnica da hipnose de que se utilizam os perturba­dores desencarnados, porque sabem que irão encontrar na renovação psíquica da sua vítima os antídotos à sua perti­nácia infeliz, alienadora. (Obra citada, cap. 11, págs. 95 e 96.)

C. Como explicar os sentimentos contraditórios de Rafael em relação à sua filha? 

De fato, Rafael amava a filha e, no entanto, experimentava estranha sensação de prazer por sabê-la quase louca, martirizando-se, ao mesmo tempo, em face da notícia do seu desequilíbrio. O sentimento desencontrado não lhe era novo, e só mais tarde, com a ajuda de Cândido, que o informou de que nossas vidas se entrelaçam umas com as outras, compreendeu que as razões daqueles sentimen­tos estranhos tinham ligação com o passado de ambos, no qual se comprometeram. (Obra citada, cap. 11, págs. 96 e 97.) 

Texto para leitura 

38. O esforço do enfermo é essencial - O adversário oculto de Rafael era cúmplice do inimigo de Lisandra, com quem concertava planos de animosi­dade e acendrada vindita. Vítimas no passado, eram agora os cobradores que engrossavam as fileiras de outros prejudicados que exigiam, então, pura e simplesmente, uma jus­tiça rápida, fulminante. Mais bem armados intelectualmente, os chefes da malta odienta estabeleceram um desforço lento, com o qual pretendiam sa­ciar-se na sede de vingança premeditada. Em suas crises, agora amiuda­das, Lisandra estrugia de horror quando "ouvia" o chamado da sua vítima, a clamar por justiça, em face da cle­mência que lhe fora negada. "Via-o" e "ouvia-o" em situação terrifica­dora, não suportando a irrupção da sua presença mental, fugindo, em des­vario, pela crise epiléptica, conforme o quadro clássico produzido pelos focos do lóbulo temporal da delicada máquina encefálica. Com Rafael, o quadro assumia outro aspecto. A mente invasora insinuara-se sutilmente no hospedeiro, provocando uma quase perfeita identificação, mediante a qual o cérebro do enfermo tanto re­gistrava a voz de comando do encar­nado, como a do desencarnado, que ven­cia então as últimas resistências daquele. Em tais casos, a contribuição do enfermo é imprescindível e re­levante. Sem que este produza, a esforço hercúleo que seja, uma mudança de atitude mental com a execução de um programa edificante, no qual granjeie simpatia e solidariedade, creden­ciando-se a ser auxiliado, qualquer ajuda de outrem redunda quase sempre nula. Não havendo forte predisposição interior do enfermo, os estímulos de fora produzem efeito positivo, porém transitório, porque não logram romper as vibrações den­sas do desculpismo e da autopiedade, da revolta muda e da ira, em cujas armadilhas se refugia. Providencial como terapêutica inicial, é através da leitura evangélica que o Espírito se irriga de esperança e se renova, abrindo clareiras e brechas na psi­cosfera densa que elabora e de que se nutre, a fim de que penetrem outras energias benéficas que o predisporão para o bem, de intervalo a inter­valo, até que logrem modificar a paisa­gem interior, animando-se a inves­timentos maiores. É preciso entender que, em alguns casos, o amolenta­mento, a falta de discernimento e a não fixação do conteúdo da leitura procedem da falta do hábito salutar e da convivência com os bons livros. A mente viciosa, indisciplinada, acostu­mada ao trivial, ao burlesco e ao insensato, se recusa atenção e inte­resse no esforço novo. Conveniente, pois, insistência e perseverança. Leiam-se pequenos textos e façam-se acompanhar as leituras de subse­quente reflexão da parte examinada; tente-se a memorização, a anotação como exercício gráfico, para que não se conceda à mente a ociosidade ou a desculpa de nada conseguir nesse capítulo. (Cap. 11, págs. 93 e 94) 

39. Porque a leitura elevada faz bem - No Evangelho de Marcos (9:23), Jesus asseverou ao pai do epiléptico que lhe rogou ajuda: "Tudo é possí­vel àquele que crê", mas o crer não pode ser tomado como uma atitude es­tanque, em que se aguardam resultados, parasitariamente. Tiago anotou em sua epístola (2:17) que "a fé, se não tiver obras, por si só está morta". Não basta, pois, crer; é preciso fazer. O mal-estar que provém da leitura evangélica, em certos casos, é produzido, ora pela exsudação das altas cargas pestilenciais, aspiradas pelo longo processo obsessivo, enquanto se modificam e depuram os centros da razão viciada, mudando-se os clichês mentais perniciosos, ora em face da hábil técnica da hipnose de que se utilizam os perturba­dores desencarnados, porque sabem que irão encontrar na renovação psíquica da sua vítima os antídotos à sua perti­nácia infeliz, alienadora. Inter­ferindo na vontade doentia do paciente, induzem-no ao desinteresse, dis­traem-no, interpondo-se no plano do ra­ciocínio, inspirando receios in­justificáveis ou adormecendo-os. E, quando logram vencê-los pelo sono desagradável, auxiliam no desbordar das lembranças em que se acumplicia­ram nos erros, produzindo pesadelos apavorantes, ou aparecem na tela da recordação, defrontando-os no par­cial desprendimento, com que mais os atemorizam. Quase sempre conseguem o triunfo, por ser mais fácil ao ob­sidiado recuar, ceder no esforço da própria edificação, do que perseve­rar no empreendimento libertador. Em ocorrências dessa natureza, a leitura edificante, evangélica e espírita, é o medicamento eficaz, imprescindível a uma pronta conquista de resul­tados salutares, visto que, da mesma forma que o pensamento obsidente atua sobre o médium em processos obsessivos, as construções mentais, as ideias deste são as­similadas pelo hóspede indesejável, resultando, mui­tas vezes, na evange­lização do perseguidor, que também se modifica à força dos preciosos en­sinos que lhe chegam. Fato análogo ocorre na evan­gelização por meio da psicofonia atormentada. (Cap. 11, págs. 95 e 96) 

40. Nossas vidas se entrelaçam - Além da leitura, a oração revigorante ‚ o tônico de que se devem utilizar os pacientes de todo jaez, daí par­tindo para as reali­zações superiores da vida. O mesmo se diz do esforço pessoal do enfermo, que, ainda mesmo nos casos de subjugação obsessio­nal, é recurso sempre valioso. Embora tenha os comandos da mente domina­dos, a doutrinação que recebe desperta-o para o trabalho que deve reali­zar a benefício de si mesmo, irrigando a mente com a esperança da liber­tação que iniciar  de dentro para fora. Nesses casos, o auxílio de ou­trem, oferecendo palavras de reconforto, lições de otimismo, lene o co­ração e suaviza o atendi­mento espiritual, conclamando-o ao controle e governo das peças e imple­mentos do precioso corpo com que a Divindade o enriquece para a bênção da evolução. A psicoterapia espírita, evangé­lica, é fator essencial para o reequilíbrio de qualquer alienação, mesmo nos casos específicos estu­dados pela Patologia médica e que constituem os notáveis capítulos das modernas "ciências da alma". O verdugo de Ra­fael sabia disso e, por esse motivo, o fez desinteressar-se pela leitura d' O Evangelho segundo o Espi­ritismo, inspirando-o a reagir contra a bondade e a paciência de Cân­dido. Este, que conhecia a técnica dos ob­sessores, não descoroçoou. Sem a insistência que irrita, mas com a per­severança que conforta, continuou prestando o auxílio espiritual ao en­fermo da alma, instando para que re­agisse e emulando-o ao dever de aju­dar os familiares, que, mais do que nunca, precisavam de sua palavra e do seu conforto moral. O verbo sin­cero e generoso de Cândido terminou por encontrar ressonância no pa­ciente rebelde, que, num diálogo franco, revelou ao enfermeiro a razão de um conflito que o macerava: "Amava a filha – afirmou comovido – e, apesar disso, experimentava estranha sensação de prazer por sabê-la quase louca, ao mesmo tempo martirizando-se em face da notícia do seu desequilíbrio. O sentimento desencontrado não lhe era novo. Sufocava-o, no entanto, sempre volvia-lhe perturbador, inquietante. Como entendê-lo?"  Cândido informou-o de que nossas vidas se entrelaçam umas com as outras, num mecanismo demorado e complexo, oferecendo-nos ensanchas múl­tiplas, em experiências físicas muito varia­das. Mais tarde ele, Rafael, compreenderia as razões daqueles sentimen­tos estranhos, que tinham sem dúvida ligação com o passado de ambos. Cândido aludia, assim, à reencar­nação e referiu-se ao ensinamento dado por Jesus a Nicodemos, narrado por João (3:1 a 15): "Em verdade, em ver­dade vos digo, que se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus". (Cap. 11, págs. 96 e 97) 

41. Jesus e a reencarnação - "Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porven­tura, entrar novamente no ventre de sua mãe e nascer?" A essa pergunta, feita pelo senador judeu, Jesus respondeu: "Em verdade, em verdade vos digo, que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus". E concluiu: "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do espírito é espírito. Não vos maravilheis de eu vos dizer: É-vos necessário nascer de novo". Cândido comentou a pas­sagem evangélica, assinalando que o ensino do Mestre não comporta equí­vocos. Jesus refe­riu-se à reencarnação, às diversas vidas por que passa o Espírito, a fim de moldar a própria perfeição. Aproveitando o ensejo, Cândido afirmou que a reencarnação, doutrina conhecida desde a mais re­mota antiguidade, identificada pelos gregos sob o nome de Palingenesia, é a mais coerente e lógica resposta aos múltiplos problemas humanos: mo­rais, sociais, eco­nômicos, físicos, raciais. Considerada a justiça di­vina na sua legí­tima posição, a reencarnação a expressa, ensejando a cada qual sua dita ou desgraça e impelindo sempre ao avanço e à ascen­são. Rafael estava interessado na conversa e na argumentação, e o enfer­meiro prosseguiu: "As religiões derivadas do Cristianismo, que ensinam a unicidade das existências ou das vidas, tais o Catolicismo e o Protes­tantismo nas suas várias ramificações, interpretam a lição, elucidando que o nascer de novo se dá através do batismo, o que não corresponde à legitimidade do texto, que surpreende Nicodemos, o fariseu, que era se­nador dos judeus, homem culto e versado nas leis e conhecimentos do seu tempo. Inicial­mente, comentemos que os povos antigos acreditavam que a Terra houvera saído das águas, conforme se lê em a Gênese. Supunham, portanto, que to­das as coisas físicas tiveram sua origem nas águas, pas­sando estas a ser o símbolo dos corpos. Desse ponto de vista, o ensino refere que o corpo gera outro corpo, mas só o Espírito produz outro Es­pírito, independendo, portanto, do corpo". Cândido referiu-se depois ao avanço das ciências modernas que vieram demonstrar, ainda mais, a força da lógica, na argu­mentação apresentada por Jesus. "Através da Embrioge­nia – aduziu o en­fermeiro –, sabemos que a partícula fecundante, o ga­meta masculino, é uma gotícula d’água – o espermatozoide – e o gameta que se deixa fecun­dar – o óvulo – é outra gotícula d’água. A ambiência, a princípio, no ovo, é aquosa e, à medida que o feto se desenvolve, se nutre e se man­tém, resguardando-se graças ao líquido amniótico, estru­tura a carne... Será  necessário examinar mais o assunto?" (Cap. 11, págs. 98 e 99) (Continua no próximo número.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita