A. Na tarefa
desobsessiva é relevante
a contribuição da pessoa
enferma?
Sim, em tais casos, a contribuição do enfermo é
imprescindível e
relevante. Sem que este
produza, a esforço
hercúleo que seja, uma
mudança de atitude
mental com a execução de
um programa edificante,
no qual granjeie
simpatia e
solidariedade,
credenciando-se a ser
auxiliado, qualquer
ajuda de outrem redunda
quase sempre nula. Não
havendo forte
predisposição interior
do enfermo, os estímulos
de fora produzem efeito
positivo, porém
transitório, porque não
logram romper as
vibrações densas do
desculpismo e da
autopiedade, da revolta
muda e da ira, em cujas
armadilhas se refugia.
Providencial como
terapêutica inicial, é
através da leitura
evangélica que o
Espírito se irriga de
esperança e se renova,
abrindo clareiras e
brechas na psicosfera
densa que elabora e de
que se nutre, a fim de
que penetrem outras
energias benéficas que o
predisporão para o bem,
de intervalo a
intervalo, até que
logrem modificar a
paisagem interior,
animando-se a
investimentos maiores.
(Tramas do Destino,
cap. 11, págs. 93 e 94.)
B. Por que a leitura
edificante é importante
no tratamento dos
processos obsessivos?
Nos processos obsessivos, a leitura edificante,
evangélica e espírita, é
o medicamento eficaz,
imprescindível a uma
pronta conquista de
resultados salutares,
visto que, da mesma
forma que o pensamento
obsidente atua sobre o
médium, as construções
mentais, as ideias deste
são assimiladas pelo
hóspede indesejável,
resultando, muitas
vezes, na evangelização
do perseguidor, que
também se modifica à
força dos preciosos
ensinos que lhe chegam.
Fato análogo ocorre na
evangelização por meio
da psicofonia
atormentada. O mal-estar
que alguns sentem por
ocasião da leitura
evangélica, em certos
casos, é produzido, ora
pela exsudação das altas
cargas pestilenciais,
aspiradas pelo longo
processo obsessivo,
enquanto se modificam e
depuram os centros da
razão viciada,
mudando-se os clichês
mentais perniciosos, ora
em face da hábil técnica
da hipnose de que se
utilizam os
perturbadores
desencarnados, porque
sabem que irão encontrar
na renovação psíquica da
sua vítima os antídotos
à sua pertinácia
infeliz, alienadora.
(Obra citada, cap. 11, págs. 95 e 96.)
C. Como explicar os
sentimentos
contraditórios de Rafael
em relação à sua filha?
De fato, Rafael amava a filha e, no entanto,
experimentava estranha
sensação de prazer por
sabê-la quase louca,
martirizando-se, ao
mesmo tempo, em face da
notícia do seu
desequilíbrio. O
sentimento desencontrado
não lhe era novo, e só
mais tarde, com a ajuda
de Cândido, que o
informou de que nossas
vidas se entrelaçam umas
com as outras,
compreendeu que as
razões daqueles
sentimentos estranhos
tinham ligação com o
passado de ambos, no
qual se comprometeram. (Obra citada, cap. 11, págs. 96 e 97.)
Texto para leitura
38. O esforço do enfermo é essencial
- O adversário oculto de
Rafael era cúmplice do
inimigo de Lisandra, com
quem concertava planos
de animosidade e
acendrada vindita.
Vítimas no passado, eram
agora os cobradores que
engrossavam as fileiras
de outros prejudicados
que exigiam, então, pura
e simplesmente, uma
justiça rápida,
fulminante. Mais bem
armados
intelectualmente, os
chefes da malta odienta
estabeleceram um
desforço lento, com o
qual pretendiam
saciar-se na sede de
vingança premeditada. Em
suas crises, agora
amiudadas, Lisandra
estrugia de horror
quando "ouvia" o chamado
da sua vítima, a clamar
por justiça, em face da
clemência que lhe fora
negada. "Via-o" e
"ouvia-o" em situação
terrificadora, não
suportando a irrupção da
sua presença mental,
fugindo, em desvario,
pela crise epiléptica,
conforme o quadro
clássico produzido pelos
focos do lóbulo temporal
da delicada máquina
encefálica. Com Rafael,
o quadro assumia outro
aspecto. A mente
invasora insinuara-se
sutilmente no
hospedeiro, provocando
uma quase perfeita
identificação, mediante
a qual o cérebro do
enfermo tanto
registrava a voz de
comando do encarnado,
como a do desencarnado,
que vencia então as
últimas resistências
daquele. Em tais casos,
a contribuição do
enfermo é imprescindível
e relevante. Sem que
este produza, a esforço
hercúleo que seja, uma
mudança de atitude
mental com a execução de
um programa edificante,
no qual granjeie
simpatia e
solidariedade,
credenciando-se a ser
auxiliado, qualquer
ajuda de outrem redunda
quase sempre nula. Não
havendo forte
predisposição interior
do enfermo, os estímulos
de fora produzem efeito
positivo, porém
transitório, porque não
logram romper as
vibrações densas do
desculpismo e da
autopiedade, da revolta
muda e da ira, em cujas
armadilhas se refugia.
Providencial como
terapêutica inicial, é
através da leitura
evangélica que o
Espírito se irriga de
esperança e se renova,
abrindo clareiras e
brechas na psicosfera
densa que elabora e de
que se nutre, a fim de
que penetrem outras
energias benéficas que o
predisporão para o bem,
de intervalo a
intervalo, até que
logrem modificar a
paisagem interior,
animando-se a
investimentos maiores.
É preciso entender que,
em alguns casos, o
amolentamento, a falta
de discernimento e a não
fixação do conteúdo da
leitura procedem da
falta do hábito salutar
e da convivência com os
bons livros. A mente
viciosa, indisciplinada,
acostumada ao trivial,
ao burlesco e ao
insensato, se recusa
atenção e interesse no
esforço novo.
Conveniente, pois,
insistência e
perseverança. Leiam-se
pequenos textos e
façam-se acompanhar as
leituras de subsequente
reflexão da parte
examinada; tente-se a
memorização, a anotação
como exercício gráfico,
para que não se conceda
à mente a ociosidade ou
a desculpa de nada
conseguir nesse
capítulo. (Cap. 11,
págs. 93 e 94)
39. Porque a leitura elevada faz bem
- No Evangelho de Marcos
(9:23), Jesus asseverou
ao pai do epiléptico que
lhe rogou ajuda: "Tudo é
possível àquele que
crê", mas o crer não
pode ser tomado como uma
atitude estanque, em
que se aguardam
resultados,
parasitariamente. Tiago
anotou em sua epístola
(2:17) que "a fé, se não
tiver obras, por si só
está morta". Não basta,
pois, crer; é preciso
fazer. O mal-estar que
provém da leitura
evangélica, em certos
casos, é produzido, ora
pela exsudação das altas
cargas pestilenciais,
aspiradas pelo longo
processo obsessivo,
enquanto se modificam e
depuram os centros da
razão viciada,
mudando-se os clichês
mentais perniciosos, ora
em face da hábil técnica
da hipnose de que se
utilizam os
perturbadores
desencarnados, porque
sabem que irão encontrar
na renovação psíquica da
sua vítima os antídotos
à sua pertinácia
infeliz, alienadora.
Interferindo na vontade
doentia do paciente,
induzem-no ao
desinteresse,
distraem-no,
interpondo-se no plano
do raciocínio,
inspirando receios
injustificáveis ou
adormecendo-os. E,
quando logram vencê-los
pelo sono desagradável,
auxiliam no desbordar
das lembranças em que se
acumpliciaram nos
erros, produzindo
pesadelos apavorantes,
ou aparecem na tela da
recordação,
defrontando-os no
parcial desprendimento,
com que mais os
atemorizam. Quase sempre
conseguem o triunfo, por
ser mais fácil ao
obsidiado recuar, ceder
no esforço da própria
edificação, do que
perseverar no
empreendimento
libertador. Em
ocorrências dessa
natureza, a leitura
edificante, evangélica e
espírita, é o
medicamento eficaz,
imprescindível a uma
pronta conquista de
resultados salutares,
visto que, da mesma
forma que o pensamento
obsidente atua sobre o
médium em processos
obsessivos, as
construções mentais, as
ideias deste são
assimiladas pelo
hóspede indesejável,
resultando, muitas
vezes, na evangelização
do perseguidor, que
também se modifica à
força dos preciosos
ensinos que lhe chegam.
Fato análogo ocorre na
evangelização por meio
da psicofonia
atormentada. (Cap. 11,
págs. 95 e 96)
40. Nossas vidas se entrelaçam -
Além da leitura, a
oração revigorante ‚ o
tônico de que se devem
utilizar os pacientes de
todo jaez, daí partindo
para as realizações
superiores da vida. O
mesmo se diz do esforço
pessoal do enfermo, que,
ainda mesmo nos casos de
subjugação obsessional,
é recurso sempre
valioso. Embora tenha os
comandos da mente
dominados, a
doutrinação que recebe
desperta-o para o
trabalho que deve
realizar a benefício de
si mesmo, irrigando a
mente com a esperança da
libertação que iniciar
de dentro para fora.
Nesses casos, o auxílio
de outrem, oferecendo
palavras de reconforto,
lições de otimismo, lene
o coração e suaviza o
atendimento espiritual,
conclamando-o ao
controle e governo das
peças e implementos do
precioso corpo com que a
Divindade o enriquece
para a bênção da
evolução. A psicoterapia
espírita, evangélica, é
fator essencial para o
reequilíbrio de qualquer
alienação, mesmo nos
casos específicos
estudados pela
Patologia médica e que
constituem os notáveis
capítulos das modernas
"ciências da alma". O
verdugo de Rafael sabia
disso e, por esse
motivo, o fez
desinteressar-se pela
leitura d' O Evangelho
segundo o Espiritismo,
inspirando-o a reagir
contra a bondade e a
paciência de Cândido.
Este, que conhecia a
técnica dos obsessores,
não descoroçoou. Sem a
insistência que irrita,
mas com a perseverança
que conforta, continuou
prestando o auxílio
espiritual ao enfermo
da alma, instando para
que reagisse e
emulando-o ao dever de
ajudar os familiares,
que, mais do que nunca,
precisavam de sua
palavra e do seu
conforto moral. O verbo
sincero e generoso de
Cândido terminou por
encontrar ressonância no
paciente rebelde, que,
num diálogo franco,
revelou ao enfermeiro a
razão de um conflito que
o macerava: "Amava a
filha – afirmou comovido
– e, apesar disso,
experimentava estranha
sensação de prazer por
sabê-la quase louca, ao
mesmo tempo
martirizando-se em face
da notícia do seu
desequilíbrio. O
sentimento desencontrado
não lhe era novo.
Sufocava-o, no entanto,
sempre volvia-lhe
perturbador,
inquietante. Como
entendê-lo?" Cândido
informou-o de que nossas
vidas se entrelaçam umas
com as outras, num
mecanismo demorado e
complexo, oferecendo-nos
ensanchas múltiplas, em
experiências físicas
muito variadas. Mais
tarde ele, Rafael,
compreenderia as razões
daqueles sentimentos
estranhos, que tinham
sem dúvida ligação com o
passado de ambos.
Cândido aludia, assim, à
reencarnação e
referiu-se ao
ensinamento dado por
Jesus a Nicodemos,
narrado por João (3:1 a
15): "Em verdade, em
verdade vos digo, que
se alguém não nascer de
novo, não pode ver o
Reino de Deus". (Cap.
11, págs. 96 e 97)
41. Jesus e a reencarnação - "Como
pode um homem nascer,
sendo velho? Pode,
porventura, entrar
novamente no ventre de
sua mãe e nascer?" A
essa pergunta, feita
pelo senador judeu,
Jesus respondeu: "Em
verdade, em verdade vos
digo, que se alguém não
nascer da água e do
Espírito, não pode
entrar no Reino de
Deus". E concluiu: "O
que é nascido da carne é
carne; e o que é nascido
do espírito é espírito.
Não vos maravilheis de
eu vos dizer: É-vos
necessário nascer de
novo". Cândido comentou
a passagem evangélica,
assinalando que o ensino
do Mestre não comporta
equívocos. Jesus
referiu-se à
reencarnação, às
diversas vidas por que
passa o Espírito, a fim
de moldar a própria
perfeição. Aproveitando
o ensejo, Cândido
afirmou que a
reencarnação, doutrina
conhecida desde a mais
remota antiguidade,
identificada pelos
gregos sob o nome de
Palingenesia, é a mais
coerente e lógica
resposta aos múltiplos
problemas humanos:
morais, sociais,
econômicos, físicos,
raciais. Considerada a
justiça divina na sua
legítima posição, a
reencarnação a expressa,
ensejando a cada qual
sua dita ou desgraça e
impelindo sempre ao
avanço e à ascensão.
Rafael estava
interessado na conversa
e na argumentação, e o
enfermeiro prosseguiu:
"As religiões derivadas
do Cristianismo, que
ensinam a unicidade das
existências ou das
vidas, tais o
Catolicismo e o
Protestantismo nas suas
várias ramificações,
interpretam a lição,
elucidando que o nascer
de novo se dá através do
batismo, o que não
corresponde à
legitimidade do texto,
que surpreende
Nicodemos, o fariseu,
que era senador dos
judeus, homem culto e
versado nas leis e
conhecimentos do seu
tempo. Inicialmente,
comentemos que os povos
antigos acreditavam que
a Terra houvera saído
das águas, conforme se
lê em a Gênese.
Supunham, portanto, que
todas as coisas físicas
tiveram sua origem nas
águas, passando estas a
ser o símbolo dos
corpos. Desse ponto de
vista, o ensino refere
que o corpo gera outro
corpo, mas só o Espírito
produz outro Espírito,
independendo, portanto,
do corpo". Cândido
referiu-se depois ao
avanço das ciências
modernas que vieram
demonstrar, ainda mais,
a força da lógica, na
argumentação
apresentada por Jesus.
"Através da Embriogenia
– aduziu o enfermeiro
–, sabemos que a
partícula fecundante, o
gameta masculino, é uma
gotícula d’água – o
espermatozoide – e o
gameta que se deixa
fecundar – o óvulo – é
outra gotícula d’água. A
ambiência, a princípio,
no ovo, é aquosa e, à
medida que o feto se
desenvolve, se nutre e
se mantém,
resguardando-se graças
ao líquido amniótico,
estrutura a carne...
Será necessário
examinar mais o
assunto?" (Cap. 11,
págs. 98 e 99)
(Continua no próximo
número.)