Anônimos
Por vezes, vejo
casas espíritas
pequenas,
simples, com a
sua pequena
livraria, e seus
poucos e fiéis
colaboradores
sentados em
humildes bancos
e madeira,
atentos às
palavras do
palestrante.
A despeito do
esforço de
personalidades
espíritas de
renome, dos
grandiosos
eventos e das
casas de
estacionamentos
movimentados,
são esses
pequenos
núcleos,
espalhados pelo
nosso país,
erigidos no
esforço
cotidiano de
heróis anônimos,
que se entremeia
o tecido chamado
“Movimento
espírita”,
materializado no
singelo círculo
de estudos, na
palavra
edificante para
a pequena
plateia, na
campanha do
quilo.
O trabalho
desses anônimos,
na tarefa
assistencial,
mediúnica ou de
estudo, é a
presença de
nosso movimento,
divulgando e
consolidando, em
uma rede tenaz
de companheiros
irmanados no
mesmo ideal.
A força dos
anônimos nos
sustenta mais do
que inspira.
A evidência, o
grande palestrante,
o famoso médium,
o escritor
ilustre, eis uma
provação dupla,
onde nos cabe
refletir sobre a
impropriedade de
nosso
endeusamento,
que pode
alimentar o
orgulho, em
situações que
por vezes
desaguam para o
risível e o
descabido,
relembrando o
comportamento de
celebridades e
fãs das festas
da indústria
cultural.
O trabalho é
patrimônio
permanente e
acumulativo,
disponível para
anônimos e
famosos, na
contribuição com
seu quinhão para
a obra do
Cordeiro, tendo
a tarefa a sua
relevância pela
transformação
íntima ocorrida
em seu agente.
Assim como
buscamos famosos
na mesa
mediúnica, para
avalizar os
conteúdos
recebidos,
pensamos ver a
força dos
trabalhos pela
popularidade
angariada pelos
tarefeiros,
esquecendo-se
que a crença no
Cristo só se
vulgarizou
décadas depois
de sua passagem.
O trabalho dos
anônimos é tão
ou mais
valoroso, onde
nos cabe
enxergar o
potencial do
bem, no
ostracismo ou na
pompa e
circunstância,
com os olhos de
ver. O bem não
escolhe seu
pouso por
critérios de
notoriedade,
pois vencer no
mundo é
diferente de
vencer “o”
mundo.
Em uma época de
exposição das
pessoas e de sua
intimidade, de
megaeventos
globalizados e
da busca pela
fama, resta-nos
pensar no
Cristo, no seu
exemplo, quando
na multidão
sentiu alguém
tocá-lo, não
pela sua fama ou
evidência, e sim
pela sua
virtude, medida
eterna de cada
um de nós.