FRANCISCO
REBOUÇAS
costareboucas@ig.com.br
Niterói, RJ (Brasil)
A preguiça
Tida como doença
da alma, a
preguiça tem,
como sócio
majoritário, o
desânimo
O dicionário, da
língua
portuguesa,
define o termo
preguiça
como sendo:
aversão ao
trabalho;
morosidade;
negligência;
pachorra;
moleza;
indolência;
vadiagem.
Portanto,
preguiçoso é
todo o indivíduo
portador de
qualquer desses
“predicados”; e
a doutrina
espírita nos
assevera que a
preguiça causa
sérias
implicações na
vida do
indivíduo
preguiçoso,
alertando para o
fato de que é
ela um dos
maiores
empecilhos ao
progresso moral
e espiritual do
indivíduo, e,
por conseguinte,
um grande
entrave ao
desenvolvimento
geral da
sociedade, em
todos os campos
da atividade
humana.
A preguiça é uma
doença da alma,
e tem,
como sócio
majoritário,
o
desânimo,
por conseguinte,
provoca, com sua
ação maléfica ao
espírito que se
deixa impregnar
por seus efeitos
paralisantes,
sérios
transtornos para
o
desenvolvimento
de uma vida
digna e
saudável,
acarretando em
seu portador
sérios e pesados
desequilíbrios
que o
arremessarão de
encontro a
prejuízos de
incalculável
monta.
Os efeitos
provocados pela
preguiça no
indivíduo
iniciam-se de
forma bem sutil
e quase
imperceptível,
na forma de um
pequeno
desânimo, que,
se não for logo
detectado e
combatido, se
estabelecerá com
grande rapidez
nas engrenagens
psíquicas do
indivíduo,
justamente
quando ele,
mantendo as mãos
desocupadas e a
cabeça
despreocupada de
pensamentos
positivos que a
responsabilidade
do trabalho
exige, para a
sua consecução,
entrega-se à
ociosidade que
fatalmente o
levará de
encontro à
invigilância e o
colocará na
faixa vibratória
dos inimigos da
Luz, que logo
estarão lhe
fazendo
companhia,
sugerindo
pensamentos de
baixo teor de
moralidade e
dignidade,
arrastando-o ao
encontro de
idealizações
inferiores e
enfermiças sem
proveito algum
para a sua
necessidade de
crescimento
espiritual,
trazendo à tona
as sombras da
cegueira
espiritual de
que é portador,
envolvendo-o,
sem que se dê
conta, em
desequilíbrio,
mergulhando num
mar de
enfermidades,
moléstias e
tormentos.
Desse infeliz
consórcio,
dentro em pouco
estará o
indivíduo
envolto em
sérios problemas
obsessivos,
em que os
representantes
das trevas lhe
causarão muitos
dissabores e
sofrimentos de
difícil solução;
pois, a
ociosidade é
tóxico poderoso
que polui a vida
moral-espiritual
do incauto que
lhe concede
abrigo.
Na literatura
espírita,
encontramos
sábios e
importantes
alertas dos
benfeitores
espirituais para
que nos
mantenhamos em
guarda,
“vigiando e
orando”, como
nos ensinou o
Mestre de
Nazaré, para não
cairmos em
tentação,
conforme segue:
Dissertação
moral ditada por
São Luís à
senhorita
Ermance Dufaux
(5 de maio de
1858)l
Um homem saiu de
madrugada e foi
para a praça
pública para
ajustar
trabalhadores.
Ora, ele viu
dois homens do
povo que estavam
sentados de
braços cruzados.
Foi a um deles e
o abordou
dizendo: "Que
fazes tu aqui?"
e este, tendo
respondido: "Não
tenho trabalho",
aquele que
procurava
trabalhadores
lhe disse: "Tome
tua enxada, e vá
para o meu
campo, sobre a
vertente da
colina, onde
sopra o vento
sul; cortarás a
urze e
revolverás o
solo até que a
noite chegue; a
tarefa é rude,
mas terás um bom
salário". E o
homem do povo
carregou a
enxada sobre os
ombros,
agradecendo-lhe
em seu coração.
O outro
trabalhador,
tendo ouvido
isso, se ergueu
do seu lugar e
se aproximou
dizendo:
"Senhor,
deixai-me também
ir trabalhar em
vosso campo", e
o senhor, tendo
dito a ambos
para segui-lo,
caminhou adiante
para lhes
mostrar o
caminho. Depois,
quando chegaram
à beira da
colina, dividiu
a obra em duas
partes e se foi
dali.
Depois que
partiu, o último
dos
trabalhadores
que havia
contratado,
primeiramente
pôs fogo nas
urzes do lote
que lhe coube em
partilha, e
trabalhou a
terra com o
ferro de sua
enxada. O suor
jorrou do seu
rosto sob o
ardor do sol. O
outro o imitou,
primeiro
murmurando, mas
se cansou cedo
do seu trabalho,
e, cravando sua
enxada sob o
sol, sentou-se
perto, olhando
seu companheiro
trabalhar.
Ora, o senhor do
campo veio perto
da noite e
examinou a obra
realizada, e
tendo chamado a
ele o obreiro
diligente,
cumprimentou-o
dizendo:
"Trabalhaste
bem; eis teu
salário", e lhe
deu uma peça de
prata,
despedindo-o. O
outro
trabalhador se
aproximou também
e reclamou o
preço de sua
jornada; mas o
senhor lhe
disse: "Mau
trabalhador, meu
pão não acalmará
tua fome, porque
deixaste inculta
a parte de meu
campo que te
havia confiado",
não é justo que
aquele que nada
fez seja
recompensado
como aquele que
trabalhou bem; e
o mandou embora
sem nada lhe
dar.
II
Eu vos digo: a
força não foi
dada ao homem, e
a inteligência
ao seu espírito,
para que consuma
seus dias na
ociosidade, mas
para que seja
útil aos seus
semelhantes.
Ora, aquele
cujas mãos sejam
desocupadas e o
espírito ocioso
será punido, e
deverá recomeçar
sua tarefa.
Eu vos digo, em
verdade: sua
vida será
lançada de lado
como uma coisa
que não foi boa
em nada, quando
seu tempo se
tiver cumprido;
compreendei isto
por uma
comparação. Qual
dentre vós, se
há em vosso
pomar uma árvore
que não produz
bons frutos, não
dirá ao seu
Servidor: Cortai
essa árvore e
lançai-a ao
fogo, porque
seus ramos são
estéreis.
Ora, do mesmo
modo que essa
árvore será
cortada por sua
esterilidade, a
vida do
preguiçoso será
posta de lado
porque terá sido
estéril em boas
obras.
¹
Os Espíritos
Superiores nos
afirmam que o
trabalho é uma
Lei Natural, a
que todos
estamos
submetidos,
consoante os
esclarecimentos
contidos nas
respostas
esclarecedoras
que prestaram às
questões
formuladas pelo
codificador da
doutrina
espírita, nas
questões
seguintes:
Necessidade do
trabalho
647. A
necessidade do
trabalho é lei
da Natureza?
“O trabalho é
lei da Natureza,
por isso mesmo
que constitui
uma necessidade,
e a civilização
obriga o homem a
trabalhar mais,
porque lhe
aumenta as
necessidades e
os gozos.”
675. Por
trabalho só se
devem entender
as ocupações
materiais?
“Não; o Espírito
trabalha, assim
como o corpo.
Toda ocupação
útil é
trabalho.”
676. Por que o
trabalho se
impõe ao homem?
“Por ser uma
consequência da
sua natureza
corpórea. É
expiação e, ao
mesmo tempo,
meio de
aperfeiçoamento
da sua
inteligência.
Sem o trabalho,
o homem
permaneceria
sempre na
infância, quanto
à inteligência.
Por isso é que
seu alimento,
sua segurança e
seu bem-estar
dependem do seu
trabalho e da
sua atividade.
Ao extremamente
fraco de corpo,
outorgou Deus a
inteligência, em
compensação. Mas
é sempre um
trabalho.”
678. Em os
mundos mais
aperfeiçoados,
os homens se
acham submetidos
à mesma
necessidade de
trabalhar?
“A natureza do
trabalho está em
relação com a
natureza das
necessidades.
Quanto menos
materiais são
estas, menos
material é o
trabalho. Mas
não deduzais daí
que o homem se
conserve inativo
e inútil. A
ociosidade seria
um suplício, em
vez de ser um
benefício.”
679. Achar-se-á
isento da lei do
trabalho o homem
que possua bens
suficientes para
lhe assegurarem
a existência?
“Do trabalho
material,
talvez; não,
porém, da
obrigação de
tornar-se útil,
conforme aos
meios de que
disponha, nem de
aperfeiçoar a
sua inteligência
ou a dos outros,
o que também é
trabalho. Aquele
a quem Deus
facultou a posse
de bens
suficientes a
lhe garantirem a
existência não
está, é certo,
constrangido a
alimentar-se com
o suor do seu
rosto, mas tanto
maior lhe é a
obrigação de ser
útil aos seus
semelhantes,
quanto mais
ocasiões de
praticar o bem
lhe proporciona
o adiantamento
que lhe foi
feito.”
680. Não há
homens que se
encontram
impossibilitados
de trabalhar no
que quer que
seja e cuja
existência é,
portanto,
inútil?
“Deus é justo e,
pois, só condena
aquele que
voluntariamente
tornou inútil a
sua existência,
porquanto esse
vive a expensas
do trabalho dos
outros. Ele quer
que cada um seja
útil, de acordo
com as suas
faculdades.”
(643)²
Diante dos
cristalinos
ensinamentos,
contidos nas
obras da
esclarecedora
doutrina
espírita,
precisamos de
toda atenção
para que não nos
tornemos, por
nossa vez,
vítimas desse
dragão
devastador que é
a preguiça,
causadora de
muitos tormentos
e decepções a um
número
incalculável de
criaturas que
lhes caíram nas
malhas.
Só através do
trabalho
constante e
disciplinado, na
busca do nosso
crescimento como
Seres em
processo de
autoburilamento,
enfrentando
corajosamente os
obstáculos que a
vida nos impõe,
utilizando da
bênção do
trabalho, é que
conseguiremos
atravessar com
eficiência esse
atual estágio
evolutivo em que
nos achamos, na
construção de um
futuro brilhante
e proveitoso na
busca da
felicidade
relativa que
tanto almejamos
e que só depende
de nós
consegui-la.
O trabalho é por
isso mesmo o
único meio pelo
qual poderemos
conquistar
nossos objetivos
de elevação como
Seres imortais
que somos, em
direção ao
encontro com o
Pai criador que
nos aguarda com
os necessários
benefícios que
serão ofertados
a tantos quantos
fizerem o
inevitável
esforço por
merecer.
Portanto,
reage com vigor
e determinação
às tentativas de
alojamento da
preguiça nos
tecidos sutis de
teu equipamento
psíquico,
e assume nova
postura diante
da vida, que te
oferece
diariamente
inúmeras
oportunidades de
crescimento e
desenvolvimento
a teu próprio
benefício, e
procura entender
que ninguém está
no mundo por
acaso, e sim com
finalidades e
objetivos
adredemente
estabelecidos,
que deve
atender, para
seu
aperfeiçoamento,
e espelha-te no
exemplo que te
dá o Sol, que
todos os dias
aquece e ilumina
teus caminhos, e
prossegue
trabalhando na
construção do
teu destino
final que é a
perfeição e a
felicidade.
Fontes:
1- Revista
Espírita, junho
de
1858.
2- O Livro dos
Espíritos – FEB,
76º edição.
Grifos nossos.