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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 257 - 22 de Abril de 2012

MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com

Brasília, DF (Brasil)
 

Alvorada jovem


Gostaria de iniciar esse artigo falando das revistas National Geographic Brasil (no 140/Nov/2011), ISTO É (no 2.189/Out/2011), e CULT (no 157/Mai/2011), que dedicaram as suas edições citadas sobre a temática da peculiaridade do período chamado de “Juventude”, à luz das recentes descobertas científicas, no que tange ao desenvolvimento de nosso cérebro.  

De forma resumida, os estudos estampados nesses periódicos indicam que o cérebro do adolescente não é um rascunho do cérebro de um adulto e que, mais do que uma fase de transição, a juventude tem características próprias, já que o cérebro do Espírito encarnado, de 12 a 15 anos, passa por um processo de remodelagem, que o torna mais sofisticado, com maior velocidade em suas conexões, com aprendizados e vivências próprias, para além da construção social que é a juventude.

No aspecto morfológico, os estudos apontam características cerebrais que confirmam que o jovem tem uma busca intensa por novidades; que estes tendem a valorizar as recompensas em detrimento das consequências, nos famosos episódios de imprudência; a predileção dos jovens por emoções fortes; e ainda, a busca pelo estabelecimento de relações sociais, repetindo os comportamentos observados, na força dos grupos e tribos.

No campo sociológico, surgem nessa época os questionamentos dos valores paternos como suporte da crise de identidade e de autoafirmação; a ambiguidade reinante pela exaltação da juventude na sociedade, aliada a uma ausência de reconhecimento social; o rompimento da família patriarcal combinada a uma inserção tardia no mercado de trabalho, alongando a adolescência; e, por fim, a exaltação do corpo perfeito e a força dele advinda, como elemento de violência concreta ou simbólica.

Apesar de o senso comum ratificar essas conclusões, a inovação está no reconhecimento da juventude com peculiaridades, para além de uma transição criança-adulto, e que, apesar de ser vista como uma fase problema a ser suportada pela família, é um período singular, que exige abordagens próprias, inclusive no campo da educação espírita.

Entender essas peculiaridades que sofrem influências da classe social, gênero, geração, localização geográfica, mas que, ainda assim, trazem regularidades, nos faz ver o jovem mais do que apenas o futuro da casa espírita ou aqueles que lembramos no momento de carregar cadeiras – como, infelizmente, se vê ainda. São Espíritos encarnados em um período específico, que demandam ações educativas direcionadas a essas especificidades.

A abordagem educativa deve abrir espaços para descobertas, valorizar o reconhecimento da categoria juvenil como autônoma e destinar a estes, no seu microcosmo, o protagonismo que permita as emoções de fazer e acontecer. Quanto às relações de jovens e outros grupos de adultos, que o convívio permita o aprendizado mútuo, de fases diferentes e gerações distintas, com respeito e intercâmbio.

O grupo de referência dos jovens e as suas iniciativas deve ser respeitado, no estímulo de valores fraternos. A responsabilização deve ser gradual e deve-se garantir a resposta clara frente ao questionamento de valores, somado à autonomia que permita o erro e a reflexão.

As diversas realidades do movimento espírita revelam espaços e tempos de proibição de atividades de jovens, de rotulações, de isolamentos, de perseguições, de negações... Mas também apontam experiências maravilhosas de jovens nos diversos campos da atividade espírita, fazendo a diferença, no fazer e no falar.

A casa espírita como um todo, para além do setor de Infância e Juventude, deve considerar com carinho as peculiaridades e potencialidades dessa fase ímpar da vida do Espírito encarnado, que traz a beleza e a força como marca, mas também os desafios da construção da identidade e do gosto pelas emoções, para que esse período seja divertido, mas também construtivo.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita