“Bem-aventurados sois
quando, por minha causa, vos
injuriarem, e vos
perseguirem, e, mentindo,
disserem todo mal contra
vós. Regozijai-vos e
exultai, porque é grande o
vosso galardão nos céus;
pois assim perseguiram aos
profetas que viveram antes
de vós”. (Mateus, capítulo
5, versículos de 11 a 12.)
Optamos por começar a coluna
desta semana com esta
afirmação de Jesus porque,
na semana passada, já
mostramos um caso de ataque
ao trabalho de Chico na
década de quarenta e nesta
coluna mostraremos outra
tentativa de difamação
infrutífera sobre seu
trabalho.
Este artigo é uma
continuação do texto
anterior, extraído do livro
“Chico Xavier, Uma Vida de
Amor”, de Ubiratan Machado
(Editora IDE, de Araras).
Ouçamos o autor:
Com o processo – aqui ele se
refere ao Caso Humberto de
Campos (veja a edição
passada desta revista) –
a fama de Chico cresceu.
Entrevistá-lo era o sonho de
todo jornalista. Mas o
médium fora proibido por seu
chefe do Ministério da
Agricultura de conceder
qualquer entrevista. A dupla
David Nasser e Jean Manzon,
porém, não era de desistir.
Resolveram que
entrevistariam o homem. E
rumaram para Minas.
Ao
chegar a Pedro Leopoldo,
sentiram que a matéria
dificilmente sairia.
Resolveram, então, fazer-se
passar por norte-americanos.
Natividade, piloto do avião
que os levara até lá, seria
o intérprete. Convém
observar que, àquela altura,
a dupla de jornalistas
estava iniciando sua
carreira, sendo ainda
ilustres desconhecidos.
Após muita conversa, Chico
assentiu. Concluída a longa
entrevista, o médium disse:
“Emmanuel quer que eu
autografe livros para os
senhores”.
Já
no Rio de Janeiro, David
Nasser, que não abrira o
livro recebido do médium,
comentou com a esposa:
“Ontem, iludimos o Chico”.
E
narrou a astúcia empregada.
“Iludiram coisa nenhuma –
respondeu a esposa –. Olha
aqui a dedicatória: Ao meu
caro David Nasser, com o
abraço de Chico Xavier”.
Desconcertado, o repórter
ligou para o colega que o
acompanhara. O fotógrafo
correu, abriu o seu exemplar
e lá encontrou a
dedicatória: “Ao meu caro
Jean Manzon...”.
A
reportagem quase não foi
publicada, pois as fotos de
Chico eram meio
irreverentes. Por fim, saiu,
se bem que o repórter
omitisse esse fato, sob a
alegação de que “a
verossimilhança é mais
importante do que a
verdade”.