ALTAMIRANDO
CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Como os
animais dizem
“te amo”
Matéria de minha autoria
publicada no Jornal
Espírita de julho de
1989, intitulada “Veja
como os animais dizem
‘te amo’”, recorre a um
dos números da revista Superinteressante, da
Editora Abril, onde
encontrei a matéria
“Assim os animais dizem
“‘te amo’”, que mostra
que eles costumam
misturar ternura e
agressividade em seu
relacionamento amoroso,
pois a Natureza os faz
assim, para garantir que
as espécies se
reproduzam e sobrevivam.
São fantásticos os
truques de sedução entre
eles, que os obrigam a
estranhos rituais,
marcados por lutas de
vida e morte.
Nessa luta, o amor e o
ódio se tocam. No jogo
amoroso de um casal de
rinocerontes, por
exemplo, machos e
fêmeas dão-se encontrões
violentos, como se
estivessem fazendo
guerra e não um simples
momento de amor. Já os
tigres, para chegarem ao
acasalamento, o macho
precisa de grande
paciência para acalmar
a fêmea, que rosna,
negaceia e dá-lhe
patadas. Uma vez
consumada a fecundação,
ele precisará fugir
rapidamente, pois a
companheira tem uma
única vontade: matá-lo.
Com as aranhas o romance
pode ter um final
trágico se o macho,
geralmente menor e mais
fraco, não tomar cuidado
de se apresentar à sua
escolhida com
um presente, um
petisco, para saciar-lhe
a fome. Os pica-paus
machos também dão
presentes às fêmeas para
apaziguarem possíveis
desentendimentos. Já as
rãs são românticas e
sexualmente liberadas,
bastando ao macho
manifestar seu desejo,
coaxando de forma
especial. Se a resposta
vier no mesmo tom, é
sinal verde para ele,
que precisará arranjar
um companheiro, pois os
encontros amorosos da
espécie são sempre
coletivos, isto é: são
necessários dois machos
para pressionar o ventre
da fêmea e ajudá-la a
expulsar os ovos que
serão fecundados. O leão
disputa a namorada
com outros machos, a
mordidas e patadas.
Como os humanos – Como
acontece com a espécie
humana, não é fácil a
vida de um macho
conquistador, na espécie
animal. Ele tem que ser
corajoso fisicamente e
dono de grande
imaginação. Para chegar
ao acasalamento, precisa
passar por provas
complicadas. É obrigado
a cantar de forma
especial, exibir
plumagens elegantes,
perfumes sedutores e
praticar uma série de
gestos que pareceriam
ridículos em outras
situações.
Além disso, precisa
enfrentar batalhas de
vida ou morte com outros
machos interessados na
mesma namorada, naquela
que se constitui a sua
paixão, que é a sua
eleita. Em resumo: o
traço característico do
amor entre os animais é
a agressividade, que tem
profunda significação,
pois se destina a
proteger um território
onde apenas um macho
deve reinar. Um macho
forte, para que se
reproduzam filhos
igualmente fortes.
É também preciso ser
forte para proteger as
fêmeas e as crias, que
não podem ser
confundidas com as crias
de outro casal. Os leões
são assim; são bravos e
mal-humorados com os
estranhos e fazem tudo
para defender o seu
território. Essa
agressividade tem que
ter um controle, para
que não leve a espécie
ao extermínio. Assim, a
Natureza dota os animais
de bloqueios, para
evitar que sua
disposição para a luta
não ultrapasse os
limites da conveniência.
Finalmente, a forma de
vida das espécies está
relacionada com a
agressividade de seus
membros: se os machos
são pacíficos, formarão
colônias; se é
agressivo, forma um
harém. E se a
agressividade parte de
ambos, formarão um par
capaz de manter longa
união monogâmica.
A evolução do sentimento
– No
poema A Criação
Divina, ditado por
Castro Alves e recebido
pelo médium Jorge
Rizzini, há uma estrofe
onde o poeta diz: “... E
nele estava presente / O
Princípio Inteligente, /
- E a Vida, em forma
latente, / Esperava
atividade!.”
Nas estrofes
seguintes, Castro Alves
diz que esse Princípio
ativo, com o fluido
universal, gera o
simples vegetal e a vida
explode nos mundos. E
diz Deus onipresente ao
Princípio da matéria: “-
Evoluir! És bactéria no
charco e mares
profundos!”
O ser unicelular
desenvolve seu psiquismo
e, nos ambientes vários,
já não são protozoários,
mas ativos operários com
diferente organismo. O
Princípio Inteligente,
com a Lei da
Reencarnação, sofre
mutação. Cresce nas
águas, no solo, evolui
nos campos, erra, é
animal feroz na guerra.
E sob o influxo das Leis
Divinas, surge o homem
da Caverna. Ilumina-se a
Razão!
A evolução se faz
lentamente, através dos
milênios. No capítulo
“Palavra e
responsabilidade”, do
livro Evolução em
dois Mundos, psicografado
por Francisco Cândido
Xavier e Waldo
Vieira, André Luiz diz:
“... Contudo, à medida
que se lhe acentuava a
evolução, a consciência
fragmentária investia-se
na posse de mais amplos
recursos. O lobo grita
pelos companheiros na
sombra noturna; o gato
encolerizado mostra
fúria característica,
miando raivosamente; o
cavalo relincha de
maneira particular,
expressando alegria ou
contrariedade; a galinha
emite interjeições
adequadas para anunciar
a postura, acomodar a
prole, alimentar os
pintinhos ou rogar
socorro quando
assustada, e o cão é
quase humano, em seus
gestos de contentamento
e em seus gemidos de
dor. Assim, a evolução
atinge os alicerces da
Humanidade”.
O mesmo André Luiz, no
livro No Mundo
Maior, psicografado
por Chico Xavier, diz:
“... Não somos criações
milagrosas, destinadas
ao adorno de um paraíso
de papelão. Somos filhos
de Deus e herdeiros dos
séculos, conquistando
valores, de experiência
em experiência, de
milênio e milênio. Não
há favoritismo no Templo
Universal do Eterno, e
todas as forças da
Criação aperfeiçoam-se
no Infinito. A crisálida
da consciência, que
reside no cristal e rola
na corrente do rio, aí
se encontra em processo
liberatório; as árvores
que por vezes se aprumam
centenas de anos, a
suportar os golpes do
Inverno e acalentadas
pelas carícias da
Primavera, estão
conquistando a memória;
a fêmea do tigre
lambendo os filhinhos
recém-natos aprende
rudimentos do amor; o
símio, guinchando,
organiza a faculdade da
palavra”.
Na senda da ascensão
(Emmanuel, psicografia
de Chico Xavier): O
animal caminha para a
condição do homem, tanto
quanto o homem evolui no
encalço do anjo. No
reino animal, a
consciência, à feição da
crisálida, movimenta-se
em todos os tons do
instinto, no rumo da
inteligência.
No reino hominal, a
consciência nascida
avança em todos os
aspectos da
inteligência,
objetivando a conquista
da razão sublimada pelo
discernimento.
E no reino angélico essa
mesma consciência, em
múltiplas expressões de
sabedoria e de amor,
segue, vitoriosa, para a
perfeita santificação,
comungando a Perfeita
Felicidade do Pai
Celestial.
No campo das formas
efêmeras, cada ser,
portanto, pode residir à
parte, na elaboração dos
próprios valores que o
erguerão aos níveis mais
altos da vida,
entretanto, no mundo das
essências, as irmanará
com o Todo da Criação,
crescendo para a Unidade
Cósmica – porto divino a
esperar-nos sem
distinção – de modo a
investir-nos, um dia, na
posse da celeste herança
que nos é reservada.