CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Crônicas da vida
invisível –
Eu e o meu violino
Cheguei há algum
tempo do
trabalho com
minha filha.
Após um banho
refrescante e um
bom lanche
gelado para nós
duas, com um
súbito impulso
fui atrás do meu
violino novo,
guardado
carinhosamente
num recanto
protegido do meu
armário
embutido.
Como se algo ou
alguém me
induzisse, tomei
da caixa,
tirei-o, namorei
um pouco este
belo e
caprichoso
instrumento.
Ajeitei-o no
ombro segundo
algumas aulas
on-line que
andei garimpando
na internet;
tomei do arco,
com uma decisão
e desenvoltura
íntima que até
certo ponto não
faziam muito
sentido, porque
das últimas
vezes em que
descrevi os
mesmos
movimentos, como
acontece com
todo bom
principiante, o
resultado foi
pífio: da
primeira, e por
mais que
passasse o breu
na crina, nem um
único suspiro
consegui
arrancar do
contato com as
cordas. Da
segunda, e
depois de passar
o breu com menos
parcimônia e
mais decisão,
devo ter
conseguido algo
próximo a um
reles eco do que
seja o som do
instrumento que,
solenemente,
recusava um
entrosamento, um
começo de
diálogo que
fosse com a sua
desajeitada
dona. É como se
o violino, de
sua própria
índole, se
recusasse a
interagir com
uma
instrumentista
tão incipiente.
Nobre, solene,
altivo, aparenta
ser destinado,
desde a sua
fabricação,
apenas aos
virtuosos, em
estranho
paradoxo, nunca
a alunos novos!
Mesmo assim,
aquela pequena
vitória me
encheu de um
certo
entusiasmo.
Quando meu
marido me ligou,
contei para ele
como criança
eufórica: "Hoje
Iohan falou
comigo! Enfim!
Não está mais
mudo! Saiu um
som!"; "É?!" –
Meu marido, o
último dos
possíveis
admiradores de
um violino ou de
música clássica,
todavia
complacente com
minha euforia
como com uma
criança pueril
diante do saco
de pipocas no
cinema,
comentou, meio
sorrindo, e foi
só.
Os que leem
habitualmente
meus artigos
talvez se vejam
familiarizados
com a história
deste violino,
que batizei de
Iohan em
homenagem ao
autor do meu
próximo livro
psicografado, um
músico e exímio
maestro,
falecido de
maneira
lastimável nas
décadas
passadas, que me
honrou
transmitindo via
mediunidade a
sua linda quanto
comovente
história.
Trata-se de um
romance que saiu
de maneira
inédita, no
tempo recorde de
um mês, como
nunca me
acontecera antes
desde que
principiei o
trabalho com os
livros
espíritas. A
empatia foi
imensa,
instantânea, com
este Espírito
amigo,
apresentado de
forma algo
surpreendente
pelo meu mentor,
num período no
qual, concluindo
uma série de
romances da
autoria deste
último,
realizava um
paciente
laboratório
durante o qual
vieram à tona
livros como
Amparadores do
Invisível,
já com a
participação do
Espírito Marcus
Licínio, e o
último
lançamento do
ano passado,
Ecos na
Eternidade,
de autoria do
Espírito
Tarsila,
ampliando
consideravelmente,
de forma
agradabilíssima,
a participação
em parceria de
sinceros afetos
com que trabalho
a partir das
dimensões
invisíveis.
Passadas,
portanto,
algumas semanas,
durante as quais
me entretive com
uma
multiplicidade
de ocupações
familiares nas
minhas férias
profissionais,
além de com
algumas
oportunidades de
diálogo via
psicografia com
Iohan,
provavelmente em
estágio
precedente a
outras obras – e
obedecendo ao
aludido impulso
na chegada em
casa ainda há
pouco –, tomei
novamente do
violino, como se
compelida por
esquisita
compulsão,
lembrando-me de
um destes
diálogos
psicográficos,
no qual ele me
dizia que tinha
vontade de me
ensinar o
instrumento.
Arrumei-o da
melhor forma que
consegui sob o
queixo... e,
surpreendentemente,
nos primeiros
movimentos de
condução do
arco, tirei logo
um som mais
potente,
coerente com o
que são de fato,
num violino, as
notas iniciais
de treinamento
de uma aluna
desajeitada!
Não podia
acreditar no que
me acontecia! Na
desenvoltura
estranha com
que, mais
segura,
empunhava sem
nenhum temor o
arco; no modo
mais preciso com
que ajeitei o
violino sobre o
ombro, ainda que
sem o auxílio da
espaleira, que
até agora não
consegui travar
a contento no
dorso do
violino! E na
forma como,
deslizando os
dedos em cada
corda, cheguei
mesmo a
identificar
algumas notas e
ensaiar –
delícia pura! –
o esboço de um
adágio, pelo
qual sempre fui
apaixonada!
Compreendi que é
ninguém mais do
que Iohan quem
está aqui,
presente, dando
demonstração
prática do que
afirmara ao me
dizer
textualmente que
tinha vontade de
me ensinar
violino, e me
ver acabar o que
comecei, pois
que "não fora
por um acaso”
que eu me
sentira
compelida a
comprar sem mais
nem menos este
instrumento, em
decorrência
tanto da nossa
empatia quanto
de um passado
artístico em
reencarnações,
ou vivências
espirituais
anteriores, das
quais agora não
há como me
lembrar – senão
intuir!
Tenho contado ao
meu círculo mais
pessoal sobre
estas aparentes
"coincidências",
sincronias e
fatos admiráveis
dentro das
minúcias do
dia-a-dia, desde
que iniciei a
convivência com
este Espírito
querido da minha
alma. E o
episódio de
hoje, como de si
só não bastasse
para, de uma
percepção
pessoal, me
deslumbrar ainda
uma vez, como
incessantemente
vem acontecendo,
ocorreu após um
outro, havido
mesmo no
decorrer do dia
de hoje, e
correlacionado a
esta conjuntura
em particular; e
que resumirei a
seguir, com
grande prazer em
poder
compartilhar com
os leitores
estas mostras
inequívocas da
atuação
constante destas
companhias
enternecedoras
que nos oferecem
afeto, amor,
amizade e
parceria nas
atividades em
prol de uma
causa comum.
Desde que
comecei a
trabalhar no
recebimento
deste livro, e
com o passar dos
meses
influenciada
prazerosamente
pelo Espírito
autor à
aproximação de
tudo o que se
relacionava com
o tema e que,
por afinidade,
já era do meu
gosto, sejam
música clássica
e o próprio
violino, me
tomei de um
impulso
esquisito.
Sempre que saía
para o comércio
ou shopping,
olhava vitrines
de papelarias e
lojas de
presentes para
ver se não
achava uma
miniatura
qualquer,
pequena
escultura ou
semelhante, de
um
instrumentista
tocando violino,
à moda daquelas
estatuetas
encantadoras de
cavaleiros
medievais ou de
soldados
romanos.
Procurava, sem
nem saber se
existia. Achava
mesmo que não.
Mas cismei com
isso, na
esperança de
adornar a minha
casa com um
mimo, um elo
afetivo palpável
para com o
querido músico
da vida
invisível com
quem venho
interagindo no
labor literário
espírita. No
entanto, já
quase desistia,
pois não achava
em lugar nenhum,
em nenhuma das
diversas lojas
aleatórias onde
já buscara o
objeto sem
sucesso.
Terminaram as
férias. Retornei
ontem ao
trabalho na
Justiça. E hoje,
no começo do
expediente, para
o meu estupor, e
sem saber nada
desta história
para além de que
eu recebera de
um maestro uma
nova obra pela
qual me tomei de
afeição quase
obsessiva, uma
espécie de irmã
de Espírito –
que assim
considero em
função das vezes
em que este tipo
de sintonia já
se estabelecera
entre nós – se
aproximou de
inopino de minha
mesa, dizendo,
enquanto
empunhava uma
caixinha
enfeitada: "–
Olhe! Comprei
para você em
Brasília. Acho
que vai
gostar!...".
Antecipadamente
agradecida,
tomei da
caixinha,
sorridente,
conversando
entusiasmada
sobre as
novidades das
férias. E olhei,
sem jamais e
sequer poder
imaginar o que
sairia dali, do
embrulhinho
feito de forma
caprichosa.
Pois lá estava
em minhas mãos,
ante o meu olhar
incrédulo e
emocionado, o
pequeno
violinista
decorativo com
que tanto vinha
sonhando!
Grata! Amor,
Iohan e
Claudinha
Fernanda!