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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 262 - 27 de Maio de 2012

JANE MARTINS VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)
 

Flores e esperança


“Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham... E as tendo abraçado, as abençoou, impondo-lhes as mãos...” – Marcos (cap. 10, versículos 13 a 16.)

A reencarnação – ou seja, as vidas sucessivas do Espírito para seu aprimoramento, sua evolução, para alcançar a plenitude espiritual e a felicidade – é a grande fonte de consolo para os homens, no momento em que sua compreensão esclarece a Justiça Divina. A doutrina espírita torna-se a fonte da água viva da consolação, enxugando as lágrimas humanas com a fé racional e a esperança.

A nova geração sempre é mencionada, esperanças têm sido depositadas nos Espíritos que estão reencarnando no planeta, os quais, teoricamente, deveriam estar em situação mais amorosa e melhor do que aqueles que partem. Estamos, no entanto, observando extremos: aqueles que já demonstram muito amor e são carinhosos, sabendo distribuir afeto e tendo compaixão pelos sofrimentos alheios, e os agressivos, indiferentes à dor dos passantes, muitas vezes provocadores de dores nos semelhantes. Espíritos violentos desde o berço, ao nascerem, ou amorosos desde que nascem! É o momento crucial da separação do joio e do trigo. As máscaras caem, os sentimentos se revelam, momento em que quem segue verdadeiramente o bem e o amor deve manter-se fiel na linha reta em direção à paz da consciência, sem jamais desistir, apesar dos percalços da jornada árdua da luta humana, apesar das incompreensões de que é vítima.

A mídia tem investido muito em notícias de crimes, mostrando crianças agindo com crueldade, o que leva muitos a duvidarem dessa geração. Fomenta-se a desesperança, mas é a propaganda do mal. Não nos enganemos, o bem há de triunfar sobre a Terra. O amor tem crescido muito e está operante; silenciosamente, mas incessantemente, o amor continua o seu labor, portas adentro do coração dos homens.

Seria bom que as pessoas de vez em quando desligassem um pouco a TV, quando esta estiver divulgando o mal, não fugindo da necessidade da informação, mas demonstrando que, bem informados sobre tudo, estamos cansados da divulgação do mal e queremos mais a divulgação do maravilhoso bem que vive em toda a parte, em gestos de amor que acontecem o tempo todo. Faz-se necessária a maior propaganda do bem para que ele incendeie os ainda tíbios e dê-lhes coragem nessa hora difícil que atravessamos.

Relataremos um fato que vivenciamos que nos deu esperanças nessa nova geração, esperança que o conhecimento espírita tem mantido acesa mesmo quando vemos tantas notícias tristes.

Há uma semana plantamos num gramado em frente do nosso prédio várias roseiras. Fizemos um círculo com nove roseiras floridas ao redor de um manacá da serra coberto de flores. Ficaram lindas as roseiras com rosas de variadas cores, amarelas, rosa, laranja, brancas, vermelhas... No fim da tarde, quando descemos para verificar se tudo estava bem com as flores, vimos uma menininha, que nos disse chamar-se Vitória, de cerca de três anos, delicada, cabelos castanho-claros até a cintura, pedalando seu velocípede. Quando viu as rosas, saiu correndo do velocípede em direção a elas. A mãe, de longe gritou: Nas flores, não!

Percebemos que ela corria com delicadeza e assim chegou, mansamente, nas flores. Chegamos juntas. Vimos o modo carinhoso com que ela segurou uma rosa, que cabia inteira em suas mãos. Dissemos a ela: Isso mesmo! Com cuidado, a planta gostará de seu carinho e ficará mais bonita ainda! Ela, com muito carinho, disse à rosa: Você é linda demais! E beijou a rosa suavemente. Não se contentou em beijar apenas aquela rosa. Beijou todas as rosas de todas as roseiras, acariciando uma a uma. Deve ter beijado umas cinquenta rosas, sem exagero.

Essa cena nos encantou. É uma criança da nova geração, demonstrando respeito e amor pela natureza. A mãe nos disse que ela ama as flores. Se essa criança for bem-educada, será alguém bondosa, pois já mostra isso. Como ela, milhares de outras crianças anônimas, por toda a Terra, estão desabrochando, como flores num imenso jardim.

Há, sim, esperanças na nova geração, que precisa tão-somente de amor e educação para mostrar seu valor.

No dia seguinte, ao voltarmos do trabalho, à tarde, passamos pelas roseiras. Alguém gritou: Está bem aguado? Olhamos e não vimos ninguém. “Aqui em cima!” Era a vizinha do terceiro andar, uma senhora que, sorrindo, disse: “Aguei todas hoje!” O prédio todo adotou as flores! É a primeira vez, em muitos anos que plantamos e replantamos, que estamos vendo as crianças beijando as flores e não as quebrando, que estamos vendo todos cuidando, e as flores vicejando, todas bem, com uma semana de vida, nenhuma quebrada, nenhuma arrancada, todas lindas. Elas perfazem 50 rosas de várias cores.

Há, sim, pessoas boas, pensamos. Se já fazem assim pelas flores, quanto mais de amor terão pelos homens, quando for necessário que esse amor se manifeste? Saberão, com certeza, manifestá-lo. Há esperanças e pessoas boas em toda a parte. Vamos enxergar o bem que se difunde silencioso, fora dos olhares da mídia, mas se alastra sempre e vai tomar conta da Terra inteira, não tenhamos dúvida. O bem triunfará afinal. O esperado mundo melhor, o planeta de regeneração, numa Terra de mais amor, será realidade. Continuemos a semear o amor, sem cansaço, tendo o nosso mestre Jesus como nosso modelo e guia, incansavelmente a nos amar, aguardando por nós, desde o início do planeta.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita