JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal
Vale a pena
viver
Vivemos tempos
difíceis,
ouve-se um pouco
por todo o lado.
Vivemos uma
crise financeira
mundial, onde as
economias
vacilam ao sabor
do egoísmo
humano que tudo
quer para si sem
cogitar do
bem-estar
alheio. Falta
trabalho, falta
pão, falta paz,
falta
solidariedade,
falta bom senso,
falta amizade,
falta
solidariedade,
falta, falta...
O espectro
social parece
negro,
irremediável,
situação esta
derivada também
da capacidade
manipuladora dos
órgãos de
comunicação
social que
apenas destacam
o mal, o erro, o
crime, raramente
dando espaço aos
aspectos mais
positivos que,
por não serem
escandalosos,
deixam de ser
notícia, nos
seus conceitos
primitivos de
"notícia", neste
mundo ainda
essencialmente
materialista.
Os mais
distraídos
deixam-se levar
na onda do
pessimismo,
sintonizam com
essas ondas
mentais
destrutivas,
inquietantes,
paralisantes,
que conduzem à
revolta, ao
ódio, à
inquietação, à
morte, muitas
vezes ao
suicídio.
O homem, perdida
a noção de Deus,
nesta sociedade
materialista que
nos consome,
onde valorizamos
mais o ter do
que o ser
pessoa,
estertora,
agonizando
lentamente os
mais nobres
ideais,
deixando-se
corromper,
partindo para
excessos de toda
a ordem, e
acabando
finalmente por
se sentir
insatisfeito,
não realizado,
frustrado,
enrolando-se em
última instância
nos liames do
suicídio.
No ano passado
- em julho -
encontrei pessoa
conhecida que
não via há anos.
Pessoa culta,
conhecedora de
múltiplos
afazeres, já foi
muito rica num
país
estrangeiro,
tendo regressado
a Portugal e
tendo aos poucos
perdido toda a
sua riqueza, ao
ponto de agora
sobreviver com
300 € pagando
200 € por um
quarto. Todos os
dias vai comer,
pela
Misericórdia
local.
Sensibilizei-me
com a sua
situação,
procurando vê-la
como normal, mas
o que mais me
desconcertou foi
a serenidade
dessa pessoa,
que, com um
olhar lúcido e
penetrante, me
dizia: «Sabes,
já tentei o
suicídio uma
vez. Felizmente,
não o consegui.
Somente agora,
conhecendo a
Doutrina
Espírita, vejo o
enorme disparate
que ia cometer,
pois agora sei
que a vida
continua. Sabes,
apesar de viver
com muito pouco,
hoje sou feliz,
tenho um quarto,
tenho comida,
tenho apoio
social, que mais
quero?».
Confesso que
engoli em seco,
eu que estou
habituado a
reclamar de
injustiças que
julgo serem
grandes ou de
situações com as
quais não
concordo.
Acabara de
receber a maior
e mais nobre
lição de
simplicidade, de
humildade lúcida
de que me lembro
na minha vida.
Ainda hoje a
estou a mastigar
lentamente, para
que ela fique
bem presente em
mim, para que
aprenda que a
Vida é muito
mais do que ter
casas, carros,
dinheiro no
banco, ter
coisas. Viver
bem, afinal,
ensinou-me
aquele
conhecido, o que
não via há
muito. Viver bem
é, afinal, um
estado de alma,
de alguém que
está de bem com
a vida,
procurando
lutar, estar
sempre melhor,
mas sem se
embrenhar nos
campos lodosos
da revolta, da
passividade.
Comecei a
relembrar os
conceitos
vertidos em "O
Livro dos
Espíritos", "O
Evangelho
segundo o
Espiritismo", "A
Gênese", "O Céu
e o Inferno" e
"O Livro dos
Médiuns", todos
eles de Allan
Kardec, e que
formam a base da
Doutrina
Espírita (que
não é mais uma
seita nem mais
uma religião,
mas sim uma
doutrina de
tríplice
aspecto:
ciência,
filosofia,
moral).
Ah, quando todos
souberem que
afinal a vida é
apenas uma, a
desdobrar-se em
infinitas
oportunidades
existenciais,
neste e noutros
planetas, bem
como em diversos
planos
existenciais no
mundo
espiritual, as
pessoas jamais
se suicidarão
por terem
problemas, pois
saberão que a
morte do corpo
de carne será
apenas uma
mudança brusca
de "casa", com
consequências
terríveis para
quem o faz,
muitas vezes a
repercutirem em
vidas
posteriores.
O estudo da
doutrina
espírita (poderá
fazê-lo
gratuitamente em
qualquer centro
espírita idôneo
ou em www.adeportugal.org) é
o melhor
preservativo
contra o
suicídio, pois
explica ao homem
o porquê das
suas dores e
alegrias, a
dissemelhança de
oportunidades,
quem somos, de
onde viemos e
para onde vamos.
Com o
Espiritismo
aprendi que vale
a pena viver,
custe o que
custar, mas mais
aprendi com a
força notável do
meu conhecido,
que desceu do
"muito rico" ao
"paupérrimo", e
que graças ao
conhecimento
espírita mantém
uma serenidade e
um bem-estar
contagiantes,
baseados na fé
raciocinada que
move
montanhas...