Prosperidade
Prosperidade na Terra
quer dizer fortuna,
felicidade.
Grande
parte das criaturas,
almejando-lhe a posse,
pleiteia relevo,
autoridade, domínio...
Gastam-se
largos patrimônios da
existência para
conquistar-lhe o
prestígio e não falta
quem surja no prélio
estudando as forças
ocultas para
incorporar-lhe o bafejo.
Milhões
dos homens de hoje vivem
à cata de ouro e
predominância, com o
mesmo empenho com que
antigamente, em
aprendizados mais
simples, se entregavam
aos misteres primitivos
da caça e da pesca.
É que, na
procura desse ou daquele
valor da vida,
mobilizamos a energia
mental, constituída à
base de nossas emoções e
desejos.
O espelho
do coração,
constantemente focado no
rumo dos objetos e
situações que buscamos,
traz-nos à rota os
elementos que nos ocupam
a alma.
Não
esqueçamos, todavia,
que, na laboriosa
jornada para a Glória
Divina, nos confundimos
sempre com aquilo que
nos possui a atenção,
demorando-nos nesse ou
naquele setor de luta,
conforme a extensão e
duração de nossos
propósitos.
Como no
filme cinematográfico,
em que a história
narrada é feita pelos
quadros que se sucedem,
ininterruptos, a
experiência que nos é
peculiar, nessa ou
naquela fase da vida,
constitui-se dos
reflexos repetidos de
nossos sentimentos,
gerando ideias contínuas
que acabam plasmando os
temas de nossa luta, aos
quais se nos associa a
mente, identificando-se,
de modo quase absoluto,
com as criações dela
mesma, à maneira da
tartaruga que na
carapaça, formada por
ela própria, se isola e
refugia.
Em razão
disso, o conceito de
prosperidade no mundo é
sempre discutível,
porquanto nem todos
sabem possuir, elevar-se
ou comandar com proveito
para os sagrados
objetivos da Criação.
Muita
gente, pela reflexão
mental incessante em
torno dos recursos
amoedados, progride em
títulos materiais;
entretanto, se os não
converte em fatores de
enriquecimento geral,
cava abismos dourados
nos quais se submerge,
gastando longo tempo
para libertar-se do
azinhavre da usura.
Legiões
de pessoas no século
ferem o solo da vida,
com anseios repetidos de
saliência individual, e
adquirem vasto renome na
ciência e na religião,
nas letras e nas artes;
contudo, se não
movimentam as suas
conquistas no amparo e
na educação dos
companheiros da senda
humana, quase sempre,
muito embora fulgurem
nas galerias da
genialidade, sofrem o
retorno das ondas
mentais de extravagância
que emitem, caindo em
perigosos labirintos de
purgação.
Há, por
isso, muita prosperidade
aparente, mais
deplorável que a miséria
material em si mesma,
porque a mesa vazia e o
fogão sem lume podem ser
caminhos de louvável
reparação, enquanto o
banquete opíparo e a
bolsa farta, em muitas
ocasiões, apenas
significam avenidas de
licença que correm para
o despenhadeiro da
culpa, de onde só
conseguiremos sair ao
preço de longos estágios
na perturbação e na
sombra.
Muitos
religiosos perguntam por
que motivo protegeria
Deus o progresso
material dos ímpios. Em
verdade, porém,
semelhante fortuna não
existe, de vez que a
prosperidade, ausente da
reta conduta, não passa
de apropriação indébita
e é como roupa brilhante
cobrindo chagas ocultas,
que exigem a formação de
reflexos contrários aos
enganos que as
originaram, a fim de que
a prosperidade legítima,
a expressar-se em
serviço e cultura, amor
e retidão, confira ao
espírito o reflexo
dominante da luz.
Do cap. 19 do livro
Pensamento e Vida,
de Emmanuel, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.
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