Um amigo pergunta-nos se os
Espíritos são realmente
imortais, isto é, jamais
terão fim. Em caso
afirmativo, que significa a
expressão “segunda morte”?
A imortalidade dos Espíritos
constitui um dos princípios
fundamentais da doutrina
espírita. É claro que nós –
seres espirituais – somos
imortais. A morte atinge
tão-somente o corpo
material, que é perecível,
mas a alma ou Espírito nada
sofre, pois sobrevive ao
fenômeno chamado morte e
prossegue em sua marcha
incessante, rumo à
perfeição, que é a meta para
a qual fomos criados.
Acerca do assunto, a fonte
principal, em matéria de
Espiritismo, é O Livro
dos Espíritos, de Allan
Kardec, a primeira e mais
importante obra dentre as
que compõem a doutrina
espírita, da qual pinçamos
os trechos seguintes:
“... a existência dos
Espíritos não tem fim.”
(L.E., n. 83)
“A vida do Espírito é que é
eterna; a do corpo é
transitória e passageira.
Quando o corpo morre, a alma
retoma a vida eterna.”
(L.E., n. 153)
“Primeira classe. Classe
única. Os Espíritos que a
compõem percorreram todos os
graus da escala e se
despojaram de todas as
impurezas da matéria. Tendo
alcançado a soma de
perfeição de que é
suscetível a criatura, não
têm mais que sofrer provas,
nem expiações. Não estando
mais sujeitos à reencarnação
em corpos perecíveis,
realizam a vida eterna no
seio de Deus.” (L.E., n.
113)
“O essencial está em que o
ensino dos Espíritos é
eminentemente cristão;
apoia-se na imortalidade da
alma, nas penas e
recompensas futuras, na
justiça de Deus, no
livre-arbítrio do homem, na
moral do Cristo. Logo, não é
antirreligioso.” (L.E., n.
222)
“A que se deve atribuir o
relaxamento dos laços de
família e a maior parte das
desordens que minam a
sociedade, senão à ausência
de toda crença? Demonstrando
a existência e a
imortalidade da alma, o
Espiritismo reaviva a fé no
futuro, levanta os ânimos
abatidos, faz suportar com
resignação as vicissitudes
da vida.” (L.E., Conclusão,
n. III)
*
A expressão “segunda morte”
é examinada por
André Luiz em seu livro
Libertação, psicografado
por Francisco Cândido Xavier.
Conforme o que André Luiz
expôs na referida obra, a
expressão segunda morte é
aplicada no plano espiritual
aos casos em que há perda do
veículo perispiritual, ou
corpo espiritual, a que se
refere Paulo de Tarso em uma
de suas epístolas, o qual,
embora estruturado em um
tipo de matéria mais
rarefeita, seria também
transformável e perecível
como os corpos físicos.
Do mesmo modo que há
companheiros que se desfazem
do veículo perispiritual
rumo a esferas sublimes, os
ignorantes e os maus, os
transviados e os criminosos
também perdem, um dia, a
forma perispiritual. Pela
densidade da mente, saturada
de impulsos inferiores, não
conseguem elevar-se e
gravitam em derredor das
paixões absorventes que por
muitos anos eles geraram em
centro de interesses
fundamentais. "Grande
número, nessas
circunstâncias, mormente os
participantes de condenáveis
delitos, imantam-se aos que
se lhes associaram nos
crimes", diz Gúbio
(Libertação, cap. VI, pp. 84
a 86).
Ernesto Bozzano refere-se
ligeiramente ao assunto em
seu livro A Crise da
Morte. Segundo Bozzano,
há relatos espirituais que
informam que existe
uma espécie de “segunda
morte” nas esferas
espirituais, precisamente
como se morre no mundo dos
vivos, ou seja, quando um
Espírito chegou à maturidade
espiritual, adormece e
desaparece do seu meio, sem
que os outros saibam o que
foi feito dele (A Crise
da Morte, pp. 133 e 134).
O confrade Paulo Nagae
escreveu sobre o tema um
interessante artigo, que
pode ser visto no seguinte
endereço eletrônico:
http://www.espacoespirita.net
De forma resumida, diz Nagae,
a
morte do corpo
perispiritual, ou segunda
morte, ocorre quando o
Espírito, em sua caminhada
para Deus, passa a
reencarnar em mundos nos
quais necessita de um corpo
espiritual mais sutil. Esse
fato pode ocorrer também no
caso da formação de ovoides,
quando uma ideia obsessiva
de ódio ou vingança, por
exemplo, destrói
momentaneamente o corpo
espiritual.
É de notar, porém, em todos
os textos citados, que o
fato designado pela
expressão “segunda morte”
não atinge a alma, mas
tão-somente o veículo que
ela utiliza, o qual será
substituído no momento
oportuno, porque a alma,
como já vimos, é imortal.
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