Em carta publicada nesta
mesma edição, o leitor
Alcídio, de São Francisco de
Paula-RS, discorda da
informação publicada na
edição passada na seção de
Cartas desta revista, em que
foi dito a uma leitora que
existem
animais no plano espiritual.
Segundo ele, não há nas
obras da Codificação
Kardequiana nem na Revista
Espírita referência à
existência de animais no
plano espiritual, e não é
prudente fiar-nos nas
informações de André Luiz
porque suas obras não teriam
passado pelo critério da
concordância universal,
estabelecido por Allan
Kardec para aferição da
verdade.
Lemos na questão n. 600 d´O
Livro dos Espíritos:
– Sobrevivendo ao corpo em
que habitou, a alma do
animal vem a achar-se,
depois da morte, num
estado de erraticidade, como
a do homem? “Fica numa
espécie de erraticidade,
pois que não mais se acha
unida ao corpo, mas não é um
Espírito errante. O Espírito
errante é um ser que pensa e
obra por sua livre vontade.
De idêntica faculdade não
dispõe o dos animais. A
consciência de si mesmo é o
que constitui o principal
atributo do Espírito. O do
animal, depois da morte, é
classificado pelos Espíritos
a quem incumbe essa tarefa e
utilizado quase
imediatamente. Não lhe é
dado tempo de entrar em
relação com outras
criaturas.” (Grifamos.)
É bom que o leitor atente
para a expressão “quase
imediatamente”, que não tem
o mesmo sentido de
“imediatamente”. Se a alma
do animal reencarnasse
imediatamente, não haveria
motivo para o uso do
advérbio “quase”.
Perguntaram certa vez ao
conhecido escritor Celso
Martins:
“Na questão 600 do Livro dos
Espíritos, os Espíritos
esclarecem que o princípio
inteligente ainda vinculado
à fase animal da evolução,
após a desencarnação, é
classificado pelos
dirigentes espirituais e
aproveitado quase
imediatamente, sem entrar em
relação com outras
criaturas. Não é um espírito
errante. No entanto, dentre
outros autores espirituais,
André Luiz nos dá notícia da
existência de animais no
mundo espiritual. Como
explicar esse fato? Seriam
esses animais plasmados
pelos espíritos, como as
plantas o são, segundo
descrição de alguns autores
daquele plano?”
Celso respondeu: “Kardec não
podia dizer tudo de uma só
vez. Até porque o mundo não
entenderia, como não entende
até hoje temas mais simples.
A meu ver, André Luiz
apenas ampliou e aprofundou
os assuntos quando a
humanidade teve mais
elementos na psicologia
animal para entender a
matéria”.
(A entrevista completa pode
ser lida na internet
clicando-se em
http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-58.htm.)
O ensino espírita é, por sua
natureza, progressivo e não
se fundamenta somente nas
comunicações, mas igualmente
na observação, fato
que levou o Codificador a
classificar o Espiritismo
como ciência de observação.
Com respeito à presença de
animais no plano espiritual
os relatos são muitos e
feitos por pessoas idôneas e
capacitadas.
Na própria Revista Espírita,
no número de maio de 1865,
Kardec inseriu uma carta de
um correspondente radicado
em Dieppe, o qual alude à
manifestação da cadelinha
Mika, então desencarnada,
fato esse que foi percebido
pelo autor do relato, por
sua mulher e por uma filha
que dormia no quarto ao
lado.
Comentando esse caso, o
confrade Fausto Fabiano da
Silva escreveu que tudo
poderia ser bem simples, se
déssemos alguma outra causa
ao som que foi ouvido.
Contudo, as palavras de um
Espírito sobre o ocorrido,
realizada em comunicação
mediúnica, em 21 de abril de
1865, pelo médium Sr. E.
Vézy, publicada no mesmo
número da Revista Espírita,
impõe-nos um novo rumo às
conclusões, visto que esse
Espírito disse textualmente:
“A manifestação, portanto,
pode ocorrer, mas é
passageira...”. Assim, a
frase encontrada na questão
600 d´O Livro dos Espíritos,
a respeito da alma de um
animal: "Não lhe é dado
tempo de entrar em relação
com outras criaturas” pode
ser interpretada como uma
tendência geral, e não como
princípio absoluto e
inflexível.
(O texto do confrade Fausto
pode ser lido na internet
clicando-se em:
http://www.portalespiritualista.org/artigos-revistas/949-os-animais-no-mundo-espiritual.)
Os casos relacionados com o
assunto são inúmeros.
Irvênia Prada cita em sua
obra dois deles, um que se
passou com Chico Xavier,
outro com Divaldo Franco. O
pesquisador espírita Ernesto
Bozzano, autor do livro “A
Alma nos Animais”,
publicado, originalmente, em
italiano, com o título
Animali e manifestazioni
metapsichici, em 1923,
portanto, antes da série
André Luiz, relata vários
casos de almas de animais
que foram vistas ou ouvidas
por uma ou mais pessoas,
valendo ressaltar que o
Padre Germano, personagem
principal do clássico
Memórias do Padre Germano,
tanto para Chico Xavier
quanto para Divaldo Franco,
sempre se apresentou, em
espírito, acompanhado de seu
fiel amigo Sultão.
De igual modo, Chico Xavier,
em carta enviada a Wantuil
de Freitas, relatou ao então
presidente da FEB o seguinte
fato: "... Em 1939, o meu
irmão José deixou-me um
desses amigos fiéis (um
cão). Chamava-se Lorde e
fez-se meu companheiro,
inclusive de preces, porque,
à noite, postava-se junto a
mim, em silêncio, ouvindo
música. Em 1945, depois de
longa enfermidade, veio a
falecer. Mas no ultimo
instante, vi o Espírito de
meu irmão aproximar-se e
arrebatá-lo ao corpo inerte
e, durante alguns meses,
quando o José, em espírito,
vinha ter comigo, era sempre
acompanhado por ele, que se
me apresentava à visão
espiritual com
insignificante diferença.
Atrevo-me a contar-te as
minhas experiências, porque
também passaste por essa dor
de perder um cão leal e
amigo. Geralmente, quando
falamos na sobrevivência dos
animais, muita gente sorri e
nos endereça atitudes de
piedade. Mas a vida é uma
luz que se alarga para
todos..."
(“Testemunhos de Chico
Xavier”, de Suely Caldas
Schubert, pág. 283, 2ª
edição.)
Verifica-se por todo o
exposto que as informações
contidas nas obras de André
Luiz não são descrições
delirantes, pois descrevem
tão-somente o que em várias
partes do mundo pôde ser
observado, ou seja, que
existem, sim, animais
desencarnados no plano
espiritual, embora sua
reencarnação “quase
imediata” constitua a regra.
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