ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil) |
A Morte e os seus
Mistérios
Ernesto
Bozzano
(Parte
16)
Damos sequência nesta edição
ao
estudo do livro A
Morte e os seus
Mistérios,
de Ernesto Bozzano,
conforme
tradução de Francisco
Klörs Werneck.
Questões preliminares
A. Que outro fato pôde
ser observado nas
manifestações em que
atuou a médium Elisabeth
Eslinger, a vidente de
Prevorst?
Segundo se comprovou,
quando o Espírito tocava
uma pessoa, esta sentia
ao mesmo tempo uma
sensação de queimadura,
que era logo seguida de
uma marca azulada ou de
uma bolha. Fatos como
esse, embora de natureza
menos sensacional do que
as "impressões de mãos
de fogo", poderiam
bastar, por si mesmos,
para provar a existência
real dos fenômenos em
questão.
(A Morte e os seus
Mistérios, 2ª Monografia
– Marcas e impressões
supranormais de mãos de
fogo, Caso IX.)
B. No caso Elisabeth
Eslinger, verificou-se
algum fato que nos
autorize excluir em
definitivo a hipótese
dos “estigmas por
sugestão emotiva”?
Sim. Numa das
manifestações, o
fantasma apertou uma mão
protegida por um lenço,
deixando na fazenda a
impressão em fogo de
cinco dedos. O fato
ocorreu em plena luz do
dia, na presença de
várias pessoas que viram
o fantasma mais ou menos
nitidamente. Essa
manifestação se reúne,
eficazmente, às outras
anteriormente vistas,
nas quais as impressões
ficaram gravadas em
tecidos e objetos, o que
serve para excluir,
definitivamente, a
hipótese dos "estigmas
por sugestão emotiva",
destinada a explicar, em
bloco, os fenômenos de
mãos de fogo.
(Obra citada, 2ª
Monografia – Caso IX.)
C. Segundo Bozzano, o
enigma referente à
natureza do elemento
psicofísico que
determina tais fenômenos
está suficientemente
resolvido?
Sim. Esse enigma pode ser
considerado como
teoricamente resolvido,
porque sua explicação
está em perfeita
concordância com as
últimas generalizações
científicas e também com
as explicações dadas
pelas personalidades
mediúnicas a respeito
das sensações de calor e
frio que sentem os vivos
ao contato das mãos dos
fantasmas.
(Obra citada, 2ª
Monografia – Caso IX.)
Texto para leitura
243. Passando às
manifestações que
constituem o objeto
desta monografia,
Bozzano observa que no
caso Elisabeth Eslinger
encontra-se um conjunto
de fatos teoricamente
interessantes, porque
são semelhantes a outros
de que ele tratou
anteriormente.
244. Sobressai, com
efeito, da narração que,
quando o Espírito tocava
uma pessoa, esta sentia
ao mesmo tempo uma
sensação de queimadura,
que era logo seguida de
uma marca azulada ou de
uma bolha. Trata-se,
pois, de uma reunião de
fatos que se juntam aos
quatro que narrei antes
e que agrupei nos
comentários do segundo
caso citado. Segue-se
daí que esse outro grupo
de fatos análogos que se
produziram no caso de
Elisabeth Eslinger serve
para confirmar,
ulteriormente, os quatro
casos que narrei antes
desse. Em outros termos:
os incidentes em
questão, embora de
natureza menos
sensacional do que as
"impressões de mãos de
fogo", poderiam bastar,
por si mesmos, para
provar a existência real
dos fenômenos em
questão.
245. A outra
manifestação, na qual o
fantasma apertou uma mão
protegida por um lenço,
deixando na fazenda a
impressão em fogo de
cinco dedos, é por sua
vez interessante, porque
ela se deu em plena luz
do dia, na presença de
várias pessoas que viram
o fantasma mais ou menos
nitidamente. Essa
manifestação se reúne,
eficazmente, às outras
antes citadas, nas quais
as impressões ficaram
gravadas em tecidos e
objetos, o que serve
para excluir,
definitivamente, a
hipótese dos "estigmas
por sugestão emotiva",
destinada a explicar, em
bloco, os fenômenos de
mãos de fogo.
246. Já que o material
dos casos recolhidos é
abundante, não é preciso
escolher outros que
possam ser considerados
como suficientemente
documentados. Trata-se,
na maior parte, de casos
tirados de velhas
crônicas, especialmente
da hagiografia cristã e,
por consequência,
desprovidos de qualquer
testemunho autorizado.
Com efeito, durante os
séculos passados –
séculos de fé e não de
ciência - a documentação
dos episódios que se
relatavam parecia ser
aos autores uma
superfluidade árida,
prejudicial ao fim
principal e eficaz da
narração.
247. Infelizmente, o
fato de dever excluí-los
em bloco desta
classificação prejudica
o estudo desta categoria
de fenômenos, uma vez
que a autenticidade de
alguns dentre eles
sobressai nitidamente da
concordância dos
detalhes secundários.
Trata-se de episódios
que teriam considerável
valor teórico se se
pudesse utilizá-los para
a pesquisa das causas,
mas, como não se poderia
cientificamente fazê-lo,
preciso é resignar-se ao
inelutável.
248. De qualquer modo,
observa-se que os 9
casos apresentados nesta
obra, todos eles
suficientemente
documentados, concordam
inteiramente entre si,
em certas
particularidades de
manifestação, que não
podiam, certamente,
surgir identicamente na
mente de pretensos
mistificadores, pois
estes ignoravam
certamente a existência
de manifestações
semelhantes.
249. Parecendo-lhe que
são bastantes para
demonstrar a existência
real dos fenômenos das
"impressões de mãos de
fogo", Bozzano passou a
investigar a origem
provável desta categoria
de manifestações, ou
melhor dito, a natureza
dos elementos
psicofísicos que os
determinam.
250. Ora, se se põe de
lado a lenda teológica
das almas que ardem nas
chamas do Purgatório ou
do Inferno, só resta uma
hipótese rigorosamente
possível e da qual ele
já falara, isto é, a
hipótese "vibratória",
graças à qual
assistimos, espantados,
aos milagres do "Rádio"
e da "Televisão".
251. Se se pensa que o
que chamamos "calor" e
"frio" constitui um
fenômeno único, que
difere enormemente para
os nossos sentidos, em
consequência da
intensidade maior ou
menor com que se produz,
mister se faz deduzir
daí que, se a tonalidade
vibratória dos fluidos,
de que se revestem os
Espíritos dos mortos
para se tornarem
visíveis e tangíveis,
fosse consideravelmente
mais intensa do que a
inerente à substância
viva ou aos tecidos
vegetais, deverá
inevitavelmente
seguir-se que as
vibrações muito intensas
da substância
espiritual,
encontrando-se com as
relativamente fracas dos
tecidos vivos e
vegetais, devam destruir
estes últimos como o
faria o fogo, o que
determinaria os
fenômenos das
"impressões de mãos de
fogo".
252. Com esta
explicação, o enigma
referente à natureza do
elemento psicofísico que
determina os fenômenos
em questão pode ser
considerado como
teoricamente resolvido,
em perfeita concordância
com as últimas
generalizações
científicas. Esta
interpretação dos fatos
está, aliás,
inteiramente conforme
com o que afirmam as
personalidades
mediúnicas a respeito
das sensações de calor e
frio que sentem os vivos
ao contato das mãos dos
fantasmas.
253. Bozzano relata, em
seguida, o que disse uma
mensagem mediúnica sobre
o assunto. A revista
espírita americana
The Progressive Thinker,
de Chicago, em seu
número de 7 de abril de
1923, publicou uma
narração das
experiências mediúnicas
do doutor em medicina
George B. Kline, no
decurso das quais foi
dirigida a uma
personalidade mediúnica
a seguinte pergunta:
"Por que as
materializações de
fantasmas, com raras
exceções, não se
produzem nunca em plena
luz?"
254. A explicação dada
pela entidade
comunicante é de
natureza "vibratória" e
reveste certo interesse
teórico, entretanto ele
não a cita porque sai do
tema de que nos ocupamos
e dela se limitou a
extrair a seguinte
passagem, na qual se
toca nas sensações de
calor e frio, sentidas
pelos vivos ao contato
dos fantasmas: "Quando
um Espírito toca um dos
assistentes e esse
experimenta uma sensação
de frio, isto significa
que as moléculas
fluídicas que o tornaram
substancial vibram com
uma tonalidade muito
inferior à das moléculas
que constituem o corpo
do experimentador. Ao
contrário, como sucede
na maior parte das
vezes, quando ao contato
da mão do Espírito, o
experimentador sente uma
impressão de calor
causticante, isto
significa que as
moléculas fluídicas, que
constituem essa mão,
vibram com uma
intensidade
extraordinária. Essas
variações são invisíveis
para os vivos, mas não
são imperceptíveis para
nós."
255. Tais são as
explicações concordantes
das personalidades
mediúnicas. Elas devem
ser olhadas como
decisivas, não porque
venham de entidades
espirituais, mas porque
suas explicações
concordam perfeitamente
com as conclusões a que
chegou a ciência,
estudando a natureza do
que os nossos sentidos
percebem sob a forma de
impressões térmicas
chamadas "calor" e
"frio".
256. Resta, por fim,
resolver uma última
questão, teoricamente
muito importante. Se é
verdade - e isto não
pode dar lugar à menor
dúvida - que o fenômeno
das "impressões das mãos
de fogo" depende da
elevadíssima tonalidade
vibratória dos fluidos
que se acham no
fantasma, então, do
ponto de vista
naturalista, como
considerar a
extraordinária
intensidade na
tonalidade vibratória da
substância de que se
reveste o fantasma,
comparada com a
tonalidade vibratória da
substância de que se
compõem os organismos?
257. É evidente que, se
se acolhesse a hipótese
naturalista, segundo a
qual a substância
ectoplásmica, a
inteligência e a vontade
que caracterizam o
fantasma provêm do
médium, a tonalidade
vibratória da substância
de que o fantasma é
formado deveria ser
idêntica à da substância
somática do organismo
humano. Como, porém,
assim não é, como a
tonalidade vibratória no
fantasma é muito mais
intensa que a do
organismo humano, lógico
é deduzir-se daí que a
origem dessa tonalidade
vibratória é estranha ao
médium.
258. Nesse caso, ela só
pode depender da
natureza espiritual da
entidade que se
manifesta, isto é, de um
ser independente do
médium. Eis-nos, deste
modo, chegados, muito
naturalmente, à
interpretação espírita
dos fenômenos das
"impressões de mãos de
fogo", interpretação que
é a única a fornecer uma
solução racional dos
fenômenos de que
tratamos. Diz Bozzano
haver meditado
longamente sobre esta
questão, com a intenção
de achar uma outra
solução, conforme a
interpretação
naturalista, mas não
conseguiu concebê-la.
(Continua na próxima
edição.)