A gravidez de
Espíritos II
Ao que nos parece, este assunto continua despertando sérias
polêmicas no
meio espírita,
não sem razão,
por tratar-se de
novidade, que,
s.m.j., vai de
encontro ao que
consta das obras
da Codificação.
Por estar constantemente na “ordem do dia”, achamos oportuno
rever nosso
texto sobre o
assunto. Isso
foi bom, porque
acabamos por lhe
acrescentar
novas coisas que
não tínhamos
visto na
primeira versão
anterior
publicada na
revista
eletrônica O
Consolador (www.oconsolador.com.br/ano2/84).
Inclusive, algo
que o nosso
amigo Astolfo
Olegário nos
indicou na obra
Evolução em
Dois mundos,
que não havíamos
visto. Elio
Mollo, do site a
Era do Espírito,
também foi outro
que nos apontou
algo
interessante que
não mencionamos.
Um ponto que achamos por bem comprovar foi que Kardec,
realmente, disse
que a opinião de
um Espírito é
apenas uma
opinião, não
fazendo corpo
doutrinário:
O Espiritismo não é mais a obra de um único Espírito como
não é a de um
único homem; é a
obra dos
Espíritos em
geral.
Segue-se que a
opinião de um
Espírito sobre
um princípio
qualquer não é
considerada
pelos Espíritos
senão como uma
opinião
individual, que
pode ser justa
ou falsa, e não
tem valor senão
quando é
sancionada pelo
ensino da
maioria, dado
sobre os
diversos pontos
do globo.
Foi esse ensino
universal que
fez o que ele é,
e que fará o que
será. Diante
desse poderoso
critério caem
necessariamente
todas as teorias
particulares que
sejam o produto
de ideias
sistemáticas,
seja de um
homem, seja de
um Espírito
isolado. Uma
ideia falsa
pode, sem
dúvida, agrupar
ao seu redor
alguns
partidários, mas
não prevalecerá
jamais contra
aquela que é
ensinada por
toda a parte.
(KARDEC, 2000a,
p. 306) (grifo
nosso).
Quando tratarmos essas questões, o faremos sem cerimônia; mas é que,
então, teremos
recolhido os
documentos
bastante
numerosos, nos
ensinos dados de
todos os lados
pelos Espíritos,
para poder falar
afirmativamente
e ter a certeza
de estar de
acordo com a
maioria; é assim
que fazemos
todas as vezes
que se trata de
formular um
princípio
capital. Nós
os dissemos cem
vezes, para nós
a opinião de um
Espírito,
qualquer que
seja o nome que
traga, não tem
senão o valor de
uma opinião
individual;
nosso critério
está na
concordância
universal,
corroborada por
uma rigorosa
lógica, para as
coisas que não
podemos
controlar por
nossos próprios
olhos. De
que nos serviria
dar
prematuramente
uma doutrina
como uma verdade
absoluta, se,
mais tarde, ela
devesse ser
combatida pela
generalidade dos
Espíritos?
(KARDEC, 1993c,
p. 191) (grifo
nosso).
Fica claro, portanto, que a opinião pessoal de um Espírito
não faz corpo de
doutrina.
Acrescentamos
por nossa conta
que a opinião de
um espírita,
seja ele quem
for, também não
faz corpo
doutrinário.
Conforme se vê em Obras Póstumas, Kardec desde o ano
de 1855, ou
seja, bem no
início da
Codificação, já
conseguira
formar conceito
disso, cujo
motivo
explica-nos:
Um dos primeiros resultados de minhas observações foi que
os Espíritos,
não sendo outros
senão as almas
dos homens, não
tinham a
soberana
sabedoria, nem a
soberana
ciência; que o
seu saber estava
limitado ao grau
de seu
adiantamento, e
que a sua
opinião não
tinha senão o
valor de uma
opinião pessoal.
Essa verdade,
reconhecida
desde o
princípio, me
preservou do
grande escolho
de crer em sua
infalibilidade,
e me impediu de
formular teorias
prematuras sobre
o dizer de um só
ou de alguns.
(KARDEC, 2006,
p. 299) (grifo
nosso).
Dessa forma, Kardec preservou-se de crer na infalibilidade
dos espíritos,
algo que também
não podemos
deixar de
considerar, sob
pena de cairmos
nas malhas de
espíritos
pseudossábios,
“que se
comprazem vendo
editadas suas
fantasias e
utopias e isso
por homens que
conseguiram
enlear a ponto
de fazê-los
aceitar, de
olhos fechados,
tudo quanto lhes
debitam,
oferecendo
alguns poucos
grãos de boa
qualidade em
meio ao joio”.
(KARDEC, 2000b,
p. 96).
E quanto à questão do sexo nos espíritos, acrescentamos o
parágrafo que se
segue, no qual
temos trecho de
O Livro dos
Espíritos e
da obra
Viagem Espírita
em 1862:
Da resposta dos Espíritos à questão 822a, transcrevemos este
trecho: “Os
sexos, além
disso, só
existem na
organização
física. Visto
que os Espíritos
podem encarnar
num e noutro,
sob esse aspecto
nenhuma
diferença há
entre eles”
(KARDEC, 1995a,
p. 381) e
acrescentamos do
próprio Kardec:
“Não se sabe, de
resto, que os
Espíritos só têm
sexo para a
encarnação?”
(KARDEC, 2000b,
p. 107),
mantem-se,
portanto,
coerência com o
que foi dito
anteriormente.
O que faltou mencionar da obra Evolução em dois mundos,
foi o seguinte:
VIDA NA
ESPIRITUALIDADE
- Na moradia de
continuidade
para a qual se
transfere,
encontra, pois,
o homem as
mesmas leis de
gravitação que
controlam a
Terra, com os
dias e as noites
marcando a conta
do tempo, embora
os rigores das
estações estejam
suprimidos pelos
fatores de
ambiente que
asseguram a
harmonia da
Natureza,
estabelecendo
clima quase
constante e
quase uniforme,
como se os
equinóceos e
solstíceos
entrelaçassem as
próprias forças,
retificando
automaticamente
os excessos de
influenciação
com que se
dividem.
Plantas e
animais
domesticados
pela
inteligência
humana, durante
milênios, podem
ser aí
aclimatados e
aprimorados, por
determinados
períodos de
existência,
ao fim dos quais
regressam aos
seus núcleos de
origem no solo
terrestre, para
que avancem na
romagem
evolutiva,
compensados com
valiosas
aquisições de
acrisolamento,
pelas quais
auxiliam a flora
e a fauna
habituais à
Terra, com os
benefícios das
chamadas
mutações
espontâneas.
As plantas, pela
configuração
celular mais
simples,
atendem, no
plano
extrafísico, à
reprodução
limitada, aí
deixando
descendentes
que, mais tarde,
volvem também à
leira do homem
comum,
favorecendo,
porém, de
maneira
espontânea, a
solução de
diferentes
problemas que
lhes dizem
respeito, sem
exigir maior
sacrifício dos
habitantes em
sua conservação.
Ao longo dessas
vastíssimas
regiões de
matéria sutil
que circundam o
corpo ciclópico
do Planeta, com
extensas zonas
cavitárias, sob
as linhas que
lhes demarcam o
início de
aproveitamento,
qual se observa
na crosta da
própria Terra, a
estender-se da
superfície
continental até
o leito dos
oceanos, começam
as povoações
felizes e menos
felizes, tanto
quanto as
aglomerações
infernais de
criaturas
desencarnadas
que, por temerem
as formações dos
próprios
pensamentos, se
refugiam nas
sombras,
receando ou
detestando a
presença da luz.
(XAVIER, 1987,
p. 96-97) (grifo
nosso).
Observe, caro leitor, que André Luiz cita as plantas e os
animais na
espiritualidade;
porém, quanto à
reprodução ele a
restringe apenas
às plantas e
mesmo assim de
forma limitada
por possuírem
“configuração
celular mais
simples”. Isso
torna fato que
os animais não
se reproduzem no
plano
espiritual, por
terem uma
“configuração
celular mais
complexa”,
então, cabe-nos
perguntar: por
que motivo
especial a
espécie humana
reproduzir-se-ia,
considerando que
tem configuração
celular tão
complexa quanto
à dos animais?
Acreditamos que, com essas novas informações, solidificou-se
mais ainda a
nossa opinião de
que não há mesmo
a gravidez de
Espíritos.
Nosso texto, na versão atualizada, pode ser lido em nosso
site pelo link:
http://www.paulosnetos.net