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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 267 - 1º de Julho de 2012

PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO
paulosnetos@gmail.com

Belo Horizonte, MG (Brasil)

A gravidez de Espíritos II

 
Ao que nos parece, este assunto continua despertando sérias polêmicas no meio espírita, não sem razão, por tratar-se de novidade, que, s.m.j., vai de encontro ao que consta das obras da Codificação.

Por estar constantemente na “ordem do dia”, achamos oportuno rever nosso texto sobre o assunto. Isso foi bom, porque acabamos por lhe acrescentar novas coisas que não tínhamos visto na primeira versão anterior publicada na revista eletrônica O Consolador (www.oconsolador.com.br/ano2/84). Inclusive, algo que o nosso amigo Astolfo Olegário nos indicou na obra Evolução em Dois mundos, que não havíamos visto. Elio Mollo, do site a Era do Espírito, também foi outro que nos apontou algo interessante que não mencionamos.

Um ponto que achamos por bem comprovar foi que Kardec, realmente, disse que a opinião de um Espírito é apenas uma opinião, não fazendo corpo doutrinário:

O Espiritismo não é mais a obra de um único Espírito como não é a de um único homem; é a obra dos Espíritos em geral. Segue-se que a opinião de um Espírito sobre um princípio qualquer não é considerada pelos Espíritos senão como uma opinião individual, que pode ser justa ou falsa, e não tem valor senão quando é sancionada pelo ensino da maioria, dado sobre os diversos pontos do globo. Foi esse ensino universal que fez o que ele é, e que fará o que será. Diante desse poderoso critério caem necessariamente todas as teorias particulares que sejam o produto de ideias sistemáticas, seja de um homem, seja de um Espírito isolado. Uma ideia falsa pode, sem dúvida, agrupar ao seu redor alguns partidários, mas não prevalecerá jamais contra aquela que é ensinada por toda a parte. (KARDEC, 2000a, p. 306)  (grifo nosso).

Quando tratarmos essas questões, o faremos sem cerimônia; mas é que, então, teremos recolhido os documentos bastante numerosos, nos ensinos dados de todos os lados pelos Espíritos, para poder falar afirmativamente e ter a certeza de estar de acordo com a maioria; é assim que fazemos todas as vezes que se trata de formular um princípio capital. Nós os dissemos cem vezes, para nós a opinião de um Espírito, qualquer que seja o nome que traga, não tem senão o valor de uma opinião individual; nosso critério está na concordância universal, corroborada por uma rigorosa lógica, para as coisas que não podemos controlar por nossos próprios olhos. De que nos serviria dar prematuramente uma doutrina como uma verdade absoluta, se, mais tarde, ela devesse ser combatida pela generalidade dos Espíritos? (KARDEC, 1993c, p. 191) (grifo nosso).

Fica claro, portanto, que a opinião pessoal de um Espírito não faz corpo de doutrina. Acrescentamos por nossa conta que a opinião de um espírita, seja ele quem for, também não faz corpo doutrinário.

Conforme se vê em Obras Póstumas, Kardec desde o ano de 1855, ou seja, bem no início da Codificação, já conseguira formar conceito disso, cujo motivo explica-nos:

Um dos primeiros resultados de minhas observações foi que os Espíritos, não sendo outros senão as almas dos homens, não tinham a soberana sabedoria, nem a soberana ciência; que o seu saber estava limitado ao grau de seu adiantamento, e que a sua opinião não tinha senão o valor de uma opinião pessoal. Essa verdade, reconhecida desde o princípio, me preservou do grande escolho de crer em sua infalibilidade, e me impediu de formular teorias prematuras sobre o dizer de um só ou de alguns. (KARDEC, 2006, p. 299) (grifo nosso).

Dessa forma, Kardec preservou-se de crer na infalibilidade dos espíritos, algo que também não podemos deixar de considerar, sob pena de cairmos nas malhas de espíritos pseudossábios, “que se comprazem vendo editadas suas fantasias e utopias e isso por homens que conseguiram enlear a ponto de fazê-los aceitar, de olhos fechados, tudo quanto lhes debitam, oferecendo alguns poucos grãos de boa qualidade em meio ao joio”. (KARDEC, 2000b, p. 96).

E quanto à questão do sexo nos espíritos, acrescentamos o parágrafo que se segue, no qual temos trecho de O Livro dos Espíritos e da obra Viagem Espírita em 1862:

Da resposta dos Espíritos à questão 822a, transcrevemos este trecho: “Os sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles” (KARDEC, 1995a, p. 381) e acrescentamos do próprio Kardec: “Não se sabe, de resto, que os Espíritos só têm sexo para a encarnação?” (KARDEC, 2000b, p. 107), mantem-se, portanto, coerência com o que foi dito anteriormente.

O que faltou mencionar da obra Evolução em dois mundos, foi o seguinte:

VIDA NA ESPIRITUALIDADE - Na moradia de continuidade para a qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, com os dias e as noites marcando a conta do tempo, embora os rigores das estações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asseguram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e quase uniforme, como se os equinóceos e solstíceos entrelaçassem as próprias forças, retificando automaticamente os excessos de influenciação com que se dividem.

Plantas e animais domesticados pela inteligência humana, durante milênios, podem ser aí aclimatados e aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim dos quais regressam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de acrisolamento, pelas quais auxiliam a flora e a fauna habituais à Terra, com os benefícios das chamadas mutações espontâneas.

As plantas, pela configuração celular mais simples, atendem, no plano extrafísico, à reprodução limitada, aí deixando descendentes que, mais tarde, volvem também à leira do homem comum, favorecendo, porém, de maneira espontânea, a solução de diferentes problemas que lhes dizem respeito, sem exigir maior sacrifício dos habitantes em sua conservação.

Ao longo dessas vastíssimas regiões de matéria sutil que circundam o corpo ciclópico do Planeta, com extensas zonas cavitárias, sob as linhas que lhes demarcam o início de aproveitamento, qual se observa na crosta da própria Terra, a estender-se da superfície continental até o leito dos oceanos, começam as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto as aglomerações infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as formações dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, receando ou detestando a presença da luz. (XAVIER, 1987, p. 96-97) (grifo nosso).

Observe, caro leitor, que André Luiz cita as plantas e os animais na espiritualidade; porém, quanto à reprodução ele a restringe apenas às plantas e mesmo assim de forma limitada por possuírem “configuração celular mais simples”. Isso torna fato que os animais não se reproduzem no plano espiritual, por terem uma “configuração celular mais complexa”, então, cabe-nos perguntar: por que motivo especial a espécie humana reproduzir-se-ia, considerando que tem configuração celular tão complexa quanto à dos animais?

Acreditamos que, com essas novas informações, solidificou-se mais ainda a nossa opinião de que não há mesmo a gravidez de Espíritos.

Nosso texto, na versão atualizada, pode ser lido em nosso site pelo link: http://www.paulosnetos.net



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita