ALESSANDRO VIANA
VIEIRA DE PAULA
vianapaula@uol.com.br
Itapetininga,
SP(Brasil)
Parentes com
desvios morais
A doutrina
espírita nos
ensina que
vivemos num
mundo de provas
e expiações,
onde predomina o
mal, as paixões,
a indiferença,
mas, conforme
anunciam os
espíritos
superiores,
estamos
vivenciando o
período de
transição
planetária, que
elevará a Terra
na escala
evolutiva dos
mundos, pois
passará a ser um
mundo de
regeneração,
cuja
característica é
o desejo do bem.
Dessa forma,
vemos na Terra
almas devotadas
ao bem,
conscientes das
leis divinas e
da finalidade da
reencarnação,
mas também
identificamos
almas viciosas,
cruéis, levianas
e violentas, bem
como encontramos
almas que estão
transitando do
mal para o bem,
cuja
característica é
a neutralidade,
o comodismo,
pois são
incapazes de
fazer mal a
alguém, mas, da
mesma forma,
ainda não
conseguem
envolverem-se
com o amor e a
paz.
Para aqueles que
já estão cientes
do bem e que já
conseguem
praticar alguns
atos de bondade,
não obstante
ainda serem
portadores de
algumas
limitações
morais, é um
desafio e ao
mesmo tempo um
aprendizado
conviver com
indivíduos que
estão num
patamar inferior
da evolução
espiritual.
Esse desafio
amplia-se quando
os espíritos
mais atrasados
estão
reencarnados no
seio da nossa
família
biológica e,
muitas vezes,
por mais que
estimulemos o
bem e a ética,
veremos esses
parentes
insistindo numa
conduta
lastimável.
O benfeitor
espiritual
Camilo, com o
escopo de nos
auxiliar nessa
situação
desafiadora, na
obra “Minha
Família, o Mundo
e Eu”, através
da mediunidade
de Raul
Teixeira,
escreve uma
lição notável
sobre como lidar
com os filhos
com desvios
morais, mas
poderemos
ampliar o
conteúdo desses
ensinamentos
para os
parentes,
sobretudo para
aqueles que
convivem mais
próximos de nós,
como pais,
irmãos, tios,
avós, cônjuges,
etc.
Convém frisar
que ainda não
somos espíritos
elevados, senão
estaríamos
reencarnados em
mundos
superiores, mas,
muitos de nós,
já contagiados
pela beleza do
evangelho do
Cristo e pela
lucidez da
religião
espírita,
passamos a
adotar, ou pelo
menos a nos
esforçar, no
sentido de
termos uma
conduta mais
equilibrada,
amorosa e
pautada pelo
dever retamente
cumprido.
Quando
testemunhamos
que os parentes
não correspondem
aos nossos
exemplos ou às
nossas conversas
instrutivas, uma
tristeza
invade-nos a
alma, porque,
cônscios da lei
de causa e
efeito,
projetamos as
futuras
dificuldades que
estas almas
queridas
enfrentarão no
decorrer do
processo
evolutivo.
Nessas horas
dolorosas,
quando vemos um
parente nas
drogas, no sexo
irresponsável,
na criminalidade
ou optando por
uma vida
materialista,
cercada de
ambições
descartáveis,
Camilo nos
recomenda orar
para Deus, para
os benfeitores
da família, bem
como nos amparar
de leituras
edificantes, que
nos esclarecerão
a respeito dos
problemas
enfrentados,
tudo com o
objetivo de nos
manter num
relativo
equilíbrio para
o enfrentamento
saudável da
situação.
Ver um filho
viciado, um
marido
alcoólatra, uma
esposa
materialista, um
irmão acomodado,
um pai distante
de Deus, é uma
tarefa a nos
exigir muita
paciência e
perseverança no
bem, por isso,
repito que não
deixa de ser uma
grande lição
para nós.
Ademais, à luz
do espiritismo,
muitos desses
parentes com
enfermidades
morais são os
mesmos espíritos
a quem, em vidas
passadas, nós
mesmos ajudamos
a desviar do
caminho correto
e que, na atual
reencarnação,
encontramos a
bendita
possibilidade de
encaminhá-los
para o bem.
Muitas vezes, no
atendimento
fraterno da Casa
Espírita, ouço
as pessoas
dizendo:
“desisto do meu
filho”, “cansei
de falar com o
meu marido”,
“não adianta,
ninguém me
ouve”, etc.
Imaginemos se
Jesus tivesse
desistido de
nós. Da mesma
forma, cabe-nos
seguir a
exemplificação
do Cristo e,
nutrindo-nos do
amor e do ideal
religioso,
persistir na
tarefa de
orientação
daqueles que
convivem
conosco,
principalmente
através de
nossos exemplos
diários.
Alguns poderão
objetar: “Não
está adiantando
nada. Por mais
que eu fale e
faça, ninguém
muda as atitudes
em casa”.
Aprendemos com o
espírito Joanna
de Ângelis, que
“nenhum
investimento de
amor é perdido”.
Tal frase
torna-se
compreensível
quando levamos
em conta a
eternidade do
espírito, a lei
da reencarnação
e a
perfectibilidade
a que todos nós,
sem exceção,
estamos
destinados.
Assim sendo,
nunca deveremos
desistir de
nossos amados
parentes, de
forma que vale a
pena continuar
falando,
periodicamente,
sobre as lições
do Cristo, as
propostas
espíritas e de
quanto nós os
amamos.
A nossa tarefa é
de semeadura,
conforme nos
ensinou Jesus na
Parábola do
Semeador. Não
temos a certeza
se os parentes
se modificarão
nesta
reencarnação, no
mundo espiritual
(após o
desencarne) ou
em futuras
vidas. Não há
como impor
evolução
espiritual.
Algum dia, na
eternidade,
estes espíritos
terão o seu
despertar da
consciência,
sendo que o
importante é a
nossa
contribuição
para que isso
ocorra o mais
rápido possível.
Assim agindo,
teremos a
consciência em
paz. Imaginemos
o reencontro na
espiritualidade.
Se optarmos pela
negligência ou
pela
desistência,
como ficará a
nossa
consciência
quando os
parentes nos
perguntarem:
“Por que você
desistiu de mim?
Eu estava quase
me convencendo”.
Será bem
diferente se
persistirmos no
ideal de semear
o bem e a
verdade, sem a
preocupação de
quando surgirão
os frutos,
porque, na vida
espiritual, eles
dirão: “Por que
não ouvi você?
Obrigado por não
desistir de
mim”. É bem
melhor esta
ocorrência do
que a primeira.
Quando se trata
de filhos parece
que a tarefa
fica mais
espinhosa. O
espírito Camilo
diz que o sonho
dos pais
responsáveis é
que seus filhos
sejam criaturas
voltadas para o
bem. Quando
verificamos que
eles são
diferentes de
nós, sobretudo
nos aspectos
morais, nos
advêm uma
frustração ou
sensação de
fracasso.
Conforme nos
orienta a
religião
espírita,
deveremos estar
atentos às
inclinações de
nossos filhos
desde o
nascimento, a
fim de que
possamos
ministrar uma
educação de
qualidade.
Aliás, segundo o
orador e médium
Raul Teixeira,
deveremos
elaborar um
projeto
educacional para
cada filho, pois
cada um traz
suas tendências
do passado,
positivas ou
negativas.
O espírito
Camilo diz que
os bons valores
precisam ser
reforçados e
incentivados, a
fim de que se
fixem no
espírito, ao
passo que os
valores em
desalinho devem
ser corrigidos,
e enfatiza: “do
mesmo modo que
as coisas boas
se fixam na alma
das crianças
pela repetição
com que se
apresentam, as
conquistas
negativas também
se cristalizam
no cerne dos
nossos petizes
pela repetição
não corrigida,
não discutida,
não trabalhada
devidamente”.
No livro
“Educação e
Vivências”, na
lição
“Sofrimento e
Cristalização”,
o espírito
Camilo,
novamente
através do
médium Raul
Teixeira, também
nos ensina que
há espíritos que
há muito tempo
estão no erro,
de forma que
suas
consciências
estão
cristalizadas
nessa opção de
vida. Para estes
casos, uma
reencarnação
normalmente é
insuficiente
para mudar
completamente a
índole do
espírito.
Com efeito,
muitas vezes
teremos em nosso
lar espíritos
cristalizados no
equívoco, a nos
exigir muita
disciplina,
oração,
meditação e
confiança em
Deus, porque
apenas estaremos
dando as
primeiras
contribuições
para que eles
comecem a pensar
em algo melhor,
positivo.
O Espírito
Joanna de
Ângelis compara
esse desafio com
a tarefa de
arrotear a
terra, isto é,
prepará-la para
a primeira
semeadura.
Muitos parentes,
na atual
reencarnação,
estarão tendo o
primeiro contato
com a verdade e
o bem, de tal
sorte que terão
dificuldade em
compreender e
principalmente
em vivenciar.
Façamos esse
trabalho de
“arrotear”,
cientes de que o
acolhimento
fraterno, os
gestos de amor,
como o abraço, o
acariciar, as
palavras
emotivas, terão
grande
importância
nesse
desiderato,
assim como
encaminhá-los
para a
evangelização
infantil, a
mocidade, os
passes e os
grupos de
estudos da Casa
Espírita,
evitando sempre
as atitudes
agressivas, tais
como, as surras,
os gritos e os
castigos
desumanos.
Tenhamos ciência
também de que
eles poderão se
negar a tudo,
desprezando os
nossos gestos,
convites e
ações, mas
reflitamos sobre
a seguinte frase
do espírito
Camilo, que
encerra a mais
pura verdade a
nos acalmar a
alma.
“Cumpre a tua
parte,
assisadamente,
confiante na
presença divina
no teu lar. Se
após os teus
legítimos
esforços e
dedicações, os
teus filhos
jovens
(ou parentes –
nota do autor
deste artigo)
persistirem no
desejo de seguir
pela perigosa
rota, embora as
lágrimas que se
farão tuas
companheiras,
entrega-os à
medicina humana
e à compaixão do
Pai do Céu, que
é Suprema
Inteligência
sabedora do que
é melhor para
eles, e
prossegue a
amá-los e a
envolvê-los em
tuas vibrações
de prece,
deixando, porém,
que caminhem com
a liberdade que
desejam, certo
de que, apesar
de tudo, jamais
serão por Deus
abandonados”
(obra “Minha
Família, o Mundo
e Eu” – lição
“Filhos com
Dificuldades
Morais”).