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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 273 - 12 de Agosto de 2012

JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)
 

Histórias que nos ensinam


No mundo em que vivemos, muitas vezes somos obrigados a dar testemunhos difíceis, de variadas ordens, quer ligados à nossa evolução, redimindo-nos de um passado culposo, quer ligado às próprias vicissitudes causadas pela condição moral em que nosso orbe se encontra.

Nessas horas, quando buscamos a proteção Divina para melhor suportarmos esses momentos, Deus, nosso misericordioso Pai, sempre encontra uma boa alma para, através dela, nos amparar.

Há aproximadamente uma década passamos por um momento bastante delicado. Tivemos que redirecionar drasticamente nossa vida profissional, em virtude de circunstâncias delicadas, surgidas de forma inesperada.

Fomos obrigados, então, de forma súbita, a desfazer-nos de nosso pequeno patrimônio (um apartamento e um carro, já pagos) e entrarmos na ciranda dos empréstimos.

Os anos foram se passando, e um veneno foi-se instalando em nossa alma: “Não tenho nada! Que será do futuro para os meus?”.

Era um pensamento que me atormentava diariamente. Só me esquecia dele quando estava nas tarefas espíritas, das quais nunca me permiti afastar, embora, quando diante das adversidades da vida, seja muito comum debandarmos.

Um dia, passou por nossa região o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco e fui convidado a apresentá-lo para o público local. Assim que terminou sua conferência, ficamos por um instante à mesa, aguardando se formar a fila para os autógrafos dos livros. E, nesse pequeno momento livre, espontaneamente ele se voltou para mim e começou a narrar o seguinte fato:

“Sabe, um dia Humberto de Campos escreveu por minha mediunidade um texto onde descrevia uma entrevista que teria feito com Francisco de Assis, no mundo espiritual. Disse ter perguntado a ele se abraçaria novamente a pobreza caso voltasse à Terra, através da reencarnação. E Francisco teria respondido que não. Que usaria tudo o que o mundo tem de moderno para melhor divulgar a mensagem do Evangelho, mas que não precisaria possuir aquilo que usasse. Que pregaria o ‘Despojamento’. Usar, sem ser dono”.

Divaldo olhou-me quase paternalmente e, no mesmo instante, a fila começou a se formar.

Senti um profundo alívio dentro de minha alma. Trabalhava em um confortável local que não me pertencia, mas onde estou há quase vinte anos pagando o aluguel devido pelo espaço. Moro em uma casa que facilita a vida de todos de minha família, sem que ela seja minha, mas que nos proporciona muito bem-estar. Tenho um carro muito seguro, que pertence ao banco, mas que me possibilita e aos meus a facilidade da locomoção.

Quedei-me em silêncio, e agradeci a Deus a mensagem daquele momento. Como não pensei nisso antes: “Nós não precisamos ser proprietários para podermos viver em paz no mundo que nos acolhe”.
 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita