O livro
O Reino,
objeto
de nosso
estudo,
em seu
Cap.
VIII,
fala-nos
com
clareza
quais as
TESES DO
REINO,
ou seja,
como os
espíritas
devem
entender
o
caminho
que nos
compete
para
“secundar
o
movimento
de
regeneração
social”.
É uma
visão
muito
clara
que,
infelizmente,
fica
muito
oculta
dos
frequentadores
e
estudiosos
de
nossas
casas
espíritas:
1ª tese
–
É
preciso
acender
a luz
nas
almas,
para
obtermos
um mundo
de luz.
No
entanto,
Herculano
esclarece,
como
jornalista
e
intelectual,
que
conhece
perfeitamente
como
funcionam
as
coisas
do
mundo,
“se o
mundo é
o
reflexo
do
homem,
esse
reflexo
também
condiciona
o homem.
Não
basta
pois a
catequese.
Melhorar
apenas o
homem
numa
estrutura
imoral,
equivaleria
a
melhorar
a
estrutura
com um
homem
imoral”.
2ª tese
–
Assim, a
segunda
tese do
Reino é
a
modificação
do meio.
Ao
mesmo
tempo em
que
acendemos
a luz
nos
Espíritos,
é
preciso
também
modificar
o meio
social
que,
através
dos
costumes,
da
cultura,
da ação
dos pais
e da
família,
nos faz
“beber
com
leite
materno”
o veneno
do
egoísmo
e do
orgulho.
Herculano
lembra
Ingenieros,
“é
difícil
alguém
andar em
pé em um
meio em
que
todos
rastejam”.
Temos
que
lutar
para
conseguir
melhores
condições
sociais,
educacionais,
enfim,
tudo o
que nos
leve a
impedir
com
nossa
ação
decidida
a
prática
da
violência
contra o
ser
humano.
3ª tese
–
A
terceira
tese do
Reino é
a da
escolaridade.
Todos
nós
estamos
na
Escola
da vida.
Mas,
segundo
Herculano,
a
maioria
está
ainda
nas
classes
primárias.
Por
isso,
ainda
que
desposem
teses
absurdas
alienantes
ou
vazias
de
espiritualidade,
é
preciso
que, com
paciência,
aqueles
que
dispõem
de
maiores
recursos
didáticos
se
empenhem
em
auxiliar
uma
política
de
esclarecimento
para
todos, e
é
possível,
às
vezes,
com
simplicidade,
mudar os
padrões
internos
de
egoísmo
e
intolerância.
Lembrei-me
de que,
no
Estado
de São
Paulo,
não se
comemoram
mais nas
Escolas
Públicas
o dia
das
mães,
nem o
dos
pais.
Existe a
Festa da
Família.
Isso
significa
um
avanço
pedagógico,
porque
assim
respeitaremos
as
crianças
e
jovens,
cujas
mães os
abandonaram,
cujos
pais os
maltratam
e os
ensinaremos
a
homenagear
aqueles
que
fazem o
papel de
sua
família.
Mais de
40% das
famílias
brasileiras
têm à
sua
frente
apenas
mulheres
e, um
número
bem
menor,
apenas
homens.
Algumas
famílias
são
organizadas
por
avós,
outras
são
famílias
com
casais
que
vivem um
casamento
homoafetivo.
Quem são
os pais
ou as
mães
nessas
famílias?
Qual o
motivo
pelo
qual
insistimos
em impor
nossos
padrões
familiares,
às vezes
antiquados
e
injustos,
a toda a
sociedade
brasileira?
Por qual
motivo
desconhecemos
o
sofrimento
que
impomos
com tal
prática
a
crianças
cujos
pais nem
comparecem
e nem se
importam
com
elas,
nessas
festas?
Não
seria o
tempo de
pensarmos
nessa
realidade
e
assumirmos
esta
postura
em
nossas
casas
espíritas?
Nessas
pequenas,
como nas
grandes
coisas,
estamos
desenvolvendo
as Teses
do Reino
de Deus.
Justiça
e Amor.
Na tese
da
escolaridade
vale o
aproveitamento,
não
apenas a
presença.
4ª tese
–
A quarta
tese do
Reino é
a da
obrigatoriedade.
As leis
divinas
são
obedecidas
pelos
corpos
celestes
e os
Espíritos,
além
dessa
lei, têm
que
obedecer
as leis
morais.
Ouçamos
Herculano:
“Graças
a essa
obrigatoriedade,
quando o
Mundo se
aproxima
do
Reino,
forçado
pelas
leis
naturais
da alma
e do
corpo,
do
espírito
e da
matéria,
os
retardatários
são
empurrados
por essa
força
ainda
pouco
explicada
a que
chamamos
História”.
O genial
compositor
Geraldo
Vandré,
a quem a
tortura
dos anos
de
repressão
no
Brasil
tirou a
lucidez,
e que
vive
hoje uma
vida que
a
imprensa
respeita
e não
divulga,
ganhou
vários
festivais,
e em sua
música
famosa
“Disparada”
incentiva
de modo
disfarçado
o
engajamento
na luta
política.
Diz o
refrão
da
belíssima
composição:
“Vem,
vamos
embora,
que
esperar
não é
saber.
Quem
sabe faz
a hora,
não
espera
acontecer”.
Se
Vandré
acreditasse
na
quarta
tese do
Reino
saberia
que não
podemos
fazer a
hora, se
as
condições
históricas
não nos
favorecem.
Querendo
a
liberdade
de
Israel,
tanto se
empenharam
os
revolucionários
judeus,
tentando
ingenuamente
“fazer a
hora”,
que
acabaram
colocando
o
poderoso
exército
romano
contra
seu
povo,
provocando
a
destruição
total do
Templo,
e a
dispersão
dos
judeus,
pelo
mundo.
Quem
sabe,
percebe
a hora e
ajuda a
acontecer.
Gandhi
percebeu
que a
hora da
libertação
da Índia
havia
chegado,
mas para
poder
agir sem
violência
contava
com uma
imprensa
internacional
livre,
com o
interesse
de
alguns
países
em que
caísse a
dominação
inglesa,
pois
assim
teriam
também
acesso
ao
mercado
indiano
e com
sua
experiência
na
África
do Sul,
onde já
conhecia
os
métodos
da não
violência.
No
entanto,
teve que
enfrentar
alguns
problemas
como a
criação
do
Paquistão,
exigida
pelos
ingleses,
para
conseguir
seus
fins e
que ele
com
razão
não
queria.
Afinal,
não eram
todos
indianos,
com
diferentes
religiões?
Como
Jesus,
porém,
ainda
que
amado e
reverenciado,
por
hinduístas
e
mulçumanos,
foi
assassinado
pelos
poderosos
que se
sentiam,
com
razão,
ameaçados
por suas
teses de
Justiça,
Igualdade
e Amor.
No
entanto,
as
forças
do
progresso
empurram
os
homens
ainda
que não
queiram.
Em A
Gênese,
isso é
explicado
com
detalhes
no
Capítulo
XVIII,
totalmente
esquecido
pelos
estudos
e Cursos
de
Espiritismo.
Herculano
esclarece
com
maestria.
É
preciso
que o
cristão
não se
extravie
pelos
atalhos
da
ideologia
e da
política.
Ele
possui o
Manifesto
do Reino
e a
Ideologia
do
Evangelho.
Não
pode,
pois,
acreditar
que
alguém
chegue
ao Reino
estabelecendo
uma
ditadura,
montando
um
reinozinho
que na
verdade
não traz
nova
estrutura
ao
poder,
apenas
muda os
poderosos,
mas
mantém
os
arreios
e as
esporas.
Um
cristão
pensa
sempre
nas
forças
espirituais.
Transformar
o mundo
pela
transformação
do homem
e
transformar
o homem
pela
transformação
do
mundo:
eis a
dialética
do
Reino.
Uma
dialética
difícil,
mas a
única
possível
em um
problema
tão
complicado.
No final
do
Capítulo
que
encerra
o livro,
o autor
explica
que o
livro
era uma
tese que
escreveu
em 1946,
e que
apenas
alterou
a forma
de
apresentação
em 1967.
Com
humildade,
diz
ter-se
embasado
em um
autor
evangélico
metodista,
Stanley
Jones,
no seu
livro
Cristo e
o
Comunismo,
em um
autor
católico,
Jacques
Maritain
(conhecido
pensador
católico)
e em
Cairbar
Schutel,
em
Interpretação
Sintética
do
Apocalipse.
Cita
Cosme
Marinho
na
Argentina,
para
concluir
que não
competem
ao
Espiritismo
nem ao
Evangelho
as
implicações
temporais
da
política.
“O Reino
de Deus
esclarece,
está
dentro
de nós,
na
aspiração
divina
da
Justiça
e do
amor que
é o
próprio
reflexo
de Deus
na
consciência
humana.
E
estando
em nós
está
acima de
nós,
como um
arquétipo
divino
das
almas,
arrebatando-as
para uma
vida
superior,
elevando-as
para
Deus.”