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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 273 - 12 de Agosto de 2012

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br

Matão, São Paulo (Brasil)
 

 Abordagens gradativas


É sempre oportuno não dispensar a leitura e estudo da Introdução dos livros. O hábito de “pular” a introdução dos livros faz o leitor perder muitas pérolas instrutivas. A Introdução, Prefácio ou Apresentação de um livro são valiosos recursos de compreensão e não devem ser desprezados ou ignorados. Note-se, por exemplo, o que ocorre com a Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Ler o pensamento de Sócrates e Platão, por exemplo, no resumo selecionado por Kardec, traz ao leitor exata compreensão da conexão entre os ensinos trazidos à humanidade em diferentes épocas, antes e depois de Jesus, demonstrando com clareza a Lei de Amor que nos envolve a todos. Todavia, desejo deter-me num ponto da Introdução.

No extraordinário item II – Autoridade da Doutrina Espírita, que aborda a séria e muito útil questão do Controle Universal do Ensinamento dos Espíritos, indicando critério na análise e recepção de tudo o que vem dos espíritos, vamos encontrar farto material para orientar nossas reflexões na aceitação ou rejeição das informações advindas do plano espiritual. Tratando-se de documento importantíssimo, norteador da prática espírita, é texto de estudo e consulta permanente, autêntico roteiro que garante estabilidade na prática espírita.

É exatamente desse texto que desejo destacar ao leitor:

Afirma o Codificador, exatamente baseando-se no critério estabelecido no texto todo que peço ao leitor consultar para embasar o entendimento dos trechos abaixo selecionados:

“(...) Os Espíritos superiores procedem, nas suas revelações, com uma extrema sabedoria; eles não abordam as grandes questões da doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência está apta a compreender verdades de uma ordem mais elevada, e que as circunstâncias são propícias para a emissão de uma ideia nova. É por isso que, desde o princípio eles não disseram tudo, e não disseram tudo ainda hoje, não cedendo jamais à impaciência de pessoas apressadas que querem colher os frutos antes de amadurecidos. Seria, pois, supérfluo querer antecipar o tempo assinalado para cada coisa pela Providência, porque então, os Espíritos verdadeiramente sérios recusariam positivamente seu concurso; mas os Espíritos levianos, pouco se incomodando com a verdade, respondem a tudo; é por essa razão que, sobre todas as questões prematuras, há sempre respostas contraditórias (...)”.

Leiamos novamente o valioso trecho. A sabedoria da revelação gradativa das informações – e note-se que Kardec igualmente afirma que mesmo atualmente nem tudo foi revelado – previne os fanatismos e misticismos que devemos evitar com a prudência em tudo que falamos ou fazemos.

A afirmação do Codificador é muito oportuna para as questões que ocorrem atualmente com o movimento espírita, onde ações precipitadas criam polêmicas e discussões inúteis e desnecessárias, desviando o foco principal da divulgação espírita, que é a melhora moral. Considerando que espíritos levianos, atraídos por leviandades igualmente, respondem a tudo e a crença cega, não refletida, ou precipitada, dá surgimento às contradições que poderiam ser evitadas e que, na verdade, são apenas fruto s da imaturidade.

O maior prejuízo é mesmo o desvio de foco. Há tanto o que fazer, há tanto o que estudar e muitas vezes ficamos perdendo tempo com tolas vaidades e bobagens que nenhum mérito ou utilidade possuem.

Melhor, pois, reler a Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo.


Nota do autor:
 

Utilizamos na transcrição a 365ª. edição do IDE, tradução de Salvador Gentile.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita