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Um minuto com Chico Xavier

Ano 6 - N° 273 - 12 de Agosto de 2012

JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)

 
 

No ano de 1997 lançamos o livro “Um Minuto com Chico Xavier”, em que apresentamos uma coleção de casos sobre a vida de Chico, tirados de outras obras e muitos de relatos feitos por pessoas que conviveram com ele. Foi o caso de Da. Iracy Kárpáti, uma senhora paulistana, hoje já na pátria espiritual, que conhecemos em Londrina. Ela estava com 82 anos e tinha vindo fazer palestras na nossa região.

Uma das histórias que ela nos contou foi esta:

“- Sabe, um dia, foi no final da década de 40, eu estava no saguão do Hotel Minas Gerais, lá em Pedro Leopoldo, conversando com uma amiga, Aurora, de Santo André, quando o Sr. José de Paula chegou para nos chamar. Disse que Chico queria nos ver. Já eram mais de 22 horas. Chovia muito.

Passamos por uma pensão e Maria de Lourdes foi conosco. Ela era de São Paulo. José de Paula não nos disse o motivo, mas, se Chico chamou, quem éramos nós para não obedecer...!

Morava nos fundos da casa da irmã. Eram dois cômodos e um banheiro. Entramos. Chico nos abraçou muito carinhosamente e foi para um quartinho, onde se deitou. José de Paula vedou tudo com cobertores, pediu que nos puséssemos em prece e apagou as luzes. Nós só podíamos ver algo quando relampejava lá fora.

Foi então que tudo começou... Uma luz verde-esmeralda começou a preencher todo o recinto. Vinha do quarto onde Chico havia ido se deitar. Comecei a chorar... Eu me sentia diferente. Nunca tinha sentido aquilo antes, em toda a minha vida.

De repente, uma mulher linda, iluminada, adentrou a salinha onde nós estávamos. Ela levitava e irradiava uma luz que não ofuscava e que, de alguma forma, parecia alimentar a gente, fortificar...

Então, aquela mulher, que depois fiquei sabendo ser o espírito de irmã Scheilla, abriu uma das mãos e pétalas de rosas começaram a cair, inundando o ambiente com um perfume impressionante. Depois, ela levantou os braços e uma faixa luminosa surgiu, com os dizeres: “Deus é amor”.

Em seguida, ela se dirigiu até onde nós estávamos e, para cada um, ela entregou um presente, que ela materializava na hora. Para uma, um colar de pérolas, para outra, um botão de rosas brancas, com orvalho e tudo, como se tivesse acabado de ser colhido...

Ela se aproximou de mim com uma estrela na palma de uma de suas mãos e colocou aquela estrela sobre meu peito – a estrela tinha uma força magnética muito intensa – e me disse, num sotaque alemão: “L’Irracy, L’Irracy... seu caminho será de estrelas e de flores, mas também de muitas dores”.

Eu tinha ido ao Chico para me tratar de um câncer já em estado avançado e, ante aquelas palavras, eu comecei a chorar sem parar. Ela passou suas mãos em meu rosto e começou a secar minhas lágrimas. Depois, colocou-as sobre meu peito, onde estava aquela estrela e me disse: -“Há muito eu esperava esse encontro. Você não imagina o que você significa para mim! Venho como uma mensageira para te dar força e coragem. Você vai sarar, você vai ver, porque Jesus te ama!”

Nesse momento ela foi para um canto da sala e começou a fazer uma preleção sobre o perdão, sobre o amor... Falou do Evangelho, da luta daqueles que largam sua casa, sua família, desprendem-se de seus bens e vão para outras terras levar a mensagem de Jesus...

Falou quase uma hora...

De repente, ela parou de falar, voltou-se para José de Paula e disse-lhe: - “Precisamos encerrar. Acabou de desencarnar, lá nos trilhos (na favela) um irmãozinho nosso. Precisamos ajudar”.

Então, para tristeza minha, ela retirou todos os presentes que havia nos dado, inclusive a estrela que estava magneticamente presa ao meu peito, e nos disse: - “Apressem-se! Vão fazer o que é preciso ser feito: a Caridade!”

E ela voltou para o quartinho onde o Chico estava.

O ambiente voltou a escurecer.  Um pouco depois, Chico saiu dali, muito emocionado, abraçou-nos e convidou-nos para que fôssemos ágeis.

Já eram mais de duas horas da manhã.

Chovia muito. E nós, sem saber se estávamos no céu ou na Terra, fomos, debaixo de chuva, até a favela. No caminho, por orientação de Chico, compramos algumas coisas: álcool, pães, velas, leite... E, orientados por “Seu” Emmanuel, fomos direto para um barraquinho.

Quando chegamos lá, naquele único cômodo humilde, um corpo de um homem estava no chão, sem vida, e duas mulheres, ajoelhadas ao seu lado, choravam, sob a luz de uma vela, enquanto faziam suas orações. Ele tinha acabado de desencarnar.

Então o Chico entregou os alimentos àquelas mulheres, pediu que elas se desinfetassem com o álcool e disse-lhes para que não se preocupassem, que chamassem a funerária, porque ele e José de Paula se encarregariam do que fosse necessário.

Daí, Chico fez uma prece muito linda e todos saímos, abraçados, sob a forte chuva, com uma emoção indescritível em nossos corações.”



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita