Saber regenerar
A classificação
apresentada por
Allan Kardec em
“O Evangelho
segundo o
Espiritismo”,
acerca dos
mundos
habitados, nos
apresenta as
facetas
coletivas,
agregadas ao
processo de
evolução,
destacando,
entre outras
características,
que no mundo de
regeneração
predomina a
ideia do bem.
Mas, para
desejar, é
preciso ter uma
ideia do que é
esse bem.
Amadurecer a
ideia do bem é
parte do avanço
da humanidade...
Trabalhar a
consciência do
que se deseja
como mundo de
regeneração faz
parte do
ingresso de
entrada nesse
novo contexto.
Ainda que a
evolução seja um
continuum,
como a vida
encarnada, ela
tem ciclos,
momentos de
transição em que
esse processo
atinge ápices.
Apesar dessas
demarcações, a
nossa percepção
da melhora por
vezes é
prejudicada, por
se fazer de
forma isolada,
descontextualizada.
Assustamo-nos,
boquiabertos,
com os
espetáculos de
violência, tão
temidos pelas
gerações atuais.
Passam
despercebidos os
avanços
ocorridos no
campo da
extinção do
preconceito e da
escravidão, os
progressos na
promoção da
equidade e do
respeito e,
ainda, a
valorização
crescente do
conhecimento e
dos direitos.
Falamos do
individualismo,
esquecendo este
como uma
consequência da
autonomia de
determinados
grupos, que
acabam por
precisar menos
do próximo, o
que gera a
oportunidade do
aprendizado de
amar sem
precisar do
outro.
O predomínio do
bem será
denotado pela
prevalência do
diálogo, da
valorização da
liberdade e da
igualdade
associadas à
ideia de
fraternidade, e
ainda, da
reconceituação
do prazer. Sim,
o prazer precisa
ser revisto no
contexto de uma
época de
regeneração,
como instrumento
de progresso,
proscrito em
outras épocas,
mas necessário,
como força a ser
educada no
processo de
evolução do
Espírito
encarnado. Para
entender o bem,
é preciso
entender o
conceito de bom,
do que
valorizamos como
coletividade e
quais serão
esses valores em
um contexto de
transição.
O prazer
valorizado como
produto, como
objeto de troca
e opressão nos
jogos de poder,
causa tristeza e
vício. Como
disfunção que
mistura o prazer
com a dor, em um
engano
fantasiado de
glória, pelo
consumo
superficial de
coisas e
pessoas, em um
vórtice
insaciável, mais
focado na
opinião dos
outros do que na
comunhão de
almas.
Transformado em
mercadoria, o
prazer se
sobrepõe ao
diálogo e ao
convívio,
elementos
essenciais na
relação de amor
com o próximo,
ideia já
asseverada por
Jesus.
Na regeneração,
é preciso
transcender o
conceito de
prazer, agregar
ao seu
significado
consensuado à
visão da
confiança mútua,
do respeito e da
riqueza dos
sentimentos,
para ser um
prazer para mais
além. O prazer,
entendido de
forma unânime
como uma coisa
boa, demanda
comedimento para
não se converter
em fonte de
decepção e
sofrimento,
passando de
benefício a
instância de
resgate.
A luta pelo
prazer, como
desejo
individualista,
desconsidera as
potencialidades
desse
instrumento
valioso para o
crescimento do
Espírito, bem
como a
importância do
gozo dos bons
momentos que
importam não só
pelo “o que
fazemos” e sim
pelo “como
fazemos” e “com
quem fazemos”. O
prazer sem
pensar no outro,
nas
consequências e
nas interações é
raso e nos
empurra ao ciclo
interminável de
busca pelo
prazer,
qualificado pela
quantidade.
A regeneração
demanda
reflexão, uma
visão integrada
e global que nos
permita enxergar
traços de onde
queremos chegar
na jornada do
Espírito
encarnado e,
ainda, avaliar
as
potencialidades
das situações
presentes e como
aproveitá-las
nessa caminhada.
Exemplificado
por uma breve
análise do
prazer neste
artigo, fica
claro que outros
sentimentos
trazem em si o
gérmen de
construção de um
mundo melhor,
necessitando de
reflexão sobre
as disfunções de
que eles têm
sido vítimas, na
visão de que
regenerar é
melhorar, é uma
arte, diante dos
desafios do
mundo real.